Adilson Filho: Messi ou Cristiano Ronaldo?

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Messi ou Cristiano Ronaldo?

por Adilson Filho

Cristiano Ronaldo entrará para a história como o jogador que conseguiu se manter no topo do mundo com uma regularidade assustadora na Era Messi.

Considerando-se o fato do argentino ser um gênio da bola, talvez o mais assombroso de todos os tempos, fazer a ‘frente’ que ele faz não é pouca coisa.

Dito isso, acho que será sempre impossível falar em “melhor jogador de todos os tempos”, pois futebol é um esporte coletivo que sofreu variações drásticas desde que surgiu.

Mudanças no ritmo do jogo e mudanças, sobretudo, na evolução técnica dos atletas.

O futebol antigo, que dá pra marcar até ali próximo a Copa de 70, era muito fundamentado em cima da habilidade do jogador.

O cara tinha talento, bom controle de bola, tinha ginga, tinha drible ele já estava bastante a frente da concorrência.

Força, velocidade, raciocínio rápido, capacidade de improviso, condução e explosão era o ‘por conta da casa’, algo mais que podia dar o diferencial, mas a técnica apuradíssima (que hoje é exigida quase acima de tudo), embora necessária, não era o quesito principal, ou, pelo menos, não era tão exigido.

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A forma como a bola rolava — com mais cadência, mais espaço, etc — não exigia do jogador o máximo que poderia em termos técnicos: passes longos por baixo, chutes de fora da área, domínio em velocidade, ‘troca de marcha’ rápida e por aí vai.

Prevalecia, então, o bom drible, as boas tabelinhas e os gols por penetração.

Ou seja, o espaço para o jogador destilar a sua habilidade era enorme.

Neymar, super habilidoso, e muito bom tecnicamente, jogasse naquela época, seria considerado um extraterrestre.

Um jogador como Robinho, com muita habilidade mas técnica razoável, seria, há 50 anos, craque com o nome marcado na História.

Ronaldinho Gaúcho, caso talvez de maior distância entre habilidade (nível estratosférico) e técnica (deficitária em vários quesitos), manteria-se alguns anos a mais no topo, ao invés de só dois (mesmo com todas as desculpas que tentam dar hoje — cachaça, desinteresse, mulheres — como se a gente não soubesse quem foi Garrincha e tudo que ele fez em toda a sua brilhante carreira apesar dos pesares).

Pelé, provavelmente, seria o mesmo Pelé em qualquer tempo.

Messi, certamente — se bobear até mais assombroso. Essas diferenças precisam ser levadas em conta, não tem jeito.

Por isso, quando o assunto é escolher os melhores de todos os tempos, eu acho que o mais adequado é dividir por eras: Futebol antigo, Futebol moderno e o período da transição.

Na minha opinião, Pelé e Garrincha foram os dois grandes nomes da primeira “era do futebol”.

Maradona e Zidane, os dois grandes da segunda, a fase de transição — onde ainda se conciliava o velho e o novo e que talvez tenha se estendido por quase trinta anos até a década de 90.

E na era atual, as últimas duas décadas, onde vimos o futebol mudar como nunca, onde quase não se vê mais espaço no campo, a bola é ‘trocada’ com uma velocidade impressionante e a força do atleta talvez tenha chegado ao seu limite máximo de aplicação em campo, Messi e Cristiano Ronaldo, a meu ver, são inigualáveis.

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