Chioro: Brasil terá 500 mil mortos até julho e imunidade coletiva só no segundo semestre de 2022, por isso é preciso interditar Bolsonaro

Tempo de leitura: 3 min

Azenha · Chioro: É preciso interditar Bolsonaro

Da Redação

Como secretário da Saúde de São Bernardo do Campo, o sanitarista e hoje professor da Unifesp, Arthur Chioro, testemunhou a rapidez com que o Brasil foi capaz de agir contra o H1N1.

O governo Lula comprou vacinas de cinco fontes diferentes antes mesmo da transferência de tecnologia e usou a experiência do Plano Nacional de Imunização, que antecede o SUS, para vacinar toda a população rapidamente.

Posteriormente, Chioro se tornou ministro da Saúde da presidenta Dilma Rousseff e enfrentou com sucesso a ameaça do Ebola.

Mas, desta vez, segundo o ex-ministro, o Brasil sob Bolsonaro não fez a lição de casa e possivelmente apostou numa imunidade coletiva sem intervenção estatal, o que foi defendido pelo ex-ministro Osmar Terra e já custou 270 mil vidas.

“O que nos revolta é que nos poderíamos ter solicitado até 30% das vacinas necessárias para a nossa população do fundo Covax, dirigido pela OMS, mas pedimos apenas 10%, sem prioridade”, ele denuncia.

Na previsão de Chioro, serão 500 mil brasileiros mortos até julho. Para efeito de comparação, ele lembra que a doença que mais matou no Brasil até hoje foi o infarto do miocárdio, em 2017: 112 mil pessoas.

Relembra um estudo do Imperial College britânico que previa que se o Brasil tomasse todas as medidas necessárias para combater a pandemia, teria 44 mil óbitos.

O pai do ex-ministro, Ademar dos Reis, de 83 anos de idade, foi parar na UTI por causa da doença, mas felizmente se recuperou — embora ainda enfrente sequelas.

Chioro diz que pelo pacto federativo a obrigação de comprar vacinas é do governo federal, tanto que o governador João Doria teve de entregar as doses envasadas pelo Instituto Butantan ao Ministério da Saúde.

O ex-ministro acompanha os bastidores das negociações e, a partir do andamento delas, diz que o Brasil só atingirá a imunização de 70% da população no segundo semestre de 2022, quando isso está previsto para acontecer nos Estados Unidos em junho de 2021 e no Reino Unido em julho deste ano.

A China deve terminar a vacinação de mais de 1 bilhão de pessoas em fevereiro de 2022.

“Nós pagamos o preço da teimosia, da burrice, da posição criminosa deste governo”, afirma Chioro.

Ele lembra que o Canadá comprou cinco vezes mais vacinas do que necessitava para sua população, dada a incerteza sobre a eficácia dos imunizantes, mas com isso acelerou a vacinação, reduziu o número de mortes e reabriu a economia mais rapidamente.

Bolsonaro, por sua vez, provavelmente sob influência do ministro da Economia Paulo Guedes, quis forçar uma negociação com fabricantes a partir de uma posição de fraqueza, produzindo a catástrofe em andamento.

Chioro não tem nenhuma dúvida em definir como “criminoso” o comportamento de Jair Bolsonaro, por colocar dúvidas sobre a doença, o uso de máscaras e atuar contra o distanciamento social.

Para Chioro, há sinais claros de que a queda de casos nos Estados Unidos não tem relação só com a vacinação e o fim do inverno, mas também com a nova atitude dos governantes a partir da posse do democrata Joe Biden, que substituiu o negacionista Trump.

O ex-ministro concorda com cientistas de outros países que definem o Brasil como uma possível ameaça à saúde pública global, já que a falta de medidas de combate à pandemia pode resultar na produção de novas variantes do vírus com potencial para se espalhar e comprometer o trabalho feito lá fora para conter a pandemia.

“A tragédia humanitária, sanitária, funerária, econômica, política e social neste momento exigiria ou o impeachment ou a interdição do presidente Bolsonaro e a construção de um governo de união nacional para tomar as medidas minimamente necessárias para tirar o Brasil desta crise”, diz Chioro.

Ouçam no topo da página a instrutiva entrevista dada pelo ex-ministro ao Viomundo.


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Comentários

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Albino

Parece-me que há um erro de digitação no texto, pois foi digitado “2020” e acredito queria “2022”.
Do jeito que está o texto está incoerente com o título!

Hairy Heart

Pois é… e o único a pedir a interdição FORMALMENTE do Bozo foi o PDT de Ciro Gomes…
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Cadê a turma do PT ?
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https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2021/03/08/pdt-pede-interdicao-de-bolsonaro-a-pgr-por-conducao-da-pandemia.htm
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Fabris Argeli

Nem vacina. Tá russo a coisa, hein.
Deu muito certo a revolução de 2016.
Basta olhar a panela.

Henrique Martins

https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/vice-presidente-mourao-o-povo-e-soberano-se-quiser-a-volta-de-lula-paciencia/

Olha general Mourão, não vai ser difícil Lula ou quem quer que ele apóie vencer as eleições de 2022 não. No fundo o senhor sabe muito bem disso.

Vocês convivem com Bolsonaro e sabem muito bem que ele é um homem desequilibrado. Ocorre que ainda tem a metade do mandato para ele nos dar mais e mais provas da sua insanidade.
Bolsonaro não chega ao final desse mandato nem que a vaca tussa. A situação dele vai ficar insustentável. Ele pode comprar o Congresso inteiro que se o povo quiser ele cai porque existe um instituto que se chama RENÚNCIA.

Neste sentido, é o senhor que terá que consertar as lambanças dele se quiser competir com Lula ou seu candidato. Em outras palavras: é o senhor que vai encarar o paredão de 2022 e não Bolsonaro.
No entanto, uma coisa é certa: o meu voto o senhor não terá.

Henrique Martins

Pergunte a qualquer psiquiatra o que ele acharia de um paciente com segundo grau que aparecesse no seu consultório lhe garantindo que a Terra é plana.
Alias, o discurso do Lula foi impecável. Mas aquela do astronauta foi sensacional.

Zé Maria

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Talvez a expressão para o resultado da tragédia sanitária
pelo uso de meios criminosos pelo desgoverno Bolsonaro
seja mesmo a “Banalização da Boçalidade” ou até, quiçá,
a “Boçalidade do Mal” – parafraseando Hannah Arendt.
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