Mensagem “reservada” de Bolsonaro repetiu método do clã para disseminar ataques e fake news

Da Redação

O decano do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, em mensagem enviada à jornalista Monica Bérgamo, da Folha de S. Paulo, sugeriu que Jair Bolsonaro pode ter cometido crime de responsabilidade.

“O presidente da República, qualquer que ele seja, embora possa muito, não pode tudo, pois lhe é vedado, sob pena de incidir em crime de responsabilidade, transgredir a supremacia político-jurídica da Constituição e das leis da República”, escreveu o ministro.

Celso de Mello condicionou suas palavras à confirmação de que Bolsonaro teria de fato propagado mensagem defendendo as manifestações de 15 de março, que bolsonaristas convocam contra o Congresso e o STF.

De acordo com o decano, Bolsonaro “demonstra uma visão indigna de quem não está à altura do altíssimo cargo”.

O próprio presidente da República confirmou o envio de mensagens, mas afirmou que fez isso em caráter privado.

“De forma reservada, trocamos mensagens de cunho pessoal”, escreveu Bolsonaro, dizendo que a mensagem foi para amigos, no whatsapp, não em suas redes.

Porém, as campanhas do bolsonarismo frequentemente começam no whatsapp. As mensagens chegam a um grupo de influenciadores digitais, que as disseminam nas redes sociais.

Foi assim, por exemplo, nos ataques à jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha, com envolvimento direto dos filhos de Jair Bolsonaro, o senador Flávio e o deputado federal Eduardo, conforme demonstrou o Intercept.

A própria campanha de Jair Bolsonaro em 2018 está sob a suspeita de ter utilizado disparos em massa, ilegais pela lei eleitoral, durante a campanha. Veículo: o whatsapp.

“Em nenhum momento o presidente sequer pensa em atacar as instituições”, disse o general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria Geral do governo, tentando por panos quentes na crise.

A decisão do presidente da República de bancar uma manifestação contra o Congresso e o STF provocou alarme e foi repudiada pelos ex-presidentes Lula e Fernando Henrique, pelo governador João Doria e por líderes partidários.