Ualid Rabah: ”Precisamos parar a maior máquina genocida da história. Nos ajudem a divulgar a verdade antes que seja tarde demais”; vídeo

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Da Redação

Ualid Rabah é o presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil — Fepal.

Abaixo, a transcrição de trechos do vídeo acima, que ele divulgou nesta quinta-feira, 12 de outubro de 2023.

Um apelo dramático aos amigos e solidários da causa do povo palestino:

Neste momento, a Palestina vive aqui no Brasil um verdadeiro genocídio comunicacional.

Uma verdadeira propaganda de guerra, especialmente pelos grandes veículos de comunicação, bem como aqueles que estão mentindo nas redes sociais.

Neste momento no Brasil, a grande guerra é a guerra por meio da propaganda de guerra.

Não há informação verdadeira sobre a Palestina.

Não há equilíbrio informacional.

Não há jornalismo de verdade.

Os grandes veículos de comunicação no Brasil, infelizmente, estão promovendo um verdadeiro linchamento midiático do povo palestino.

Infelizmente estão promovendo um genocídio midiático contra o povo palestino.

Isso visa permitir, legitimar, que Israel esteja livre para exterminar o povo palestino, algo que já vem fazendo há 76 anos.

Nós precisamos neste momento, que todos os que sabem que o que acontece na Palestina há 76 anos é um genocídio, um apartheid, um grande crime de lesa humanidade, que produz refugiados, cadáveres e escombros.

Precisamos deter isso. Nos ajudem. E para isso desmintam essas mentiras, falem a verdade sobre a Palestina, divulguem o que está acontecendo na Palestina.

Nos ajudem antes que seja tarde demais.

Nos ajudem antes que a solução final que Israel tanto quer para a Palestina aconteça.

É o maior banho de sangue da história na Palestina neste momento, acontecendo.

Precisamos parar este banho de sangue.

Precisamos parar a máquina de guerra israelense.

Precisamos parar a maior máquina genocida da história humana que se chama Israel”.


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Zé Maria

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“A LIMPEZA ÉTNICA DE ISRAEL NA PALESTINA”

“Israel não conseguirá manter o sistema
ideológico que o sustenta para sempre.”

Quem faz o prognóstico é o historiador israelense ILAN PAPPÉ.

“Estamos em uma encruzilhada: as pessoas em Israel sabem
do que o país fez no passado e faz no presente, mas a maioria
ainda aceita isso e parece não se importar”, afirma o historiador,
para quem pressões externas e “novas gerações” provocarão
mudanças em Israel.

Pappé é um dos principais nomes dos chamados “novos historiadores israelenses”, grupo que analisa criticamente os eventos que levaram
à fundação do Estado de Israel, em 1948, a partir do estudo de arquivos
militares mantidos em sigilo até a década de 1980.

Ele escreveu os livros
“História da Palestina Moderna: Uma Terra, Dois Povos”,
“Os Palestinos Esquecidos: A História dos Palestinos em Israel”
e “A Limpeza Étnica da Palestina” (ed. Sundermann) no qual
argumenta que houve um processo planejado de expulsão
e massacre de milhares de palestinos que viviam no território
que viria a ser o Estado de Israel.

Sua hipótese contradiz a narrativa tradicional sobre o tema, segundo a qual
os palestinos fugiram da região devido à guerra iniciada pelos países árabes
contra Israel.

O historiador sofreu pressões e ameaças desde que publicou a obra,
em 2006, e por isso hoje vive exilado no Reino Unido, onde é professor
na Universidade de Exeter.

Leia trechos da entrevista concedida por ILAN PAPPÉ quando
o Escritor Historiador Israelense esteve no Brasil em 2017:

Pergunta – Em seu livro, você defende a tese de que Israel foi fundado
com base na limpeza étnica dos palestinos que viviam ali.
Como seus compatriotas reagiram a essa ideia?

ILAN PAPPÉ – No início, tentaram ignorar o livro e eu fui muito criticado,
o que causou muitos problemas para mim.
Aparentemente, para a academia israelense, falar que nosso país
cometeu crimes contra a humanidade é cruzar uma linha vermelha.

A verdade é que as pessoas olham para os mesmos fatos com lentes
diferentes.

Se você vê o que aconteceu na Palestina em 1948 de uma perspectiva
humanista, só se pode chegar a uma conclusão: as forças sionistas
expulsaram milhares de pessoas e demoliram centenas de vilas palestinas,
o que configura limpeza étnica.

Os israelenses não são os únicos a colonizar uma terra estrangeira,
várias nações europeias fizeram isso no passado.
Mas os israelenses são os únicos a negar o que fizeram.

Pergunta – Você acredita que a sociedade israelense mudou a percepção
que tem sobre si mesma nos últimos anos?

ILAN PAPPÉ – Atualmente, há mais conhecimento do que nas últimas
décadas sobre os acontecimentos de 1948.

A grande maioria dos israelenses sabe que milhares de palestinos
foram expulsos de suas casas e que 500 vilas foram apagadas do mapa.

Estamos em uma encruzilhada: as pessoas em Israel sabem do que o país
fez no passado e faz no presente, mas muitos ainda aceitam isso e parecem
não se importar.

Eu acredito que uma resposta global dura e mudanças de percepção
na comunidade judaica ao redor do mundo são fundamentais para que
Israel deixe de cometer atrocidades.

Falo com muitos israelenses jovens e vejo uma atitude diferente,
mais crítica do que as gerações anteriores. Por isso, sou otimista.

Penso que Israel não conseguirá manter o sistema ideológico que o sustenta
para sempre.

Pergunta – Donald Trump já indicou possíveis mudanças na política dos EUA para Israel. O que seu governo pode representar?

ILAN PAPPÉ – Honestamente, creio que a política dos EUA para Israel
não é apenas baseada na personalidade de um presidente.

Todos pensavam que Barack Obama era pró-Palestina, mas na prática
ele não mudou em nada as diretrizes da política americana.

Há outros fatores em jogo, como o lobby pró-Israel e o as pressões
do complexo militar-industrial, que ainda vê Israel como um ativo.

Por outro lado, a sociedade civil e a comunidade judaica nos EUA
nunca foram tão críticas a Israel quanto hoje.

Penso que muitas coisas vão mudar nos EUA, e Trump não é a causa
dessas mudanças. Talvez seja um sintoma.

Pergunta – 2017 marca o 50º aniversário da Guerra dos Seis Dias. Qual a relação desse evento com o processo que você chama de limpeza étnica?

ILAN PAPPÉ – Há uma continuidade histórica.
Os judeus foram para a Palestina porque precisavam fugir do genocídio
na Europa, mas implementaram um projeto colonial.

Para o sionismo, que considero ser o último movimento colonial, é preciso
ter o máximo da Palestina com o mínimo de palestinos possível,
caso contrário o projeto não consegue se concretizar.

Em 1948, expulsaram a maioria dos palestinos para, ironicamente, criar
uma democracia judaica em parte do território.
Em 1967, resolveram ocupar o resto da Palestina, incorporando muitos
dos palestinos que haviam sido expulsos em 1948.
Isso criou um problema demográfico.

Para resolver esse problema, não houve expulsões sistemáticas,
mas se fez algo tão ruim quanto a limpeza étnica.
Israel implementou uma ocupação militar sem conceder cidadania,
negando aos palestinos o direito de decidir sobre o próprio futuro.

Isso criou o que eu chamo de “megaprisões palestinas”, com graus
diferentes de liberdade.
Em algumas partes da Cisjordânia se é mais livre, como se fosse
uma “prisão aberta”, mas Gaza, por exemplo, é tão fechada que
nem se entra mais lá, só se bombardeia.

Pergunta – Quando, e por que, você passou a se opor ao sionismo?

ILAN PAPPÉ – Foi um processo longo, com várias etapas.
Eu queria virar um historiador e percebia que as evidências que via
não batiam com a narrativa sobre Israel que era apresentada para mim.

Na universidade, eu tive um orientador árabe e, quando estudei em Oxford,
pude conversar com palestinos de igual para igual.

Penso que o divisor de águas nesta travessia foi a invasão israelense
ao Líbano em 1982.

Pela TV, eu podia ver o que meu país estava fazendo e não tinha como
justificar todas aquelas atrocidades.

Eu não tenho problemas com a ideia de um Estado judeu, mas isso
se torna moralmente inaceitável quando depende da expulsão e
opressão sistemática dos palestinos.

Tenho lutado contra isso minha vida inteira.

Penso que existe uma alternativa para essa situação.

Judeus e palestinos podem viver juntos em um Estado democrático,
não precisam viver em um sistema de “apartheid”.

Pergunta – Por que você apoia o BDS (campanha de boicote, desinvestimento e sanções contra Israel)?

ILAN PAPPÉ – Eu acreditava que a diplomacia e o processo de paz
poderiam resolver o problema, mas passaram-se anos e a ocupação
continuou.

Também comecei a perceber que o problema não era a política do governo,
mas a ideologia do Estado. Por isso, passei a apoiar o BDS.

Como israelense, aceitar isso era difícil para mim no começo,
era o mesmo que dizer: -por favor, me boicote.

Pergunta – Os israelenses contrários à campanha a acusam
de ser antissemita ou, no caso do boicote às universidades israelenses,
dizem que é um ataque à liberdade de expressão. Repetem que a solução
é dialogar.

ILAN PAPPÉ – Mas a verdade é que as tentativas de diálogo anteriores
fracassaram e o BDS, de algum modo, nos obriga a conversar, ainda que
não seja uma conversa agradável.

Acusar o BDS de ser antissemita não é um argumento bem pensado,
embora possa convencer pessoas inteligentes.

Não há qualquer paralelo entre uma forma de preconceito que está aí
há milhares de anos e os pedidos para que um grupo —que diz agir
em nome de todos os judeus– pare de cometer violações de direitos
humanos.

Eu acredito que precisamos mudar todo o vocabulário que usamos
para nos referir à questão Israel/Palestina.

Em vez de falar em processo de paz, devemos começar a falar
em descolonização.

Isso é um grande desafio pois sabemos como ocorreram descolonizações
no passado, mas não fazemos ideia do que isso significa no século 21.

Palestinos vivem situações muito diferentes em Gaza, na Cisjordânia
e em Israel, e também é preciso pensar no retorno dos refugiados.

Para mim, é muito inspiradora a forma como o processo de descolonização
se deu na África do Sul.

Esse exemplo nos mostra exatamente o que buscamos:
não queremos vingança, mas reparação.

Por Daniel Avelar, em 27 de Abril de 2017.

https://poeticadebotequim.com/2017/04/27/6386/

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