Cristina Serra: Lula, o mercado e a Folha

Tempo de leitura: 2 min
Importantes personalidades da sociedade civil brasileira, entre ex-ministros dos governos Sarney, Itamar e FHC, ex-secretários de estado, juristas e educadores se reuniram em São Paulo (SP), para declarar apoio a Lula e Alckmin. No encontro, eles destacaram a defesa da democracia e a importância da união entre a dupla para capitanear a formação e consolidação de uma frente ampla para enfrentar o bolsonarismo. Foto Ricardo Stuckert

Lula, o mercado e a Folha

Por Cristina Serra*, Folha/Uol

O mercado fez o possível para emplacar um candidato de terceira via.

Queria alguém limpinho, que saiba usar os talheres, para aprofundar a pauta ultraliberal de Paulo Guedes, dono de uma fortuna offshore, que caiu em conveniente esquecimento nas páginas da imprensa.

Como não deu certo, agora, em tom de ultimato, o mercado tenta impor sua própria lógica e agenda a Lula, atropelando dinâmicas inerentes à política, num momento em que o candidato busca ampliar ainda mais sua base de sustentação. Não só para se eleger, mas para conseguir governar o país fraturado que sairá das urnas, na hipótese de ser o vencedor.

É lamentável que este jornal assuma papel de porta-voz da insensatez, ao cobrar de Lula o reconhecimento de que “a agenda liberal dos últimos anos trouxe avanços duradouros” e ao exigir que o candidato indique quem será seu ministro da Economia.

“Avanços duradouros” para quem?

Para os alunos que dividem um ovo por quatro na merenda escolar?

Para Miguel, de 11 anos, que ligou para a polícia, em Minas Gerais, pedindo comida para a mãe e os irmãos?

Para os que estão na fila da carcaça?

Para os que só conseguem comprar soro de leite para alimentar os filhos?

Para as crianças que desmaiam de fome em sala de aula?

Lula não é um desconhecido, nem uma incógnita. Quando governou, respeitou contratos e o equilíbrio fiscal.

Deu um passo gigante em direção ao centro, ao trazer Geraldo Alckmin para vice.

As adesões de Simone Tebet, de FHC e dos economistas do Plano Real são um reconhecimento das credenciais democráticas de Lula no exato momento em que Bolsonaro afia as garras contra o STF.

Janio de Freitas, mestre e bússola no ofício, assinalou que exigir de Lula nomes de eventuais ministros é pretexto para apoio a Bolsonaro.

A estratégia discursiva da (falsa) equivalência entre os dois candidatos desonra o lema deste jornal (“a serviço da democracia”) e é uma deslealdade com os leitores que nele acreditam.

*Cristina Serra, jornalista e escritora. É colunista da Folha/Uol

Leia também:

Karla Monteiro: É o fascismo, Folha

Janio de Freitas: Exigência de nome de Lula para Economia é pretexto para apoiar Bolsonaro


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

NIEDJA GUEDES

Agora tem isso? Indicar Ministro da Economia para o Governo do PT?! Por que não indicaram para o Desgoverno Bolsonaro que está deixando o Brasil no caos?! Hipócritas!

Zé Maria

Excerto

“É lamentável que este jornal [Folha de S.Paulo] assuma
papel de porta-voz da insensatez, ao cobrar de Lula
o reconhecimento de que ‘a agenda liberal dos últimos
anos trouxe avanços duradouros’ e ao exigir que o
candidato indique quem será seu ministro da Economia.

‘Avanços duradouros’ para quem?

Para os alunos que dividem um ovo por quatro na merenda escolar?

Para Miguel, de 11 anos, que ligou para a polícia, em Minas Gerais,
pedindo comida para a mãe e os irmãos?

Para os que estão na fila da carcaça?

Para os que só conseguem comprar soro de leite para alimentar os filhos?

Para as crianças que desmaiam de fome em sala de aula?”

.

Nelson

Nenhuma surpresa no comportamento da tal Falha de SP. Ao serem instados a escolherem entre a liberdade de imprensa – a verdadeira – e o patrocínio [$$$$], 11 em cada 10 órgãos da mídia hegemônica vão optar pela segunda opção.

Donde se deduz que a primeira nunca poderá ser exercitada por esses órgãos, uma vez que, ao optarem pela segunda se tornarão devedores daqueles que os patrocinam e obrigados a para os patrocinadores trabalharem. O exercício da verdadeira liberdade de imprensa não se coaduna com os interesses dos patrocinadores da mídia.

Trabalhadores e profissionais liberais, micro e pequenos empresários, setores médios da sociedade, os chamados remediados, recebem salários ou obtêm lucros mais altos ou mais baixos, conforme o setor em que trabalham, que os permitem ir tocando a vida.

Alguns conseguem obter uma quantidade maior de dinheiro por seu trabalho o que permite a eles viverem uma vida com conforto maior. Porém, para a grande maioria a realidade será a da sobra de mês no final do salário e a convivência eterna com a penúria.

Assim, quem tem, realmente, as condições para patrocinar os órgãos da mídia são somente os que habitam o topo da pirâmide, os ricos, milionários e bilionários. Então, a forma como esses órgãos vão divulgar os fatos, as notícias, as opiniões, vai, inevitavelmente, ficar condicionada aos interesses desse diminuto segmento que é o que tem recursos em abundância para fazer com que a mídia trabalha para si.

Enquanto isso, a mídia hegemônica estará jogando sobre os de baixo, que conformam a esmagadora maioria da população, uma carga brutal, descomunal, de propaganda ideológica que os fará, com poucas exceções, acreditarem piamente que vivem num maravilhoso mundo democrático onde desponta a liberdade de imprensa.

Uma propaganda tão bem elaborada que, ao surgir uma proposta de regulação dessa mídia, os de baixo vão acreditar que se trata de cerceamento e de ditadura e passarão a defender, com unhas e dentes, exatamente aqueles que estão manipulando suas mentes e tolhendo a liberdade de imprensa que dizem professar.

Tão bem orquestrada é a propaganda ideológica que os de baixo estarão a defender aquilo que dizem não querer, que dizem abominar.

Zé Maria

.

Qual é o Ministro da Economia

indicado pela Folha? O Guedes?

Exigimos uma Resposta!

.

    Zé Maria

    .

    O Guedes? Limpinho do Mercado ?

    O Guedes é “Paulo de Galinheiro”

    .

Deixe seu comentário

Leia também