Dilma: “A gente pode até dar uma envergadinha, mas não quebra”

Tempo de leitura: 3 min

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Fátima Oliveira, em O TEMPO

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Hildegard Angel tuitou: “Lo Prete comandando ‘Painel na TV’ em que discutem fórmulas variadas para arrancar Dilma do cargo, mesmo que não haja motivo legal para isso!” (2.1.2016). Eis o sexismo/machismo explícito! Respondi: “É impressionante a impregnação de sexismo que alicerça o ‘querer’ tirar @dilmabr do cargo! Pode analisar os mil e um desejos”.

A presidenta Dilma entende que sofre preconceito de gênero: “Alguma vez você já ouviu alguém dizer que um presidente do sexo masculino coloca o dedo em tudo? Eu nunca ouvi falar disso. Eu acredito que há um pouco de preconceito sexual ou um viés de gênero. Sou descrita como uma mulher dura e forte que coloca o nariz em tudo e estou cercada de homens meigos” (“The Washington Post”, 25.6.2015).

“A burguesia brasileira e seu apêndice cecal, os novos-ricos, evidenciam uma fixação vitoriana degradante na sexualidade da presidenta”, como eu disse em “A burguesia sem charme, sem finesse, machista e despudorada” (O TEMPO, 7.7.2015).

Há um contexto de exacerbação de ódio de classe, de racismo e de horror aos pobres no Brasil, pari passu ao minguar do exército de reserva para trabalhos servis a preços vis desde quando Lula declarou: “O Brasil só será uma nação minimamente justa quando todos os brasileiros tiverem o direito de fazer três refeições por dia”, o que, para os partidários da filosofia da miséria, é uma heresia!

Relembro: “Extinguir a fome foi o eixo político que inspirou Lula a criar o projeto Fome Zero, em 16.10.2001, pelo Instituto da Cidadania, por ele coordenado. Quando Lula assumiu a Presidência da República, o projeto virou o programa Fome Zero, que em 20.10.2003 recebeu um aporte vigoroso: o Bolsa Família, com decisões visionárias que retiraram o Brasil do Mapa da Fome da ONU em 2014. (…) o Bolsa Família investe apenas 0,8% do PIB e contempla 50 milhões de brasileiros (um em cada quatro cidadãos está no Bolsa Família), e sem tal dinheiro mais de 25% dos brasileiros ainda estariam passando fome (Disse Maiakóvski: gente é pra brilhar com brilho eterno!” (O TEMPO, 11.8.2015).

Escrevi em “Por que o programa Bolsa Família desperta tanto ódio de classe?” e sou incansável em repetir que ele “é o maior e mais importante programa antipobreza do mundo e foi copiado por 40 países – é uma ‘transferência condicional de renda’ que objetiva combater a pobreza existente e quebrar o seu ciclo” (O TEMPO, 11.6.2013). E Dilma honra o compromisso, o que ensandece ainda mais o ódio de classe que “quer porque quer” expurgá-la da Presidência da República. O ódio de classe recebe aportes de fôlego do machismo/sexismo, já que os “contra” ousam fazer com Dilma o que jamais fariam com um homem na Presidência da República, a começar pelo derrotado nas eleições de 2014. A birra renitente em não aceitar a derrota até agora é o inconformismo de perder pra mulher!

Não há dúvida de que, se o derrotado tivesse perdido para um homem, já se teria calado e não estaria aí engendrando crises políticas num momento de dificuldades econômicas! É verdade que “as denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras, o aumento da energia elétrica e dos combustíveis e a adoção de uma política econômica baseada na austeridade fiscal fizeram a popularidade do governo cair rapidamente” (“O ano em que Dilma ‘deu uma envergadinha’, mas não quebrou”, Marco Weissheimer, 3.1.2016).

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Palavras da nossa presidenta, em 22.12.2015, que quer deixar como marca do seu governo uma enorme redução na desigualdade social: “A gente pode até dar uma envergadinha, mas não quebra”.

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Comentários

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FrancoAtirador

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“Aprovação da CPMF é Questão de Saúde Pública”
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A presidenta Dilma Rousseff disse hoje (7), durante café da manhã com jornalistas
no Palácio do Planalto, que a Aprovação da CPMF é Questão de Saúde Pública.
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“Não é questão só de reequilíbrio fiscal, mas também é Questão de Saúde Pública.
Aprovar a CPMF pode ajudar a resolver o problema da saúde pública no país”, afirmou.
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(http://radios.ebc.com.br/reporter-nacional/edicao/2016-01/dilma-diz-que-aprovacao-da-cpmf-e-questao-de-saude-publica)

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