Kátia Gerab Baggio: A síndrome bipolar da grande mídia

Tempo de leitura: 3 min

Kátia Gerab Baggio, no Facebook, sugerido por Luana Tolentino

Algumas considerações sobre a Copa e a “grande” mídia brasileira.

Em entrevista aos blogueiros, no dia 08 de abril, Lula afirmou que imaginou a Copa como um “encontro de civilizações” e que queria mostrar o Brasil ao mundo, como nós somos, com nossas qualidades e nossos problemas.

Eu prefiro falar em encontro de culturas, nesse mundo tão misturado do século XXI, mas não é mesmo isso o que está acontecendo?

Disse o Lula: “A Copa do Mundo aqui no Brasil é um encontro de civilizações causado pelo esporte. É mais do que dinheiro. São milhares e milhares de pessoas que vêm pra cá pra conhecer esse país, pra comer a comida desse país, pra ver a gente desse país do jeito que ela é. Ninguém vai esconder ninguém, mas vai permitir que ele tome um banho em Copacabana, que ele coma um frango preguento no Xapuri, lá em Minas Gerais; que ele possa ir na Dona Lucinha comer uma galinha com quiabo e saber o que nós comemos”.

Ele gosta mesmo da comidinha nossa de Minas, saborosa como ela só!!!”

Todos nós sabemos que os preparativos para a Copa foram muito complicados, com atrasos não só nos estádios mas em grande parte das obras, senão na maioria.

Isso é inegável e era obrigação da mídia tratar desses problemas. Sem esquecer as mortes e ferimentos em trabalhadores das obras, em razão de falhas na segurança.

Mas me parece também inegável concluir que, pelo menos por enquanto, com apenas 6 dias do início da Copa, os problemas de organização são pequenos diante do sucesso que o evento tem tido, com um fluxo de 3,7 milhões de visitantes para as 12 cidades sede, incluindo 600 mil turistas estrangeiros, segundo dados do Ministério do Turismo.

É claro que não estou ignorando os abusos das PMs, que ainda não aprenderam a tratar manifestantes com civilidade e os que depredam, apenas com a lei. E, também, não estou ignorando os desmandos e o autoritarismo da FIFA e da CBF.

De todo modo, fico com a clara sensação de que a “grande” mídia quis, por interesses políticos (ou seja, para desestabilizar o governo Dilma), exacerbar o clima anti-Copa e o mau-humor. Uma mídia que, para desgastar o governo liderado pelo PT e favorecer a oposição, parece sempre torcer contra o Brasil, seja contra o sucesso da Copa ou contra a Petrobras. Uma mídia que só destaca os problemas e quase nunca reconhece os avanços.

Creio que é inevitável ficar com essa sensação. Que, na verdade, não é uma simples sensação!!! Parece-me um fato.

Temos uma mídia que ficou numa espécie de “síndrome bipolar”: não queria falar bem da Copa para detonar o governo Dilma e fazer o jogo da oposição, mas, ao mesmo tempo, precisa da Copa desesperadamente, para manter a audiência, alavancar seus negócios e pagar suas contas.

É possível mesmo imaginar que, sem a campanha “do contra” dessa mídia que se diz “isenta”, mas é terrivelmente manipuladora, o número de turistas fosse ainda maior.

Conforme afirma o Fernando Brito, do Tijolaço, “imagina sem mídia” contra!

Espero, sinceramente, que tudo continue bem e que fique ainda melhor!!!

E, claro, que a seleção brasileira conquiste o Hexa!!!

Não sou ufanista, mas que o Hexa seria ótimo, isso seria!!!

Afinal, em nome de quê tirar do povo essa alegria? Ou alguém ainda acha que as pessoas se esquecem dos seus problemas porque o país pode ganhar, pela sexta vez, a Copa do Mundo de Futebol? E mais, seria a primeira vez em casa, no Maracanã, depois da frustração de 1950.

Kátia Gerab Baggio é professora associada de História da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Leia também:

Altamiro Borges: O “fenômeno” do oportunismo comercial e político


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Comentários

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anderson

“Mercado” planeja sabotar a economia

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O Valor publica hoje uma matéria de Cristiano Romero que, em qualquer país civilizado, seria motivo para que os órgãos de regulação de mercado abrissem uma investigação sobre os movimentos de capital.

É sobre como “analistas de mercado”, como Armínio Fraga, pré-ex-futuro-quase Ministro da Fazenda participa de um grupo de investidores que espera – ou tenciona – um pesado abalo financeiro sobre o Brasil, como forma de influenciar no resultado das eleições.

O que, afinal, já acontece com as pesquisas “de mercado” eleitorais, que estão fazendo muita gente (nem tão boa) ganhar fortunas com a especulação.

Leia só:

“O governo da presidente Dilma Rousseff acredita que o país está preparado para enfrentar um terceiro trimestre ‘sensível’, marcado por uma disputa eleitoral acirrada e por uma transição ‘não sincronizada’ das políticas monetárias das economias avançadas. A expectativa em Brasília é que não haverá um rali nos mercados, como vêm prevendo analistas como o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga.

Em entrevista ao Valor, Fraga disse acreditar na possibilidade de especulação com a taxa de câmbio e o mercado de juros durante a campanha que se aproxima. A crença nisso parte da probabilidade, maior neste momento, de reeleição da presidente Dilma. Investidores ficariam nervosos com essa possibilidade e retirariam recursos do país, provocando uma forte desvalorização do real, como ocorreu em 2002, quando o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, venceu a eleição.”
A reportagem de Romero diz que assessores econômicos do governo – certamente com o padrão de ingenuidade do Ministro Guido Mantega – preveem que isso não vai acontecer.

“O ataque não se dá por ideologia, não ‘é nós contra eles’. Por isso, não acredito nessa história de pesquisa, de que a Dilma caiu e a bolsa se animou. Isso dura uma tarde. O que dura mesmo é fluxo, é fundamento, é política econômica.”

Gosto de ver como, depois de tudo o que passou este governo, merece ainda a boa-fé de alguns “crentes no mercado” que acham que são mesmo apenas as regras do livre mercado, das taxas de juros, de um “apoliticismo” que os orienta.

Ninguém, é obvio, quer fazer o mercado se portar “na marra” de tal ou qual maneira. Mas que a sabotagem é latente e perigosa, nem mesmo os mais ingênuos duvidam.

FrancoAtirador

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A quem tiver tempo para assistir, recomenda-se:

19/06/2014
TV NBR

Impactos dos Grandes Eventos na Economia Brasileira

Painel realizado no Centro Aberto de Mídia, no Rio de Janeiro, na quinta-feira (19), com a participação do presidente da Embratur, Vicente Neto, e do Secretário-Adjunto de Imprensa da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (SECOM-PR).

Palestrantes:

> Lamartine Pereira da Costa, professor e pesquisador da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) (http://lattes.cnpq.br/8175481491530815)

> Pedro Trengrouse, consultor da Organização das Nações Unidas (ONU) na Copa e professor-coordenador de projetos da Fundação Getúlio Vargas (FGV)

Segundo o Ministério do Turismo, somente os turistas estrangeiros vão injetar cerca de US$ 6,7 bilhões na economia das 12 cidades-sede do Campeonato Mundial de Futebol, que é responsável pela vinda de 600 mil turistas de 186 países.

(http://www.youtube.com/watch?v=hs_1dCFzgas)

Leia ainda:

(http://fgvprojetos.fgv.br/sites/fgvprojetos.fgv.br/files/estudo_9.pdf)
(http://www.copa2014.gov.br/pt-br/tags/onu)
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anac

A bipolaridade reside no fato de que a PiGlobo tem que faturar com o evento e ao mesmo tempo não pode perder a grande chance de derrubar o governo aderindo as manifestações e manipulando a insatisfação secular do povo em relação aos serviços públicos mal prestados para atingir Dilma.

A Globo pensou que salvaria sua queda monumental de audiência de coxinhas e potenciais coxinhas com a Copa, o que não ocorreu pois caiu em relação a Copa de 2010. O PiG não engana mais.

Engana apenas uma minoria que não tem mais o condão de eleger o presidente da república. Engana alguns coxinhas ignorantes e os movidos pela má-fé, viralatice, preconceito e ódio ao Brasil e ao povo brasileiro. São os que votarão em aócio e dudu para quebrar o Brasil pela quarta vez, como os tucanos fizeram com fhc em 2002.

    anac

    É preciso que se diga mesmo que seja duro para os coxinhas classe merdia o que significa o governo tucano retornando a presidência.

    Aócio prometeu em reunião de confraternização com o grupo a que sempre serviu 1%, porque faz parte dessa classe de milionários e bilionários abastados, que adotará MEDIDAS IMPOPULARES. Já seu ministro da fazenda Arminio Fraga, deu nome aos bois, dizendo em entrevistas ao Estadão quais seriam essas medidas impopulares: ARROCHO FISCAL (ESTADO MINIMO), ARROCHO SALARIAL, CONGELAMENTO DO SALÁRIO MINIMO( que para os tucanos está MUITO alto), AUMENTO DA TAXA DE JUROS PARA REPRIMIR O CONSUMO, etc.
    As consequências dessas medidas serão o desemprego, perda da capacidade de consumo da classe merdia que será empobrecida, menos dinheiro circulando no mercado, arrecadação de imposto despencando, arrocho na remuneração dos servidores públicos com exoneração e demissão de alguns, suspensão de concurso públicos, falência das medias e pequenas empresas devido a retração no consumo, fim dos programas sociais, Prouni, Bolsa família, Minha Casa minha vida, mais médicos, por falta de verba devido a perda da arrecadação de recursos com a queda da arrecadação dos impostos, com a alta da taxa de juros (45% na era FHC) endividamento das famílias e do próprio país com a perda da reserva de 370 bilhões que se encontra em caixa do governo na era Lula e Dilma que será usada para impedir a especulação internacional contra o real, moeda que ficará fragilizada, o que nos levará a retornar ao FMI na condição de devedores. O fim do mundo.

    Então não se trata a escolha de questão ideológica mas de sobrevivência, de cada um de nós, incluindo o coxinha e seus filhos, que cairão em desgraça perdendo o pouco amealhado: casa própria, carros, viagens de ferias para o exterior, educação de qualidade,universidade, plano de saúde privado, e a queda do padrão de consumo, etc.

    Mário SF Alves

    “São os que votarão em aócio e dudu para quebrar o Brasil pela quarta vez, como os tucanos fizeram com fhc em 2002.”
    ____________________________
    E detalhe:

    Se eleitos, deus livre e guarde, vão, não apenas quebrar, vão privatizar, ou melhor, corsarizar geral. De novo, encher as burras e nesse embalo, na quebradeira do salve geral vão jogar toda a responsabilidade e culpa no colo do PT. Aliás, sobre isso, o discurso já deve estar prontinho.

    Penso que o dilema das oposições partidárias e midiáticas hoje não seja como (des)governar e vender o País, o dilema é outro:

    1) Todo o jogo sujo nas eleições fazendo fé na remota perspectiva de vencer a eleição presidencial;
    2) Ou, se não isso, na hora do não tem mais jeito, aplicarem o ensaiado, até agora frustrado e sempre útil golpe de Estado.

Pafúncio Brasileiro

Falta fazermos uma contabilização do quanto o País perdeu com a ausência de turistas por conta do negativismo do PIG, que ficou disseminado, até no exterior. O PIG deu um “tiro no pé” do próprio País. Quem vai se responsabilizar por isso ? Estou enojado desta mídia “nossa”. Alguns colunistas, que estão sendo mostrados ao espalharem um ódio, já começam a ficar apreensivos e com medo, mesmo . Por aí vemos a covardia deles. Não conseguem assumir as suas posições ao serem mostrados como atuam. Agora, se sentem “perseguidos”. Parece que esta é a nova piada deles.

Caracol

Não se trata de síndrome bipolar, é esquizofrenia mesmo! No sentido literal, ou seja: mente dividida (do grego skhizo = dividir e phren = mente)
Confesso que estou até achando divertido, pois é engraçadíssimo ver a Globo, por exemplo, fazendo estapafúrdios malabarismos quando ao mesmo tempo que esculhamba a Copa e o Governo, estimula a festa, para poder faturar mais durante o maior tempo possível. É gozadíssimo, eu fico imaginando o Ali Kamel dizendo pro Galvão: “Menas, Galvão, menas”.
Os caras se meteram numa situação de esquizofrenia pura! Devem estar com os cérebros dando nó!

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