Izabel Noronha: “Estado promove bullying, potencializando o preconceito”

Tempo de leitura: 3 min

por Maria Izabel Azevedo Noronha*

Em todo o mundo, a luta contra toda forma de preconceito e discriminação tem sido cada vez mais generalizada, colocando em xeque ideias e procedimentos retrógrados contra os direitos humanos.

No Brasil avançamos muito nessa direção nos últimos anos. As demandas colocadas pelos movimentos sociais pautaram grandes debates nacionais, que resultaram em políticas públicas, se institucionalizaram em leis e programas no âmbito da União e de diversos estados e municípios.

Entretanto, se o cenário nacional é esse, o Estado de São Paulo continua caminhando na contramão desses avanços. Se tanto, desenvolve apenas medidas tímidas, que não correspondem à sua importância dentro da federação brasileira.

A decisão do Estado de vetar a posse de candidatos obesos que foram aprovados no concurso para professor de educação básica II na rede estadual de ensino demonstra isso. Também houve casos de professores vetados por serem míopes. Um desses casos é o de uma professora que tem 0,75 graus de miopia e foi considerada inapta para o cargo!.

Nesse tipo de decisão, além do preconceito, sobretudo no caso dos obesos, há uma inaceitável prevalência de critérios tecnicistas sobre a humanização da escola, absolutamente necessária para que a educação cumpra sua função de formar cidadãos e cidadãs plenamente conscientes da sociedade em que vivem e em condições de trabalhar para transformá-la, assegurando a todos uma vida com dignidade e respeito.

Como pode o governo do mais rico Estado do Brasil, instância que deve promover a saúde pública, negar os avanços da ciência e da medicina? Como pode assumir uma postura passiva frente à obesidade ou outra ocorrência qualquer, como se não houvesse solução possível? Isto sem falar no fato de que privar uma pessoa do seu trabalho apenas pela possibilidade de um possível adoecimento futuro, aí sim, é condená-la a ficar mesmo doente.

A obesidade não é necessariamente incapacitante. Isto pode ocorrer em casos extremos. A obesidade não causará inevitavelmente uma situação de adoecimento, embora isto possa ocorrer. Os casos noticiados pela imprensa, inclusive, não caracterizam situações desse tipo.

O Estado precisa avaliar as condições de saúde da pessoa no momento. Potenciais doenças futuras não podem ser levadas em conta para a posse. Se não for assim, as pessoas muito magras, os fumantes, ou os que mantêm algum hábito que pode, no futuro, ensejar alguma doença, não poderiam, também, trabalhar.

Ao mesmo tempo, a sociedade debate como prevenir e combater o bullying nas escolas, que hoje afeta milhares de alunos e também profissionais da educação, vítimas da perseguição constante de seus colegas de classe, de trabalho e de superiores. Com a medida que adotou, o Estado acaba por promover outra forma de bullying contra os professores, potencializando o preconceito contra as pessoas obesas.

A capacidade de trabalho de quase todos eles está demonstrada, já que boa parte são professores, não efetivos, da rede estadual de ensino. Por que eles podem ser ocupantes de função atividade, mas não podem ser professores efetivos? Por outro lado, também demonstraram capacidade profissional e formação adequada ao obter aprovação no concurso. Finalmente, o edital nada dizia sobre obesidade; nem poderia. De acordo com a Ordem dos Advogados do Brasil/SP, seria um ato discriminatório.

Como todos já sabem, não há carreira atraente nem salários adequados na rede pública estadual de São Paulo. Não há políticas de valorização e de formação continuada aos profissionais.  Não há concursos públicos em número suficiente. O governo não promove políticas de prevenção ao adoecimento dos professores e, ainda, proíbe-os de se tratarem, ao limitar o número de faltas para consultas e tratamentos médicos a apenas seis por ano, por meio da lei 1041/08. Agora,  institucionaliza o preconceito e a discriminação na contratação de docentes.

A APEOESP se posiciona firmemente contra esse procedimento e está dando toda a assistência jurídica aos professores afetados que recorram à entidade.

* Maria Izabel Azevedo Noronha é presidenta da APEOESP  (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) e membro do Conselho Nacional de Educação.


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Comentários

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Julio

Peço desculpas antecipadamente, não sou paulista mas moro em São Paulo e gosto daqui, um grande estado mas, governado pelo lixo dos políticos tucanos. Temos que varrer esses mentecáptos que so pensam em desgastar o estado que já é perverso. Temos a pior educação do Brasil e garanto que as vagas dos obesos foram oferecidas a apadrinhados políticos. Na próxima eleição pensem melhor.

Aline C Pavia

Ups, Nassif não, Azenha, estava no blog do Nassif comentando e confundi os nomes. risos

Aline C Pavia

Nassif, endosso o comentário sobre Gustavo Pamplona, seu blog não é espaço para gente desequilibrada fazer auto-promoção com raciocínios tortos, preconceituosos e limitados, reavalie o cadastro dele por gentileza.

Governo tucano de SP discrimina professoras obesas « Remoalho!

[…] dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) sobre esta nova peripécia tucana. Clique aqui para […]

O_Brasileiro

Ignorância, ignorância, ignorância!
Dizer que a obesidade nos países desenvolvidos e em desenvolvimento poderia contribuir para a fome no mundo é de uma ignorância sem tamanho. As principais causas da fome e da miséria no mundo são, na verdade, a corrupção e as guerras.
A obesidade naqueles países é consequência da pobreza, pois a população de mais baixa renda só tem acesso a alimentos processados, de alto valor calórico e pouco valor nutritivo.
É queixa frequente dos pacientes com sobrepeso ou obesos não poderem fazer a dieta recomendada pelo Nutricionista pelo seu alto custo.
Por exemplo: uma salada no McDonalds é quase o dobro do preço da promoção "Nº 1".

Gustavo Pamplona

Queridos amigos leitores do "Vi o Mundo"… apenas duas reflexões

"Enquanto houver FOME no mundo não me venham com esta de defender obesos."
"Enquanto poucos tem muito, muitos tem pouco" (*)

(*) Isto até fala da desigualdade social existente no mundo.

Gustavo Pamplona

Então quer dizer que vocês preferem DEFENDER os OBESOS do que ALIMENTAR os FAMINTOS?

Interssante… Que bela INVERSÃO DE VALORES!

    Luís

    É. É idiota mesmo.

    Givanildo

    E o isso tem a ver com a questão dos professores? O fato de serem obesos ou não resolve o problema dos famintos.

    Acredito que o cerne do problema seja o preconceito e não quem tem muito ou pouco, afinal, até onde eu sei, professor só fica rico no Brasil se conseguir abrir uma escola não dando aulas.

Silvio

A María Izabel, sabe perfeitamente porque ocorrem essas coisas. Ela conhece muito bem, o tipo de governo que tem São Paulo, já faz umas décadas. No governo anterior ela já sofreu ,dirigindo os professores. Lembremos as greves e a visita ao Palácio para falar com Serra. Quanto cassetete,e gás lacrimogêneo e de pimenta.

Gerson Carneiro

Outra confusão de discurso do APEOESP demonstrada aqui no texto, e oportunismo também, é inserir na questão questionamento quanto aos professores não efitivos. Uma coisa não tem relação com a outra, ou seja, a questão trazida pelo fato da obesidade não tem relação alguma com os professores não efetivos que o APEOESP está sempre defendendo.

"Por que eles podem ser ocupantes de função atividade, mas não podem ser professores efetivos?"

Resposta óbvia: porque não passaram no concurso, oras. Não deveriam nem está lá, ocupando vaga de quem passou no concurso. O APEOESP deveria sim combater essa aberração. E se ater nesse momento a defender os professores obesos concursados que ora enfrentam essa discriminação do Estado, e não aproveitar o ensejo para inserir sua defesa dos professores não efetivos. Isso é assunto para outra oportunidade.

Gerson Carneiro

Só tenho uma ressalva: o APEOESP, em que pese seus discursos corretos, está sempre na teoria. Muitas chegando atrasado. Como quando da aprovação do Projeto de Lei nº 29/2009 da polêmica prova para aumento de salário.

Por vezes chego a ter a sensação de que o APEOESP faz o jogo dos dois lados, quando não alardeia apenas para exibir combatividade.

Exemplo: o APEOESP sempre "brigou" para que os OFA´s (professores não efetivos, não concursados) fossem escolher a atribuição de aula diretamente nas escolas, como assim fazem os professores concursados, e não na Diretoria de Ensino.

Nesse ano de 2011 há a determinação para que os OFA´s façam a atribuição de aula diretamente nas escolas, e o que o APEOSP está fazendo: "brigando" para que os OFA´s façam a atribuição de aula na Diretoria de Ensino, sob a alegação de que os OFA´s estão sendo prejudicados. Oras, como estão sendo prejudicados se foram igualados aos professores efetivos?

O APEOESP me confunde.

Uélintom

Caro Azenha,

Minha opinião é a seguinte: liberdade de opinião não significa servir luz a palco a divulgação de idéias nazi-fascistas, imbuídas de profundo preconceito e julgamento moral da diferença, ou dos "diferentes". As opiniões deste sr Pamplona ultrapassam qualquer limite da boa convivência em sociedade. Sua pregação, sua militância, seu proselitismo é a defesa da humilhação e do achincalhamento de grupos socialmente já discriminados, que enfrentam grandes dificuldades advindas do preconceito. Guardadas as devidas proporções e especificidades, esse tipo de condenação moral da obesidade é irmã gêmea dos julgamentos morais contra os portadores do vírus da aids nos anos 1980. Liberdade de expressão não é tolerar a intolerância.

Fabian

Pior é usar bullying, quando há tradução para o português. Significa tirania, creio que esta palavra descreve bem melhor o que ocorre do que ficar copiando palavras inglesas. Isto facilitaria muito para que qualquer pessoa pudesse entender o problema.

    MdC Suingue

    Desculpe Fabian,

    uma das razões por que as pessoas usam o termo 'Bullying' é porque não se chegou ainda a uma conclusão que palavra melhor definiria este fenômeno, que veio ao centro das atenções nos países anglófilos juntamente com as posturas politicamente corretas.

    'Tirania' não é. de forma alguma, uma boa definição do fenômeno.

    'Intimidação' ou 'intimidação sistemática' seria uma definição muito melhor.

Gustavo Pamplona

É… eu acho o "Vi o Mundo" endoidou ou vocês surtaram de vez!

Então quer dizer que vocês ao invés de defenderem os FAMINTOS estão defendo os obesos?

Pessoas que não somente cometem um dos pecados capitais, a gula como cometem outros dois, a preguiça e a avareza.

Preguiça porque simplesmente não exercem atividades físicas e vivem engordando comendo baboseiras e avareza porque ao invés de darem um prato de comida para um FAMINTO para um mendigo, por exemplo, preferem deglutí-lo.

E em quem vocês votaram? Lula/Dilma… Não foram eles que inventaram o Fome Zero… Quantas pessoas no Brasil ainda passam FOME? E quanto a África com seus milhões de FAMINTOS?

É.. talvez eu seja o mais "racional" dos leitores por aqui.

    claudia

    Acho que vc não entendeu!!!!!

    Silvio

    Claudia:
    Ele entendeu, mais demonstra ser de corte anti-social, ou fascista. O não tem conhecimento sobre o que escreve

    paulo

    VOCE É O EDITOR DO DIÁRIO DE BARRELAS?

    Gerson Carneiro

    Que aberração é essa sua Smurf Ogênio?

    Não disse?! Ele tem surtos.

    Pô, pára velho. Deixa de ser ridículo.

    Faminto

    Sr Pamplona deixa de escrever bobagens, você não sabe que predominantemente são as pessoas com tendência a magreza são os que tem maior remuneração, atletas de alta performance (exeto algumas categorias de luta e sumô),modelos, atrizes e cantoras são magras ou perto disso e ganham milhões e nem por isso comem e ficam obesos, seu argumento de renda = a obesidade nestes casos é falho mas tem fundamento pois onde ha distribuição de renda ocorre um aumento de peso da população por vários fatores, o problema é sua generalização que é muito rasteira, pois tanto a magreza como a obesidade são influenciada por diversas variáveis que em maior o menor grau estão sob o controle das pessoas, como metabolismo, educação alimentar, fatores emocionais e idade em alguns casos.

    Ricardo

    O que você está dizendo não é racionalidade, mas sim estupidez.

    Primeiro, responsabilizar os obesos pela fome no mundo é a coisa mais ridícula e facista que já ouvi. Estupidez em estado de arte. Como se a fome à que são submetidos uns, não fosse o produto da ganância e da exploração financeira em detrimento do ser humano. Aliás, que clichê esse de os famintos da África… A África é muito grande, e você não parece saber sobre o que está falando.

    E, segundo, que visão pobre a sua sobre o que é a obesidade. Atribuir essa carga de moralidade a algo que pode ter muitas causas, patológicas ou não. Você é algum fanático religioso da idade média que quer queimar os obesos por julgá-los pecadores ?

    Cuidado, amanhã estarão excluindo os professor com estatura inferior a 1,60m. Depois de amanhã aqueles com miopia ( não a intelectual como a sua, infelizmente)…

    Luís

    "Pessoas que não somente cometem um dos pecados capitais, a gula como cometem outros dois, a preguiça e a avareza."

    Ué. Eu pensei que você fosse ateu.

    E em relação aos seus últimos comentários. ou você é um burro e não entendeu absolutamente NADA do que leu, ou é só um flamer que tá querendo causar.

    Sinceramente, eu não sei em qual das duas opções eu aposto.

    Beatriz

    Oh! Gustavo, vê-se que na sua mente a lavagem cerebral já foi feita, só é gordo quem quer, gordo é preguiçoso, desleixado……
    Bom, só posso imaginar pelas suas mágoas que você é um magro infeliz

    Elton

    Você não é um faminto, alías se LOCUPLETA com sua ignorância, desvio de assunto só para dizero que pensa dos obesos. Guarde sua opinião para aquelas comunidades de anoréxicos comuns no orkut.

    Venute

    Fico muito triste com pessoas assim como você, quer se aparecer, não tem ninguém na vida, provavelmente nem sua mãe te aguenta, possivelmente sua mãe tem problema de obesidade, você não foi uma criança feliz, talvez na fase do "complexo de édipo" não teve a figura feminina para te dar orientação.
    Sua necessidade de chamar a atenção tira o foco do problema, procure resolver sua vida, pessoas estudam, trabalham o fato de a pessoa ser gorda ou magra não significa nada.
    Existe desigualdade social…. mas o quê você faz a respeito? Acha que ficar descontando suas fustrações na web ajuda muita coisa?
    Procure orientação e informação seu ignorante!

josaphat

Quanta ingenuidade! E esse estado não é o mesmo implementador de medidas liberais sob a ótica única do orçamentalismo, travestido de estado, daquele que devia trabalhar, conceitualmente, para o social, para o bem-estar de todo o povo?
Quando trabalho para alguns poucos.
E que coisa mais triste pessoas tendo de lutar, em inúmeras frentes, por um cargo que é o supra- sumo da mendicância, da humilhação, da impotência e da indignidade…
E esse mesmo estado que sabe de tudo isso e ainda faz parecer-se sério, a si e ao cargo, a ponto de se dar ao luxo de dispensar voluntários.
Triste!

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