Paulo Metri: Não existe Banco Central independente. Existe Banco Central dependente da sociedade ou do capital

Tempo de leitura: 2 min

Quão conscientes somos?

Não existe Banco Central independente. Existe Banco Central dependente da sociedade ou Banco Central dependente do capital

Por Paulo Metri*

A explicação para tal afirmação é óbvia, mas fere as imposições de controles mentais.

A sociedade vive sob intenso bombardeio de informações, sendo a maioria tendenciosa e fraudulenta, contudo muito bem camuflada.

Acabou a época em que os assaltos eram mais fáceis de serem executados, pois a ignorância e o analfabetismo campeavam. Hoje, se discute em detalhe a repercussão de uma notícia.

Mais uma vez, um avanço tecnológico beneficia a democratização da comunicação de massa.

O primeiro grande avanço tecnológico impactante foi a prensa de Gutenberg que acabou o monopólio da informação dos monges copiadores. Ela possibilitou a formação de grande massa de leitores com acesso a livros que, até então, eram de baixa circulação.

Novos canais de mídia foram introduzidos com o advento da internet, versão atual da prensa de Gutenberg. Estes novos canais são de baixíssimos custos, permitindo também a participação de magos das narrativas e versões dos fatos falsas.

A arquitetura da enganação na comunicação de massa serviu e serve para o acúmulo de riqueza. Assim, a melhoria da qualidade do ensino possibilita a formação de cidadãos mais conscientes, impermeáveis às falsas notícias.

Há uma batalha suja no ar dos comunicólogos em que mensagens bem concebidas podem representar um acúmulo fabuloso de riqueza e uma perda inestimável de conquistas sociais ou vice versa.

Afirmam que a imagem na televisão de um duto despejando cédulas de alguma moeda, com um locutor se referindo a um suposto “propinoduto”, convenceu grande parte da audiência. Assim, um comunicólogo de sucesso não precisa ser ético.

Senão, vejamos. É dito e espezinhado nas nossas mentes que existem princípios básicos de Economia que devem ser atendidos por quaisquer governos de qualquer tendência para haver sucesso no atendimento da sociedade.

Ledo e proposital engano. Em outras palavras, nesta visão, a Política deve se submeter à Economia.

Esquecem que a sociedade votou em uma concepção Política que lhe atraiu. A sociedade não escolheu teses econômicas, até porque não as entende profundamente, Escolheu, sim, posições políticas que a agradam.

Enfim, a Política está acima da Economia.

*Paulo Metri é engenheiro, conselheiro do Clube de Engenharia, entidade criada em 1880 por Dom Pedro II

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Leda Paulani: Banco Central, juros e independência – em defesa de Lula e da autoridade que a Constituição lhe confere


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Comentários

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abelardo

A foto me fez lembrar dos Três Poderes.
Já os chamaram de tudo, até de Corvos, e talvez tenha sido essa a razão que me fez lembrar de imediato.
Ainda assim, entendo que os três dormiram gravemente no processo controle x independência, ganho por aqueles que conseguiram levar o BC até onde está e transformá-lo naquilo que vemos hoje.

Nelson

O grande Paulo Freire já ensinava: “ninguém é neutro; ou você é culpado por ação ou é por omissão”.

Essa ronha toda que envolve um suposto Banco Central “independente” não passa de uma invenção dos neoliberais para dessubstanciar a política.

Uma instituição que lida com variáveis de grande impacto sobre a população, como o Banco Central, tem obrigatoriamente, que estar sujeita ao escrutínio da mesma. Isto tem a ver com a verdadeira democracia.

O BC independente desejado pelos liberais, neoliberais, capitalistas em geral – hoje todos se transformaram numa coisa só -, é uma instituição totalmente blindada, hermeticamente imune a qualquer influência popular, mas, totalmente subordinado aos interesses da banca privada. Coisa de ditadura, portanto.

Zé Maria

Pensando bem, nem Autônomo o Banco Central é.

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