Lúcio Flávio Pinto: “Sempre combati o Jader Barbalho”

Tempo de leitura: 4 min

No artigo  Lúcio Flávio Pinto: A liberdade de imprensa é propriedade do dono, um suposto Vinícius Abreu disse, em comentário postado, que o jornalista nunca teria feito uma reportagem contra Jader Barbalho, deixando no ar dúvidas sobre a sua independência profissional.  Na pressa, foi liberado. Um erro nosso. Tanto que deletamos o comentário depois. Nossas desculpas sinceras a vocês, leitores do Viomundo, e, em especial, a você, Lúcio Flávio, que é um exemplo de jornalista para todos nós. Rastreamos o IP do suposto Vinícius, já sabemos que é de alguém da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).  Na segunda-feira, solicitaremos à UFMG a identificação do dono. Abaixo, a resposta de Lúcio Flávio. Ele mata a cobra e mostra o pau.

Meu caro: espero que você seja realmente Vinícius Abreu e não um apócrifo, e tenha escrito de boa fé, embora tudo que disse seja inverdade. E, ao ser dito de forma tão enfática, se caracterize como infâmia. Essa insinuante dúvida que você tem sobre a minha relação com Jader Barbalho podia ser desfeita sem maiores esforços. Bastaria colocar meu nome e o dele na busca do Google e examinar o que escrevi sobre o líder do PMDB do Pará.

De fato, temos – ele e eu – um passado comum em Belém e fomos amigos, antes de Jader se eleger governador pela primeira vez, em 1982. Ele, aliás, me convidou para participar de sua administração quando, já eleito, ainda formava sua equipe. Recusei. Disse-lhe que era jornalista e continuaria a ser apenas jornalista, como tenho sido, há quase 45 anos. E se ele errasse, me encontraria do outro lado, sempre. Ao receber a resposta, chamou um amigo comum, que viria a ser seu secretário da fazenda, e pediu a Roberto Ferreira para repetir o que lhe dissera antes da minha chegada. Roberto repetiu que Jader lhe disse: que iria me oferecer mundos e fundos, mas eu não aceitaria nada. E que era isso justamente o que queria: um crítico honesto e competente. É bom não esquecer que, nessa época, Jader ainda era considerado um político de esquerda, integrante da ala dos “autênticos” do então MDB,m e que liderara a oposição no Pará, apesar do acordo paradoxal (mas sem o qual não teria vencido seu adversário, apoiado pelo general Figueiredo, último dos presidentes do regime de exceção) que fez com o governador Alacid Nunes, um major que o movimento militar colocou no poder estadual, junto com o tenente-coronel Jarbas Passarinho, na época seu inimigo e, depois, aliado.

Pois eu continuei o jornalista independente que você põe em dúvida. Fui o único na imprensa que combateu Jader, a ponto tal que fui seguidas vezes ameaçado de morte por telefonemas anônimos. Um dia ligaram para a redação de O Liberal, onde eu também trabalhava. Sem se identificar, a pessoa disse para o diretor de redação, Cláudio Sá Leal: “prepara a manchete de amanhã: Lúcio Flávio assassinado”. O dono do jornal, Romulo Maiorana, o pai, me ligou dizendo que ia me mandar proteção. Agradeci a generosidade (que os filhos não herdaram) e recusei. Como Romulo insistisse em que eu me protegesse e à minha família. liguei para o assessor de imprensa do governador, também amigo comum, Guilherme Augusto Pereira, e disse-lhe que colocasse Jader em contato comigo. Quando ele de pronto me ligou, disse-lhe que estava escrevendo uma carta ao dr. Júlio Mesquita Neto, um dos donos de O Estado de S. Paulo, do qual era correspondente em Belém (e onde trabalhei por 18 anos contínuos), responsabilizando o governador por tudo que me acontecesse. Jader me pediu que não fizesse isso: “meus inimigos vão tentar me destruir”. Então lhe disse que tomasse as providências para desfazer a ameaça porque, sindicando, na condição de repórter, descobri de onde vinham as ligações anônimas. Ele pediu 24 horas de prazo e realmente agiu para eliminar a ameaça, conforme verifiquei, também agindo como repórter.

Se você se der ao trabalho de fazer trabalho idêntico, verificará que quase tudo que se escreve a respeito de Jader Barbalho me toma como fonte, através de entrevistas ou com base no que escrevo. Desde um pedido de CPI formulado em 1988 pelo PT para apurar venda de terras pelo então ministro da reforma agrária até um livro panfletário escrito por Gualter Loyola, por encomenda de Antônio Carlos Magalhães, que terçava armas com o então presidente do Senado (por pouquíssimo tempo em função desse confronto).

Já que você se diz paraense e conhecedor do Estado, pegue a coleção do Jornal Pessoal e volte aqui com uma matéria sobre Jader Barbalho que não tenha base em fatos ou que lhe sirva os interesses. O que não faço, como tem sido comum no Pará e no Brasil, é transformar Jader em espantalho, em demiurgo da corrupção, como se ela lhe fosse monopólio ou ele fosse o mais nocivo dos personagens, quando, mesmo ao lado de catões da plutocracia paulista, sempre desdenhosos dos que estão “no Norte”, a seu entendimento domicílio de tudo que não presta no país, há aves de rapina de muito maior envergadura.

Sempre que mato a cobra mostro o pau. Se quer vir à arena, estou aqui para medirmos nossas forças para ver quem é capaz de demonstrar a verdade a respeito do que escreveu, num texto tão cheio de veneno quanto carente de fundamento.

Faço estes esclarecimentos em homenagem aos meus leitores. Para você, deixo o meu desafio: prove o que disse.

Atenciosamente,

Lúcio Flávio Pinto


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Comentários

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Ma Conceição

Mais do q o comentar o comentário infeliz, importante é apoiar o LFP e seu jornalismo independente sempre. É trágico q o sr. Barbalho vá se eleger novamente Senador. Se ele conta ainda com tanto apoio popular é pq o coronelismo ainda reina e muito no Pará.

Roberto Locatelli

A direita tem o hábito de fazer ameaças de morte aos opositores. E, por vezes, cumprir a ameaça.

dukrai

dukrai, véi, logo da UFMG, onde me aposentei. Esse vinicius abreu é um abestalhado, além de mau caráter. A identidade do elemento vai ser divulgada, né?

Ed.

O trecho de não aceitar proteção e ligar para o Jader dando-lhe a opção de eliminar as ameaças ou ser ameaçado por suas próprias ações, é admirável e exemplar!

Ed.

Azenha, Conceição:
Não se se é viável, mas um "cesto de lixo" com comentários "deletados", mas "catáveis" nessa "lixeira" única pelos leitores talvez fosse algo democrático e didático, pois não estariam no "mainstream" dos comentários, mas devidamente classificados como "lixo". Fica a sugestão para avaliação.

Vinicius Abreu

Ola a todos;

Não precisa procura nada na UFMG, estarei enviando por email do viomundo meu o contato de telefone e email para qualquer tipo de esclarecimento pessoal se assim fazer necessário e gostaria que fosse repassado diretamente ao Lúcio Flavio Pinto. Por favor !

Em relação a fontes:

Texto retirado em: http://www.amazonia.org.br/opiniao/artigo_detail….
Assinado por Lucio Flavio Pinto
" …
O procedimento contra o pai se repete com o filho. Empossado prefeito do segundo maior município paraense, Helder Barbalho não existiu para O Liberal e TV Liberal nas festas do dia 1º. Se não existiu para os Maiorana, não existiu para o mundo paraense, que, sabendo das coisas pelos veículos do grupo, sabe quase nada sobre si – e o dobro sobre o mundo. É, de fato, um poder superlativo. Tanto que, dizem os confidentes, o filho Barbalho pediu ao pai que diminuísse a troca de tiros com os Maiorana para que sua nascente carreira de prefeito não enfrente um caminho cheio de espinhos, que os adversários – comerciais e políticos – já lhe apresentaram. Dizem que Jader atendeu o pedido e mandou desarmar um front, que fora municiado como jamais havia acontecido desde que o império Maiorana se consolidou, na década de 70, à base da unanimidade compulsória."

Vivi em Ananindeua uns 12 anos e pelo que o jornalista Lúcio Flavio Pinto escreveu me deu até vontade de chora pela dificuldade que o prefeito Helder Barbalho passa. Sendo a família Barbalho detentora da RBA filiada da BAND no estado.

Quem é morador de Ananindeua sabe o que eu estou falando, sobre o quanto é boa a administração do prefeito. Hooooooooo!

Texto retiro em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos….
Assinado por Lucio Flavio Pinto
"…
O Liberal deu quase uma página à cobertura dos estragos da cheia do dia 17 em Ananindeua, município governado pelo desafeto da empresa, o prefeito Helder Barbalho, do PMDB. E deu pouco mais de meia página ao mesmo tema em Belém, onde o prefeito, Duciomar Costa, é protegido da "casa". Como Ananindeua tem três vezes menos habitantes do que Belém, que, além disso, é a capital, dá para medir o critério editorial do jornal dos Maiorana.

Quem lê, confia?"

Com certeza que o Liberal é partidário. Mas você sugere (pela sua matemática) que a noticia de Ananindeua fique em uma nota de rodapé no jornal?

Não posso realmente contar aqui tudo o que penso das 1/2 dúzias de famílias que dominam o estado. E nem consigo encontrar seus artigos antigos de forte oposição ao grupo RM com suaves citações sobre os coitados que o grupo ataca (Barbalho). Os mesmos artigos estão inacessíveis no seu site pessoal. Mas deixo meu ponto de vista quanto a essa briga familiar. Que eles mostrem mais e mais o podre do outro, só assim esse pessoal vai perdendo a força, se auto destruindo.

Ola Lúcio Flávio Pinto, peço desculpas pela forma enfática quando me referi "muito, mas muito próximo". Realmente não conheço sua rede de amizade para poder afirmar com tanta veemência tal relação de amizade com a família.

Agora meu ponto de vista pessoal, que você pode não gostar mas é o meu.

Reafirmo que seus artigos não são independentes, principalmente com uma família que faz o nepotismo político no estado que eu nasci, no mínimo posso dizer que são suaves essas criticas. Agora torço sinceramente que um dia, que mostre todos os podres, seja de quem for, principalmente se forem de coronéis do Pará. Que apesar de você ser uma vitima direta desses coronéis todo o povo paraense é também. E você sendo um jornalista que se diz independente poderia ser uma voz mais ávida quanto a esse coronéis. Focando sempre o bem publico e não corporativismo.

Ps; Agora é impressionante como a história mostra que tem o poder da comunicação tem mais força!

Victor Farinelli

Estou de acordo com o LFP quando ele diz que o Jader é um personagem nocivo, mas não é um dos peixes grandes do coronelismo brasileiro. Tem gente muito pior e mais combatível.

Só não sei se dentro do panorama paraense, ele poderia talvez alcançar uma maior consideração.

Cunha

E viva a blogesfera, o blog-jornalismo e a democracia digital !

Che Silva

Querem conhecer o Jornal Pessoal, do Lúcio? Ai vai: http://www.lucioflaviopinto.com.br/

Paulo Vasco

Provavelmente esse Vinícius Abreu seja um rato mesmo, como disse L. André.
Quem conhece Lúcio Flávio, sua competência e, acima de tudo, sua dignidade, jamais escreveria tal infâmia contra ele.
Se existe jornalista coerente e honesto, acima de qualquer suspeita, Lúcio Flávio é um deles.

Urbano

O jáder barbalho! Pensem num sujeito decente e austero!

João

O tal Vinícius Abreu vai aparecer ou, como disse o leitor L. André, "vai fugir"?

    Conceição Lemes

    Amanhã, vou contatar a UFMG, apresentar o comentário, o IP e pedir a identificação do autor. abs

L.andré

E então??? Vinícius Abreu.
Vai lutar ou vai fugir???
Se for lutar, jogue limpo, com dignidade, sendo justo. Pois, o Lúcio Flávio Pinto merece respeito.
Se for fugir, faça-o para sempre, não volte mais aqui. Nem com novo NICK. Mesmo que este novo NICK seja "RATO".

    Helcid

    um conterrâneo "troll" … meu domingo já era com essa !!

    Conceição Lemes

    Helcid, cada vez temos de ficar atentos. Por isso, além do cuidado na liberação, começamos a passar um pente fino depois faz algum tempo. abs

    Leider_Lincoln

    A coragem, honradez e hombridade destes trols assemelha-se, quando muito, a de ratos. Não exija tanto do suposto Vinícius, L. André…

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