Vivaldo Barbosa: Lembrem-se da crise dos mísseis em Cuba que quase gerou uma guerra nuclear

Tempo de leitura: 2 min
A guerra só foi evitada, porque alguns líderes se comportaram como estadistas, entre os quais Nikita Kruschev, da então União Soviética, e John Kennedy, presidente dos EUA

LEMBRAI-VOS DOS MISSEIS EM CUBA

Por Vivaldo Barbosa*

Quando, em 1962, a humanidade tremeu diante da crise que se criou acerca dos mísseis que se instalavam em Cuba, com a possibilidade de uma guerra nuclear mundial, o mundo foi salvo pelas atitudes de alguns dirigentes que se portaram como estadistas.

Agora, sofremos com o cenário de guerra na Ucrânia, assistimos a alguns horrores de guerra, embora limitada, e o pior: estamos sem estadistas.

Quando o Governo Kennedy descobriu que mísseis estavam sendo instalados em Cuba pelos russos, a poucas milhas do território americano, reagiu de forma enérgica, assumindo as últimas consequências. Com muita justificativa.

Por outro lado, Cuba e Fidel precisavam se garantir contra outra invasão da Ilha, como aquela na Baía do Porcos, arranjada pela administração anterior de Eisenhower.

Ele era grande figura daqueles tempos, a começar pelo fato de ter comandado as forças que derrotaram Hitler até ter sido o Presidente americano que cobrou o imposto de renda mais elevado dos ricos. Mas deixou passar os que adoravam fazer guerras.

Kennedy manteve a firmeza, mas soube negociar.

Kruschev, o líder russo, soube tirar proveito da situação e obteve compromisso do próprio irmão de Kennedy e de seu Ministro da Justiça em negociação direta: Cuba não seria invadida e os americanos retirariam seus mísseis da Turquia e de outras áreas, que era certamente o que os russos queriam quando estavam instalando seus mísseis em Cuba.

Os mísseis voltaram para casa e o mundo respirou em paz. Com estadistas, mesmo com muitos defeitos de cada lado, é outra coisa.

Agora, a OTAN, aliança militar que não deveria existir para o bem da paz, sob o comando americano, instala bases e se implanta em diversos países ao redor da Rússia, assentada em governos pequenos e medíocres, eleitos em processos confusos a partir do fim da União Soviética.

A Rússia, já machucada pela extinção de um sistema político que ela comandava desde 1917, que havia gerado a segunda economia do mundo, grande população, imenso território, tecnologia avançada, vê-se cercada mais de perto na Ucrânia, com inimigos declarados que poderiam até usar armas nucleares, parte para o horror da guerra. Guerra que a humanidade já não mais imagina vivenciar.

Pela ausência de estadistas, a humanidade já havia amargado guerras estúpidas, idiotas, desde a Coreia e a cruel Guerra do Vietnã até mais recentes na Iugoslávia, Kosovo, Iraque, Líbia, Afeganistão e a pobre gente que sofre no Iêmen sob as armas sauditas/americanas.

Paira outro mal sobre todas as nossas cabeças: o aumento do fascismo nas áreas acobertadas pela OTAN, como se evidenciam nos grupos neonazistas na Ucrânia, com conexões malévolas até no Brasil,

Falta um estadista na Europa, à semelhança de De Gaulle, que se imponha diante do poder dos Estados Unidos para dizer aos americanos e aos russos que é preciso ter polos de equilíbrio no mundo, que se respeitam e dialogam para o bem da humanidade, e que nenhum país pode ser encurralado.

Acima de tudo, que seja capaz de conter essas áreas fascistas que se avolumam, se espalham e ganham poder armado.

A Europa teria este grande papel, mas está subjugada, sem estratégia própria à altura da sua história, sua economia e valor do seu povo.

Nos faz lembrar novamente Eisenhower: todos submetidos aos interesses da indústria armamentista, agora de braços dados com o sistema financeiro.

*Vivaldo Barbosa foi deputado federal Constituinte e secretário da Justiça do governo Leonel Brizola, no RJ. É advogado e professor aposentado da UNIRIO.


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Comentários

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Morvan

OTAN, cuja existência não se sustenta sob qualquer aspecto, desde a implosão da União Soviética. Seu sustentáculo era o equilíbrio, arguía-se. No velho mundo unipolar, não mais.
E, corroborando a tese do articulista, vê-se uma Europa toda subjugada, a reboque dos estadunidenses; a imprensa fada, toda a reboque, idem. Genuflexa, vil, serviente. As Redes Antissociais como pregoeiras da “liberdade”, que é como se auto cognomina a dominação yankee.
Por fim, mas não menos importante, falando-se em líderes: já não há mais De Gaulles; só Maçons, digo, Macrons e Pétains. Não mais Kölls; entram os Olafs (epa! Será nórdico?). Nunca a paz foi tão quimérica!

Omar Oto

O Biden parece meio gaga.
Ele tenta mostrar força agora na Ucrânia com essa questão da Otan depois que os afegaos deram um chute nos EUA ano passado.
Os Homens são muito orgulhosos qdo erram. É difícil admitir que errou. Americano então, piorou.

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