Comissão Arns pede ao governador de SP anulação da lei que homenageia o coronel Erasmo Dias, agente da ditadura militar

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Em 1977, como secretário da Segurança do Estado de São Paulo, o coronel Erasmo Dias coordenou a brutal invasão da PUC-SP; policiais militares agrediram e feriram dezenas de estudantes, além de rasgar livros da biblioteca da universidade. Foto: Reprodução

Da Redação

A Comissão Arns enviou nesta quinta-feira, 29/06, carta ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), pedindo anulação da lei, que homenageia o Coronel Erasmo Dias, expoente da ditadura militar.

A lei é a17.700, promulgada pelo governador na terça-feira, 27/06.

Ela dá o nome de Coronel Erasmo Dias a um trecho da Rodovia Manílio Gobbi, que vai de Assis a Paraguaçu Paulista.

Num dos trechos, a carta destaca:

“Adepto do uso da truculência contra a população civil, os estudantes e os militantes da resistência ao golpe militar, Erasmo Dias, falecido em 2010, ostenta um tenebroso currículo formado a partir das suas posições de comando, quando empreendeu ações de repressão, tortura e morte nos chamados anos de chumbo”.

Assinam a carta ao governador:

Claudia Costin, ex-ministra da Administração e ex-secretária da Cultura do estado de São Paulo

José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça e ex-presidente da Comissão Nacional da Verdade

José Luiz Del Roio, ex-senador da República italiana

Paulo Vannuchi, ex-ministro dos Direitos Humanos

Paulo Sérgio Pinheiro, ex-ministro da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e ex-presidente da Comissão Nacional da Verdade.

Leia a íntegra do documento

“Excelentíssimo Dr. Tarcísio de Freitas, Governador do Estado de São Paulo

A Comissão de Defesa de Direitos Humanos D. Paulo Evaristo Arns – Comissão Arns, que aqui representamos, vem à presença de V. Exa. manifestar o seu repúdio à homenagem feita ao Coronel Erasmo Dias, agente da ditadura militar, responsável por graves violações a direitos e à dignidade humana.

Causa espanto que o governo paulista valide tal deferência, promulgando a Lei 17.700, em 27.07.2023, que concede a denominação “Deputado Erasmo Dias” a um trecho da Rodovia Manílio Gobbi.

Adepto do uso da truculência contra a população civil, os estudantes e os militantes da resistência ao golpe militar, Erasmo Dias, falecido em 2010, ostenta um tenebroso currículo formado a partir das suas posições de comando, quando empreendeu ações de repressão, tortura e morte nos chamados anos de chumbo.

Em 1968, como comandante da Fortaleza de Itaipu, na cidade de Praia Grande, assim atuou no encarceramento de jovens que participavam de um congresso da União Nacional dos Estudantes, em Ibiúna.

Da mesma forma, em 1970, usou de violência e tortura na repressão a militantes que lutavam contra a ditadura, no Vale do Ribeira.

Como secretário de Segurança do Estado de São Paulo, em 1977, coordenou a brutal invasão da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em que policiais militares agrediram e feriram dezenas de estudantes, além de rasgar livros da biblioteca da universidade.

Certos de que o estado de São Paulo não merece ter esta mácula em sua história, pedimos a V. Exa que a vergonhosa honraria seja prontamente anulada.

São Paulo, 29 de junho de 2023.

Claudia Costin, ex-ministra da Administração e ex-secretária da Cultura do Estado de São Paulo

José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça e ex-presidente da Comissão Nacional da Verdade

José Luiz Del Roio, ex-senador da República italiana

Paulo Vannuchi, ex-ministro dos Direitos Humanos

Paulo Sérgio Pinheiro, ex-ministro da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e ex-presidente da Comissão Nacional da Verdade”

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