José Carlos de Assis: Governo diz que reforma da Previdência vai gerar empregos e PIB; é mentira, pura propaganda

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Foto: Agência Brasil

Não há hipótese de crescimento com a reforma da Previdência

 por  José Carlos de Assis, no site da Aepet* 

Já disse que não existe a mais remota possibilidade de que a reforma da Previdência pretendida por Paulo Guedes venha a ajudar na retomada da economia e na criação de empregos.

A reforma, como se diz em economia, é de natureza absolutamente contracionista.

Manteria, em seus fundamentos, a situação de hoje, de queda do PIB. A queda da produção arrastaria para baixo o investimento, o emprego e o consumo, aprofundando a depressão.

Quando o governo diz que haverá criação de empregos e retomada do PIB está mentindo.

É pura propaganda para tentar convencer os parlamentares de que é necessário aprovar a reforma. Ele não conseguiu até o momento apresentar um único número para sustentar o que não passa de uma simples opinião.

Entretanto, pode-se ver pelas diretrizes da reforma que se prepara “cientificamente” o afundamento da economia.

Os economistas de mercado já reviram para baixo oito vezes suas projeções de desempenho do PIB. Eles fazem sempre isso.

Começam o ano com uma projeção razoável e vão ajustando-a na medida em que passam os meses e a realidade aflora.

Seu método é tosco. Resume-se a pegar o comportamento passado e ajustá-lo marginalmente para frente. É ciência de botequim de quem tem interesse próprio em jogo, como dizia Galbraith.

Há um método seguro para projeção do PIB. Basta examinar as forças econômicas que estão afetando o consumo, o investimento, os gastos do governo e as contas externas.

Ora, o consumo está caindo porque os salários e o emprego estão despencando. O investimento também está caindo porque não há perspectiva de aumento de consumo dos bens e serviços produzidos. Gastos do governo também caem, e as contas externas começam a ficar negativas.

Não é preciso ser um gênio em economia – sequer ser um economista profissional – para concluir que, com essa configuração, não é possível ter crescimento econômico no Brasil.

Portanto as taxas pornográficas de desemprego que temos vão continuar subindo. Estamos no quarto mês do ano, e já podemos ter a certeza de que o PIB cairá, como nos anos Temer, pelas mesas razões de então: a provável ausência de uma política econômica de pleno emprego, um New Deal brasileiro.

Qual é a razão pela qual entramos nesse buraco sem fundo?

É uma razão simples: temos no comando da economia um burocrata de mercado orientado exclusivamente pela ideologia neoliberal, cujo cânone é: tire o governo da frente que o mercado resolve.

A premissa é uma política de busca do orçamento equilibrado que, de forma automática, restauraria a confiança dos investidores no governo e na economia. Este é o argumento deles, e sabemos que se trata de um patacoada.

Fundamentalistas de mercado como Guedes não têm qualquer compromisso com desenvolvimento da economia e expansão do emprego. Ele compartilha a ideologia da busca do equilíbrio orçamentário com vários Chicago boys que levou para postos de mando na administração, principalmente Banco Central e Petrobrás, que estão implementando em suas áreas as políticas neoliberais de Estado mínimo e de tudo pelo e para o mercado.

A evidência de nossa desgraça é que somos retardatários na aplicação de uma ideologia que fracassou na maior parte da Europa e no resto do mundo.

Onde não houve fracasso depois da crise de 2008 é porque o receituário neoliberal não foi aplicado: os Estados Unidos.

Os norte-americanos são sábios em relação aos próprios interesses: vendem o neoliberalismo para fora mas aplicam para dentro uma política econômica desenvolvimentista comprometida de forma absoluta com retomada do emprego.

Assim, os biltres do FMI, que são vassalos dos norte-americanos, nos impõem equilíbrio orçamentário mas ignoram o que acontece no centro do Império.

O déficit fiscal orçamentário dos EUA entre 2009 e 2014 foi de 7,5 trilhões de dólares, mais de um terço do PIB, financiado por títulos públicos, sem contar outros trilhões liberados pelo FED para socorro a instituições financeiras.

Isso não gerou inflação. Gerou, sim, expansão de emprego até hoje.

No Brasil, em 2009, uma política desse tipo foi implementada pelo governo através do financiamento de 200 bilhões de reais pelo Tesouro para aplicações do BNDES.

Resultou num espetacular crescimento de 7,4% em 2010, alimentando, com a melhoria dos salários, a marcha do pleno emprego.

Depois disso os quintas-colunas neoliberais do governo Lula voltaram ao leito normal da política de superávit primário. Desde então padecemos na mediocridade e no fatalismo. Voltarei abordando o que acho que deveria ser feito em lugar dessa infame reforma da Previdência.

* Associação dos Engenheiros da Petrobrás — Aepet

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Zé Maria

1º de Maio: Mais do que nunca, Dia de Lutas

Nos últimos tempos os trabalhadores não têm muito o que comemorar em 1º de Maio, Dia do Trabalhador, devido aos incessantes ataques dos Governos Temer e agora com o de Bolsonaro. Eles se empenharam ao máximo em lutar contra os direitos dos trabalhadores com a implantação da Reforma da Previdência.
Cremos que a melhor maneira de não deixar passar em branco a data do dia do trabalhador, é através de uma intensa e efetiva participação nas manifestações programadas para a data e convocadas pelas centrais sindicais. Lembrem-se de que precisamos fazer agora para continuarmos a honrar o dia 1º de Maio, Dia do Trabalhador, caso contrário a data passará a ser denominada como Dia do Trabalho.

As Centrais Sindicais decidiram, pela primeira vez, organizar um 1º de maio unificado, com a participação da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo. Faça você a sua parte.

Na capital gaúcha, a concentração ocorrerá às 14 horas, na Rótula das Cuias, que fica na Avenida Aureliano de Figueiredo Pinto, ao lado do Parque da Harmonia.
Um caminhão de som ficará estacionado no local para manifestações.

Depois, às 15 horas, os participantes sairão em caminhada na Orla do Guaíba, com faixas e cartazes, dialogando com a população e coletando adesões ao abaixo-assinado das centrais contra a reforma da Previdência.
O prazo de entrega foi estendido até 20 de junho.
Até lá as listas com assinaturas podem ser enviadas para a sede da CUT-RS
(Rua Barros Cassal, 283), em Porto Alegre, a fim de posterior remessa para Brasília.

Após a marcha, as centrais realizarão um ato, às 16 horas, na Rótula do Gasômetro, que fica na Avenida João Goulart, nas imediações da Câmara de Vereadores.
Haverá também manifestações no caminhão de som dos movimentos sociais e dos partidos de esquerda, na defesa dos direitos da classe trabalhadora.

“Vamos fortalecer a unidade das centrais na defesa dos direitos e da aposentadoria, por mais empregos e salários decentes, contra as privatizações, por liberdade, justiça, igualdade e soberania”, afirma o presidente da CUT-RS,
Claudir Nespolo.
“E vamos dar mais um passo concreto na construção da greve geral para barrar
a aprovação da reforma da Previdência do Bolsonaro no Congresso Nacional”,
ressalta.

Manifestações no Interior do Rio Grande do Sul:

Caxias do Sul
Ato às 14h, nos Pavilhões da Festa da Uva;
Bagé
Concentração às 14h, na Praça do Coreto,
seguida de caminhada pela Avenida 7 de Setembro;
Erechim
Concentração às 10h, no Bairro Atlântico;
Ijuí
Concentração às 14h seguida de ato na Praça Central;
Passo Fundo
Ato das 14h às 17h, no Parque da Gare;
Pelotas
Ato das 14h às 18h com mateada e atividades artísticas na Praça Dom Antônio Zattera
Santa Cruz do Sul
Ato das 14h às 17h, na Praça Getúlio Vargas.
Santa Maria
Atividades das 10h às 17h com ato ecumênico, almoço coletivo, apresentações culturais,
mateada, lançamento do Comitê Regional contra a Reforma da Previdência
e ato público no Alto da Boa Vista, bairro Santa Marta;

https://twitter.com/CUTRS/status/1123403621775937541

Protestos nos Demais Estados:

http://cutrs.org.br/atos-de-1o-de-maio-das-centrais-mobilizam-para-greve-geral-contra-reforma-da-previdencia/

Zé Maria

https://www.trt4.jus.br/portais/media-noticia/230171/29—Abril-Verde—Beira-Rio.jpg
https://www.trt4.jus.br/portais/media-noticia/230174/29—Abril-Verde—Arena-do-Gr%C3%AAmio.jpg

Dupla Gre-Nal Engajada no Abril-Verde

Com estádios iluminados de verde, Dupla Gre-Nal
lembra vítimas de acidentes e doenças do trabalho

28 de abril foi o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho.
A data é o marco principal do movimento Abril Verde, dedicado ao tema.

Em homenagem à data, o Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, foi iluminado com a cor verde nas noites desse final de semana.
A Arena do Grêmio também exibiu a cor verde em alguns dias de abril.

O Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense e o Sport Club Internacional se engajaram na causa a convite do Programa Trabalho Seguro, gerido no Estado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, e do Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul.

O Abril Verde

O mês de abril foi escolhido como marco para essa mobilização em razão
de um grande acidente ocorrido numa mina no estado da Virgínia (EUA) em 1969.

Desde 2005, o Brasil tem no calendário oficial o dia 28 de abril como
o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho.

Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostram que dois milhões de pessoas morrem no mundo, a cada ano, por doenças resultantes das atividades desempenhadas no trabalho, as chamadas doenças ocupacionais, e mais de 320 mil sofrem acidentes de trabalho fatais.

Ou seja, pelo menos um trabalhador morre a cada 15 segundos por causas relacionadas ao trabalho no mundo.

O Brasil é o quarto país do ranking mundial de acidentes fatais de trabalho.

Em 2017, 2.096 pessoas perderam a vida durante o trabalho, o que resulta em uma morte a cada quatro horas.
Foram mais de 550 mil acidentes no período.

[Fonte: TRT4]

Nelson

“Não é preciso ser um gênio em economia – sequer ser um economista profissional – para concluir que, com essa configuração, não é possível ter crescimento econômico no Brasil.”

Com a proliferação dos aparelhos eletrônicos de comunicação e de informática, a infância tem acesso, ou é atingida, por uma quantidade de informações cavalar. É uma quantidade de informações n vezes maior do que a que a infância de duas ou mais décadas atrás recebia.

Portanto, ouso afirmar que não precisa ser um leigo no assunto. Se perguntarmos a uma criança de 5 anos apenas, que tenha sido informada das medidas já aprovadas pelos golpistas nestes três anos de golpe, se as mesmas medidas vão colocar o Brasil na rota do crescimento outra vez, ela dirá que não há como isto acontecer.

Assim, só há uma conclusão a que podemos chegar. A coisa toda é deliberada. O projeto, gestado pelo Sistema de Poder que domina os EUA, é fazer a economia afundar, e junto o nosso país, óbvio.

O Brasil está destinado a transformar-se em mero exportador de commodities agrícolas e minerais. Pesquisa, ciência, alta tecnologia aqui? Nem pensar. Se quisermos, teremos que comprar dos países ricos. Tais países ricos não querem competidores.

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