Juliana Cardoso: Em 2020, gestão Covas faz 8 milhões de consultas médicas a menos e OSS recebem 22% a mais. Que “milagre” é esse?

Tempo de leitura: 2 min
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Por Juliana Cardoso

Por Juliana Cardoso*

No dia 24 de fevereiro de 2021, o secretário de Saúde da cidade de São Paulo, Edson Aparecido, participou de audiência pública na Câmara Municipal para prestação de contas de 2020.

Dois pontos me chamaram a atenção.

Um deles, a redução drástica de consultas médicas.

Em 2019, foram 27 milhões. Em 2020, caíram para 19 milhões.

Ou seja,  a Secretária de Saúde da cidade de São Paulo fez 8 milhões de atendimentos a menos.

Em 2020,  foram reduzidas:

3,6 milhões de consultas da atenção básica

1,7 milhão de consultas da atenção especializada

2,7  milhões de consultas da urgência e emergência

Hoje, a gestão Covas concentra todos os esforços no combate à pandemia. Com isso, aumenta o tempo de espera de consultas especializadas, cirurgias eletivas e realização de exames periódicos.

Tratamentos adiados para a pós pandemia devem agravar a situação dos portadores de doenças crônicas.

A demanda reprimida deverá cobrar um preço mais à frente. Há até quem a classifique como terceira onda, mas com causas mortes diversas.

Esse é o cenário: aumento do número de óbitos, sobretudo por insuficiência renal ou cardíaca.

Aliás, antes da pandemia, doenças cardíacas se constituíam na principal causa de óbitos no Brasil. A média era de 390 mil vítimas ao ano.

IABAS COM 78%

Outro dado que me chamou a atenção foram os gastos totais com a saúde.

Tiveram um aumento de 22%. Foram de R$ 11,4 bilhões, em 2019, para R$ 13,9 bilhões, em 2020

Os contratos de gestão com as Organizações Sociais de Saúde (OSs) e os convênios acompanharam o índice de 22%.

Os gastos saltaram de R$ 5,4 bilhões para R$ 6,5 bilhões.

Um estranho aumento, pois houve redução drástica no número de consultas.

Aqui, cabe um destaque, o tratamento privilegiado que o IABAS (Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde) recebe da gestão Bruno Covas (PSDB).

Os repasses para o IABAS, que é uma OSs, tiveram um aumento ainda maior, de 78%.

Ela recebeu em 2019, o montante de R$ 345 milhões. Em 2020, recebeu R$ 615 milhões.

Apesar questionado, o secretário de Saúde, Edson Aparecido, não revelou o tamanho da fila para consultas e exames e não explicou o valor pago ao IABAS.

Justamente o IABAS, envolvido em escândalos no Rio de Janeiro e alvo de várias denúncias de irregularidades em São Paulo.

Por isso, o Ministério Público recomendou no ano passado à gestão Covas não renovar os contratos de gestão pela prestação de serviços nas regiões central e norte. O contrato da zona norte venceu dia 28 de fevereiro.

Mas, o Diário Oficial da véspera (27) publicou despacho com Termo Aditivo prorrogando por um mês esse contrato e com possibilidade de novos adiamentos.

A Secretaria não conseguiu organizar novo chamamento público. Assim, a recomendação do MP não está sendo cumprida.

Daí a pergunta óbvia: até quando vai a sobrevida do IABAS no SUS em São Paulo?

* Juliana Cardoso é vereadora (PT), vice-presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de São Paulo.

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Juliana Cardoso

Deputada Federal (PT) eleita para o mandato 2023/2026.


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Comentários

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Haroldo Cantanhede

É o PSDB “governando” para você!!

Zé Maria

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Essas Parcerias Público-Privadas (PPPs)
com as OSs (Organizações de Sacanagens)
foram invenções dos Tucanos de São Paulo
com Apoio Prestativo da Imprensa-Empresa
que agora finge nada ter com a Corrupção.
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