Doada a freiras, Nilda chega aos 66 anos de idade morando de favor

Tempo de leitura: 2 min

por Luiz Carlos Azenha

No domingo passado fui convidado pelo colega Gustavo Costa a visitar uma ocupação promovida pela Frente de Luta por Moradia.

Fomos ao prédio do INSS, no centro de São Paulo, abandonado desde 1996. Naquela mesma noite outros imóveis da União foram ocupados.

A principal reivindicação diz respeito ao programa Minha Casa, Minha Vida, que não atende àqueles que ganham até três salários mínimos. O mesmo vale para os projetos da CDHU, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo.

Durante as três horas que passei com os ocupantes, ouvi vários depoimentos.

O mais tocante foi o da auxiliar de enfermagem Nilda de Souza, que chegou a São Paulo em 1964, doada de papel passado pela mãe às freiras alemãs que cuidavam do Hospital São Paulo.

Nilda veio de Camocim de São Félix, em Pernambuco — só voltou uma vez à cidade natal, para o sepultamento da mãe –, mas depois de uma longa vida de trabalho hoje mora de favor.

Em janeiro deste ano, Nilda foi despejada por não poder pagar o aluguel de 680 reais com a aposentadoria de um salário mínimo e meio.

Segundo ela, não teria como se alimentar e comprar os remédios dos quais necessita.

Clique abaixo para ouvir a breve entrevista:

Gravação

PS do Viomundo: Nilda identifica claramente as políticas discriminatórias do tucanato paulista como um dos problemas da cidade. Mas, como um todo, o movimento também reclama da demora nas ações do governo federal, que apostou na ‘solução de mercado’ do Minha Casa, Minha Vida. Porém, eles não chegam ao ponto do coordenador do MST, João Pedro Stedile, que disse que o governo Dilma é tocado por tecnocratas de costas para o povo.


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Comentários

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Gerson Carneiro

Um parlamentar precisa mesmo ganhar mensalmente tudo o que ganha?

E o diretor de Kassab, Hussain Aref Saab, de 67 anos, que adquiriu 106 imóveis em 7 anos.

Ê mundo injusto e cruel!

Geysa Guimarães

Baita orgulho de você, Azenha!
Não se esquiva da Verdade, aponta as falhas de ambos os lados.
Assisti à matéria. Os manifestantes têm razão total, não há programa de moradia para os mais pobres.

Luciano Baia

Parabens Azenha pela esclarecedora reportagem. Pena que os seus patrões, digo a imprensa nacional não faça como você, apresentando reportagens esclarecedoras e claras, ao contrário, mistificam e desinformam os cidadãos de bem que pagam caro por jornais que se autointitulam de primeira. Acreditando nos jornalões, que desprezam a liberdade que tem para contar a verdade, o povo forma seu entendimento e ai a elite consegue mais uma vez eleger os canalhas que nada vão mudar ou até piorar, contribuindo para, mais uma vez, desgraçar a combalida democracia brasileira. Vejam ai os Eduardo Paes no Rio e o tal Russomano em São Paulo !

eliani m santos

Azenha
Por favor, esclareça : “A principal reivindicação diz respeito ao programa Minha Casa, Minha Vida, que não atende àqueles que ganham até três salários mínimos.” O PMCMV tem como prioridade justamente a faixa de renda de ZERO a três salários mínimos. Sera que a Prefeitura de São paulo não está cadastrando e promovendo os empreendimentos para esta faixa salarial, utilizando o programa? As cooperativas habitacionais e entidades sociais de São Paulo não estão se organizando e aproveitando as possibilidades que o programa oferece, como a possibilidade de contratar mesmo com renda zero ? Será que é por desconhecimento ou por ser ação do governo federal?

Cibele

Que lindo, Azenha. Você é demais!
Aposto que a maioria dos que acessam este blog não sabe o que é não ter casa. Eu sei.

Fabio Passos

A “elite” branca e rica judia demais do povo brasileiro.

Expulsa milhares de famílias de suas casas para roubar o terreno como no Pinheirinho, taca fogo em favelas de São Paulo – com apoio de serra-kassab – prá faturar na especulação imobiliária… e não dá nem prá ir morar debaixo da ponte porque os fascistas colocaram rampa anti-mendigo.

Aqui em Curitiba o Bruno Meirinho do PSOL propôs:
Regularização fundiária e usucapião coletivo / Ocupação de imóveis vazios por meio do IPTU progressivo no tempo
Ganhou meu voto.

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