A máquina de guerra de Obama

Tempo de leitura: 9 min

A MÁQUINA DE GUERRA DE OBAMA (Parte 1)

O plano de jogo do Pentágono

4/5/2010, Jack A. Smith, Asia Times Online –

Jack A. Smith é editor do Hudson Valley Activist Newsletter no estado de NY e ex-editor do Guardian Newsweekly (US).

Tradução de Caia Fittipaldi

Há mais guerra no futuro dos EUA – muito mais, a julgar pelos relatórios, pronunciamentos e ações do governo Obama nesses últimos meses.

Esses documentos incluem o Quadrennial Defense Review (QDR), a Nuclear Posture Review (NPR-2010), o Ballistic Missile Defense Report, o encontro de segurança nuclear em New York e a conferência da ONU, de 3 a 28 de maio, de revisão do Tratado de Não-proliferação Nuclear, além, claro, das guerras em curso no Oriente Médio e na Ásia Central, e das exigências do orçamento de guerra do Pentágono.

O governo dos EUA comanda um colosso militar sem par, mas a Revisão Quadrianual da Defesa [QDR], publicada em fevereiro, sugere que Washington entende que os EUA estejam constantemente sob ameaça de ataque por inúmeras forças terríveis, decididas a destruí-la. Por isso, mais trilhões de dólares têm de ser consumidos em guerras presentes e futuras – ostensivamente para salvaguardas a pátria amada ameaçada.

A Revisão da Postura Nuclear (NPR-2010) diz que o objetivo de longo prazo é um mundo “livre de bombas nucleares”, mas, apesar de reduções simbólicas dos arsenais desse tipo de armas, o Pentágono só faz ampliar sua capacidade nuclear, temperando a ampliação com uma devastadora “contenção convencional” capaz de atacar vários alvos pelo mundo, no período de uma hora. Além disso, esse documento, publicado em abril, preserva a prontidão para disparar ataque nuclear imediato [ing. “ ‘hair-trigger’ nuclear launch readiness”], não limita a força nuclear à função de contenção, sugere uso ofensivo e, pela primeira vez, autoriza ataque nuclear, se necessário, contra Estado não-nuclear (o Irã).

Entre um e outro documento, Obama expande vigorosamente as guerras que herdou do governo de George W. Bush, ampliando e operando o maior poder militar que os EUA jamais tiveram.

Feito a elogiar do governo Obama foi ter assinado, dia 9 de abril, em Praga, novo Tratado Estratégico de Redução de Armas Nucleares com a Rússia, que reduz em 1.500 o arsenal de ogivas nucleares de cada lado. Foi passo positivo, mas todos sabem que excessivamente tímido, e nem de longe reduz efetivamente o risco de guerra nuclear.

A Revisão Quadrianual da Defesa (QDR) é relatório de 128 páginas que o Departamento de Defesa envia ao Congresso a cada quatro anos, com uma projeção do planejamento militar dos EUA para os 20 anos seguintes. Comissão de 20 membros civis, selecionados pelo Pentágono e pelo Congresso, analisam o documento e sugerem alterações, para acrescentar uma perspectiva dita “independente”. Onze dos 20 membros ‘independentes’, inclusive o co-presidente dessa comissão – ex-secretário da Defesa William Perry; e o ex-conselheiro de segurança nacional Stephen Hadley – são empregados da indústria da Defesa.

Embora o Pentágono trabalhe nos preparativos de uma possível III Guerra Mundial e novo pós-guerra, o relatório que está sendo apresentado concentra-se no futuro relativamente mais próximo, e só acrescenta rápidas generalizações sobre o futuro de longo prazo. Três das prioridades do QDR merecem comentário extra.

A primeira dessas prioridades é “vencer as guerras em andamento” [orig. “prevail in today’s wars”] no Afeganistão, Paquistão, Iraque, Iêmen e onde mais houver intrusão militar da Washington pós-11/9 nos anos vindouros. Na apresentação da Revisão Quadrianual, dia 1/2/2010, o secretário de Defesa de Bush-Obama Robert Gates fez declaração importante: “O sucessos nas guerras futuras dependerá do sucesso nas guerras em andamento.” As “guerras futuras” não foram identificadas. Além disso, a Revisão Quadrianual declara que a vitória militar no Iraque e no Afeganistão “é apenas o primeiro passo rumo a nossos objetivos estratégicos”.

Segundo, enquanto no passado os EUA concentraram-se em construir capacidade para combater duas grandes guerra simultâneas, a Revisão Quadrianual sugere que não basta isso. Hoje, o governo Obama afirma “a necessidade de força robusta, capaz de proteger os interesses dos EUA contra uma multiplicidade de ameaças, inclusive as que advenham de sofrer ataque simultâneo por dois Estados-nação”.

Hoje se trata de mais de duas guerras – sendo o “a mais”, a obrigação de “lutar de contrainsurgência em larga escala, [montar e operar] operações de estabilização e contraterrorismo em ampla variedade de ambientes”, sobretudo em países pequenos e pobres como o Afeganistão. Outros alvos “a mais” incluem “atores não estatais”, como a al-Qaeda; “Estados fracassados”, como a Somália; e Estados de tamanho médio mas bem defendidos, que não se curvem ao Tio Sam, como o Irã e a República Popular Democrática da Coreia ou, algum dia, talvez, a Venezuela.

Terceiro, é absolutamente evidente, na Revisão Quadrianual, embora não assumidamente reconhecido, que o governo Obama crê que China e Rússia sejam os dois possíveis “Estados-nação” contra os quais Washington deve preparar-se para defender-se. Nem Pequim nem Moscou têm qualquer iniciativa que justifique o pressuposto do Pentágono de que seriam suficientemente suicidas a ponto de atacar os poderosos EUA.

Afinal, os EUA, com 4,54% da população mundial, investe mais na preparação para a guerra que todo o resto do mundo somado. O orçamento de Obama em 2010 para o Pentágono é de US$680 bilhões, mas o total real alcança o dobro disso, se se consideram que os gastas de Washington em segurança nacional e gastos de outros departamentos devem ser somados, como o custo da manutenção e armazenamento das armas nucleares, as 16 agências de segurança, a Segurança Nacional e lucros das dívidas de guerra, dentre outros programas.

Gastos anuais relacionados à guerra alcançam facilmente o trilhão de dólares. Ao falar de um congelamento seletivo de programas nacionais, em janeiro, no discurso “State of the Union”, Obama especificadamente excluiu do congelamento os gastos do Pentágono/segurança nacional. Obama é gastador pródigo em guerras. A atribuição de $708 bilhões que fez ao Pentágono, para o ano fiscal 2011 (sem contar os $33 bilhões que esperam aprovação no Congresso para o “surge” afegão) excede o mais alto orçamento de Bush, de $651 bilhões, para o ano fiscal de 2009.

Hoje, o poder militar dos EUA está presente em todo o planeta. Como se lê na Revisão Quadrianual: “Os EUA são potência global, com responsabilidades globais. Incluindo operações no Afeganistão e no Iraque, cerca de 400 mil soldados e pessoal militar em geral estão estacionados ou na alocação militar rotativa, em todo o mundo.”

O Pentágono comanda mais de 1.000 bases militares em todo o mundo (inclusive nas zonas de guerra), grandes frotas em todos os oceanos, força aérea em expansão, satélites militares no espaço e mísseis nucleares em prontidão e alerta totais, pré-direcionados para “o inimigo” ou para cidades e instalações militares potencialmente “inimigas”. Leitura da Revisão Quadrianual mostra que nada disso será modificado, senão da direção da modernização e da ampliação (o Pentágono acaba de ocupar seis novas bases na Colômbia) e do acréscimo de novos sistemas, como o Prompt Global Strike, importante sistema de armas ofensivas, que discutiremos adiante.

A expressão “dominação militar de pleno espectro” [orig. “full spectrum military dominance”] – que os neoconservadores cunharam nos anos 1990s e foi adotada pelo governo Bush para definir sua estratégia militar agressiva – não foi incluída, espertamente, na Revisão Quadrianual de 2010, mas conservar e aumentar sua capacidade de dominação militar plena continuam a ser a principal preocupação do Pentágono.

A Revisão Quadrianual vem apimentada com expressões como “os interesses dos EUA e seu papel no mundo exigem forças armadas com capacidades superiores a tudo que se conhece” e proclama a importância do “domínio continuado pelas Forças Armadas dos EUA, nas guerras de larga escala de exército contra exército”. Gates foi ainda mais longe, na conferência de imprensa dia 1/2/2010: “Os EUA precisam ter amplo portfólio de capacidades militares, com versatilidade máxima no espectro mais amplo possível de conflitos”. Recentemente, Obama pavoneou-se de comandar “os mais poderosos exércitos da história do mundo”.

Evidentemente o Pentágono planeja engajar-se em várias guerras futuras, interrompidas por rápidos períodos de paz, durante os quais se preparará para a guerra seguinte. Dado que a única entidade que já manifestou claro interesse em atacar os EUA é a al-Qaeda – organização paramilitar de fanáticos religiosos extremistas, com cerca de mil membros ativos e aproveitáveis em todo o mundo – é evidentemente claro que o poderio militar sem precedentes que os EUA acumulam hoje visa a outro objetivo.

Na minha opinião, esse “outro objetivo” é geopolítico – aumentar o poderio militar do Pentágono para assegurar que os EUA consigam tentar manter a posição hegemônica global de dominação, em tempos de endividamento pesado, erosão severa de sua base econômica, impasse quase absoluto na política doméstica e aparição, no cenário global, de outras nações e blocos interessados em contestar a hegemonia dos EUA.

A Revisão Quadrianual toca nesse ponto sensível com admirável delicadeza: “A distribuição global do poder político, econômico e militar está em transformação, tornando-se mais difusa. O aparecimento da China no quadro global, o país mais populoso do mundo; da Índia, a maior democracia do mundo, continuarão a reformatar o sistema internacional. Embora os EUA continuem como ator mais poderoso, é indispensável que cada vez mais cooperem com seus aliados e parceiros-chave para manter a paz e a segurança. O modo como os poderes hoje emergentes integrar-se-ão ao sistema global é questão das que definirão esse século e que portanto são centrais para os interesses dos EUA”.

No presente momento, a Revisão Quadrianual indica que Washington está preocupada com estratégias estrangeiras “antiacesso” que limitam o “poder [dos EUA] para projetar capacidades” em várias partes do mundo. Isso significa que alguns países, como China e Rússia estão desenvolvendo novas armas sofisticadas que equivalem ao armamento dos EUA, o que “limita” o deslocamento das forças dos EUA para onde o Pentágono bem entenda. Por exemplo:

A China está desenvolvendo e instalando em campo grande número de mísseis balísticos e cruzadores avançados de médio alcance, novos submarinos de ataque equipados com armas avançadas, sistemas de defesa antiaérea de longo alcance cada vez mais eficazes, capacidades para guerra eletrônica e redes de computadores, aviação de ataque sofisticada e sistemas espaciais de defesa. A China tem divulgado informação limitada sobre o ritmo, o escopo e os objetivos estratégicos de seus programas de modernização militar, o que faz aumentar o número de interrogações legítimas quanto a suas intenções de longo prazo.

Para contrabalançar esse movimento dos chineses – e não só deles –, o Pentágono planeja, com custos astronômicos e não divulgados, os seguintes avanços: “Expandir as capacidades de ataque a longa distância; explorar as vantagens das operações subterrâneas; garantir acesso ao espaço e ao uso de recursos espaciais; aumentar a robustez de capacidades-chave de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento [orig. ISR, Intelligence, Surveillance, and Reconnaissance]; derrotar sistemas inimigos de sensores e engajamento; aumentar a presença e a prontidão para responder, das forças dos EUA, em todo o mundo.”

Além disso, os EUA não só mantêm a China na mira de seus mísseis e bombas; estão também cercando o país (e também a Rússia, é claro) com balística antimísseis. O objetivo é evidente: no caso de os EUA acharem “necessário” lançar mísseis contra a China, o sistema antimísseis lá estará para destruir a capacidade limitada de retaliação dos chineses.

Matéria publicada dia 22/2/2010 no China Daily, diário chinês editado em inglês, “Washington parece determinada a cercar a China com sistemas balísticos antimísseis produzidos nos EUA, observaram hoje especialistas chineses (…). Para o coronel Dai Xu da Força Aérea, renomado estrategista militar, em artigo distribuído esse mês, “a China está sob cercamento em formato de meia-lua. O anel começa no Japão, estende-se pelas nações do sul do Mar da China até a Índia e termina no Afeganistão”.

Em comparação com a Revisão Quadrienal do governo Bush em 2006, no documento de 2010 constata-se que houve esforço consciente para baixar o tom da retórica anti-China. Mas é absolutamente evidente que a China é a referência número 1, nos pontos em que a Revisão Quadrienal de 2010 fala de “Estados-nação potencialmente hostis”.

Para a revista Defense News, de 18/2/2010, publicação dirigida ao complexo industrial-militar, “Dizem os analistas que a Revisão Quadrianual da Defesa visa a enfrentar o problema chinês, sem enfurecer ainda mais Pequim. “Se se considera a lista de novas ampliações e reforços nas forças e capacidades dos EUA (…), vê-se que são forças e capacidades necessárias para derrotar a China, não o Irã nem a Coreia do Norte nem o Hizbollah – disse Roger Cliff, especialista em questões militares chinesas da Rand Institution. ‘Assim, embora pouco se cite a China (…), é a ameaça chinesa, sim, que inspira muitos dos programas de modernização descritos na Revisão Quadrianual da Defesa de 2010’.”

Incidentalmente, segundo o Center for Arms Control and Non-Proliferation, o orçamento chinês de defesa para esse ano, para país quatro vezes maior que os EUA, é de $78 bilhões, bem inferior aos $664 bilhões reservados para o Pentágono (sem contar todos os extras para segurança nacional, espalhados nos orçamentos de outros departamentos). A China possui entre 100 e 200 ogivas nucleares; os EUA, 9.326 (se se somam as ogivas montadas em mísseis e as estocadas). A China considera a construção de um porta-aviões; os EUA mantêm 11 em atividade. E a China não tem base militar fora do território chinês.

Tudo faz crer que a China esteja construindo instrumentos, sistemas e armas de defesa, não de ataque contra os EUA. E a política exterior chinesa baseia-se a não se deixar prender no corner, pelos EUA, fazendo todo o possível para evitar confrontação mais séria.

Também a Rússia recebe melhor tratamento na nova Revisão Quadrianual da Defesa, que na de 2006, mas aparece incluída ao lado da China em vários casos. Apesar do imenso poder de contenção de Moscou, e das reservas abundantes de petróleo e gás, a Rússia aparece sempre como “inimigo potencial” número dois, entre as grandes potências. Washington sente-se mais ameaçada por Pequim. Isso, em larga medida, por causa das dimensões territoriais da China, do rápido desenvolvimento, do sucesso da economia capitalista guiada pelo Estado dirigido pelo Partido Comunista; e pelo fato de que, ao ritmo em que vamos hoje, a China ultrapassará os EUA como principal potência econômica do mundo, nos próximos de 20 a 40 anos.

Parece já bem evidente, por menos que se fale sobre isso, que essa situação é extremamente perigosa. A China não dá qualquer sinal de que aspire a dominar o mundo, mas tampouco se deixará dominar. Pequim trabalha sob o conceito de ordem mundial multipolar, no qual vários países e blocos atuam em diferentes papéis. Pode-se discutir, no máximo, quem será o primeiro entre iguais.

Washington prefere a situação que existe nos últimos 20 anos posteriores à implosão da URSS, quando os EUA ficaram com a posição de única superpotência militar remanescente e líder do bloco capitalista expandido. Nesse período, Washington operou como potência hegemônica em mundo unipolar, e não quer perder esse título.

Tudo isso parece estar mudando hoje, com a emergência de outros países, o principal deles a própria China; e os EUA dão sinais de entrar em declínio gradual. O modo como for encaminhada a transição na direção da multipolaridade nas próximas duas, três décadas, determinará se se evitará, ou não, mais uma guerra desastrosa.

[Continua]

A primeira parte do Artigo, em inglês, pode ser lida em:

http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/LE05Ak02.html


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Comentários

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Vinícius Ribeiro

O fim do reinado americano está bem próximo, buscam de todas as formas desculpas para investirem em armamento para sua "defesa" porque corre risco de receber ataque do Irã, da Coréia do Norte, Afeganistão, Iraque, China e até hoje nada disso ocorreu a não ser na cabeça dos lideres americanos.
Cadê as armas nucleares que havia no Iraque? E o que eles ainda estão fazendo no Afeganistão? Estão relamente preocupados com o povo do país, pois alegam que se sairem de lá o país vai em entrar em uma imensa calamidade, qual o verdadeiro interesse deles?
Agora estão preocupados com possiveis ataque da China? Isso é história para boi dormir porque a China nunca esboçou um possivel ataque contra os estadunidenses.
Apoio a China, e tambem gostaria que o Brasil se mantivesse o mais proximo possivel da China, pois os chineses estão reerguendo o país aos poucos com muitas dificuldades porque há muito "china" no país.

Luis Alberto

Lembro-me de um estudo de um desses institutos de dirieto internacional, se não me engano do ano passado, que diz ser o EUA o maior perigo para a paz planetária.
A guerra para eles é um negócio, inclusive o único negócio que não dá prejuízo, o prejuízo é não haver guerra.
Os demais paises do planeta correm perigo se não puderem causar danos consideráveis aos EUA, por isso todo mundo deve ter bomba atômica.

augustinho

Detesto bancar o profeta. Mas então no limiar do lento fim do imperio, mas já visivel, o sistema politico americano terá mudado. Mudado para fora da democracia, mudado para um Estado fascista midiatico… mais aquele do que este.

O Brasileiro

Qualquer bom livro de estratégia de guerra dirá que é preferível vencer a guerra “sem desembainhar a espada”. Os EUA fizeram isso com o Iraque, deixando-o totalmente desprovido de qualquer possibilidade de defesa. Antes, no Afeganistão, nem precisaram se dar a esse trabalho, pois este país não passa de uma mistura de camponeses e fundamentalistas religiosos sem nenhum poder bélico.
Só que o passo que está sendo dado em direção à guerra sem espadas está sendo dado pela China. Antes um país isolado, agora a China vem procurando aliados em todo o mundo e, favorecida pela antipatia contra o belicismo dos EUA, vem obtendo êxito. Como diz o ditado: “Quem precisa de dinheiro (exércitos e armas), quando se tem amigos?”

    minibay

    Será que só eu concorco com o amorin em tentar dialogar com o Irã?

    Que midia covarde?

A máquina de guerra de Obama (2) | Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Para ler a parte um, clique aqui. […]

Pedro Luiz Paredes

Eles estão se colocando numa posição que só sobrará a guerra mesmo. O endividamento a partir de 2020 será muito grande, presume-se que chege a 2 anos de PIB (+/-180% do PIB) facilmente.
Acho plausível que os todos os países de paz comecem a impor super tarifação na importação de produtos norte americanos na proporção de ostensivas militares. Tudo em função da verdadeira paz e da soberania dos povos.

Jhumberto

Acho essas publicacoes do Asia Time Online no seu site importantissimas, Azenha. Muito grato, e continue compartilhando essas informacoes estrategicas com a blogosfera brasileira.

Tem um historiador ingles especializado no estudo de Imperialismos atraves da Historia — Niall Ferguson, que leciona em Harvard — que ha' uns tres anos atras escreveu um artigo muito interessante sobre a ascensao e queda de poderes imperiais no passado. Ele nao disse explicitamente mas colocou todas as premissas no papel indicando que uma guerra dos Estados Unidos contra a China e' inevitavel, pois nenhum poder dominante abandonou sua posicao de poder graciosamente. E a China esta' numa ascensao irresistivel. E o tempo corre velozmente a favor da China e contra os Estados Unidos.

Nessa mesmo periodo, coincidentemente, ou talvez nao, o historiador Paul Kennedy, que escreveu um livro famoso sobre o declinio do imperio americano, tambem publicou um artigo mais ou menos semelhante, prevendo que um confronto dos Estados Unidos com a China, num futuro proximo, e' inevitavel.

Esses dois grandes historiadores do imperialismo ocidental provavelmente tinham tido acesso a algum informacao, algum documento do governo, mais ou menos ao mesmo tempo, no qual havia indicacoes claras de que os Estados Unidos estao se preparando para uma guerra contra a China, antes que seja tarde demais (para eles conterem o avanco Chines).

Irani

Tanta ostentação e não vão conseguir combater os árabes que abraçam a causa do terror. Como se não bastasse, chineses e indianos juntos, podem muito bem entrar e sair a hora que quiserem nos programas do Pentágono e conhecê-los.

Deveriam trabalhar para um mundo mais seguro, ao invés de nutrir o belicismo nos quatro quadrantes do mundo. É ilusão imaginar que deterão árabes, indianos, chineses e russos. O Departamento de Estado precisa rever sua política externa, sobretudo na imposição daquilo que é americano, em querer colocar ao Sistema Internacional os valoers de sua sociedade como valor absoluto.

Aliás, deveriam desconstruir o mito calvinista de que pessoas que não são bem-sucedidas são fracassadas e, deveriam também, aprender a respeitar o outro e suas diversidades. São coisas que a própria sociedade americana precisa repensar, ou seja, ver o planeta como um todo e não a partir de si mesmos. Enquanto isso não acontecer, ao invés de segurança, teremos sempre a insegurança internacional.

Quanto tempo durou a Pax Romana? Quanto tempo durou a Pax Britânica? Resta-nos saber quanto tempo durará à Pax Americana.

Flávio

A grande arma química de Sadam era o seu petróleo sendo vendido em Euros. Era o único integrante da OPEP que se atreveu a fazer isto e deu no que deu. A Venezuela ensaiou e deu no que deu… no que dá. O Irã faz isto desde 2007 e está dando no que dá: acusação de armas nucleraes. Ninguém cita que Israel tem quase 100 bombas nucleares. A Arábia Saudita é constantemente comprada pelos EUA para não mudar de posição. Não se esqueçam que o Euro está valorizando em cima do dólar há tempos e manter reservas em Euros é muito mais cômodo.
Procurem no Google por "Bolsa iraniana de petróleo", por "petroeuros", e verão muitas verdades desta guerra escondida.

Hans Bintje

Será que esse dinheiro todo está sendo usado para a produção de armamentos reais?

Tenho minhas dúvidas. Se fossem, existiriam mais produtos derivados (em inglês, "spins") da tecnologia militar, como foi o foguete Saturno V (1):

"O Saturno V também chamado Foguete Lunar (Moon Rocket), foi o foguete usado nas missões Apollo e Skylab. Foi desenvolvido por Wernher von Braun no Marshall Space Flight Center em Huntsville, Alabama juntamente com Boeing, North American Aviation, Douglas Aircraft Company sob coordenação da IBM."

A tecnologia desse foguete foi derivada dos mísseis balísticos intercontinentais (em inglês, ICBMs) (2):

"O progenitor do ICBM foi o alemão A9/10, o qual nunca foi desenvolvido, mas apenas proposto por Wernher von Braun. O progenitor do IRBM [sigla em inglês para mísseis balísticos de alcance médio] foi o alemão Foguete V2 (Vergeltung ou 'represália', oficialmente chamado de A4) foguete desenvolvido por von Braun que usava propelente líquido e um sistema de guia inercial. Foi lançado de um lançador móvel o qual o tornava menos suscetível para ataques aéreos dos Aliados. Depois da 2ª Guerra Mundial von Braun e outros cientistas nazistas foram transferidos secretamente para os Estados Unidos para trabalhar diretamnete para o Exército estadunidense através da Operação Paperclip desenvolvendo o V2 para o Redstone IRBM e Jupiter IRBM. Devido aos artigos do tratado os E.U.A. foi capaz de criar bases de IRBM em países próximos a URSS com um alcance estratégico. (…)

O primeiro ICBMs estadunidense foi o Atlas, operacional em 1959. Ambos o R7 e Atlas requereram uma larga instalação de lançamento, fazendo-os vulneráveis a ataques, e não poderiam ser mantidos em um estado útil. Antes dos ICBMs formarem as bases de muitos sistemas de lançamentos. Exemplos incluem: Atlas, Redstone, Titan, R7, e Proton, o qual foi derivado de ICBMs anteriores mas nunca foi desenvolvido como um ICBM."

Em resumo, um dos melhores medidores da efetividade dos gastos militares estadunidenses é a NASA. Se as coisas por lá andam meio paradas…

Notas:

(1)http://pt.wikipedia.org/wiki/Saturno_V

(2)http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%ADssil_bal%C3%A

Flávio

Respondendo ao Marcos:
Com tamanho déficit, quando irá quebrar ? Os Eua irão quebrar quando as transações internacionais, em especial as do Petróleo, passarem a ser em Euro ou qualquer outra moeda diferente do dólar. Sem a necessidade de se fazer estoques de dinheiro americano, este dinheiro não mais precisaria ser buscado nos EUA, deixando-se este país de fora da ciranda global do dinheiro. O Iraque de Sadam tinha dado o primeiro passo para isto e foi retaliado. A Venezuela também fez isto com o seu petróleo e o Chávez foi deposto em 2002. O Irã fez isto em 2007, seu petróleo passou a ser vendido em Euro, e agora está sendo apontado como construtor de armas nucleares (no Iraque eram armas químicas). Os EUA constroem um espetacular aparato de guerra mas o grande ponto frágil deles é a economia. A maior bomba da China contra os EUA é a sua imensa reserva de Dólares, a maior do mundo (US$2 Tri). Se a China transformar toda esta reserva em Euros, se puder comprar o petroleo de que precisa somente com Euros, a moeda americana despenca. Cai a ciranda do dinheiro americano.

    augustinho

    De forma simplificada, como é necessario num espaço curto de post- concordo . Porem tenho pra mim que os dois sao irmaos siameses nesse negocio de manutençao de reservas em USD. Os chineses nunca ,desde 12000 anos atras tiveram pressa, e vão levar a situçao em banho maria. Comendo o inimigo ´na margem´ enquanto se preparam para um possivel confronto futuro. Levarão 14 anos nesta toada pra atingir o PIB do outro.
    Ai sim, Niall ferguson pora a prova suas teses, meio que apocalipticas.Sempre me vem a cabeça o pensamento que, quando chegar lá, a MENTALIDADE americana estará de tal modo envolta em medos+ paranoias+complexos que,para ñ recuar, cometera um erro fatal…
    O bom é que enquanto isso nosso brasil ataque de soft power em todas as brechas onde houver vacuo de poder.

francisco.latorre

amerika fascista.

isso vai feder. aliás fede faz tempo.

..

Ubaldo

É uma pena que os EUA estejam pensando em aumentar e usar seu poderio militar para tentar imprimir uma dominação.
Afinal, todos sabemos que o mundo não é justo.

Marcos C. Campos

A pergunta 1 é: com tamanho déficit quando irá quebrar ?
A pergunta 2 é: o resto do mundo irá quebrar junto ?

    ratusnatus

    Pergunta 3: Irá quebrar se continuar a pilhar países ricos em petróleo, como o Iraque?

Carlos

Os americanos vão pirar.

Paulo Roberto

É uma questão de tempo, a deteriorização economica dos EUA, seria a primeira das causas de sua queda como potência hegemonica. Assim foi com todos os grandes impérios. À duras penas mantém a guerra no Afeganistão com quase nada de resultado positivo, segundo o proprio comandante Gal Kristal, o que eles ganham durante o dia, perdem durante a noite para o Taliban. Sairão mais cedo ou mais tarde, a exemplo dos russos, com o rabo entre as pernas.

Flávio

O resto do mundo irá quebrar junto ? Depende. O impacto será grande mundialmente. Quem tiver dívidas ou investimentos nos EUA (em dólar), estará mal. Os países não quebrarão se se apoiarem nos seus mercados internos e nos mercados entre si, esquecendo dos EUA. Estes já eram.
A mãe de todas as batalhas é a do Petróleo. Armas nucleraes, químicas, porta aviões, exércitos, tudo isto são simples aparatos para o controle do mercado do petróleo. Os EUA chegaram a um tamanho de nação que precisa de muuuito dinheiro para se manter. A guerra se justifica por 2 motivos: se apossar de recursos essenciais de que não dispõe (e a guerra tem que se pagar no seu esforço) ou se defender. No caso dos EUA, estarão sempre em defesa da sua economia.

Fernando

Afinal de contas, EUA são efetivamente um estado democrático? Porque a representação na câmara e senado é 100% de políticos dos partidos Republicano e Democrata, e já se viu que mudança mesmo não há quando ocorre a alternância de poder. Para mim , eles vivem sob a ditadura do capital, que quer se manter no poder global, conforme dito no texto.

Sou leigo em estratégias militares, mas vejo esse foco na China não pelo que ela representa hoje, mas pelo potencial de mudar muita coisa ao longo dos próximos 20 anos. E, pelo visto, o projeto da "Pax Americana" de Bush continua em andamento, e não vai parar até acabar o dinheiro (ou acabarem com o dinheiro, mudando a regra do jogo para se manter no poder).

    Cecéu

    Acredito que a dita democracia americana esteja com os dias contados. ninguém que conteste e confronte essa máquina de guerra terá condições de disputar uma eleição e se eleger. Se isso acontecer, será obrigado a mudar de opinião e os eleitores se sentirão traídos. O Obama foi um teste para provar se a tal democracia existia. Mas até reformas pequenas, prometidas em campanha, ele tem gigantesca dificuldade de fazer e as faz pela metade. Não se poderia de forma alguma afirmar que Obama tem controle sobre a máquina de guerra e a comanda ou direciona. Isso diz quem ainda acredita na lenda de que o poder de um presidente americano é incontrastável. Pelo contrário, com um presidente fragilizado e sob ataque, com até mesmo seu nacionalismo sendo posto em dúvida, mais fácil fica para os homens da máquina de guerra imporem sua vontade. Obama sabe disso e só lhe resta acompanhar. No futuro, quando for absolutamente necessário pôr um paradeiro nesta obsessão guerreira, acredito que a decantada democracia americana poderá ser formalmente destruída, emergindo um sistema de eleições dentro de um só grupo político com um só ponto de vista. Haverá oficialmente duas espécies de habitantes nos EUA. Os seletos e a plebe.

    Wendel

    " são mesmo uma democracia?"
    Resposta: Um Estado controlado pelas Empresas, basicamente é um Estado de partido único, com duas facções democrátas e republicanas!
    E como se não bastasse, ainda temos a aprovação da lei de doações às campanhas eleitorais, que liberam as Empresas quanto à limites de doações, aprovada recentemente!
    Daí para a implantação da DEMOCRACIA CORPORATIVISTA, nada mais falta!.

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