Ivone Silva: Assédio sexual terá capítulo na convenção de trabalho dos bancários; denuncie no canal do seu sindicato

Tempo de leitura: 3 min
No caso de Pedro Guimarães, cabe o velho ditado popular: ri melhor, quem ri por último. Além de ter sido saído da presidência da Caixa, os bancos, atendendo antiga demanda dos bancários, se comprometeram a analisar a proposta de incluir na Convenção Coletiva de Trabalho da categoria, um capítulo específico sobre combate ao assédio sexual. Fotos: Agência Brasil e Sindicato dos Bancários SP

Da Redação

Aconteceu nessa quarta-feira, 06/07, a terceira rodada de negociação da Campanha dos Bancários 2022.

Foi entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).

As denúncias de assédio sexual envolvendo o agora ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães, tiveram  desdobramento.

Os bancos se comprometeram analisar a proposta de incluir na Convenção Coletiva de Trabalho um artigo específico de combate ao assédio sexual, antiga reivindicação da categoria.  

“Queremos ter acesso a todas as denúncias envolvendo o trabalhador, inclusive no canal dos bancos”, salienta Ivone Silva, no artigo abaixo.

“As denúncias na Caixa deixaram claro a importância de se ter transparência em todo o processo de apuração, com o acompanhamento dos Sindicatos”, acrescenta.

Ivone Silva é presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.

BANCÁRIOS DEVEM DENUNCIAR CASOS DE ASSÉDIO NO CANAL DO SINDICATO 

Por Ivone Silva, no site do Sindicato dos Bancários de São Paulo

Na terceira rodada de negociação da nossa Campanha Nacional Unificada, os bancos se comprometeram a analisar as reivindicações dos trabalhadores, com a inclusão de um artigo específico de combate ao assédio sexual na CCT (Convenção Coletiva de Trabalho) da categoria, com as denúncias de assédio apuradas numa comissão bipartite (sindicato e empresa).

Queremos ter acesso a todas as denúncias envolvendo o trabalhador, inclusive no canal dos bancos. Isso também inclui acompanhar a proteção e assistência às vítimas e a punição dos culpados.

Nossas reivindicações para o combate ao assédio sexual são:

— o treinamento/informação, com campanhas de prevenção e combate ao assédio sexual no local de trabalho;

— acolhimento e segurança para as vítimas, com estabilidade no emprego para a vítima; apuração das denúncias por uma comissão bipartite, formada por sindicato e representantes do banco;

— proteção e assistência às vítimas, com emissão de CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) e punição rígida dos culpados, uma vez que a impunidade permite novas ocorrências.

As denúncias que aconteceram na Caixa deixaram claro a importância de ter transparência em todo o processo de apuração, com o acompanhamento dos Sindicatos.

Existe uma singularidade neste caso. Os assediadores se organizaram em grupos coniventes com a violência.

Não tenho dúvida que isso é resultado de uma política assediadora da direção da Caixa, com funcionários, que inclui desrespeito e assédio, resultado de uma política de desmonte dos bancos públicos.

O governo Bolsonaro, ao incitar a violência e o ódio à mulheres, homossexuais, diversos grupos e todas as instituições democráticas, que inclui desde a imprensa até o próprio processo eleitoral, fortalece esse comportamento.

A nova direção da Caixa se mantém apoiada em um governo que defende a privatização da Caixa e outras empresas públicas, o desrespeito e desmonte aos direitos dos trabalhadores.

Por isso, o trabalhador deve denunciar os casos de assédio no canal do Sindicato.

Temos um canal formal, previsto e regulamentado pela Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), para os trabalhadores denunciarem de forma totalmente segura e sigilosa a prática de assédio.

Foi criado a partir de reivindicações da categoria de 2010 e, em 2015, os bancos finalmente reconheceram que a pressão abusiva pode levar ao adoecimento dos trabalhadores.

O Sindicato acompanha todo o processo da denúncia, e exigimos que tenha uma resolução compatível ao que foi apurado. Todo o processo é feito com muito rigor e sigilo, sempre preservando a (o) denunciante.

O Sindicato também disponibiliza, desde dezembro de 2019, o programa Basta! Não irão nos calar!, que busca dar suporte às mulheres vítimas de abuso sexual, assédio moral e sexual, e violência de gênero na relação com seus pares no banco ou na sua vida familiar.

O programa atua no sentido de assegurar medidas de apoio às denunciantes contra possíveis agressores, buscando a devida apuração e punição dos agressores, seja na esfera corporativa, na esfera civil ou penal, com atendimento jurídico gratuito oferecido pelo Sindicato.

Desde sua implantação, o programa atendeu 282 mulheres que sofrem violência de gênero, e foi responsável por 123 medidas protetivas. Nove sindicatos de bancários participam da iniciativa, dentre eles o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região.

Além de mulheres vítimas de violência doméstica e de gênero, o programa Basta! Não irão nos calar! também oferece atendimento jurídico gratuito e especializado para negros e negras em situação de discriminação racial; e para pessoas LGBTQIA+ vítimas de discriminação motivada pela orientação sexual ou identidade de gênero.

Não se cale! Denuncie!

*Ivone Silva é presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.

Leia Também:


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Zé Maria

Excerto

“Os bancos se comprometeram analisar a proposta
de incluir na Convenção Coletiva de Trabalho um
artigo específico de combate ao assédio sexual,
antiga reivindicação da categoria.

“Queremos ter acesso a todas as denúncias envolvendo
o[a] trabalhador[a], inclusive no canal dos bancos”, salienta
Ivone Silva, [Presidenta do Sindicato dos Bancários de
São Paulo, Osasco e Região e uma das Coordenadoras
do Comando Nacional dos Bancários].
.
.
Importantíssimo!
Entretanto, conhecendo o Instinto Ganancioso
Descomedido das Feras do Mercado Financeiro,
parece Difícil que deem Acesso a todos os Casos
de Denúncias de Assédio Moral, inclusive Sexual.

Deixe seu comentário

Leia também