Estreia documentário sobre a história do teatro do Gama, celeiro das artes no DF; vídeos

Tempo de leitura: 2 min
Pioneiros: Lêda Carneiro e Airton fundaram em 1982 a Bagagem Cia de Bonecos. Em 1979, Claudio Alcântara criou o GTG - Grupo Teatro do Gama. Foi o primeiríssimo. À direita, Lelê Teles no auditório da escola CG, Colégio do Gama, de onde saiu o primeiro grupo, o GTG. Fotos: Divulgação

Por Conceição Lemes

Estreia hoje, 6 de abril, às 19h, no SESC Gama o documentário À Quarta Parede.

O filme mostra a história do teatro do Gama, cidade satélite de Brasília.

Trata desde o início das companhias, no final dos anos 70, quando surgiram como teatros de escola, até os dias atuais.

Lelê Teles é o roteirista e diretor de À Quarta Parede.

Ele próprio conta:

— Nos anos ’70 e ’80, o Gama era um das cidades mais pobres e violentas do Distrito Federal. Sem equipamentos públicos de esporte, cultura e lazer, a violência se tornou um espetáculo.

— Em ’79, em plena ditadura, Claudio Alcântara, um policial civil progressista levou o teatro para uma escola do Gama (o Colégio do Gama) e fundou o GTG – Grupo Teatro do Gama.

— Grupo Teatro do Gama, porque era um teatro feito inteiramente no Gama: Dramaturgia, direção, cenografia, atuação… tudo.

— A primeira peça do GTG foi o Gole, cujo cartaz (veja abaixo) tinha uma bota de soldado esmagando a cabeça de um trabalhador.

— Isso em plena ditadura!

— Quando os militares se deram conta da mensagem, mandaram arrancar o cartaz, mas ele já estava espalhado pela cidade toda.

A inciativa do GTG prosperou.

O teatro se fortaleceu no Gama.

Virou um círculo virtuoso.

Lelê Teles dá dois exemplos: Simão de Miranda e Valdeci Moreira.

Pobre, gago e negro, Simão fez parte do GTG quando era aluno do Centro Educacional.

Simão cresceu, fez doutorado na UnB (Universidade de Brasília) e tornou-se professor no mesmo GTG em que estudou. Depois, montou o seu próprio grupo de teatro.

Valdeci Moreira era um dos alunos de Simão Miranda.

Quando cresceu, fez artes cênicas na UnB e virou professor na mesma escola. Também fundou um grupo de teatro e hoje tem alunos que estão se formando na UnB.

Em 1982, Lêda Carneiro e Airton fundaram a Bagagem Cia de Bonecos, em atividade até hoje.

Claudio, Lêda, Airton, Simão e Valdeci estão presentes no documentário.

Lelê Teles festeja, é claro:

— O Gama já teve mais de 40 companhias teatrais em atividade, nenhuma cidade de Brasília chegou perto disso; teatro de bonecos, teatro de sombras, teatro infantil, teatro de igreja…

— O Gama é reconhecido como celeiro das artes no DF.

Esses grupos de teatro, além de formarem públicos e artigos, deixaram um legado valioso para as futuras gerações.

Eles personificam a ideia de que o teatro não é apenas entretenimento. É também um poderoso agente de formação e transformação pessoal.

Relembrando: a estreia é hoje, às 19h, no Sesc Gama.

Entrada é gratuita.

Lelê Teles estará presente e convida para o lançamento.

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Comentários

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Joaquim Vaz

…..aproveitando o ensejo, sugiro novas pesquisas/reportagens sobre festas juninas, festivavais de música popular do Gama-DF, muita coisa boa nessa maravilha de cidade….

    Redação

    Obrigada pela dica, Joaquim. Abraço

Benedito Alisio Silva Pereira

Tive colegas de faculdade que moravam no Gama e fui lá várias vezes. Mas os danados nunca me disseram (talvez porque não soubessem) que a atividade teatral ali era fervilhante.

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