O que Armínio Fraga quer fazer com nossas reservas cambiais

Tempo de leitura: 3 min

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Segundo Sicsú, a cartilha acima é o DNA da proposta de Armínio e Aécio para “desmontar” o estoque de reservas cambiais brasileiras

Da Redação

Proposta tucana: desmontar as reservas cambiais brasileiras

Armínio quer ‘desmontar’ o estoque de reservas cambiais brasileiras para conter as pressões do dólar com o aumento dos juros

O ex-presidente do Banco Central (BC) Armínio Fraga, anunciado por Aécio Neves (PSDB) como ministro da Fazenda em um eventual governo tucano, disse na última quarta-feira à agência Reuters que pretende interromper imediatamente o programa de intervenções cambiais do BC e desmontar seu estoque ao longo do tempo.

“Nós certamente não teríamos esse programa [de swap cambial]”, disse Armínio à Reuters, por telefone. “Tem o fluxo e o estoque. A intervenção seria removida imediatamente e o estoque pode ser desmontado ao longo do tempo”, afirmou.

O atual programa de intervenção cambial do BC, lançado em agosto do ano passado, tem como objetivo conter a volatilidade do dólar a partir de leilões diários do swap cambial, que equivalem a vendas da moeda norte-americana no mercado futuro.

Para conter a demanda pela moeda estrangeira sem mexer nas reservas cambiais, o BC oferece contratos de vendas de dólares no mercado futuro e se compromete a pagar juros sobre o valor dos contratos, recebendo do investidor a variação da moeda norte-americana no período.

Em junho, o BC anunciou a extensão do programa de intervenção, sem alterações, pelo menos até o fim deste ano.

Ao interromper o programa e desmontar o estoque de reservas,  ex-presidente do BC inviabilizaria, na prática, qualquer operação cambial por parte da autoridade monetária. Dessa firma, restaria ao BC elevar a taxa de juros para combater as pressões da moeda estrangeira.

Conforme documento recuperado pelo economista João Sicsú em sua página no Facebook, a estratégia não é nova. Segundo ele, “O Regime Cambial Brasileiro”, lançado em de novembro de 1993, era, de fato, uma cartilha sobre como acabar com as reservas brasileiras em dólar, ensinando e estimulando a retirada de recursos do país.

Em um dos trechos, o documento diz: “A rigor, não há nada de errado em o cidadão comum, contribuinte e em dia e cumpridor dos seus deveres, dispor de suas poupanças como bem quiser, aí compreendido, inclusive, remessas para o exterior. O verdadeiro problema não é cambial, mas fiscal.”

Em outra passagem, a cartilha sugere: “Se o não-residente é uma instituição financeira, o saldo em cruzeiros reais de sua conta-corrente pode ser utilizado para comprar moeda estrangeira e remetê-la ao exterior, sem qualquer restrição.”

E deixa as formalidades de lado para apresentar sua receita de maneira informal: “Isso significa que, se um agente quiser fazer uma remessa para exterior, basta que deposite cruzeiros reais na conta de uma instituição financeira não-residente e deixe que ela faça o resto.”

Na época, o diretor de relações internacionais do BC era Gustavo Franco e o presidente da instituição era Pedro Malan, que se tornou ministro da Fazenda no governo Fernando Henrique Cardoso, inclusive durante a gestão de Armínio no BC.

O documento foi apelidado pelo mercado financeiro de “Livreto Branco da Sacanagem Cambial”, como revelou um funcionário do BC em depoimento ao Ministério Público, que tentou investigar o caso.

Para Sicsú, a cartilha é um DNA da proposta de Armínio Fraga e Aécio Neves para desmontar o estoque de reservas cambiais brasileiras.

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Ouça o que Armínio Fraga disse sobre os bancos públicos


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Comentários

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Milton Pereira Neves

E depois de tudo isso ainda varreram a corrupção para debaixo dos tapetes judiciários e das redações midiáticas. Fala serio!! Os “bem informados” do FHC são também muito mau intencionados.

Urbano

O mesmo que fez da outra vez; cambiar, cambiar, só cambiar. No final das contas, o pobre ficou ainda mais nu e com um papagaio pra pagar, que mais parecia uma ema.

José Souza

Um dos problemas por que sempre passou o país foi a falta de reservas em moeda de aceitação internacional, ou seja, US$. O país sempre foi tomador de empréstimos nos vários organismos internacionais de financiamento que acabavam por ditar a política econômica/financeira que deveríamos seguir. Só no governo do Príncipe da Privataria o país foi ao FMI três vezes para obter empréstimos. Desde a chegada do PT ao poder não mais necessitamos de empréstimos externos. Além disso, o governo formou um fundo de 400 bilhões de US$ que serve como um “airbag” contra movimentos bruscos, crises e ataques especulativos de origem internacional. Três coisas vão ocorrer se eliminar esse fundo: 1- o país, fatalmente, voltará para a lista dos dependentes de empréstimos externos; 2- teremos, novamente, as visitas das missões do FMI auditando as contas públicas e exigindo cartas de intenção; e 3- perda de autonomia nos rumos da política econômica e financeira. Isso tem reflexo no prestígio internacional que o país conseguiu na última década a começar pelos componentes do grupo BRICS. Será necessário uma análise mais detalhada das intensões do futuro ministro, caso o Aébrio vença as eleições. Agora, para terminar, um dito popular que se aplica ao caso: “quem se desfaz do que tem, a pedir vem”. Acorda ex-futuro ministro!

FabioT

esse pessoal vende até a mãe…PQP

ricardo almeida

Na verdade estou coom muita convicçao que e por ahi o aecio faz algumas promessas que incluen em distribuiçao de ” renda” mas nao diz da onde tiram recursos mesmo que a fundo perdido, quando eles falam em ” dinheiro tem” e da reserva que vao mexer.

Márcio Gaspar

Querem voltar ao poder para concluir o que não conseguiram durante o período 1994-2002. Iriam transformar o Brasil num cassino particular aos seus interesses. A máfia iria agradecer pela oportunidade de lavar o dinheiro pelo Brasil.

Ulisses

Mas o que significa desmontar? O que vão fazer com os quase 400 bilhões de reservas cambiais, o que nos garante lastro em uma crise financeira? Vão roubar mesmo ou torrar em farras homéricas no exterior? Um apartamento na avenida Foch em Paris, vizinho do FHC?

    Joao Bosco Soares Junior

    Não, como o texto disse, vao arrecadar em títulos de curto e médio prazo pra agora, para manter o dólar mais baixo, deixando a divida para mais tarde ser paga com juros estratosféricos. É assim que o dinheiro arrecadado com as estatais privatizadas virou pó. Igualzinho.

Yule Cristina

Parece que esse sujeito só tem na cabeça sacanagem contra o Brasil, se ele é o principal ministro de Aécio, tanto que já foi escolhido, um possível governo de Aécio será para detonar o país de vez, é marca registrada do PSDB, quando quer vender um bem do país a preço de banana, detona esse bem, como fizeram com a Petrobrás quando queriam vende-la. Espero que o povo tenha discernimento na hora de votar e não entregue o país nas mão desses anti-povo.

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