PT responde a Perillo: “Tentativa desesperada de salvar o seu mandato”

Tempo de leitura: 4 min

Nota da bancada do PT na Câmara dos Deputados em resposta ao governador Marconi Perillo (PSDB-GO), enviada por e-mail

A nota oficial do governador Marconi Perillo em que tenta desqualificar o relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investigou o senhor Carlos Cachoeira apenas revela uma tentativa desesperada de salvar seu mandato e seu governo, em razão dos vínculos estreitos e perigosos mantidos com a organização criminosa chefiada por Cachoeira.

Diferentemente do que afirma o chefe do Executivo goiano, trata-se de um relatório sereno, coerente e contundente na demonstração de que o governador e a alta cúpula de seu governo estavam à mercê dos desígnios de uma organização criminosa incrustrada no estado de Goiás.

O relatório demonstra com riqueza de detalhes, substanciado em provas amealhadas pela Polícia Federal durante vários meses de investigação e em documentos em poder da CPMI, que o governador Marconi Perillo havia firmado, já durante a campanha que o levou ao governo de Goiás, uma verdadeira parceria política e econômica com a sociedade Delta/Carlos Cachoeira naquele estado.

A participação do governador Perillo na CPMI, longe de significar um gesto de lisura ou compromisso ético, foi, ao contrário, uma manobra preparada para tentar afastar suas vinculações com Carlos Cachoeira, como se viu em toda a farsa criada em torno da venda de sua casa para o criminoso.

A investigação realizada pela CPMI apontou com clareza que o governador efetivamente beneficiava o grupo Delta/Cachoeira, nomeava para cargos estratégicos em seu governo pessoas indicadas pelo chefe da organização criminosa e, em troca, recebia recursos financeiros e outros favores da quadrilha.

O trabalho sério da relatoria mostrou para todo o Brasil, e principalmente para a sociedade goiana, que, além do próprio governador, vários secretários, procuradores de Estado e auxiliares diretos do governo de Goiás também haviam aderido à organização criminosa, em troca de vantagens financeiras diversas.

Diferentemente do que afirma o senhor Perillo, o relatório faz uma investigação ampla da empresa Delta para além da região Centro-Oeste e aponta todos os indícios, inclusive com a identificação de mais de 116 empresas, de irregularidades que poderão ser aprofundadas pelo Ministério Público e pela própria Polícia Federal.

Não há revanchismo, perseguição ou espírito de vingança por parte do relator. O relatório final da CPMI retrata uma situação que já se mostrava pública. Caberá agora ao governador explicar à sociedade brasileira o motivo que levou seu governo ser partilhado e, em grande parte, conduzido efetivamente pelo chefe de uma das maiores organizações criminosas já estruturadas no país.

Com a palavra, o governador Marconi Perillo.

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Deputado Jilmar Tatto-PT/SP

Líder da Bancada na Câmara

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Nota oficial do governo de Goiás, do site do PSDB 

A farsa foi desmascarada

O relator, a serviço do mentor maior do mensalão e na ânsia de agradar seu chefe, produziu o mais malfeito e inconsistente “relatório” de todas as CPMIs criadas até hoje no Congresso Nacional.

O “relatório” é tão confuso, direcionado e inconsistente que fica difícil até contestá-lo pontualmente. Fica o repúdio, de forma veemente, a esta peça de ficção elaborada exclusivamente como instrumento de vingança.

Aos fatos:

1. O governador solicitou, por iniciativa própria, que o MPF abrisse processo para investigá-lo.

2. Em respeito ao Congresso Nacional e como ex-parlamentar, ofereceu-se espontaneamente para comparecer à CPMI do Cachoeira, onde respondeu com clareza, objetividade e transparência todos os questionamentos que lhe foram feitos e, em seguida, ofereceu a quebra de todos os seus sigilos – fiscal, telefônico e bancário.

3. Depois de quase três anos de investigações e mais de 30 mil horas de gravações e todos os sigilos do governador à sua disposição, o relator teve oito meses para fundamentar suas posições que, diga-se de passagem, foram manifestadas de forma irresponsável ao longo desse período. Mesmo com toda a farta documentação, ele não conseguiu demonstrar a mínima conexão ou favorecimento do governador Marconi Perillo com o grupo Delta/ Cachoeira.

4. De forma hilária, o relator cria em seu “relatório” a entrega de dinheiro em sistema delivery que, durante as investigações ele afirmou categoricamente que havia sido feito no Palácio das Esmeraldas, e no “relatório” apresentado, ele transfere a entrega para Anápolis, região ou, ainda, Pirenópolis.

5. Não existe, em todo o material analisado pela CPMI, nenhum fato ou indício de vantagens concedidas pelo governo ao grupo Delta/Cachoeira. Por esta razão, o relator não indicou, na farsa apresentada por ele como “relatório”, um único fato concreto sequer de vantagens oferecidas a esse ou a qualquer outro grupo.

6. A pressa do relator, em encerrar esta CPMI antes de analisar mais de 500 pedidos de depoimento e de quebra de sigilos, evidencia seu pavor ao ver que as investigações caminhavam perigosamente em direção à verdade nua e crua dos fatos, isto é, ao DNIT e governos estaduais e municipais ligados ao partido dele.

7. Não convocar membros da administração federal, de governos estaduais e de prefeituras detentores dos maiores contratos do grupo Delta/Cachoeira com entidades públicas foi o maior indicativo de que esta CPMI foi transformada pelo relator e alguns de seus apoiadores em um grande circo.

8. O que vimos no “relatório” covarde, parcial e direcionado, elaborado como instrumento de vingança contra desafetos do líder maior oculto do mensalão foi uma tentativa de, através de fragmentos de gravações, montar uma peça frágil, inconsistente, sem o mínimo de embasamento técnico ou de provas para incriminar e desgastar politicamente adversários dos mensaleiros.

9. Diante disso, da fragilidade do “relatório”, do espírito de vingança do relator e do fato de esta peça elaborada pelo deputado Odair Cunha nada de novo ter trazido e não ter conseguido provar nenhuma das sandices ditas por ele ao longo dos últimos oito meses, o governador não se manifestará mais sobre esses assuntos, pois já prestou, no período, todas as informações solicitadas pela CPMI e pela sociedade de forma geral através da imprensa.

10. O governador se reserva o direito de, a partir de agora, prestar as informações relativas ao caso ao Superior Tribunal de Justiça, onde as investigações já são conduzidas de forma isenta por pessoas de bem, honestas e que não estão a serviço de nenhum partido político.

11. Desta forma, mais uma vez o governador Marconi Perillo reafirma sua inocência e, se confirmado o pedido de indiciamento formulado pelo relator, terá sido esta uma ação mesquinha, midiática, covarde, irresponsável e inócua.

Goiânia, 22 de novembro de 2012

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