Na TV, Serra promete Ministério da Segurança
Presidenciável volta ao ‘Brasil Urgente’ de Datena, adota tom duro sobre questão da violência e usa expressões como ‘engaiolar’ e ‘bandido’
27 de abril de 2010 | 0h 00
por Julia Dualibi
Nove dias depois de ter proposto a formação de um ministério para o deficiente físico, o pré-candidato do PSDB, José Serra, afirmou ontem que, se eleito, irá criar outra pasta, a da Segurança Pública.
As declarações foram feitas ao programa de José Luiz Datena, da Band, durante o qual Serra adotou tom duro para falar sobre segurança. Usou expressões como “engaiolar” os “bandidos” e chamou de “pedófilo maldito” o estuprador de Luziânia, o pedreiro Ademar Jesus da Silva, encontrado morto no último dia 18. Também defendeu a revisão da lei de progressão penal.
“Se for presidente, vou criar o Ministério da Segurança Pública, concentrado só em tarefas da segurança”, declarou Serra, ressuscitando proposta da sua campanha presidencial de 2002, depois de afirmar que o governo tem de “peitar” o assunto.
Embora tenha evitado usar a palavra “promessa”, que, segundo ele, tem “caráter pejorativo”, disse que era um compromisso. A criação de cargos e ministérios é um dos pontos do governo federal mais criticados pelos tucanos. Confrontado com a questão, Serra disse: “O que eu quero é um Estado musculoso, enxuto e que trabalhe bem.”
O tucano afirmou que o governo federal tem que entrar “a todo vapor” na segurança “porque a situação no Brasil é gravíssima”. Disse “ficar revoltado” quando vê o assassino da atriz Daniella Perez, Guilherme de Pádua, “solto, dando entrevista”.
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Serra falou, então, de outros casos. “Com esse pedófilo maldito, esse assassino, tinha uma lei no Brasil que mandava fazer exame criminológico. Essa lei foi revogada”, declarou ao defender a volta dos exames.
Questionado se o jornalista Pimenta Neves, condenado por matar a ex-namorada, Sandra Gomide, deveria estar preso, disse: “Acho que sim. Foi uma coisa premeditada, um crime covarde. Atirou por trás e ainda executou. E está solto? Aí é um problema de ele pagar pelo que fez e do exemplo que dá para o resto.”
O tucano disse ser a “favor” dos direitos humanos. “Lutei por isso e luto.” Mas completou: “Bandido tem que ser combatido, enfrentado com dureza. Não tem opção. Não precisa desrespeitar o ser humano, mas tem que engaiolar.”
Serra tem feito ofensiva midiática, com aparições em programas de rádio e televisão populares. A entrevista ao Datena ocorreu quatro dias após a ida da pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, ao mesmo programa. No PT, a avaliação foi de que a ex-ministra não se saiu bem. Ontem, questionado sobre se o seu desempenho era melhor que o da adversária, Serra disse: “Tenho algum (traquejo). De fato.” O tucano disse ter sido convidado por Datena.
Nas entrevistas, Serra evita criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem aprovação recorde junto ao eleitorado. Indagado sobre o reajuste aos aposentados em negociação no Congresso, o tucano chegou dizer que confia na decisão do governo: “Apoiarei a posição do governo.” Datena disse que a declaração do tucano era “cômoda”. “Não é cômodo, não. Se sou candidato a presidente, vou estar com as coisas na mão no ano que vem. Confio no (ministro da Fazenda) Guido Mantega. O presidente Lula saberá decidir o melhor. De mim só ouvirá elogio.”
Sapo de fora. Serra comentou os “elogios” que o pré-candidato do PSB, Ciro Gomes, fez a sua candidatura na semana passada quando disse que o tucano é mais preparado que Dilma.
“Sapo de fora não chia”, afirmou. “Não vou dar palpite sobre isso. Claro que prefiro que o Ciro fale bem de mim do que o contrário”, completou. Serra e Ciro não mantêm relação cordial.
Questionado sobre as críticas do pré-candidato do PT, Aloizio Mercadante, a respeito da atuação do governo paulista nas enchentes, disse que responder ao petista é “um atraso de vida”. Foi então indagado se não dava importância ao pré-candidato: “Não muita, para dizer a verdade.”
Os elogios ficaram para a pré-candidata do PT ao Senado, Marta Suplicy. “A Marta dou importância. Eu a sucedi, fomos amigos pessoais.” Sobre Dilma, disse manter relações cordiais. “Sempre foi muito bem na conversa, na franqueza, em tudo, na relação a dois.”
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27/04/2010 – 07h54
EUA pedem que cidadãos evitem viajar ao Guarujá devido à violência
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
da Reportagem Local
O órgão do governo dos EUA responsável pela segurança de seus cidadãos no exterior recomendou, em comunicado, que os norte-americanos “evitem viajar” para quatro das maiores cidades do litoral paulista –Santos, Guarujá, São Vicente e Praia Grande– até que a onda de violência da última semana esteja encerrada.
O comunicado do Osac (Conselho Assessor de Segurança no Exterior), ligado ao Departamento da Defesa dos Estados Unidos, é baseado em informações coletadas pelo Consulado em São Paulo.
Em nota, a Prefeitura de Santos afirmou que “a vida na cidade transcorre dentro da normalidade”. A Secretaria da Segurança Pública de SP declarou que a situação nas cidades citadas “está sob controle”.
Além de ser veiculada no site do Osac, a nota é distribuída a todos os cadastrados no órgão, como agências de viagem.
A última vez em que o órgão fez um alerta semelhante sobre cidades paulistas foi em 2006, após a segunda onda de ataques do PCC, quando recomendou aos americanos evitar “viagens desnecessárias” para o Estado.
O novo comunicado se baseia em informações da polícia e em notícias de jornais sobre a série de mortes ocorridas na semana passada. Seis pessoas foram assassinadas em três dias no Guarujá –para efeito de comparação, a cidade teve 53 vítimas de homicídio em 2009, ou menos de cinco por mês.
Hipóteses
Entre as motivações para os crimes investigadas pela polícia, estão ações do PCC e disputa entre gangues locais.
Na primeira hipótese, a suspeita é de que a facção tenha se vingado após a morte de um membro e a prisão de outro, em confronto com a polícia.
Os mortos no Guarujá, a tiros de fuzil e pistola, incluem um policial, o parente de um PM e um mecânico que trabalhava para a Polícia Civil.
Foram mais de 20 assassinatos na região até sexta-feira, alguns com características semelhantes –como autor dos disparos em garupa de moto.
Para o coronel da reserva da PM José Vicente da Silva Filho, ex-secretário Nacional de Segurança Pública, o comunicado do governo dos EUA “desmoraliza” o sistema de inteligência do país. “O que ocorreu foi um episódio, nada mais”, avalia.




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