Em apoio a Patrícia e seu bebê, Coletivo Mulheristas espalha outdoors em Foz do Iguaçu e cria abaixo-assinado, que já tem 108 mil adesões

Tempo de leitura: 4 min

Por Conceição Lemes

A cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, tem população estimada em 258 mil habitantes.

Fica a 643 quilômetros de Curitiba, a capital do Estado.

É famosa principalmente por suas cataratas –uma das 7 Maravilhas da Natureza no mundo – e pela Usina Hidrelétrica de Itaipu – a segunda maior do globo em tamanho.

Ultimamente, está sendo conhecida também pela crueldade de uma decisão judicial que penaliza dois dos seus moradores: Patrícia Garcia e o seu bebê Sama, de 15 meses.

Na quinta-feira passada, 29/10, a cidade amanheceu com outdoors sobre o caso nas principais avenidas e junto ao fórum.

Uma iniciativa do Coletivo Mulheristas, composto por mulheres de vários países e estados brasileiros que preferem o anonimato.

A esta altura, nossos leitores já devem relacionado o apelo e os nomes do cartaz com o emocionante artigo que o Dr. Rosinha publicou recentemente no Viomundo: Patrícia e o seu bebê Sama são vítimas de uma decisão judicial injusta e inadequada.

Por ser mulher (num país de forte machismo), indígena (da etnia Guarani), estrangeira (nasceu numa aldeia no Paraguai) e vegana (ou vegetariana), ela tem sido vítima de toda a sorte de preconceitos.

Inclusive perdeu por decisão judicial o direito de conviver/viver com seu filho, atualmente com 15 meses de idade.

Ela foi acusada, pelo pai de Sama, de maltratar o bebê.

O Dr. Rosinha, que é pediatra, chama atenção para pontos cruciais:

A “justiça” tomou esta decisão sem sequer ouvir Patrícia.

Patrícia tem provas e testemunhas que negam as acusações.

Porém, o juiz – o sistema judiciário – se recusa a ouvir a mãe e as testemunhas.

Há inclusive laudos médicos que comprovam o bom estado de saúde de Sama, que era amamentado pela mãe.

Num dos momentos mais importante da vida, Sama – tem um pouco mais de 1 ano de idade – é privado da amamentação materna.

Mas não só isso. É privado também do ato afetivo de relacionamento entre mãe e filho.

O leite materno atua sobre o desenvolvimento do cérebro.

No caso específico de Sama, que tem hidrocefalia benigna, o leite materno é de suma importância para evitar prejuízos futuros:

O “aleitamento materno é uma das recomendações médicas para auxiliar na drenagem do líquido que se aloja na cavidade cerebral”.

Portanto, a decisão judicial em vigor, além de violar o direito de amamentar — que deveria ser considerado natural–, coloca em risco a vida futura de Sama.

Fotos: Arquivos pessoais

COLETIVO MULHERISTAS: VAQUINHA PARA OUTDOOR E ALIMENTOS 

Em 13 de agosto de 2020, numa operação de busca e apreensão determinada pela Justiça de Foz do Iguaçu, Sama foi retirado convivío materno. Ele tinha apenas 13 meses.

Desesperada, imediatamente, ela denunciou o caso em seu perfil de rede social e pediu ajuda:

Están llevando ahora mismo a mi bebé! más un trauma para él, vengan a ayudari bebé! más un trauma para él, vengan a ayudarme! mínimo dar poyo!!

E passou a relatar nesse mesmo perfil o seu desespero, angústias, saudade de Sama, inconformismo com a injustiça e as mentiras que constam do processo.

Nas suas postagens, Patrícia marcava sempre: Unila – Universidade Federal da Integração Latino-Americana, onde faz mestrado em educação, e o ex-companheiro é professor; e grupos ligados à autonomia das mulheres.

Rapidamente entrou no radar do Coletivo Mulheristas.

‘’É muito duro assistir à mordaça imposta pelo sistema patriarcal, econômico e judiciário’’, justifica o Coletivo.

‘’Patrícia não retornou de pronto o contato inicial feito por uma das nossas integrantes’’, conta.

‘’Só foi fazê-lo duas semanas após a ordem de busca e apreensão de Sama’’, observa.

Assim, desde o final de agosto, as mulheristas estão se revezando no acolhimento dela de diferentes formas.

Por exemplo, fizeram vaquinha para pagar os outdoors (custaram R$ 2.700) e custear as despesas de Patrícia nesse período.

ABAIXO-ASSINADO POR PATRÍCIA E SAMA JÁ TEM 108 MIL APOIOS

Como o caso teve impacto e adesão em vários estados, as mulheristas se organizaram em grupos de Whatsapp para apoiar Patrícia.

Foi daí que surgiu  o abaixo-assinado Devolva o Sama para a mãe, criado por Ana Menezes.

Confira-o abaixo.

MÃE TEM SEU DIREITO À MATERNIDADE VIOLADO AO TER SEU FILHO, AINDA LACTANTE, TOMADO PELO PAI

”Migrante, Patrícia ganhou uma bolsa para mestrado em educação, nesse meio tempo conheceu um professor da UNILA, universidade que se localiza em Foz do Iguaçu, no estado do Paraná, logo começaram a se relacionar e posteriormente se casaram.

Durante a gestação, Patrícia sofreu abusos psicólogos, morais e patrimoniais, o que resultou em seu divórcio e até em MEDIDAS PROTETIVAS contra o pai da criança.

Patrícia teve uma gestação complicada, onde pariu SOZINHA, passou pelo pós-parto SOZINHA!

O pai alega que a criança era vítima de maltrato devido à dieta que a mãe segue, por conta da sua religião, Hare Krishna, que não permite consumo de alimentos de origem animal, porém a mãe possui laudos médicos QUE PROVAM QUE O BEBÊ ESTAVA SENDO BEM CUIDADO E QUE ESTAVA SE NUTRINDO DA MANEIRA CORRETA!!

Patrícia está sendo vítima de xenofobia, perseguição ideológica, racismo étnico-religioso, além de ter sofrido uma clara VIOLAÇÃO dos direitos humanos, tendo em vista que a própria apresentou laudos médicos que contradizem a palavra do pai da criança, que também é advogado e portanto acaba usando sua grande influencia nesse meio para conseguir se beneficiar de maneira covarde.

Além de estarem omitindo documentos oficiais, Patricia não foi ouvida e teve seu direito a defesa negado.

Vamos ajudar essa mãe, que se encontra inconsolável longe de seu filho.

Todos os dias, Patrícia retira seu leite por meio de uma máquina, e leva até a casa onde o filho se encontra, entrega o leite pelo portão, que permanece sempre trancado, e só assim ela consegue amamentar a criança.

A amamentação é um direito humano universal para mãe e para o bebe. O que estão fazendo com ela é desumano.

#devolvamSamaparaMãe

#direitoalactanciaMaterna”

Este abaixo-assinado já tem 108 mil adesões.

Você também pode aderir.

Para isso, clique aqui 

 


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