A Folha e os pedágios federais

Tempo de leitura: 2 min

A Folha de S.Paulo publicou nas edições de 23 e 24 de agosto informações equivocadas e interpretações distorcidas que confundem o leitor, ao invés de informá-lo.

As medições de tráfego na BR 101 (trecho RJ/ES) com vistas à licitação, após a aprovação dos estudos pelo Tribunal de Contas da União (TCU), foram feitas em novembro e dezembro de 2008 e agosto e setembro de 2009 e não em 2006, como informa a coluna Painel desta terça-feira, 24.

Trata-se de equívoco de interpretação, com destaque do secundário para esconder o principal, a informação de que as medições de tráfego foram subestimadas para a segunda etapa do programa de concessões de rodovias federais. O fato relevante ali não foram os deságios oferecidos e sim os valores das tarifas, bem menores que de concessões feitas antes e depois da segunda etapa do programa federal.

Nas concessões referidas, a tarifa média ficou em R$ 0, 030 por quilômetro, bem abaixo dos R$ 0,060/km da segunda etapa das concessões paulistas realizadas e também das primeiras concessões de rodovias brasileiras, do Governo Federal (R$ 0,093/km) e de São Paulo (0,118/km). No Rodoanel de São Paulo, construído em boa parte com recursos federais mas concedido pelo Governo de São Paulo, a tarifa é de R$ 0,084/km.

No caso da medição do tráfego em si, ressalte-se o Tribunal de Contas da União aprovou os estudos, sem o que o edital não poderia ser publicado, com a recomendação de que as medições tivessem prazo de validade para futuras licitações. Além disso, a própria Folha, na edição de segunda-feira, informa que o fluxo de veículos está entre 10% a 15% abaixo da expectativa das concessionárias, portanto a afirmação de que ocorreu subestimativa proposital do tráfego não se sustenta.

Quanto aos atrasos nos cronogramas de algumas das principais obras das rodovias concedidas à OHL, eles se devem a questões ambientais, judiciais ou de desapropriações, alheias à gestão da concessionária.

A duplicação da Serra do Cafezal, principal investimento na Regis Bittencourt, esteve bloqueada de 2002 a 2009 por liminar da Justiça Federal. Decisões judiciais decorrentes de desapropriações e problemas ambientais impediram a execução do anel Viário de Betim, na Rodovia Fernão Dias. Também há pendências ambientais na BR–101, no Rio de Janeiro.

Ressalte-se que as obras da Serra do Cafezal e de duplicação da 101, com o início da construção do viaduto do km 260, já foram iniciadas. As do contorno de Betim devem ser iniciadas em 60 dias.

Finalmente, a limitação do tráfego de caminhões na Fernão Dias, entre Dom Pedro e São Paulo é decisão provisória, por causa do desvio de tráfego, com restrição, para restauração de um viaduto em Mairiporã, no km 77. Este viaduto, construído pelo DER-SP na década de 90, teve suas estruturas abaladas no final do ano passado. Após as obras de restauração e avaliação dos resultados, o tráfego de caminhões poderá ser liberado sem restrições. A medida não é inovadora, sendo adotada há bem mais tempo, em caráter permanente, em rodovias estaduais paulistas, como Castelo Branco, Imigrantes e Bandeirantes.

Aguinaldo Nogueira

Assessor de comunicação Social da Agência Nacional de Transportes Terrestres

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Comentários

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Guilherme Milani, SP

A Folha, confundindo o eleitor? Ah, vá…

Gustavo

O pior de tudo é ler aquelas matérias dos colunitas da Veja, hoje li o Srº Reginal Azevedo dizendo que o Serra é vítima no caso da Receita e que o PT esta jogando sujo com aquele processo contra ele, pois esta processando a "vítima". Ridículo… porque os jornais aqui não fazem como o NYT fez nas eleições americanas? Lá eles apoiaram a Hillary bem antes das eleições. Isso se chama posição e nãi mídia parcial e … deixa pra lá!

Marat

A Folha foge da verdade e das boas matérias como o povo foge dos pedágios…

Marat

Pobre folha, antigamente tão vistosa e cheia de vida, agora seca e morta, arrastada pelo vento…

Marat

Espero ardentemente que Dilma vença logo no primeiro turno, só para eu ver a profunda depressão que se abaterá na imprensa brasileira!!! Será hilário!!!

César

impedir que uma pessoa se locomova por uma via, caso não efetue um pagamento para isso, vai de encontro ao direito de ir e vir, é inconstitucional, embora alguns reclamem o direito de "propriedade" e outros mais. A verdade é que a obrigação de construir estradas e outros tipos de vias públicas (eu disse públicas) e realizar sua adequada manutenção é do ser público (União, estados e municípios). Por isso pagamos IPVA e todos aqueles tributos que consomem mais de 35% da nossa renda anual. Não dá para tolerar pedágio de qualquer esfera, seja federal, estadual ou municipal. Não importa se o do Lula é mais barato que o do Serra ou do Cabral. Pedágio é roubo. Temos de exigir que nosso dinheiro seja bem utilizado, independentemente de quem o esteja utilizando. Não é por que irei votar na nossa combativa Dilma que irei tolerar os pedágios dela ou do incansável Lula (em quem votei todas as vezes). Vamos usar a blogosfera para repudiar qualquer esfera de pedágio.

Urbano

O pig sempre fez um jornalismo capcioso, pois sua intenção nunca foi a de informar, mas de burlar, de todas as formas, os incautos.

@Irapoan_rio

Entregar uma estrada, construída com dinheiro público, a uma empesa para, em troca da manutenção, cobrar pedágio, é uma declaração de incompetência do governo!

Vejam, no blog dilmanarede, foto-montagens cômicas da eleições, na página irapoan.

Ed.

Acho que o resumo da ópera pode ser dito assim:
1) Concessão não fez estradas, boas ou ruins. Quem fez todas foi o investimento com dinheiro público.
2) O modelo paulista é de concessão onerosa: cobre 3 coisas: a manutenção, o lucro e renda para o governo paulista.
3) O modelo federal é de concessão: cobre apenas a manutenção e o lucro da concessionária.
Conclui-se que:
O pedágio em SP é mais alto porque tem que cobrir mais receitas e, provavelmente, maiores lucros.
Estradas em SP não são melhores por causa do pedágio, pois estes não investiram um tusta em fazê-las….

César

Vejam um exemplo aqui no estado do RJ: A antiga Companhia de Navegação do Estado do RJ – CONERJ, responsável pelo transporte de milhares de passageiros entre as cidades de Rio e Niterói, e entre os bairros da Praça XV e Ilha do Governador, foi privatizada, se não me engano, no governo do Marcello Alencar (PSDB), quando o então deputado estadual Sérgio Cabral também era do PSDB. O argumento foi o de sempre, de que não era competência do Governo manter o transporte pois não tinha fôlego para investir. Uma vez nas mãos do privado, agora chamada Barcas S.A., há mais de 10 anos, não investiu o suficiente para acompanhar o crescimento da demanda e hoje há um colapso no serviço prestado, sendo noticiado no O Dia que o agora governador Sérgio Cabral irá doar à empresa 11 barcas novas para evitar o colapso. Ora, se o Estado entregou a CONERJ por que o privado é que podia investir, então por que irão usar o meu, o seu, o nosso dinheiro para o empresário continuar ganhando o dinheiro dele (só dele). Seria melhor estatizar.

Cesar

Entendo o fenômeno do pedágio como um dos símbolos do massacre do cidadão comum pelos poderosos, independentemente do tipo de poder (midiático, financeiro, político, federal, estadual, municipal ou todos juntos). É um embuste dizer que o poder público não tem condição de manter as vias públicas e que precisa do privado. O que se vê na prática é o poder público gastando o nosso dinheiro na construção superfaturada e entregando de bandeja ao empresário, que certamente deve contribuir na campanha de quem lhe serviu essa "iguaria". Isso quando o "empresário" não for um testa de ferro do próprio governante que defende a "parceria" público-privada, em que o povo entra vocês sabem com que parte. Além disso, é inconstitucional, embora o nosso STF, tribunal político que é, desminta.

O_Brasileiro

E depois não entendem porque ninguém compra esse jornal…

    Jose Roberto-SP

    E só pedir que eles mandam de graça, mas o quê acontece é que o povo está deixando de ler a imprensa PIGuenta. De graça até que eu aceito desde que eles mandem com as páginas em branco. Com publicidade pode vir os funcionários não têm culpa.

BloGDoRiLDo

É, acompanho o pensamento do Gustavo. Acho que isso só servirá para dar fundamentos aos programas de TV do candidato mentiroso. O povão não quer saber de explicações, mas da coisa prática. Daquilo que efetivamente interfere na sua vida cotidiana.

Gustavo

a maioria do povo brasileiro não lê um texto técnico destes, podem publicar a vontade, o que deve ser observado é a chamada de capa, pois o conteúdo da matéria pouco importa nesta "altura do campeonato"

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