Para “adiantar” Lava Jato, Deltan expôs informações sigilosas de empresas brasileiras a monitoramento dos EUA

Tempo de leitura: 2 min
Tudo por dinheiro
A planilha de Deltan

Deltan procurou empresas para fazer acordo com governo dos EUA

Por Pedro Canário, no Consultor Jurídico

O envolvimento do governo dos Estados Unidos com os procuradores da “lava jato” virou instrumento de pressão sobre as empresas brasileiras para fechar acordos com o Ministério Público Federal.

Para os integrantes da força-tarefa, a presença de autoridades estrangeiras na mesa de “negociações” servia de “fator de incentivo” para que as companhias cooperassem com as investigações e pagassem multas – algumas delas diretamente ao MPF.

Segundo documento do procurador Deltan Dallagnol, ele havia estabelecido como meta para 2017 e 2018 descobrir empresas que pudessem estar sujeitas à jurisdição do Departamento de Justiça dos EUA (DoJ) e “poderiam fazer acordo”.

O documento foi obtido pelo site The Intercept Brasil e divulgado pelo El País Brasil.

Em dezembro de 2016, a petroquímica Braskem e sua controladora, a construtora Odebrecht, assinaram acordos com o DoJ para encerrar investigações em curso nos EUA.

O caminho por meio do qual o DoJ chegou à Odebrecht foi a Braskem: a petroquímica negocia ações na Bolsa de Valores de Nova York, o que atraiu a competência da FCPA, a lei de corrupção internacional dos EUA.

O acordo foi considerado um sucesso.

A Odebrecht se comprometeu a pagar R$ 8,5 bilhões, divididos entre Brasil, EUA e Suíça.

Pelo acerto, 80% do dinheiro foi destinado ao Brasil, mas sob os cuidados do MPF no Paraná.

Mas, afora o dinheiro, tanto a Odebrecht quanto a Braskem se comprometeram a permitir que um “monitor externo”, indicado pelos EUA, faça relatórios sobre as atividades da empresa e os envie ao DoJ.

Esses relatórios “provavelmente incluem” informações “proprietárias, financeiras, comerciais e concorrenciais sigilosas”, diz o acordo.

Versões

A planilha de metas de Deltan indica que ele pretendia fazer mais acordos assim.

Não está claro se por iniciativa dele, como forma de usar o DoJ para pressionar as empresas, ou se por iniciativa de procuradores americanos, interessados nos negócios das grandes companhias brasileiras.

Não seria surpresa se a segunda possibilidade se confirmasse.

Em julho deste ano, o ex-embaixador dos EUA no Brasil Thomas Shannon explicou que seu governo observava com preocupação os movimentos do governo brasileiro no Caribe e na América do Sul, especialmente em Cuba e na Venezuela.

E a conclusão dos americanos foi que a Odebrecht era a grande parceira do governo brasileiro para concretizar esses planos.

Shannon foi embaixador entre 2010 e 2013.

Entretanto, a assessoria de imprensa do MPF confirma a primeira hipótese.

Em resposta a questionamento da ConJur, a Ascom do MPF no Paraná disse que “a atuação conjunta do MPF com autoridades estrangeiras é um fator de incentivo a que mais empresas resolvam cooperar com as investigações, apresentar provas dos crimes praticados e ressarcir os valores desviados”.

Segundo a assessoria, essa “coordenação” tem dado segurança jurídica aos acordos, além de garantir que o dinheiro pago pelas empresas fique no Brasil, e não nos cofres do Tesouro dos EUA – embora, claro, o dinheiro seja enviado ao Brasil, mas endereçado ao MPF em Curitiba, o que levou à suspensão de um dos acordos, o com a Petrobras, pelo Supremo Tribunal Federal, e levou o ministro Alexandre de Moraes a pedir explicações sobre o acerto com a Odebrecht.


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Zé Maria

“A Odebrecht se comprometeu a pagar R$ 8,5 bilhões, divididos entre Brasil, EUA e Suíça.

Pelo acerto, 80% do dinheiro [R$ 6,8 Bilhões] foi destinado
ao Brasil, mas sob os cuidados do MPF* no Paraná.”

*E o PT é que desviou Dinheiro?

“segundo disse ao GLOBO uma fonte com acesso às negociações”
https://oglobo.globo.com/brasil/odebrecht-braskem-fecham-acordo-com-suica-eua-20676998

https://www.viomundo.com.br/politica/jornalista-da-globo-deu-dica-a-dallagnol-sobre-escolha-de-substituto-de-zavascki.html

Zé Maria

Os Patifes da Lava Jato deveriam ser
Deportados para a Coréia do Norte.
Lá teriam o Tratamento Adequado
a Traidores da Sua Própria Pátria …

    Zé Maria

    Aliás, na Coreia do Norte, o Moro
    e os Procuradores Patifes do MPF
    não precisariam se preocupar em
    implantar o Pacote Anti-Crime ou
    as Medidas Contra a Corrupção,
    porque a Legislação Penal de lá
    é completa e, inclusive, tipifica
    direitinho os Crimes praticados
    pela Força-Tarefa de Curitiba.
    E a Lei Penal Norte-Coreana
    poderia até ser estendida às
    Milícias do Guedes/Bolsonaro.
    Por exemplo:

    Crimes Puníveis Com a Pena Morte na Coreia do Norte

    • Conspiração Contra a Soberania Nacional
    • Traição
    • Execução por Pelotão de Fuzilamento por Divulgação
    de Informação Classificada, através de Telemóvel
    • Vender ilicitamente Recursos do Estado
    • Perfídia Contra O Povo

    Mais em:
    http://visao.sapo.pt/actualidade/mundo/estes-crimes-sao-puniveis-com-execucao-na-coreia-do-norte=f819702

Deixe seu comentário

Leia também