Francisco Fonseca: Mídia molda o Brasil que o PT governa

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Colunistas| 03/04/2013 | Copyleft

Vetos e bloqueios da mídia às políticas públicas transformadoras

As políticas públicas federais implementadas, como Minha Casa, Minha Vida e a vasta concessão de crédito, provocam uma inédita desconexão entre o poder de audição da mídia e a realidade social da massa de trabalhadores pobres no Brasil.

Francisco Fonseca, na Carta Maior

Muito se tem discutido sobre o papel da mídia no mundo contemporâneo, notadamente da segunda metade do século XX aos dias de hoje. Diversas disciplinas, como as ciências sociais, a história, a economia, a semiótica e obviamente a comunicação, entre outras, têm se debruçado sobre os impactos da “sociedade midiática” nas mais distintas áreas, sobretudo no “inconsciente coletivo”, tendo em vista a manipulação indutora de valores e comportamentos políticos, sociais, econômicos, estéticos etc.

Individualismo, consumismo, hedonismo, descrédito na ação política coletiva e nas doutrinas políticas, reforço da ideologia do “self made man”, ênfase no mundo privado (notadamente na carreira profissional e na circunscrição familiar/amizades da “vida social”) são algumas das características resultantes desse mundo atomizado, vigente em maior ou menor medida em todos os países, notadamente após a ascensão do neoliberalismo e o definhamento do socialismo soviético.

A partir da “revolução” digital dos anos 1990 novas questões vêm sendo levantadas, uma vez que as comunicações estariam passando por profundas transformações, apercebidas, contudo, de modo distinto: para alguns setores são vistas como potencialmente democráticas e para outros como controladoras e alienantes. 

Para além da controvérsia, “redes sociais” (caso do facebook, por exemplo, que chegou ao incrível patamar de 1 bilhão de perfis, isto é, 1/7 da população humana), “convergência digital” e ampla disponibilidade de comunicação não têm alterado, de maneira significativa, a ação política coletiva das sociedades. Apenas mobilizações pontuais, pouco significativas tendo em vista a dimensão planetária das comunicações, têm sido observadas, o que se deve, aparentemente, embora não apenas, ao legado individualista e alienante da dominação midiática instaurada desde a metade do século passado. (grifo do Viomundo).

No Brasil, onde a própria urbanização se confunde com a indústria midiática – o rádio e depois a televisão –, os meios de comunicação foram avançando sem regulação, isto é, como negócio privado sem responsabilização quanto a seus efeitos públicos, exceto quanto ao não enfrentamento dos regimes políticos dominantes. Particularmente o regime militar pós-1964 foi responsável pela verdadeira tragédia comunicacional que vive o país em pleno século XXI, na medida em que incentivou o sistema oligopólico em que vivemos – em nome da “integração nacional”, na verdade um projeto proto fascista –, ao lado da permissão para os empresários da comunicação tratarem a comunicação, ironicamente chamada de “social”, como mero negócio privado, desde que convergente aos objetivos do poder dominante, entre os quais a ovação ao regime militar e a alienação cultural.

O autoritarismo político, obtuso por excelência, permitiu e conviveu com a censura do mercado ao conceder e renovar as concessões a empresas de comunicação que, para se manterem, precisavam apenas adotar o servilismo ao regime. Em vários casos, sendo o mais significativo o da Rede Globo – emissora gestada no ventre do militarismo –, o servo foi mais realista do que o Rei, isto é, autocensura e adesão “ideológica” ao regime, com toda sorte de benefícios empresariais, deu contornos a uma corporação que se tornou a quinta maior empresa de comunicação, em faturamento, no mundo.

Talvez mais importante, e ainda sem estudos suficientes a respeito, o papel das Organizações Globo na vida brasileira é de dimensão desconhecida, pois muito além da própria rede de televisão, na medida em que seus impactos são sentidos nos planos cultural e comportamental – tomados aqui em sentido gramsciano. O conglomerado das Organizações, como se sabe, inclui um sem número de emissoras de rádio (AM e FM), transmissoras e retransmissoras de televisão, jornais e revistas, indústria fonográfica, uma fundação (que leva o nome de seu patrono, Roberto Marinho) com capacidade de financiar e induzir a produção cultural – com as devidas deduções tributárias –, parcerias internacionais e um satélite próprio para seus negócios, entre outras atividades corporativas.

De certa forma, a vida cultural (criação de padrões estéticos em diversas áreas, notadamente com viés estadunidense (grifo do Viomundo), “integração” nacional a partir de parâmetros pré-determinados) e política (clara interferência em eleições e nos centros decisórios estatais) brasileiras se tornam incompreensíveis sem dimensionar o papel das Organizações Globo, que habilmente souberam se adequar tanto à ditadura como à democracia pós-1989.

Por mais que partidos de oposição à ditadura e mesmo às Organizações Globo, casos do PT e do PDT, tivessem chegado ao poder após a redemocratização, jamais houve combate efetivo ao seu poder. A indigência comunicacional que experimentamos ainda hoje, com efeitos culturais – hegemônicos, portanto – mais profundos do que os de estirpe político/eleitoral, contribuiu para sedimentar um padrão comportamental do brasileiro médio cuja marca é a ideologia do “individualismo meritocrático” e a descrença nas transformações políticas coletivas.

Pois bem, a experiência, agora em seu terceiro governo, da gestão do PT no Governo Federal tem transformado parcialmente essas assertivas. Embora o não enfrentamento ao oligopólio midiático, a não colocação na agenda governamental de um marco regulatório da mídia e a não revisão das renovações das concessões representem, em outras palavras, a não democratização da informação e da comunicação – diferentemente de nossos vizinhos argentinos –, e consequentemente a manutenção de uma “democracia parcial”, marcando negativamente esses três governos, diversas políticas públicas sociais têm se desenvolvido e alterado a vida se milhões de brasileiros.

Observa-se, portanto, certa desconexão entre mudanças incrementais e não “radicais”, mas ainda assim inéditas e socialmente impactantes (casos de programas como o Bolsa Família no contexto do Sistema Único de Assistência Social, e de uma série de programas específicos nas áreas de habitação, energia, saúde, educação, crédito e outras) e a resistência elitista e conservadora da grande mídia comercial.

As grandes corporações midiáticas, que expressam os interesses materiais e ideológicos das classes médias e do capital, embora críticas às transformações coletivas promovidas pelas políticas públicas federais petistas, na medida em que vão em direção contrária ao mundo “dos melhores e dos mais capazes, venham de onde vierem” (mote histórico do jornal O Estado de São Paulo), as aceitaram por não confrontarem a estrutura de poder e a dinâmica das propriedades empresarial (o que inclui a própria mídia), agrária e mesmo do mercado financeiro.

A convivência entre reformas sociais – ordenadas – e statu quo se mantém, apesar do elitismo oposicionista dos meios de comunicação, uma vez que atuam como verdadeiros “aparelhos privados de hegemonia” e “intelectuais coletivos”: categorias gramscianas cada vez mais observáveis na cena político/midiática brasileira. Tal modus operandi coloca a mídia como organizadora das classes médias e do Capital Global, obstruindo e vetando políticas públicas tidas ou apercebidas “inaceitáveis”.

O caso da chamada “mobilidade urbana” é notório, uma vez que sequer ascende à agenda o tema do privilegiamento, nas grandes metrópoles, das vias públicas ao transporte coletivo. A indústria automobilística, que financia campanhas de parlamentares e chefes de Executivos, que patrocina vigorosa e generosamente os meios de comunicação, e que adota estratégias de marketing extremamente agressivas, tem na mídia seu “intelectual coletivo” capaz de vetar qualquer mudança significativa nas políticas públicas urbanas.

O mesmo ocorre quanto ao Estado, interessado nos tributos advindos da cadeia produtiva do automóvel, apesar de suas consequências nefastas. O mesmo se dá quanto ao mercado imobiliário, altamente especulativo, capaz de transformar as cidades em verdadeiras “selvas de pedras”, e ao mercado financeiro, capaz de sobrevier com os juros seguros da dívida interna e manter uma elite rentista.

A grande mídia comercial brasileira – composta por organizações complexas e gigantescas de emissoras de rádio e televisão, de jornais e revistas, de portais na internet com conteúdos diversos e lucrativos, entre outras atividades empresariais – veta e obstrui, por meios diversos, qualquer transformação significativa no que tange às políticas públicas.

Apenas aceita, mesmo que a contragosto, mudanças incrementais.

Mas quando uma dada política contrária aos interesses midiáticos adentra à agenda governamental, há uma enorme mobilização no sentido de vetá-la ou, se não for possível, conformar, enquadrar o “desenho” desta política, isto é, a formulação e os objetivos do que se pretende alcançar, a ponto de torná-los inócuos ou minorados.

Toda essa mobilização conta com entrevistados “especialistas” que “autorizam” uma dada posição, com o aparato de manchetes, fotos, charges e matérias que expressam opinião que, por seu turno, se espraia sutilmente pelas coberturas.

Embora o discurso midiático advogue, como uma cantilena, a separação entre coberturas jornalísticas e opinião, o que se vê fundamentalmente é uma mesma linhagem ideológico/editorial a corroborar o modus operandi dos “aparelhos privados de hegemonia”, como aludimos, uma vez que atuam com o objetivo de vetar e de propor políticas, sempre por caminhos distintos: ora ostensivos ora subliminares.

A própria aceitação do poder oligopólico da mídia demonstra a incapacidade política do Estado brasileiro em enfrentar tais poderes constituídos, o que o obriga a atuar nas margens e frestas da estrutura econômica e social brasileira. Daí o incrementalismo das políticas públicas desenvolvidas em pouco mais de uma década que, reitere-se, por mais importantes e significativas que sejam, são tímidas perante os recursos econômicos disponíveis e sobretudo perante as necessidades de milhões de brasileiros. Basta comparar os gastos sociais brasileiros com países similares para nos darmos conta do espaço que se tem para transformações profundas.

É claro que somente a “vontade política” dos governantes não é suficiente para alterar realidades historicamente constituídas. É necessário uma conjunção de fatores, tais como, além da vontade política, capacidade técnico/política de governar, reordenamento orçamentário, reforma política, mobilização e pressão social, entre outros fatores. Sem isso, o enfrentamento aos grandes poderes, notadamente da mídia, do latifúndio, do capital produtivo e financeiro especulativos (cada vez mais articulados), entre outros, será sempre protelado.

Os vetos e obstruções da mídia oligopólica a políticas públicas profundas e transformadoras só serão vencidos caso se enfrente seu próprio oligopólio, uma vez que a mídia é parte constitutiva do Sistema Político que, portanto, urge ser reformado.

Uma “janela de oportunidade” parece estar se abrindo quando, apesar da oposição vigorosa de grande parte da mídia ao atual governo federal, os índices de popularidade deste batem recorde de aprovação, desenhando, até agora, um cenário eleitoral relativamente tranquilo rumo a um quarto mandato petista (ao lado de grande coalizão contraditória). Mais ainda, as políticas públicas federais implementadas – Suas, Luz para Todos, Minha Casa, Minha Vida, vasta concessão de crédito, valorização do salário mínimo, aumento do poder de compra da cesta básica, programa de cisternas, entre outras – aparentemente ganharam estatuto de “políticas de Estado”, dada a legitimação que adquiriram.

Isso vem provocando uma inédita desconexão entre o poder de audição da mídia e a realidade social da massa de trabalhadores pobres no Brasil. Desde o episódio do chamado “mensalão” essa desconexão vem se aprofundando, tornando o Governo Federal e seu principal partido de certa forma imunes aos ataques e campanhas da mídia, o que pode ser constatado nas eleições do ano passado quando, em meio ao massacre STF/Mídia no julgamento do “mensalão”, o PT saiu-se como o grande vencedor. Nesse sentido, aparentemente panfletos ideológicos, caso paradigmático da revista ‘Veja’, se circunscrevem num mesmo público, numericamente diminuto e com influência decrescente.

Mesmo as Organizações Globo, embora ainda bastante poderosas, veem seu poder decrescer. 

Políticas públicas transformadoras podem, portanto, se desenvolver, alterando a vida de milhões de brasileiros, se a “elite política dirigente” compreender essa desconexão e aproveitar a “janela de oportunidade” constituída pela conjunção de: apoio social (legitimidade) e político (notadamente eleitoral) da grande massa dos pobres, mesmo que fragmentada; decréscimo relativo do poder midiático; recuo das forças militares aos quartéis; conjuntura internacional favorável a reformas sociais; o fato de o Brasil ser considerado internacionalmente um caso de sucesso em termos de “reformas dentro da ordem” num cenário de potencialidades econômicas.

Tudo isso aponta para uma nova correlação de forças em que, dentro e por meio das regras democráticas, possa haver o enfrentamento aos poderes, até então intocáveis, radicalizando a democracia por meio da ampla redistribuição da renda, da terra, da mídia e dos capitais especulativos, ao lado do aprofundamento da democracia participativa. 

Oportunidades como a que estamos vivenciando podem passar, o que evidencia a necessidade de um projeto de nação estratégico capaz de consolidar avanços e estabelecer novas regras ao jogo democrático. Caso contrário, continuaremos pautados pela velha, elitista e conservadora grande mídia.

Francisco Fonseca, cientista político e historiador, é professor de ciência política no curso de Administração Pública e Governo na FGV/SP. É autor de “O Consenso Forjado – a grande imprensa e a formação da agenda ultraliberal no Brasil” (São Paulo, Editora Hucitec, 2005) e organizador, em coautoria, do livro “Controle Social da Administração Pública – cenário, avanços e dilemas no Brasil” (São Paulo, Editora Unesp, 2010), entre outros livros e artigos.

PS do Viomundo: Ao lado dela, a esquerda tem o saber. Mas que não sabe traduzir em comunicação eficiente para fazer com que o brilhante artigo acima seja transformado em ação política, ou seja, chegue de maneira didática a grandes parcelas da população. Parte disso é resultado do bloqueio da própria mídia corporativa, à qual este assunto não interessa. Mas parte deve ser creditada à incapacidade política e operacional da própria esquerda. Um exemplo bobo: o MST, por exemplo, ainda não conseguiu desenvolver um aplicativo para usar nos telefones celulares que milhares de lideranças usam em todo o interior do Brasil, muitos dos quais dotados de conexão com a internet. Ou o cara tem computador em casa ou gasta um dinheiro na lanhouse. Poderia ver direto o site do MST no celular, o que é significativo, já que este militante está em constante movimento, ora no campo, ora na cidade. Poderia compartilhar conteúdos valiosos para o MST no Faceboook, usando o próprio celular, para centenas de milhares de pessoas.

As tecnologias de informação se desenvolveram de forma acelerada, a mídia corporativa tem o capital e o conteúdo para utilizá-la: e tome o último capítulo do BBB no iphone. Neste sentido, a esquerda, que tem as melhores ideias e explicações para as crises do mundo atual — crises que afetam diretamente o cotidiano das pessoas –, não consegue se comunicar de forma eficiente nem com sua própria base política. É preciso começar por enfrentar o monopólio que, segundo Fonseca diz de forma diplomática, dá um viés estadunidense à cultura brasileira ou, para ir direto ao ponto, sobrevive de vender ou alugar nossa soberania. O resto é o ministro Bernardo querendo eleger a esposa governadora do Paraná com apoio da RPC, afiliada da Globo no estado.


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Comentários

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Roberto Locatelli

O governo entregou a universalização da banda larga às teles. As teles NÃO a farão.

O governo entregou a democratização da mídia à Globo.

Juventude do MST denuncia criminalização de blogueiros à presidenta; Dilma cala-se – Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Francisco Fonseca: Mídia molda o Brasil que o PT governa e a esquerda… dorme […]

assalariado.

Texto muito bem escrito e explicativo de como se da a relação de um governo consentido pelo capital. Esses dez anos de governo de “esquerda” nos mostra muito bem o perfil e, como atua de forma camaleõnica e hegemonica a ideologia dos donos do capital, por dentro dos três poderes de Estado. Executivo, Legislativo e judiciário, tudo passa por aqui, inclusive os golpes de Estado. Ah, mas e o povo? Que tal as esquerdas avisa -los, da um trabalho, né?

Observem que, todos os avanços que os governos da vez, desde 1500, tentam fazer, esbarram sempre em atores politicos ligados de corpo e alma aos interesses da burguesia, classe dominante e exploradora da sociedade. Claro, nunca vão aparecer em publico, através dos noticários, como agentes nocivos e impedidores dos avanços economicos e politicos, que tanto precisamos para nos libertar da ditadura do capital, “nacional” e internacional. Sim, o Estado do capital e suas instituições burguesas, são os cabrestos, uma canga, que das elites financeiras e industriais, nos presenteiam como “Estado de Direito”.

Este post nos induz, eu concordo, a todos nós a raciocinar, aonde se encontra esse entrave politico e economico, e sugere, reside na (CORRELAÇÃO DE FORÇAS) que, por tabela, tem tudo haver com a (HEGEMONIA DO CAPITAL) e suas camuflagens e regras somados a seus critérios do que é a “democracia”, estabelecida, sempre, nos limites dos lucros do capital. Esta classe social é minoria, apenas 5%, dentro do contexto social populacional, porém, é ela que manda e desmanda e impõe limites do que deve ser feito e desfeito, a nivel econômico e politico.

Saudações Socialistas.

Fabio Passos

O PiG e o sustentaculo do Apartheid Social no Brasil.
Derrubar estas oligarquias decrepitas e fundamental para o pais superar a injustica social e o subdesenvolvimento.

Marcela

Que bom! Falamos mal da indústria automobilística mas louvamos tecnologia de ponta nos celulares! Esse ‘outro mundo melhor’ acaba desaguando sempre no que já existe …

renato

Vários Blogs e Carta Capital descobrem que erraram: Bernardo sempre foi a favor de uma Lei dos Meios
Escrito pelo sitio.
Site do Amigos do Presidente Lula, o que tá pegando?
não tão conversando direito.
Vamos ter que enviar para a Associação dos Blogs Sujos, ter que nivelar a conversa?
Informação correta e sem politicagem…. é importante para definirmos quem é sujo e quem é limpinho e cheiroso.
A Associação não pode ter muro, tem que ser espaço aberto.
Muro é lugar de Tucano pousar.

HIro

#ForaBernardo #LeydeMediosBRjá!

Félix Gomes da Silva

Porra meu! Desculpe-me o Sr. Francisco Fonseca, mas o seu texto tá um porre, desalinhado, enfadonho, feito “nas coxas”, apesar do tema ser especial. Seja mais simples e concatene melhor as idéias.

Julio Silveira

Pensando bem uma frase que caberia como uma luva para esse momento que vivemos seria:
“A direita morde e a esquerda assopra”.

Maria Luiza Tonelli

Excelente análise. Um texto para ler, compartilhar e guardar. Parabéns ao autor e ao Viomundo pela publicação.

jaime

Vou dar um outro exemplo bobo: olhem para o tamanho do texto e observem quantas vezes uma mesma ideia é repetida com palavras pouco diferentes. É comum em textos também da Carta Maior, uma prolixidade que segue ombro a ombro com o diletantismo (sim, Azenha, a esquerda tem o saber mas não sabe traduzi-lo). Escrever é cortar palavras, segundo o Veríssimo, que salvo melhor juízo, é um dos melhores textos, ainda.
Na minha opinião, há duas idéias principais no artigo: 1) a mídia é o substrato sobre o qual cresce toda a superestrutura da sociedade – e justo nesse campo a Dilma colocou o mais incompetente e deslocado ministro, para nos mostrar o quanto somos diferentes dos nossos hermanos. 2) Há sim janelas de oportunidade nesse processo político atual, mas não sendo aproveitadas pela esquerda, serão aproveitadas pela direita que terá uma nova classe média sendo doutrinada para numa próxima eleição, “mudar tudo o que está aí” elegendo um Sebastian Pinera, conforme prognóstico de PHA.

    Marcela

    Noto que até os elogios indiretos que ele faz ao PT são escamoteados pelos comentaristas do artigo, inclusive pelo Viomundo. Vejam só o que ele diz de fato:

    “Uma “janela de oportunidade” parece estar se abrindo quando, apesar da oposição vigorosa de grande parte da mídia ao atual governo federal, os índices de popularidade deste batem recorde de aprovação, desenhando, até agora, um cenário eleitoral relativamente tranquilo rumo a um quarto mandato petista (ao lado de grande coalizão contraditória). Mais ainda, as políticas públicas federais implementadas – Suas, Luz para Todos, Minha Casa, Minha Vida, vasta concessão de crédito, valorização do salário mínimo, aumento do poder de compra da cesta básica, programa de cisternas, entre outras – aparentemente ganharam estatuto de “políticas de Estado”, dada a legitimação que adquiriram.”

Urbano

Até por ser a vítima diretamente focada, embora não seja mais prejudicada do que o povo, quem deveria combater esse crime nem sequer pretende se mexer. Quer ficar inerte, só no olhar de paisagem.

Fabiano Araujo

É necessário que a militância do PT em todo o Brasil e, em particular no Paraná, que é a base política do ministro Paulo Bernardo e de sua esposa, pressione a Presidente Dilma para que a mesma instrua o ministro a mudar a orientação política que imprime no Ministério das Comunicações e exija uma ação em prol da regulação da mídia. Por outro lado, os partidos políticos favoráveis ao progresso social, os sindicatos e as organizações populares devem iniciar uma ampla campanha, de base, denunciando as distorções e as manipulações que a mídia televisiva faz. A mídia impressa é cada vez menos lida pelas camadas populares, de modo que, uma campanha para mostrar o papel, muitas vezes nefasto, realizado por esta, tem importância secundária, embora, um trabalho político de denúncia da mídia impressa possa ser feito junto a determinados setores da classe média.

sílvia macedo

Artigo realmente brilhante, pela clareza na articulação dos argumentos. Serve inclusive para as lideranças de esquerda refletirem sobre o ordenamento das práticas que levem em conta tais ideias.

zé eduardo

Perfeito, melhor análise que a do Fonseca é quase impossível.
E melhor ainda é o encaminhamento dado no PS do Viomundo. Parabéns!

Antonio Lyra Filho

Azenha

Lembra dos Blog da Petrobras onde eram esclarecidos o que publicavam na mídia?
Faça uma reunião com todos os blogueiros e crie uma seção,
“Esclarecimento ao Leitor”. Todos os blogs abrem um espaço
afim de rebater o que a mídia publica com esclarecimentos para as pessoas.A publicação seria igual em todos os blogs que aderirem ao projeto.
Exemplo: Juros.
Mostrar aos leitores os motivos porque a mídia deseja que os juros aumentem. E assim por diante, tudo em uma linguajem de fácil assimilação.
Com isto os blogs vão criar uma cadeia nacional de contra informação do que é publicado pela mídia.
É importante que se tenha um banner padronizado que vai facilitar o acesso das pessoas. Miguel do Rosário pelo que me parece, criou uma agência de publicidade que poderá participar do projeto e até conseguir patrocinadores não governamentais.
Até outubro de 2014, temos muito tempo pela frente para a consolidação desta rede nacional.

    SEBASTIÃO LEME

    CONCORDO E APOIO TOTALMENTE SUA IDEIA

Rafael

Grande erro é acreditar que vai ocorrer uma ruptura. Isso é total falta de conhecimento da realidade. Se o PT tivesse poder necessário para ruptura não se submeteria à perseguição diária da globo. PT nunca teve força política para isso, o PT precisa do PMDB para governar, é uma escolha que tem que ser feita: governar com o PMDB ou se isolar e nem teria eleito Dilma. A globo torce para que o PT se afaste do PMDB, infelizmente o povo votou no PMDB. É a realidade, falar em ruptura é ridículo. As mudanças que vão acontecer e serão graduais, a estrutura industrial que os governos neoliberais criaram estão sendo modificadas, juros Selic baixaram de uma média do goveno FHC de 27% para hoje a 7,5%.O pré-sal vai criar a oportunidade necessária para o Brasil dar um salto na indústria. Questão mais importante é acabar com o monopólio da globo, se resume a isso pluralizar a mídia no Brasil. Feito isso os outros passos virão naturalmente. Agora dizer que o PT não é de esquerda porque não fez a ruptura é infantil.

Antonio

A ditadura não acabou, apenas mudou suas armas

FrancoAtirador

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2030: o Brasil pós-Globo

Uma utopia possível e até provável.

Por Paulo Nogueira, no DCM

No futuro, você não verá este tipo de jornalismo
Me pedem que analise um texto de um colunista que eu não conhecia, Rodrigo Constantino.

Li.

A não ser que aconteça uma desgraça, não voltarei a lê-lo jamais.

É um cruzamento de Olavo Carvalho, Reinaldo Azevedo e Ali Kamel.

Muito para mim.

Sobre o texto, é uma distopia. O Brasil, no futuro, terá a moeda comum do continente, o bolívar, e o Bolsa Família, “esmola”, será universal entre nós.

É mais ou menos isso.

Ofereço uma visão alternativa de futuro. Fixemos o ano de 2030.

Em 2030, o Brasil já não terá mais a Rede Globo. Ela foi definhando em audiência, o que já está ocorrendo aliás há alguns anos. Eram 50%, depois 40%, depois 30%, depois 20%, e afinal o zero se aproximava.

Chegou uma hora em que ela era vista apenas pela família Marinho, e não na totalidade, e parte dos funcionários da Globo.

O golpe baixo com o qual ela segura a receita publicitária – o infame BV, que mantém as agências acorrentadas à empresa – foi finalmente enquadrado pelo governo como prática monopolista e desleal.

O governo também apertou o cerco sobre expedientes fiscais imorais, como a proliferação de PJs. O caso icônico de Carlos Dornelles deflagrou uma ação da Receita Federal que pôs fim à mamata.

E a internet foi cobrando o seu preço, segundo a segundo.

No futuro que ofereço ao exame de vocês, os brasileiros ao se livrar da Globo se livrarão também de: a) novelas que deseducam; b) programas como o BBB, que também deseducam; c) horários abjetos de jogo de futebol apenas para que as novelas não sejam interrompidas.

É fácil montar um abecedário aí.

Os brasileiros também estarão libertados de noticiários desonestos e manipuladores, e de colunistas que combatem tenazmente pela manutenção dos privilégios dos Marinhos, de Jabor a Merval.

Não mais Jô, não mais Galvão, não mais Waack. Não mais Faustão, não mais Fantástico, não mais Ana Maria Braga.

Não mais Bonner. Não mais Bial. Talvez bebamos menos cerveja, e levemos portanto uma vida mais saudável, porque sumirão os merchans das novelas que estimulam os espectadores a achar qualquer motivo para abrir uma lata ou uma garrafa de qualquer marca.

Isso porque o anunciante é a Ambev, dona de quase todas as marcas, a começar por Brahma e Antarctica, e então não faz diferença que cerveja seja consumida.

Os Marinhos deixarão de figurar na lista dos bilionários da Fortune, e parte de sua fortuna irá construir casas, escolas e hospitais nas favelas cariocas, que aliás deixarão de ser favelas.

Numa autocrítica imperiosa, a prefeitura de São Paulo rebatizará a avenida Roberto Marinho como avenida Vladimir Herzog.

Já não lembro os detalhes do futuro de Constantino, mas prefiro me ater a este, que de resto considero bem mais realista.

Quanto a ele próprio, Constantino, em 2030 ele está casado com Yoani, e os dois vivem numa tent city em Miami. O padrinho do casamento foi o cubano exilado em Miami Carlos Alberto Montanez, o Perfeito Idiota Latino-americano.

(http://diariodocentrodomundo.com.br/o-brasil-e-o-mundo-pos-globo)

Rafael Isaacs

Precisamos impedir as barragens no rio Tapajós!!

FrancoAtirador

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Editora Abril faz emendas parlamentares através de senador do PSDB-SP

Por Luis Nassif

A senhora Higes Andrés Manara, assessora de Relações Governamentais da Editora Abril esteve com assessores parlamentares de um senador da base governista, visando amaciar o projeto de Direito de Resposta apresentado pelo Senador Roberto Requião.

Na conversa, duas vezes ela falou que “nós vamos apresentar emendas”.

Na terceira vez, os assessores perguntaram: “nós, quem?”.

E ela respondeu ser o Senador Aluizio Nunes Ferreira.

(http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/assessora-parlamentar-da-abril-usa-o-nome-de-aluizio-nunes)

Julio Silveira

A esquerda no Brasil é mais um grande agente do blefe contra a cidadania. Por que ela tem existido em teorias ideologicas, em alinhamentos psicologicos, mas não em atitudes praticas geradoras de consequências reais, para se impor e se manter como opção politica.
Quando consente que se infiltrem elementos personalistas, completamente desprovidos de sinceridade e identidade ideologica, quando se permite ser usada para se mostrar como opção politica passa a ser fraudulenta. Quando não procura se assegurar da possibilidade de manter-se integra nos seus principios acaba por firmar-se como piada e perde respeito e confiança para aqueles que poderiam representar a cumplicidade necessária para a mudança.

J.Carlos

O tal Paulo Bernardo acha que engana ao fazer declarações de última hora para se manter no cargo. Ele é mestre em falar para o público externo uma coisa e fazer outra. Deve ter sido doutrinado pelo PiG.

ricardo

É isso aí, precisamos abandonar esse “individulismo meritocrático” em favor do coletivismo sem mérito, bem como livrarmo-nos do “viés estadunidense” para adotarmos, quem sabe, um viés norte-coreano em nossa cultura.

    lulipe

    O “coletivismo sem mérito” seria a regra em breve, caso a imprensa não tivesse divulgado os absurdos cometidos nas redações do Enem do PT.Quanto a adotar um “viés norte-coreano” você fala para a torcida de alienados, na realidade não sabe do que fala, se soubesse não escreveria esta sandice.

    Nelson

    Me expliquem aí. O PT andou registrando patente do Enem em seu nome?

    lulipe

    Para bom entendedor, caro Nelson, chico quer dizer Francisco…

    Valmont

    Ou nos livrar de quaisquer vieses, abandonar a velha e estúpida ideia de que “o que é bom para os EUA é bom para o Brasil” e optar por uma ação original e soberana, genuinamente brasileira…
    Por que o Brasil deve aceitar, e até copiar, o fascismo norteamericano e manter-se como subserviente colônia de uma potência militarista decadente?
    O Brasil não precisa de tutores nem de moldes importados para bem administrar os interesses do seu povo. As nossas soluções têm que ser originais.
    Basta de copiar e seguir o velho corrupto da cartola tricolor.
    Independência é o que queremos.

    Willian

    Concordo, mas também não se pode mudar para o que é ruim para os EUA é bom para o Brasil, pois a estupidez seria a mesma.

Mariac

Esquerdas têm de criar “idéias” novas, pensamentos novos, e conservar o velhos que sejam bons. Selecionar, etc.escrever, multiplicar e replicar.

Governos têm de governar para o povo, seja de esquerda ou direita. a maioria votou pelas idéias vendidas pelo PT, fossem de esquerda ou direita, mas a maioria humanistas. E os votantes estão se decepcionando, pois não conseguem brechas para cobranças. Quem manda ainda é o dinheiro e seus enviados ao Congresso, que só usam o povo para votar.
Como reverter?

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