Ministro do Meio Ambiente, financiado por donos de terras, vai atuar em sinergia com a dama do veneno

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Nabhan (extrema-direita) não conquistou o Ministério da Agricultura, mas para a vaga foi a dama do veneno, que vai atuar em parceria com Salles (centro)

Quem são os principais financiadores de Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente

Mais de 100 empresários do agronegócio, e de setores como armas e munição, deram dinheiro para a campanha de Ricardo Salles a deputado federal. Vídeo anuncia “sinergia” dos ruralistas com o novo ministro

por Cida de Oliveira, da RBA, reprodução parcial

São Paulo – Anunciado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para ministro do Meio Ambiente, o advogado e ex-secretário de Geraldo Alckmin (PSDB), Ricardo Salles, é tudo que os ruralistas desejam: um homem afinado com os interesses do agronegócio e que vai atuar em sinergia com quem “quer trabalhar”, como têm anunciado com entusiasmo expoentes do setor.

Em outras palavras, retirar entraves e acabar com a “indústria de multas do Ibama” conforme promessa de campanha do capitão reformado do Exército que deve tomar posse neste 1º de janeiro.

Além de entrevistas, circula em grupos de WhatsApp um vídeo, gravado na Granja do Torto, em que o futuro ministro aparece entre o dirigente da Sociedade Rural Brasileira, deputado federal eleito Frederico D’Ávila (PSL-SP) e o “comandante em chefe das forças agrícolas”, o presidente da União Democrática Ruralista (UDR) Luiz Antônio Nabhan Garcia e o futuro ministro.

“Meus amigos, estou aqui com Frederico D’Ávila, nosso deputado estadual, liderança do agro, e nosso presidente Nabhan Garcia, grande força de todo setor, para dizer a vocês que nós teremos total sinergia da agricultura com o meio ambiente. Total respeito ao produtor rural e nosso apoio”, afirma Salles. Afago para os ruralistas, a convicção de suas palavras reforça, mais uma vez, seu compromisso com o setor. E demonstra que ele se sente representado por essas lideranças.

Desejando sorte ao futuro ministro, o “comandante em chefe” Nabhan diz que Salles fará uma grande administração. “Porque (Salles) à frente do Meio Ambiente significa o fim do estado policialesco e o fim do estado confiscatório (sic) em cima de quem trabalha e produz nesse país”.

Criado em 1993, o Ministério do Meio Ambiente tem como missão formular e conduzir políticas públicas para o setor em todo o país. Isso significa proteger as florestas, os recursos hídricos, os ecossistemas, florestas e toda a biodiversidade do avanço de um modelo de agropecuária predatória, baseado no desmatamento para pastos e para a monocultura, dependente do uso de sementes transgênicas e de agrotóxicos – que já consumiu praticamente todo o Cerrado e avança em direção à Amazônia.

No entanto, pelo conteúdo do vídeo (assista a seguir), o Meio Ambiente tem tudo para ser submetido à Agricultura, tal como Bolsonaro pretendia com a duramente criticada fusão das duas pastas.

Suplente

Outra forte evidência de que o escolhido por Bolsonaro é o homem sob medida para transformar o Ministério do Meio Ambiente em uma sucursal do Ministério da Agricultura é o perfil dos apoiadores de sua disputa por uma vaga na Câmara.

Sem conseguir votos suficientes para se eleger deputado federal pelo Novo paulista, Salles, que é fundador do Movimento Endireita Brasil ficou como suplente.

A campanha, aliás, está sendo questionada pelo Ministério Público Federal por abuso de poder econômico. O então candidato publicou diversos artigos sobre sua plataforma em jornais de grande circulação dias antes da eleição.

Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que o total arrecadado foi de R$1.567.339,90, montante bem menor que os R$ 2.239.027,97 da campanha da deputada federal eleita e futura ministra da Agricultura Tereza Cristina (DEM-MS).

Presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, a parlamentar viu seu cacife aumentar depois de conseguir, com suas manobras, aprovar em comissão especial o substitutivo para projetos que compõem o Pacote do Veneno, que praticamente revoga a atual Lei dos Agrotóxicos.

O pacote que visa facilitar o registro e alavancar ainda mais as vendas desses produtos está pronto para ser votado pelo plenário da Câmara. Se for aprovado, segue para sanção presidencial.

A lista de Salles inclui financiamento coletivo de um pequeno grupo e mais 108 nomes de pessoas físicas. A RBA apurou se tratar de grandes empresários dos mais diversos setores, que têm no agronegócio o carro chefe de suas empresas ou mesmo uma atividade secundária.

É o caso do presidente do conselho de administração da Porto Seguro Seguros, Jayme Brasil Garfinkel. Principal acionista da Porto, é também o principal doador da campanha de Salles, tendo contribuído com R$ 260 mil, equivalente a 16% do total.

Mais conhecido por dirigir uma das três maiores seguradoras do país, o empresário tem entre seus negócios a Fazenda Periquitos Companhia Agropecuária.

A propriedade que se estende por parte de Três Lagoas e Selviria (MS), produz soja e gado de corte.

Outro é José Salim Mattar Junior, controlador da Localiza Hertz, empresa mais valiosa do setor de locação de automóveis. Anunciado como futuro secretário de Privatizações de Bolsonaro, é o segundo maior doador de Salles.

Depositou na conta da campanha R$ 200 mil. Entre outros de seus negócios está o Haras Sahara, em Matozinhos (MG). Embora o site remeta apenas à criação de cavalo árabe, a ficha no cadastro nacional da pessoa jurídica (CNPJ) da Receita Federal informa que a fazenda, entre as atividades econômicas secundárias, cria gado de corte.

Remédios

Diretor-superintendente da Companhia Comercial de Drogas e Medicamentos, a Codrome, Ronaldo José Neves de Carvalho segue em terceiro na lista dos financiadores da campanha do agora futuro ministro. Doou R$ 100 mil.

O comandante da Drogaria São Paulo, uma das maiores redes do setor, tem negócios que vão além da venda de remédios.

Conforme a Receita Federal, a Agropecuária Codrome é proprietária do Sítio Rancho Alegre, em Mirandópolis (SP), que tem como atividade principal o cultivo de seringueira. A secundária é a cana de açúcar.

Na Fazenda Moinho, em Guaracai, com 4.308 hectares, também cultiva cana de açúcar e seringueira. No mesmo município, uma terceira fazenda do grupo, a Caetés, produz cana, seringueira, abacaxi e gado leiteiro.

Outro famoso patrocinador é Luis Stuhlberg, gestor do Fundo Verde do Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG), com R$ 50 mil para a campanha.

O fundo, elogiado pelos analistas como dos mais rentáveis, recebe aplicações de pessoas físicas, jurídicas e de outros fundos de investimento administrados pela própria CSHG.

Os recursos captados são então investidos em mercados de capital como ações, câmbio, juros e commodities agrícolas.

Segundo analistas de investimentos, só obtêm ganhos com aplicação em papeis dessas commodities quem realmente “conhece bem” o setor.

Também aplicou R$ 50 mil na campanha de Salles o empresário Gastão de Souza Mesquita, controlador de uma das maiores empresas do agronegócio do país, a Companhia Melhoramentos do Norte do Paraná (CMNP).

O grupo atua na produção de etanol e na pecuária.

Alexandre Balbo Sobrinho, da Cana Verde – que tem em seu portfólio açúcar orgânico para um nicho de mercado que pode pagar mais caro –, doou R$ 41 mil.

Ele é também controlador da Agropecuária Iracema, que tem canaviais e usinas de produção convencional de açúcar e de etanol espalhadas pela região de Sertãozinho (SP).

Grãos, armas e munição

Contribuíram com R$ 30 mil cada os empresários Flávio Pascoa Teles de Menezes, Eduardo Define e Antonio Marcos Moraes Barros.

Menezes, que já foi presidente da Sociedade Rural Brasileira, tem fazendas em Buritama, Vicentinópolis, Birigui, Araçatuba, Castilho e Santo Antonio do Aracangua, onde produz soja, cana, milho e gado de corte.

Ele é parte de uma disputa por terras em Japorã (MS), reivindicando a fazenda Remanso-Guaçu, em posse de famílias indígenas por uma determinação judicial.

Define tem entre seus negócios a criação de gado de corte, a comercialização de matérias-primas agrícolas, armazéns e o processamento do conhecido arroz Brejeiro.

A marca cresceu e incorporou novos produtos, como óleos de soja, entre outros.

Também dedicado à produção agrícola, com fazenda de café em Caconde (SP), e de produção de grãos e gado de corte em Amambaí (MS), Moraes Barros é presidente da Companhia Brasileira de Cartuchos, a CBC.

Além de dirigir a empresa fabricante de munições, é um dos maiores acionistas das fábricas de armas Taurus.

Seguindo a lista, agora com doações de R$ 25 mil estão Salo Davi Seibel, Marcelo Campos Ometto, João Guilherme Sabino Ometto e Helio Seibel. Salo e Hélio controlam o Grupo Ligna, constituído pela Leo Madeiras, Duratex e a Ligna Florestal, com 60 mil hectares de terra em Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Marcelo Ometto é presidente do conselho de administração do Grupo São Martinho e João Guilherme, o vice.

Com três usinas no interior de SP e uma no interior de Goiás, a companhia está entre os maiores grupos produtores de açúcar e etanol.

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Zé Maria

E para somar tem agora a Fazendeira* Vip & Chic do Morinho,
que vai auxiliar na Exploração ‘racional’ das Reservas Indígenas,
demarcando as terras dos índios com os grileiros tudo dentro…


http://deuochic.com/category/galleries/roberta-tellechea-sanchotene-amedeo-marchesi-di-san-marzano-casam-na-estancia-paineiras-em-uruguaiana/?page=2
http://deuochic.com/category/galleries/punta-del-este-movimenta-o-verao-da-turma-vip-chic/

*No nome da irmã em Uruguaiana-RS:
https://www.consultasocio.com/q/sa/maria-theresa-marsiaj-pinto-de-figueiredo
http://cnpj.info/AGROPECUARIA-PASSO-DO-REMANSO-LTDA/ENAZ/

Antonio de Azevedo

CATÁSTROFES AMBIENTAIS

As catástrofes ambientais que atingem as mais diferentes regiões do Planeta Terra, como por exemplo: erupção vulcânica na Guatemala, terremotos com tsunami na Indonésia, tufão no Japão e na China, furacão nos EUA, tornado em Itaperuçu no Paraná-Brasil não são eventos isolados, estão sim concatenados numa sequência de fatores que ultrapassam o fenômeno do efeito estufa e repercutem em terríveis mudanças climáticas localizadas, produzindo catástrofes ambientais imprevisíveis e sem precedentes. Aliás, o efeito estufa é um fenômeno natural e necessário para manter a vida e uma temperatura segura para a Terra, inclui-se gases em quantidades ideais como o CO2, metano, óxidos de azoto, ozônio dentre outros presentes na atmosfera. Entretanto, o problema urgente é o aumento descontrolado do dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, devido à queima de florestas, de carvão e outros combustíveis fósseis. Nesse sentido, não comporta nenhum engano afirmar que a espécie humana está passando por um grande desafio em sua existência, principalmente porque as catástrofes ambientais, devido ao acúmulo descontrolado de CO2 na atmosfera, serão cada vez mais terríveis e sem previsão do clima quanto à modelos matemáticos de previsão satisfatórios: desabrigando, inundando, sufocando e ceifando preciosas vidas humanas. Dessa forma, num cenário ambiental caótico, catastrófico e irreversível serve de alerta o profético filme o “Planeta dos Macacos”, do original de 1968, em que o astronauta Taylor encenado pelo ator Charlton Heston, sobrevivente de uma missão espacial, aterrisa em um planeta similar a Terra, quando em um determinado momento do filme, este cavalgando pelas areias de uma praia descobre os destroços da famosa Estátua da Liberdade (Nova Iorque, EUA) e descobre para o seu espanto que está no mesmo planeta Terra mas do futuro, dominado por uma espécie de símio que escraviza seres humanos, estes são mudos aqueles falantes, imediatamente vem à cabeça do astronauta um insight: os humanos se destruíram! O filme é enigmático e possui um cenário futurístico e alarmante. Nesse sentido, para evitar que a ficção vire realidade, é preciso desconstruir o discurso fantasioso, sem base científica, vazio, incauto, superficial, epidérmico, demagógico e “nonsense” de algumas autoridades e agentes políticos em nível nacional e internacional que propalam na mídia escrita e falada que as mudanças climáticas são fruto de teorias conspiratórias. Ora, a situação atual do clima global é séria, é gravíssima. Tentativas de minimizar os efeitos das mudanças climáticas em função desse tipo de discurso é no mínimo hipócrita, carece de total credibilidade. Pior, soa como cumplicidade e comportamento omissivo diante da destruição do meio ambiente Global, bem como, contribui enormemente para o desaparecimento de muitas espécies da fauna e da flora, além do mais, empurra, mais um pouco, a espécie humana para uma possível extinção num futuro não muito distante.

ANTONIO SERGIO NEVES DE AZEVEDO – estudante de Física, Curitiba – Paraná.

Zé Maria

A Solução Final

O que não morre de doença, morre envenenado …

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