Thea Tavares: Todos os ”crimes” cometidos por Renato Freitas; vídeo e nota de apoio

Tempo de leitura: 5 min

Da Redação

Na quarta-feira, 08/03, o secretário da Segurança Pública do governador Ratinho Jr (PSD), coronel Hudson Leôncio Teixeira, protocolou na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) representação contra o  deputado estadual Renato Freitas (PT).

“Em face das ilações infundadas, descabidas e distorcidas da realidade proferidas a militares estaduais e à Polícia Militar do Paraná”, diz o coronel na representação.

“Na sessão legislativa do dia 7 de março de 2023 da Assembleia Legislativa do Paraná, o mencionado parlamentar ao fazer uso da palavra cita: ‘ policiais covardes, assassinos, serviçais do mal'”(negrito é do do documento original).

O discurso questionado pelo coronel está no topo.

Assista-o. Renato Freitas diz alguma inverdade?

O seu discurso só confirma o belo artigo da jornalista Thea Tavares, um pouco mais abaixo.

Ontem, 09/03, o bloco de oposição divulgou uma nota de apoio incondicional a Renato e repúdio à suposta representação do coronel, já que o documento que circula não é oficial..

”O Secretário [da Segurança Pública do Paraná], ao se deparar com denúncias de fatos que ocorreram e são notórios, ao invés de tentar corrigir os equívocos da corporação, se coloca na defesa de atos que mancham a boa reputação da PMPR”, observa a nota (na íntegra, ao final).

“O deputado Renato Freitas, ao se referir à parte ruim da Polícia Militar, foi enfático, direto, duro, mas não extrapolou os limites de sua imunidade”, afirma.

Abaixo, um artigo especial para o Viomundo da jornalista Thea Tavares.

OS  “CRIMES” DE RENATO FREITAS

Por Thea Tavares*, especial para o Viomundo

Que “crimes” tem cometido o deputado estadual Renato Freitas, do Partido dos Trabalhadores (PT) do Paraná, que tanto provoca reações?

Renato comete conscientemente o crime de esfregar na cara dos representantes do conservadorismo e da nossa elite econômica os crimes que cometem quando massacram a educação, desconstroem políticas inclusivas.

Também quando fazem o possível e o impossível para manter o povo amordaçado por uma sociedade de castas, concentradora, preconceituosa e excludente.

Por meio de palavras, Renato devolve-lhes tudo isso.

Ao se expressar, Renato reflete a grandeza e o potencial de um ser humano,  que, nascido em condições adversas, se vale de cada oportunidade para brilhar diante dos olhos incrédulos dos opressores que objetivam diminuir pessoas com as mesmas origens e aparência dele.

Sim, Renato é o símbolo de tudo o que eles oprimem e subjugam porque temem.

Encaram Renato como “ameaça”, pois suas palavras bem encadeadas estremecem as bases e a rigidez do sistema.

Renato é o povo quando tem acesso a cuidados, estudo e alguma alimentação.

O povo sem medo de defender seu direito de não viver com medo nem pela metade.

Renato sabe abrir a boca para escancarar todo o mal do autoritarismo e da discriminação.

Renato não quer o que não é seu. Nem acumular, por meio da subtração, o que pode ser melhor distribuído e partilhado.

Renato desnuda a exclusão, o autoritarismo, o desrespeito e a expropriação praticados por aqueles que não conseguem ver outra forma de “vencer” , senão explorando, sufocando um grupo de humilhados para chamar de seu.

Renato incomoda as acomodações. Perturba as mentiras, os egos e apegos materializados na sociedade.

Renato escancara até para os oprimidos os perigos de ser complacente, aceitar viver pela metade,  aquiescer diante das perversidades.  Também de sujeitar-se a ser menos, pequeno, mudo, apático, imóvel e servil.

Renato é a força do movimento!

Renato é a autoestima da imagem refletida em espelho quebrado, destruído para distorcer, fragmentar,  apequenar as visões, restringir os horizontes e os desejos de simplesmente ser. E só.

Renato soube extravasar pelas fissuras desses supostos inabaláveis e inatingíveis sossegos.

Renato é o retrato do povo, quando descobre o seu poder e se liberta das correntes do ódio e do obscurantismo impostos pelos beneficiários da servidão.

Todos esses “crimes” e muitos outros, ele cometeu.

Estão contidos nos autos para condená-lo, como aconteceu quando era vereador.

Renato responderá um a um de cabeça erguida.

No final, não será Renato que se sentará no banco dos réus do julgamento da história, mas seus algozes.  Disso, eu tenho certeza.

*Thea Tavares é jornalista em Curitiba (PR).


Nota de apoio ao deputado Renato Freitas

Os deputados Requião Filho, líder da oposição na Assembleia Legislativa (Alep), Professor Lemos, líder do bloco PT/PDT, e Arilson Chiorato, presidente do PT Paraná, manifestam repúdio à suposta representação do Secretário de Segurança Pública do Paraná, Hudson Leôncio Teixeira, contra o deputado Renato Freitas (PT), ao mesmo tempo que manifestam apoio incondicional ao parlamentar, eleito com 57.880 votos e o primeiro presidente da Comissão de Igualdade Racial da história da Alep.

Nem sempre o ataque é a melhor defesa. O que vimos na representação do Secretário, documento que circula de forma não oficial, é o corporativismo colocado acima do que é certo, justo e correto. O Secretário, ao se deparar com denúncias de fatos que ocorreram e são notórios, ao invés de tentar corrigir os equívocos da corporação, se coloca na defesa de atos que mancham a boa reputação da PMPR.

O deputado Renato Freitas, ao se referir à parte ruim da Polícia Militar, foi enfático, direto, duro, mas não extrapolou os limites de sua imunidade. A Representação do Secretário nada mais é do que uma réplica do modus operandi de perseguir, ameaçar e tentar, por meio da intimidação, sempre ao mais fraco, menos favorecido, historicamente perseguido, para que ele se cale e não busque que a Justiça seja feita.

A função da Polícia é proteger a população. O Secretário de Segurança deveria cuidar da Polícia, e o deputado nada mais fez do que criticar os erros de uma pequena parte da corporação e dar voz à população periférica. O que se quer é calar os cidadãos que elegeram Renato Freitas para abordar, no Poder Legislativo, justamente temas como este.

Gostaríamos de ver, por parte do Secretário, tamanha galhardia e coragem na defesa da PMPR contra os atos e golpes proferidos à instituição e aos praças pelo atual governo estadual, diante da não existência de concursos internos, escalas com mais de 80 horas semanais e operações midiáticas sem efeito real.

Esse corporativismo também foi visto quando, na história recente do Paraná, um oficial médico abusou de mais de três dezenas de policiais femininas, e a corporação, covardemente, buscou um subterfúgio técnico para absolvê-lo.

Caso se confirme o protocolo do documento na Alep, a melhor resposta do Secretário, neste momento, não seria a tentativa de intimidação de um parlamentar democraticamente eleito por uma parcela importante da população, historicamente marginalizada, mas o dispêndio dessa energia para corrigir os erros da corporação acima do corporativismo narcisístico, honrando aqueles bons homens e mulheres que defendem com a sua vida a nossa população, dia após dia.

Por fim, cabe ressaltar que o ato do Secretário pode configurar Crime de Responsabilidade, considerando que, ao usar de ameaça contra representante político “para afastá-lo da Câmara a que pertença ou para coagí-lo no modo de exercer o seu mandato” e “violar as imunidades asseguradas aos membros do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas dos Estados”, fere o artigo 6º da Lei 1079/1950.

Deputados(as) Estaduais
Requião Filho – Líder da Oposição
Professor Lemos – Líder do Bloco PT-PDT
Arilson Chiorato – Presidente do PT Paraná
Ana Júlia – PT
Dr. Antenor – PT
Goura – PDT
Luciana Rafagnin – PT
Renato Freitas – PT

Leia também:

Ângela Carrato: Petições públicas por cassação do mandato de Nikolas Ferreira já têm quase 500 mil assinaturas

Altamiro Borges: O ”moleque” Nikolas Ferreira pode ser cassado, merece até cadeia


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!

Deixe seu comentário

Leia também