Julian Rodrigues: Homofobia não é opinião; demissão de Maurício é uma vitória da civilização contra o bolsonarismo
Tempo de leitura: 3 minHOMOFOBIA NÃO É OPINIÃO
Repúdio generalizado às declarações de Maurício Souza demonstra o avanço civilizatório do país, mas o reacionarismo segue forte
Por Julian Rodrigues*, especial para o Viomundo
Vivemos enterrados em avalanches de notícias ruins. Às vezes, quase acreditamos que as trevas neofascistas prevalecerão.
Eis, todavia, que coisas boas acontecem, evidenciando perspectivas e possibilidades.
Maurício Luiz Souza, até o início desta semana astro do Minas Tênis e da seleção brasileira, bolsomínion aguerrido (a ponto de retuitar o 02), ilustra isso.
Provavelmente, nunca imaginou que seria demitido de seu clube e excluído da seleção brasileira de vôlei em virtude de uma mera postagem homofóbica.
No Dia das Crianças, ele postou no seu Instagram, em tom de deboche, a imagem de uma reportagem (com foto de beijo na boca) que dizia ser bissexual o novo Superman.
“Ah, é só um desenho, não é nada demais… Vai nessa que vai ver onde vamos parar…”, escreveu o jogador, publicando o desenho do Super-Homem beijando um rapaz.
Depois, postou a foto de uma jogadora de basquete transexual dizendo: “Se você achar algum homem nessa foto você é preconceituoso, transfóbico e homofóbico”.
Em função das repercussões negativas, tentou se safar, pedindo desculpas, caso sua opinião tivesse ofendido alguém ou alguma comunidade.
A agressão homofóbica foi no seu perfil no Instagram, onde tinha 300 mil seguidores; atualmente, já somam 1 milhão.
O pedido de desculpas ocorreu no seu perfil no Twitter, onde tem cerca de 100 seguidores.
Fico matutando. Tem coisa mais gay/ sapata que o vôlei? Um dos esportes nos quais a nossa comunidade tem mais presença?
A primeira reação foi da Fiat, patrocinadora do clube do sujeito.
A montadora cobrou medidas cabíveis por parte do Minas, ‘de acordo com seu posicionamento inegociável diante do respeito à diversidade e à inclusão’.
Sentiram?
Depois, veio a posição forte de Douglas Souza, gay assumido e militante, jogador da seleção: “feliz pelas empresas se juntando contra e triste por atletas tentando passar o pano nisso. Vergonhoso. Todos os dias, todas as horas um dos nossos morre. O que temos? Uma retratação…”.
Sabemos que as primeiras reações oficiais tendem sempre a uma linha de passar um pano.
Mas a pressão das LGBT e aliados fez diferença. A primeira nota do Minas Clube é vergonhosa (se distanciando do caso, alegando a tal liberdade de expressão, minimizando).
Aí, veio a nota poderosa da Torcida do Minas Tênis Clube. Zero condescendência:
“Nas últimas semanas,o atleta repetiu posicionamentos homofóbicos e manifestações preconceituosas. A Independente não pode se calar. Homofobia é crime inafiançável no Brasil, passível de cadeia. É inaceitável que tenhamos que ver, calados, atos criminosos serem cometidos por um jogador que veste a nossa camisa como se fossem normais”.
O pedido de “desculpas” do moço Maurício foi ainda pior.
Defendeu seu direito de defender aquilo em que acredita (ou seja, que viados, bis, sapas e trans não merecem respeito).
Ele gagueja ao dizer que “joguei com vários ho-ho-homossexuais”, e reclama por não poder colocar os valores da família acima de tudo e que se não respeitar “os valores de vocês” será rotulado como homofóbico.
O vídeo de “desculpas” é um ataque, uma reafirmação dos seus valores reacionários e preconceituosos – um bolsomínion raiz, o jogador demitido.
Mas, tivemos um final feliz. O Minas Tênis Clube demitiu o bolsomínion.
E o técnico da seleção brasileira de vôlei mandou um papo reto:
” É inadmissível este tipo de conduta do Maurício e eu sou radicalmente contra qualquer tipo de preconceito, homofobia, racismo. Em se tratando de seleção brasileira, não tem espaço para profissionais homofóbicos”.
Foi uma vitória da civilização contra o bolsonarismo.
Mas, é preciso considerar o quadro geral. Esse sujeitinho sustentou suas posições. Faz luta política e ideológica pelas redes. Não recuou em nada nas suas postulações machistas, homofóbicas, bolsonaristas. Disse que “seu legado continua”.
E postou uma imagem do SuperMan beijando a Mulher Maravilha. Tirou sarro e quis sair por cima: “sou machista, homofóbico, hétero preconceituoso, bolsonarista, direitista, e daí”?
Se vacilarmos, o cara é capaz de sair candidato a deputado por algum partido de direita e ainda se eleger!
Disso tudo ficam lições importantes:
— não mexam com as gay
— somos fortes e mobilizadas
*Julian Rodrigues, professor e jornalista, mestre em ciências humanas e sociais é ativista de Direitos Humanos e do movimento LGBTI
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Comentários
Xerxes Filho
Num futuro não muito longínquo alguns dos nossos colegas de trabalho serão TRANS. Homem que virou mulher ou mulher que virou homem.
É bom saber conviver com as diferenças. E não se incomodar com isso.
Assim como é importante conviver com tudo que é oposto a gente.
O pessoal do vôlei é SUPER TRAPO. Tudo preconceituoso.
Depois que vi as opiniões políticas dessa turma NUNCA mais liguei uma tv para vê-los(as) jogar. Não torço mais para esse tipo de gente.
Cá entre nós, os cuecas só tem 2 xingamentos – ou vc é gay ou vc é corno. Querem que vc seja uma das 2 coisas de qualquer jeito. O dicionário deles só tem essas 2 palavras.
Deveriam ler mais para não chegar aos 60 anos fazendo piadas de adolescentes de 15 anos de idade.
Calúnia é igual BUMERANGUE. Volta na sua cara.
As redes sociais é um ótimo lugar para gente deZcerebrada que só sabe encarneirar.
Temos que ver as pessoas como SER HUMANO sem rotular ninguém. Mesmo pq é impossível saber onde estamos pi-san-do ao conhecer uma pessoa. Não dá para saber se e hetero ou gay e isso não define caráter.
Prefiro ver o Hamilton correr. Esse dá exemplo como esportista e como cidadão.
Piadas tem limites. Não é bom fazer mil piadas uma atrás da outra sem refletir. É bom pensar antes.
Vejam o caso daquele jornal de humor francês que fez piada com a religiao árabe e com os árabes. Deu merda.
DEUS NÃO É INTOLERANTE.
Deus tolera nós todos.
O deus desse povo é o deus da hipocrisia.
São fariseus. Muito apegados a tradição. FAMILIA. E só. DEUS, Deus mesmo, está distante do coração deles.
O nosso coração é a manjedoura de Deus ou não. É a casinha de Deus.
Xerxes Filho
Se é crime ele tinha que responder em juízo. Ser processado e julgado. E ter um advogado para defende-lo.
Cuidado, gente ! Justiça com as próprias mãos é crime TAMBÉM.
Haja tribunal para julgar toda frase ou pessoa homofóbica.
Dependendo o lugar, a empresa, o ambiente, é bem difícil mudar a cabeça das pessoas, pois elas foram formadas naquela Seara e o lugar não vai mudar por causa de uma pessoa só. Esquece. E isso digo para todos.
As vezes, e muitas vezes, é a gente que tem que mudar. Tem pessoa que não dá.
Tem pessoa que é muito muito muito idiota.
Tão comentando de um desenho PINTADO com as cores da bandeira americana. É isso mesmo ?!
Prefiro o vira-lata dos anos 80 voando na tv.
Já repararam que o homem do baú não é homofóbico. Pq será, né !
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