Lelê Teles: Em bom pretoguês. Ninguém vai ouvir mais em silêncio as merdas racistas dos risérios da vida

Tempo de leitura: 3 min

COMPROVANTE DE VACILAÇÃO

Por Lelê Teles*

“Olha mãe, um preto… estou com medo, o preto vai me comer” Frantz Fanon

No futuro, parafraseando Andy Warhol, todo mundo terá seus 15 minutos de infâmia.

Para o antropólogo Antônio Risério esse momento chegou.

O sujeito pendurou na Folha um artigo de lixo em que, entre torções, distorções e contorções, fala em racismo reverso.

Usando a velha tática de impor o medo do escuro, que se ensina às crianças logo cedo, o antropólogo – por Zeus! – joga seus malabares para o alto e tenta hipnotizar a plateia com seus truques baratos:

“Todo mundo sabe que existe racismo branco antipreto. Quanto ao racismo preto antibranco, quase ninguém quer falar”.

Por que será, né?

Risério sabe que o racismo é uma relação de poder e ele se estrutura de tal forma que oprime, massacra, segrega, nega oportunidades, destrói a saúde mental e procura desumanizar o seu objeto de desconstrução.

Risério tenta fazer crer que há racismo de negros contra brancos no Brasil, como se os pretos, donos de bancos, mandassem travar as portas das agências bancárias quando um branco tentasse entrar.

Como se as negras, CEOs de redes multinacionais de supermercados, obrigassem seus funcionários a perseguir clientes brancos pelos corredores e mandassem espancar um banquelo de vez em quando para deixar escuro quem é que dá as ordens.

Mas Risério não foi tão cínico, os exemplos que eles nos traz vem dos Esteites.

Ele diz, entre outras coisas, que no país onde negros eram enforcados em árvores até pouco tempo, quem sofre mesmo são asiáticos nas mãos dos pretos.

Ora, Risério sabe que não foram os pretos que fabricaram a bomba atômica, sabe também que não foram os pretos que mandaram jogar duas delas nas cabeças de mulheres e crianças no Japão.

Risério sabe que duas de suas colegas de profissão, as antropólogas estadunidenses Margaret Mead e Ruth Benedict, se prestaram ao vexoso serviço de assessoras dos falcões belicosos, ajudando os militares a aplicarem suas taras racistas contra o povo japonês.

O livro O Crisântemo e a Espada, de Benedict, foi escrito com esse propósito.

Risério não está sozinho nessa de antropólogo branco supremacista.

À medida que você vai lendo o artigo do sujeito, os malabares vão caindo, parece aqueles caras amadores que ficam no sinal jogando qualquer coisa pra cima à procura de uma moeda.

Um dos malabares que ele arremessa é o tal “identitarismo”, um chiclete retórico que tá na boca de todo mundo.

O título do artigo é esse: “racismo de negros contra brancos ganha força com o identitarismo”.

Num país em que todo mundo aponta quem é descendente de escravizados, mas ninguém tem coragem de falar quem é descendente de escravizador, esse tipo de malabarismo retórico pode até ganhar alguma força.

Tem até um cara se dizendo príncipe e querendo a volta da monarquia; é, ele mesmo, o príncipe de araque, a matriz do pensamento de Risério.

Risério alerta, de forma delirante, para o crescimento de um terrível e temível racismo reverso em andamento no mundo.

Não há uma única linha em seu texto que justifique tal afirmação.

É lixo puro, e lixo tóxico.

É preciso destruir as paredes da Casa Grande, tijolo por tijolo, ainda mais agora que sabemos que sua argamassa é feita somente de saliva.

Há pouco, um certo jornalista de sobrenome Navarro (ah, os navarros, aqueles do brasão familiar com dois lobos azuis!) andou a pedir comprovante de antecedentes criminais do público que vai ao show dos racionais.

Imagina se isso for exigido da plateia de shows de música sertaneja e concertos de piano de cauda no Copacabana Palace e no Municipal!

Os descendentes de escravizadores insistem em criminalizar os pretos pobres.

Mas eles mesmo andam a dizer que o grande problema do nosso atraso como nação é a corrupção, e a corrupção, a madame bem o sabe, é uma tenebrosa transação feita entre agentes públicos e grandes empresários. E todos nós sabemos que os agentes públicos e os grandes empresários são, esmagadoramente, brancos!

Como se vê, tudo saliva.

Ninguém vai ouvir mais essas merdas em silêncio, iremos contestá-los sempre, em bom pretoguês.

Risério merece mil chineladas na bunda; mãos à obra irmãos de cor.

Saravá.

Palavra da salvação.

Lelê Teles é jornalista, publicitário e roteirista.


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Zé Maria

O texto de cunho claramente racista gerou revolta nas redes sociais.
Internautas comentaram a publicação da Folha que divulga o artigo no Twitter.

“Esse texto é criminoso, desonesto moral e intelectualmente.
Baseado em situações cuja perspectiva de análise é branca.
Veja só… Tudo isso para dar viés de legitimidade às práticas
estruturalmente racistas da sociedade brasileira.
E pior, fundamentando-se em situação estrangeira”,
escreveu Leandro Assis.

https://twitter.com/Leandro_Assis13/status/1482547721668026373

https://revistaforum.com.br/movimentos/folha-publica-texto-racista-de-antropologo-e-causa-revolta-nas-redes

Morvan

Fiquei a esperar, como em Godot, que Risério me desse um exemplo de loja de departamento onde, ao adentrar um ‘galego’, o sistema de alto-falantes brada, em código, “Zara zerou“, trocando em miúdos, deles mesmos, os porcos escribas da Foia,

«tem preto na área — Atenção máxima»

tudo isso num país onde se escamoteia tudo e o novo embuste, o racismo reverso (Sic!) é a “ditabranda reloaded”.

Eulália Feitosa

Um cara desses nem dá para chamá-lo de antropólogo. Não passa de um bobologo.
Tá cheio de gente cheios de títulos que não servem para nada. A arrogância vai na lua, mas a capacidade é bem pífia. Não é incomum os alunos darem um pé na bunda deles.
Antropólogo era o Levi Strauss.
Esse aí que escreveu na folha não passa de um bobalhão.
E a FSP é um jornal golpista igual o Estadão e o Globo.
Na visão dessa gente nunca o Machado de Assis seria o que é.
Só serviria para ser pedreiro.

Zé Maria

O Infame Risério mede os Nordestinos
com a Régua da Infâmia dele própria.

Zé Maria

“Em 1995, mesmo sem ter cursado a faculdade,
Risério defendeu na Universidade Federal da Bahia
uma ‘tese de mestrado’ em sociologia,
com especialização em antropologia,
e conseguiu o título de antropólogo.” [SIC!]
.
“A maioria do eleitorado nordestino
não é de direita, nem de esquerda,
é subornável.” [SIC!]

15 segundos de Infâmia do Risério
na Revista Infame do Mainardi.

    Zé Maria

    Segundo a Wikipedia, Risério, o Infame, nasceu em Salvador, na Bahia.

    Seria esse pseudo-antropólogo um ‘Xenófobo Reverso’?

Zé Maria

Antropologicamente,
O Risério seria Risível,
Se não fosse Trágico;
Brancamente Trágico;
Tragicamente Racista.
É um Risível Perverso
Ou um Risério Reverso.

Deixe seu comentário

Leia também