“Em meio ao caos não há vida, não há economia”, dizem infectologistas ao propor medidas mais duras contra a covid

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Bruno Cecim/Agência Pará

MANIFESTAÇÃO DA SOCIEDADE PAULISTA DE INFECTOLOGIA SOBRE NECESSIDADE DE AMPLIAÇÃO DAS MEDIDAS SOCIAIS RESTRITIVAS PARA CONTROLE DA COVID-19

A Sociedade Paulista de Infectologia (SPI) torna pública a nossa enorme preocupação com o estado atual da Covid-19 no Brasil, e no Estado de São Paulo em particular.

Há uma total desconexão da vida cotidiana com a realidade da pandemia.

As novas variantes em circulação, a falta de um programa de vacinas efetivo e célere, o cansaço frente às medidas de prevenção e controle e o negacionismo enraizado em segmentos críticos da nossa Sociedade, sobretudo político e econômicos, configuram uma real ameaça à nossa vida.

As variantes do SARS-CoV-2, vírus que causa a Covid-19, estão dotadas de mecanismos de disseminação mais efetivos, e existe o risco de que escapem da resposta imune prévia e/ou induzida por vacinas.

Aproveitam-se da falta absoluta de distanciamento para expandir-se em todo o território brasileiro e no mundo.

Resultam assim em mais contágio, reinfecções, adoecimentos e mortes, com o rápido esgotamento da nossa capacidade assistencial.

Comprometem jovens, adultos e idosos, vulneráveis ou não.

É ainda necessário enfatizar, não existem terapias eficazes contra o SARS-CoV-2.

Pacientes graves têm alta taxa de morte e graves sequelas a despeito dos melhores recursos assistenciais.

Que dirá em meio ao caos em que até oxigênio pode faltar?

Na prevenção, uma vacinação lenta, em recortes populacionais,
está fadada a não resultar em proteção efetiva em tempo oportuno.

A seguir esse ritmo, em que marcas expressivas de óbito e infectados ocorrem a intervalos cada vez mais breves, não podemos ter outro cenário em mente, se não, o colapso da saúde.

E em meio ao caos não há vida, não há economia, não há nada além do que o incerto.

Existem experiências de sucesso e relatos suficientes na Literatura Científica para sabermos que esse cenário pode, e precisa, ser revertido.

Porém, enquanto em fevereiro a incidência global de Covid-19 caiu pela metade no mundo, ela continua em aceleração no Brasil.

Essa situação nos traz riscos de colapso, não só da saúde, mas de toda a sociedade. Economia e vida em sociedade são indissociáveis da saúde. E esta prioriza a vida.

As atuais medidas de controle da pandemia em vigor no PLANO SÃO PAULO mostram-se insuficientes para reduzir a transmissão do vírus.

Assim sendo, dirigimo-nos ao Excelentíssimo Governador e autoridades do Estado, solicitando políticas públicas que incluam maior rigidez no distanciamento social e controle de mobilidade populacional.

Essas medidas requerem restrições maiores a serviços não essenciais em Regiões do Estado sem acometimento crítico pela pandemia, e lockdown com toque de recolher prolongado (por exemplo, a partir de 20h00) naquelas que se encontram próximas ao colapso assistencial.

Incluem também ampliação da oferta de testagem e maior velocidade nas estratégias vacinais.

À população, recomendamos o distanciamento (pelo menos 1,5 metros de uma pessoa a outra), uso correto e contínuo de máscaras bem ajustadas na face, higiene das mãos e – sobretudo – que se permaneça em casa o maior tempo possível.

Cada medida isoladamente (e especialmente o conjunto de todas) impacta a cadeia de transmissão ou controle.

É responsabilidade de cada cidadão cumprir as normas para proteger-se e proteger as demais pessoas. Cabe ao Estado fiscalizar e prover condições cientificamente embasadas para o cumprimento dessas ações de prevenção.

Diretoria da Sociedade Paulista de Infectologia


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