Vivaldo Barbosa: Ciro reaparece onde sempre esteve — na direita

CIRO REAPARECE ONDE SEMPRE ESTEVE: NA DIREITA

Por Vivaldo Barbosa*

Ciro Gomes volta a fazer as declarações estapafúrdias e agressivas que estávamos acostumados nas eleições.

Sempre na mesma linha: atacar Lula para tentar enfraquecê-lo.

Agora, na hora em que Lula, diante da herança desastrosa de Bolsonaro, mais precisa de apoio para: enfrentar o sistema financeiro na luta contra as altas taxas de juros; lidar com o fisiologismo que dificulta os avanços na política brasileira; e confrontar o conservadorismo e a direita mais raivosa que ainda teima permanecer.

Ciro surge em uma palestra para estudantes de Direito em Lisboa.

Disse que Lula não fará transformações, a querer dizer que ele é quem faria, com um projeto tortuoso e, por isso, enganoso, com nacionalismo aparente e “modernização” da legislação trabalhista e previdenciária que, no fim da linha, retira direitos e abre ao sistema financeiro.

Além de ter se apresentado por um partido hoje nitidamente fisiológico, que há algum tempo deixou de empunhar bandeiras de interesse do povo brasileiro.

Ciro voltou a dizer que Lula não foi absolvido, pura excrecência jurídica e ofensa ao bom senso.

Ciro está na dele e até nem mereceria referência ou atenção.

O grave e delicado na questão é que ele é vice-presidente nacional do PDT, cujo presidente (nem é bom relembrar por pruridos morais) é ministro do governo Lula.

Há uma questão moral grave nesse episódio.

O ministro presidente do partido se esconde, finge que não é com ele, como sempre fez na vida.

Mas esta questão moral corrói a política brasileira.

Quando os dirigentes não se sentem comprometidos ou envolvidos com os princípios que proclamam ou simbolizam carregar, tudo se desanda.

E fica mais difícil domar o fisiologismo, esta praga pegajosa da política.

Não podemos assistir a isso tudo sem nos indignar. É o que certamente Brizola faria agora, como todos  nós sabemos.

*Vivaldo Barbosa é do Movimento O Trabalhismo. Integra o Comitê BrizoLula, no Rio de Janeiro. Foi deputado federal Constituinte e secretário da Justiça do governo Leonel Brizola, no RJ. É advogado e professor aposentado da UNIRIO

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