Juliana Cardoso: Incêndio no Hospital Tide Setúbal é o símbolo do descaso da gestão Covas com a saúde pública na cidade de São Paulo

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Por Juliana Cardoso

Segundo relato de funcionários, o incêndio de 17 de setembro é o terceiro que acontece no Hospital Tide Setúbal, localizado na Zona Leste da cidade de São Paulo

Incêndio em hospital é o retrato do descaso da gestão Covas

por Juliana Cardoso*

O incêndio que atingiu, na manhã de quinta-feira, 17 de setembro, no 2º andar do Hospital Municipal Tide Setúbal em São Miguel Paulista, na zona leste da cidade, é o retrato do grau de sucateamento pelo qual os 12 hospitais municipais de administração direta estão sendo submetidos pela gestão Bruno Covas (PSDB).

É inconcebível, sob quaisquer circunstâncias, admitir que qualquer hospital possa sofrer incêndios.

No caso do Tide Setúbal o cenário beira o absurdo. Segundo relatos de profissionais do hospital esse é o terceiro incêndio.

Os bombeiros que se deslocaram para atender a ocorrência acreditaram inicialmente que um curto-circuito havia causado o fogo. No local, constataram que colchões pegaram fogo no andar da clínica médica.

Devido a rápida ação dos bombeiros, não houve vítimas. Um funcionário do hospital sofreu ferimentos no socorro e locomoção de pacientes.

Funcionários do hospital, conselheiros gestores de saúde de equipamentos da região e Sindsep têm realizado seguidos protestos contra o sucateamento e clamando por melhores condições.

Mas a gestão Covas se mostra indiferente. A situação do Tide Setúbal é grave, mas é não é única

Há exatamente um ano, tivemos conhecimento de relatório de auditoria realizado pelo Tribunal de Contas do Município (TCM) na Autarquia Hospitalar Municipal (AHM).

O trabalho revelou que os 11 hospitais municipais administrados pela Prefeitura não têm Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB).

O auto de vistoria é o documento que atesta se o local tem sistema eficiente de combate a incêndio.

Caso contrário, corre risco de ser fechado até que a situação seja regularizada. Para isso, na maior parte dos casos há necessidade de obras de adequações.

Esse levantamento do TCM, com os principais indicadores físicos, financeiros e orçamentários da autarquia, se refere ao ano de 2018.

Na época, através de requerimento convidamos representantes da Secretaria de Saúde a prestar esclarecimentos em audiência pública da Comissão de Saúde na Câmara Municipal sobre a falta de alvará e do AVCB nos hospitais.

A pasta admitiu problemas. Mas de lá para cá o quadro não mudou e os riscos de novas ocorrências perduram. Com isso, pacientes e profissionais de saúde ficam expostos a tragédias não só originárias de incêndios.

Único hospital do Sistema Único de Saúde (SUS) na região de São Miguel, o Tide Setúbal atende grande contingente da população da zona leste, mas sofre com a precarização das suas instalações pela deficiência na manutenção.

Além disso, a falta de médicos e de profissionais de saúde prejudicam o atendimento à população.

Em janeiro deste ano, um paciente internado na ala psiquiátrica do Hospital matou outro paciente.

Segundo a polícia, o rapaz estava imobilizado por ataduras, mas conseguiu se soltar e foi   até a maca de outro homem para enforcá-lo. Essa ocorrência é atribuída a falta de profissionais

Devido à falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), o Tide foi um dos hospitais que perderam vários profissionais de saúde no começo da pandemia da Covid-19.

Não é de hoje, que temos denunciado esse processo perverso de sucateamento dos hospitais.

Verbas do orçamento da Secretaria de Saúde são direcionadas cada vez mais para as organizações sociais.

Enquanto isso, os hospitais de administração direta vivem de pires na mão.

*Juliana Cardoso (PT) é vereadora (PT), vice-presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança, Adolescente e Juventude e membro das Comissões de Saúde e de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo.

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Juliana Cardoso

Deputada Federal (PT) eleita para o mandato 2023/2026.


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