Ricardo Kotscho: Se Dilma acertou com Levy, Barbosa e Tombini, com Kátia, não

Tempo de leitura: 4 min

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Kátia Abreu -- petição contra a sua indicação

Dilma fez o que devia e deixa oposições sem discurso

por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho

O que eles queriam, afinal?

Que Dilma deixasse tudo como está e nomeasse um companheiro revolucionário ou um burocrata anódino para comandar a economia no seu segundo governo?

As primeiras críticas feitas pelas oposições ao seu governo, à direita e à esquerda, antes mesmo do anúncio oficial, mostram que a presidente Dilma Rousseff estava certíssima ao montar sua nova equipe econômica com Joaquim Levy, na Fazenda, Nelson Barbosa, no Planejamento, e mantendo Alexandre Tombini no Banco Central.

Já que é impossível agradar a todos ao mesmo tempo, ainda mais num momento tão convulsionado da vida nacional, a presidente fez o que devia: acima de rótulos ou de siglas, nomeou três profissionais de competência reconhecida, com o objetivo central de restabelecer um clima de confiança, tanto entre investidores, aqui dentro e lá fora, como na sociedade dividida pela campanha eleitoral.

A primeira entrevista coletiva do novo trio econômico, que ainda não tem data para tomar posse, me passou uma sensação de tranquilidade, de saber o que estão falando e o que pretendem fazer para que o país volte a crescer sem atropelos, sem soluções mágicas, sem pacotes, sem sustos.

Quem pode ser contra o que disse Joaquim Levy, o chefe da nova equipe, que trabalhou na gestão econômica de Fernando Henrique Cardoso e foi Secretário do Tesouro no primeiro governo Lula, destacando-se tanto nas funções públicas como na iniciativa privada? Veja suas primeiras declarações:

“Temos a convicção de que a redução das incertezas em relação às ações do setor público sempre é ingrediente importante para a tomada de risco pelas empresas, trabalhadores e famílias brasileiras, especialmente as decisões de aumento de investimento (…) Essa confiança é a mola para cada um de nós nos aprimorarmos e o país crescer”.

“A gente vai ver no dia a dia como a autonomia no cargo ocorre. Mas evidentemente quando uma equipe é escolhida é porque há confiança. Não tenho indicação nenhuma em contrário. O equilíbrio da economia é feito para garantir o avanço na área social que nós alcançamos”.

“O Ministério da Fazenda reafirma o compromisso com a transparência de suas ações e manifesta o fortalecimento da comunicação de seus objetivos e prioridades e a comunicação de dados tempestivos, abrangentes e detalhados que possam ser avaliados por toda a sociedade, incluindo os agentes econômicos”.

“Nossa prioridade tem que ser o aumento da taxa de poupança. Aumentando sua poupança, especificamente o primário, o governo contribuirá para que os outros agentes de mercado e as famílias sigam o mesmo”.

É importante registrar que, antes de conceder esta entrevista, Joaquim Levy e seus dois colegas de equipe almoçaram com a presidente Dilma Rousseff e com ela acertaram os ponteiros. Quem já joga num confronto entre os novos ministros e deles com a presidente da República, como os “analistas independentes” do apocalipse, que sempre aparecem nestas horas para dar fundamento “científico” aos colunistas do pensamento único do Instituto Millenium, podem ir tirando o cavalinho da chuva.

Quem define política de governo e dá as ordens é quem senta na cadeira de presidente no terceiro andar do Palácio do Planalto, não os eventuais ocupantes de ministérios, aliás, por ela escolhidos. Se Dilma nomeou estes três é porque confia neles e não tem esta besteira de que daqui a dois anos, feito o ajuste fiscal com um “saco de maldades”, vai trocar a equipe e voltar a ser tudo como era antes. Isso é papo de quem continua jogando no quanto pior melhor e não aceita o resultado das urnas, achando que nada neste governo pode dar certo, para ver se fatura algum na especulação financeira.

O fato é que Dilma deixou sem discurso esta turma do contra e setores do PT e da base aliada inconformados com a ousadia da presidente em dar um cavalo de pau na economia para colocar o navio novamente no rumo certo. Por falar nisso, o economista Joaquim Levy também é engenheiro naval e sua primeira missão, certamente, será consertar os rombos no casco.

Mais do que das palavras e intenções, gostei da cara boa dos três, gente comum capaz de sorrir mesmo em horas graves, falando coisas que a gente entende, sem querer mascarar as dificuldades, mas também sem nos tirar o ânimo para enfrentá-las. Por isso, fiquei mais otimista ao olhar para 2015, na contramão dos profetas do fim do mundo.

Kátia Abreu, não

Se Dilma Rousseff provou que estava certa na indicação de Levy, Barbosa e Trombini, o mesmo não se pode dizer da anunciada nomeação de Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura. Tem coisa que pode e tem coisa que não pode. Kátia Abreu não pode, pelo conjunto da obra pregressa. Seria o mesmo, por exemplo, que nomear Paulo Maluf para o Ministério das Cidades ou lhe entregar as chaves do Banco do Brasil.

Parceira de Ronaldo Caiado e seus coronéis na famigerada União Democrática Ruralista (UDR) dos tempos da ditadura militar, que de democrática nada tinha, Kátia Abreu sempre esteve lutando do lado exatamente oposto aos que, no PT e fora dele, defendem como razão de viver a reforma agrária, a proteção do meio ambiente, a agricultura familiar, a demarcação das terras indígenas e dos quilombolas.

A política também é feita de símbolos e Kátia Abreu, hoje presidente da Confederação Nacional da Agricultura, simboliza o que há de mais reacionário, intolerante e autoritário neste importante setor da vida nacional. Não é possível que Dilma não encontre outro representante do agronegócio para ocupar este ministério. Alguém com o perfil de Roberto Rodrigues, por exemplo, um líder realmente democrático e capaz em seu ofício, que fez campanha para José Serra, em 2002, foi ministro da Agricultura de Lula, a partir de 2003, e agora apoiou Aécio Neves. Não tem problema. Como dizia o velho amigo José Alencar, vice de Lula, um sábio sem diploma, o importante não é a cor do gato, mas que ele seja capaz de caçar o rato.

Governo tem que procurar escolher os mais competentes e mais representativos em cada área, sem se preocupar com críticas de adversários nem muxoxos de aliados. Pode até descobrir depois que errou, mas não pode já começar errando. Ainda está em tempo de Dilma pensar melhor neste assunto.

Vida que segue.

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Comentários

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wendel

MEU MANIFESTO

Não vou nem mais ler notícias sobre impeachment, golpe branco, golpe, afastamento, enfim seja que merda for !!!!

Votei na Dilma, como 53 milhões e meio de brasileiros para ela governar por mais quatro anos. Ponto.

Se querem fazer manobras para tirá-la do poder, usando desses vários instrumentos que muito bem conhecemos, que assim seja. Cada ato traz em sí as consequências. Que tb assim seja.

Se estão por trás, os vendilhões, o império do norte, os mercenários contratados tanto por eles como pelos daquí, que assim seja.

E finalmente, caso isto venha a ocorrer, os que tb não concordam com esta traição, é só me dizerem onde me alisto, para dar cabo de alguns facínoras que estão pretendendo isto.

Não tansigirei quanto a isto, pois abro mão de viver num pais, onde os covardes, entreguistas, capachos, bandidos, enfim os que não respeitam a vontade das urnas, e querem impor seus fantoches no Palácio da Alvorada.

Se é para nos afogar no mar de lama, conforme eles dizem, e se fazendo de puros, digo:

NÃO SERÁ UM MAR DE LAMA, MAS DE SANGUE !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Vlad

“Seria o mesmo, por exemplo, que nomear Paulo Maluf para o Ministério das Cidades ou lhe entregar as chaves do Banco do Brasil.”

Não sei…acho que Maluf seria menos pior que os últimos que ocuparam tais bunkers.

Também não entendo a grita contra a Kátia (que é nossa e nóis é dela). Afinal Dilma patrocinou o programa “assentamento zero”, evitando assim (nas próprias palavras da governanta) a favelização rural e con$$eguiu milagro$amente calar a boca do M$T. Então, que diferença faz Kátia, Caiado, ou a UDR toda no Ministério? Falar nisso, já acharam onde foi o dinheiro roubado do PRONAF em Santa Cruz do Sul? foi só lá? não diga.

Mauro Assis

Essa prosa de quem define é a presidenta não cola. O que move esses caras é grana muita e/ou poder muito. Se no governo não tem grana, é óbvio que eles estão indo porque terão muito poder. É só ler com olhos de enxergar a entrevista do Levy na posse, quando perguntado sobre a sua autonomia. Ele respondeu que é lógico que, se foi convidado, é porque quem convidou aprova as ideias dele, um economista da escola de Chicago.

Sintomático é que a Dilma nem lá foi…

Pois zé

entre uma Kátia moderadamente de direita e um esquerdista irresponsável e incompetente,como configura ser o que Dilma poderia escolher, ficamos como mais ceerto.

    Julio Silveira

    Me responda com sinceridade, tu é tucano não?

O Mar da Silva

O importante é a agenda que o governo deverá definir e não os nomes das pastas. Ainda que haja simbolismo nas nomeações da reeleita Dilma.

É inútil brigar por nomes e esquecer o principal: a agenda a ser definida. Isso que deve ser o objetivo daqueles que apoiaram a reeleição.

Em quatro anos qual a taxa de juros que o Levy deverá perseguir? E a inflação? A renúncia fiscal? A Selic? O papel dos bancos públicos na redução dos spreads, no financiamento da moradia, do crédito ao micro e ao pequeno empresário? Agenda esse é o foco. Se é Levy ou Trabuco pouco importa.

Para Kátia, idem. Qual a agenda que ela deverá perseguir? É o governo que define a agenda. Ou deveria.

FrancoAtirador

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LENHA NA FOGUEIRA

30/11/2014 07h56 | Atualizado em: 30/11/2014 07h59
Jornal Cocktail – Gurupi/TO

Presidente Nacional do PT defende nomeação de Kátia Abreu

Sem rodeios.

O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, disse neste sábado (29) que a nomeação da senadora Kátia Abreu (PMDB) para o Ministério da Agricultura é boa porque abre vaga para mais um senador do PT.

O PT tem atualmente 13 senadores.
O resultado das eleições de outubro retirou uma destas vagas do partido.

O suplente da senadora Kátia Abreu, Donizete Nogueira (PT),
pode dar, assumindo, o mesmo número de senadores em 2015
ao partido da presidente da República.

A indicação da senadora tocantinense gerou uma série de críticas
entre as alas mais à esquerda do PT, que não escondem o desejo
de ter na pasta alguém mais identificado à agricultura de base.
Kátia representa a agronegócio em grande escala.

Outra ala que faz crítica à Kátia Abreu é a dos ambientalistas,
que também possuem uma fatia do poder dentro do PT e fora dele.
Estes discursam contra a ampliação das áreas agrícolas.
Kátia é conhecida como a “Senadora Motosserra”.

Rui Falcão defendeu que governo de coalizão é assim mesmo,
que sempre há o risco de desagradar integrantes da base,
já que são vários os partidos e tendências que ajudaram
na eleição de Dilma Roussef (PT).
“O fundamental é que a presidente é filiada ao PT”,
disse Falcão ao jornal Estado de S. Paulo.

(http://www.cocktailonline.com.br/ultimasnoticias-5100-presidente-nacional-do-pt-defende-nomeacao-de-katia-abreu.html)
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    FrancoAtirador

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    .
    E O PRÊMIO CÁUBÓI, HERÓI DO RODEIO, VAI PARA…

    25/11/14 07h0925/11/14 14h31

    Reclamação sobre indicação de Kátia Abreu
    é ‘dor de cotovelo’, diz Donizeti Nogueira

    Enquanto setores do PT e da esquerda reclamam da indicação da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para o ministério da Agricultura, o ex-presidente do diretório estadual do partido em Tocantins, Donizeti Nogueira, suplente da senadora, lembrou que a aliança com a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) não é novidade e a indicação dela para a pasta não é surpresa.

    As informações são do site do jornal O Estado de S.Paulo.

    “Essa choradeira é muito mais dor de cotovelo do eixo que se considera mais desenvolvido do que qualquer outra coisa”, disse Donizeti.

    “Estão reclamando primeiro porque ela é mulher
    e segundo porque é de Tocantins, um Estado pequeno.”

    Donizeti lembrou ao jornal que a aliança com o PMDB em Tocantins
    foi aprovada praticamente por unanimidade no primeiro semestre.

    “Apoiamos porque o PMDB estava apoiando a presidente Dilma (Rousseff).
    Houve um esforço muito grande da nossa parte para a eleição da senadora Kátia
    do mesmo jeito que houve um esforço dela para eleger a presidente Dilma”,
    lembrou o dirigente petista.

    PT e PMDB compuseram a aliança que elegeu o peemedebista Marcelo Miranda
    para o governo de Tocantins e reconduziu a futura ministra ao Senado.

    Com a ida de Kátia Abreu para o ministério, Donizeti assume a cadeira.

    Pragmatismo
    Indagado sobre uma possível incoerência ideológica na indicação de uma ruralista ferrenha para o ministério de Dilma, o dirigente petista foi taxativo.

    “Eleição não é ideologia, é pragmatismo.
    O PT já resolveu isso em 1991.
    Desde o governo Lula a Agricultura fica com o agronegócio.
    Não sei por que a surpresa.”

    (http://www.clebertoledo.com.br/politica/2014/11/25/65387-reclamacao-sobre-indicacao-de-katia-abreu-e-039-dor-de-cotovelo-039-diz-donizeti-nogueira)
    (http://www.centronortenoticias.com.br/noticia-1416534227-marcelo-miranda-katia-abreu-e-suplentes-encontram-se-com-presidente-dilma-roussef)
    .
    .

    Evo

    Fazer o quê…

    Como bem disse o suplente de Senador, “eleição não é ideologia, é pragmatismo”.

    Quem quiser que espere mais quatro anos pra ouvir o belíssimo “discurso de esquerda” do PT em campanha.

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