Carta Maior: Política externa independente torna Brasil confiável

Tempo de leitura: 2 min

CLAMOR  DAS RUAS  SANCIONA  POLÍTICA INDEPENDENTE DO ITAMARATY

da Carta Maior

Não há projeto alternativo claro às ditaduras e semi-ditaduras aliadas dos EUA no Oriente Médio. Mas a saturação popular após décadas de obscurantismo e miséria acumula   vapor  suficiente para arrebentar as tampas da blindagem repressiva que protegia regimes e seus cúmplices internacionais. A perplexidade das elites locais é a mesma de seus aliados urbi et orbi –não só os EUA ou a direita de Israel, mas também o conservadorismo político brasileiro, por exemplo.

Nos últimos anos, a coalizão de interesses demotucanos criticou acidamente a política externa independente de Lula na região. Não seguir a cartilha da subserviência esférica às linhas do departamento de Estado norte-americano era apontado como sinônimo de complacência com o desrespeito aos direitos humanos –caso da tentativa brasileira de mediar o conflito iraniano/norte-americano em aliança com a Turquia.

Nada se dizia, porém, sobre a podridão social e repressiva em regimes vistos como ‘confiáveis’ –entre eles o do Egito, agora em chamas.

Graças a ousadia do Itamaraty sob o comando de Celso Amorim e Samuel Pinheiro Guimarães, hoje o Brasil goza de prestígio e simpatia junto às forças políticas emergentes em diferentes pontos da região, onde o furor difuso das ruas já provoca debandadas e concessões. Na Tunísia, após um mês de conflitos e 23 anos de ditadura, o déspota Ben Ali escafedeu-se deixando um rastro de cerca de 60 mortos e centenas de feridos.

No Iêmen, Ali Abdullah Saleh, desistiu da  reeleição em 2013 e tenta, ao menos, garantir-se até lá oferecendo prendas aos militares.  Na Jordânia, caiu o  primeiro-ministro. Na Síria, Bashar al Assad, anuncia mais mudanças econômicas e institucionais. Na Argélia,  sob ‘estado de exceção’ há 20 anos,   Bouteflika garante que vai devolver o poder às urnas. No Egito, Mubarak insiste em comandar seu próprio funeral, mas nem os EUA tem mais paciência com o cadáver político do seu aliado. A intenção é sepultar o corpo rapidamente para evitar que a putrefação  contamine até possíveis substitutos de confiança do Ocidente –entre eles a alta oficialidade do Exército.

A mídia demotucana finge não ver o óbvio: graças à postura independente dos últimos oito anos, o Brasil emerge nesse cenário como um interlocutor respeitado e confiável, um parceiro equidistante que coloca a paz e o desenvolvimento  social e econômico acima dos fundamentalismos. Não apenas os inspirados em Alá, mas também os daqueles que, ajoelhados no altar dos direitos humanos, abençoam a tortura e a miséria como o ‘preço’ a pagar pela  estabilidade dos suprimentos de petróleo.

(Carta Maior, sábado,05/02/2011)


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Comentários

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Silvio

Azenha:
No governo Lula com Celso Amorim, Brasil ocupou o espaço que estava reservado para ele fazia anos. Agora o Itamaraty parece que foi adivinho, de prever o que se estava preparando.

Paulo

Infelizmente este imperio nao vai desmoronar tao cedo.. mas vai.. vai quando o mundo cair na real de que pode sobreviver sem o EUA e pode e como pode.

O sistema capitalista é bom.. mas precisa ser ajustado dando um direcionamento ao socialismo. por que eu falo que o sistema capitalista é bom.. por que quando o ser humano tem um emprego estável e por lei não pode ser demitido.. as coisas não funcionam vejamos como exemplo empresas estatais e órgãos publico mas infelizmente quando o ser humano tem algo a se temer que no caso é perder o emprego a pessoa produz e a sua eficácia aumenta e muito sem grandes choros por quando a pessoa se acostuma com um sistema dinamico onde todos ali fazem da mesma forma . mas deveria ser direcionado ao socialismo em um sistema onde todos terão as mesmas chances para qualquer beneficio básico que um ser humano tem que ter.

Carta Maior: Política externa independente torna Brasil confiável « Arengueiro Natal/RN/Brasil

[…] Direto do Vi o Mundo. […]

assalariado.

Independente,não sei do que(do G7?) então, mas vamos lá…
O império do capital está desmoronando,também,pelas beiradas… quando o sistema capitalista ruir de vez,não haverá choro,nem velas que de conta. A postura externa politico/economico do governo brasileiro com as pequenas economias,perante os donos do planeta dinheiro é que,na relação comercial sul/sul (pobre com pobre),o Brasil,acabou de certa forma ganhando a confiança dos mercadores/governos capitalistas menores dos países em desenvolvimento(oriente médio,entre eles),que por sua vez sempre foi renegado há eternos fundamentalismos/ditaduras de toda ordem,e também a um 2º plano pelas nações ditas desenvolvidas,conhecidas também como G7,que,por sua vez,estão ao fim do ciclo desenvolvimentista do capital financeiro especulativo em seus países.Esta é a sua última fase de desenvolvimento. "…chora burguesia,burguesia chora,esta chegando a sua hora…" ,inclusive, da "nossa".

Saudações Socialistas.

O_Brasileiro

O nacionalismo dos jornalistas da mídia golpista é zero. Semelhante ao de público.
Ontem, numa reportagem sobre o menino brasileiro que foi falar com o papa, um comentarista desprezava o fato de pessoas terem gritado "Brasil, Brasil".
Esses anti-brasileiros, que não existem no exterior, só aqui dentro do Brasil, preferem se dizer não-brasileiros, como se suas cidades de que tanto se orgulham fossem exclaves de nações ricas.
O que envergonha o Brasil não é o seu povo, é a sua "elite" medíocre e ainda colonizada!

aldo luiz

11 de outubro de 2010 / "DILMA E SERRA ENFRENTAM-SE NA TV E TROCAM ACUSAÇÕES.
Descalços não tiram sapatos… E os políticos estão aí para nos manter ocupados, discutindo no labirinto do nada, a indecorosa ilusão de que temos liberdade de escolha. Enquanto isto, os divinizados intocáveis banqueiros com sua escassez planejada de tudo, se divertem contando as doações de mais juros sobre juros, que aterrorizado, honestamente, o povo corre a "depositar" para tentar se socorrer. É O CRIME PERFEITO…
Caro Azenha, sinto muito, ou grato.

ZePovinho

Antes que a direitinha comece a vociferar,a política externa independente começou com San Thiago Dantas(lá com Jânio Quadros) e ele era da UDN.

João da Costa

Não tiremos mais os sapatos…

Prezado Azenha,

Excelente é o termo pra designar a seleção dos artigos publicados no teu (e dos teus leitores) Vi o Mundo. Exemplo disso é o artigo da Carta Maior sobre como foi nos tempos de Lula e o que deveria ser a política externa brasileira.

Certo que ainda não perdi as esperanças na Dilma. Contudo, e como você, curto grandes saudades do Celso Amorim. De fato, o grande brasileiro e diplomata que ele é, deixou uma lição que deveria ser aprendida por todos os brasileiros: a de que, como nação, podemos ser independentes e amigos de todas as demais, sem que seja preciso tirar os sapatos…

E vai em frente com esse blogue tão especial! Abraços,

João da Costa

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