Dirceu Greco: A resposta brasileira para o enfrentamento da aids
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Dr. Dirceu Greco: “Há duas décadas o saudoso ativista Betinho já havia vislumbrado a cura da aids. Hoje temos nas mãos os instrumentos e a vontade política para o efetivo controle da epidemia, com a participação solidária e ativa da sociedade brasileira”. Foto: Agência Brasil
Dr. Dirceu Greco, para o Viomundo
Em relação ao manifesto “Aids no Brasil hoje: o que nos tira o sono?”, o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais reafirma que continua acreditando que a resposta brasileira à aids deve ser construída pela sociedade, por diversas e experientes mãos, respeitando os direitos humanos e as garantidas já conquistadas pelas pessoas que vivem e convivem com a aids no país.
O Ministério da Saúde tem investido estrategicamente na ampliação do diagnóstico precoce do vírus da aids. Em sete anos, o número de testes rápidos anti-HIV distribuídos aos serviços de saúde em todo o país mais que dobrou. Passou de 528 mil unidades, em 2005, para 1,2 milhão, só nos seis primeiros meses de 2012. Com esse aumento expressivo (226%), a Saúde busca chegar às 250 mil pessoas que, segundo as estimativas, têm o HIV e não o sabem.
O diagnóstico em tempo oportuno proporciona melhor qualidade de vida a quem têm o vírus e, consequentemente, tratamento para aqueles que necessitam de medicação.
Em relação ao tratamento, o número atual de pessoas que tem acesso aos 21 antirretrovirais disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é de 217 mil, enquanto em 2005 havia 165 mil pessoas fazendo uso do coquetel anti-aids.
Em relação a afirmada redução das gestantes em tratamento de 53,8% em 2005 para 49,7% em 2008, o Departamento informa que há dados mais recentes mostrando que não houve queda. As coberturas entre 2009 e 2011 foram respectivamente, 52%; 51,7% e 53,4%.
A ampliação da testagem e da assistência a quem precisa de tratamento se reflete na expectativa de vida de quem vive com HIV/aids. Só na faixa etária de crianças menores de 13 anos que vivem com aids, a probabilidade de sobrevivência passou de 24% para 86% nos últimos anos. Já a sobrevida de adultos vivendo com HIV/aids nas Regiões Sul e Sudeste, que concentram 84% das notificações no Brasil, dobrou no mesmo período. O tempo médio de sobrevida saltou de 58 meses para mais de nove anos depois do diagnóstico de aids.
Sobre o número de casos de aids notificados, os números apresentados no manifesto para 2010 (37.219) não condizem com os dados registrados no Boletim Epidemiológico para o mesmo período (34.218). Esse aumento de 1.052 casos novos no período de 6 anos é condizente com a afirmação de que a epidemia está estabilizada. Além disso, com a integração com a atenção básica, inclusive na Rede Cegonha, e a aquisição e distribuição de testes rápidos em quantidades cada vez maiores, é esperado que haja maior número de pessoas diagnosticadas e tratadas de maneira adequada dentro do SUS.
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Apesar do reconhecimento da atuação brasileira no combate à aids, há vários desafios a superar. É necessário fortalecer ainda mais a prevenção e o diagnóstico, além de melhorar a rede de atenção às pessoas que vivem com HIV/aids.
Há duas décadas o saudoso ativista Betinho já havia vislumbrado a cura da aids. Hoje temos nas mãos os instrumentos e a vontade política para o efetivo controle da epidemia, com a participação solidária e ativa da sociedade brasileira. Vale enfatizar que toda mobilização e contribuição para aprimorar a resposta brasileira é sempre benvinda. Somos todos cidadãos e ativistas com o objetivo de fortalecer a saúde pública através do SUS, na luta contra todo tipo de discriminação e estigma e contra todas as formas de violência.
Dr. Dirceu Greco é diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde e professor titular licenciado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
PS do Viomundo: Liguei (eu, Conceição Lemes) para o dr. Dirceu Greco, para saber o que havia achado do manifesto com críticas ao programa brasileiro de aids. Ele nos enviou a resposta por e-mail. É o texto deste post, que publicamos na íntegra.
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