Quem diria, se move!

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Galileu Galilei e o painel da aprovação pela Câmara dos Deputados da isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil. Ilustrações: Reprodução

Quem diria, se move!

Editorial do Página 13* de outubro de 2025

Blog de Valter Pomar 

É conhecida a história de Galileu Galilei: defensor da teoria heliocêntrica, segundo a qual a Terra gira ao redor do Sol, foi levado a julgamento pela Inquisição. Condenado, Galileu teria dito em latim a frase eppur si muove. Ou seja: o tribunal pode me condenar, mas que se move, se move…

Assim foi com o Congresso Nacional nos últimos dias. No Comissão de Constituição e Justiça do Senado, a “PEC da Bandidagem” foi enterrada. E, na Câmara dos Deputados, a isenção no Imposto de Renda foi aprovada por unanimidade!

E tanto num caso quanto noutro, jogou importante papel a mobilização popular, comprovando que, falem o que quiserem, é possível incidir de fora para dentro e de baixo para cima na correlação de forças do parlamento.

O curioso é que vários dos que usavam o argumento da correlação de forças para justificar todo tipo de concessão, agora se comportam como se a “unanimidade” fosse real e não produto das circunstâncias.

Noutras palavras: obrigados a votar a favor da isenção, os parlamentares de direita tentarão dar o troco na primeira oportunidade. E uma das oportunidades está aí na frente: a contrarreforma administrativa.

O jogo deles será cortar na carne dos trabalhadores e dos serviços públicos, fazendo sobrar mais recursos para os gastos que interessam às elites: as isenções, os subsídios e a dívida pública.

Motivo pelo qual a mobilização não pode ser nuvem passageira, tem que ser uma ferramenta permanente da esquerda. E o PT, a CUT e o MST precisam não apenas participar, mas principalmente dirigir o processo. O que, por sua vez, exige política com começo, meio e fim.

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Harmonia que faltou no episódio da “PEC da Bandidagem”, em que setores do governo, da direção partidária e da bancada na Câmara se comprometeram com posições inaceitáveis e/ou passaram o pano em quem fez isso.

A mesma postura não pode se repetir na votação da anistia para os golpistas.

Como a anistia explícita é inviável, os adeptos da “pacificação” querem fazer passar a chamada dosimetria, ou seja, mudanças que levem a redução das penas.

Os argumentos são vários, mas o objetivo é um só: reduzir o tempo e o rigor da pena, na medida certa para levar o cavernícola a dar seu apoio para uma candidatura com maiores chances de unificar as direitas contra Lula.

Nesse sentido, os integrantes da esquerda que aceitam a “dosimetria” estão fazendo o jogo da direita que quer se unificar. Ou seja, estão ajudando a pacificar o campo adversário!

E por falar em falsa pacificação, o governo Trump fez uma proposta para a Palestina: a de transformar Gaza num condomínio sob gestão do próprio presidente estadunidense e do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.

Não sabemos o que o povo palestino decidirá a respeito desta proposta. Mas do ponto de vista dos princípios, no caso do ponto de vista da soberania nacional, esta proposta não pode ser aplaudida. Mas foi isso que fez o ministro Mauro Vieira, supostamente falando em nome do governo brasileiro.

Na nossa opinião, só há uma maneira de resolver a situação da Palestina: acabando com todo e qualquer tipo de dominação colonial exercida pelo Estado terrorista de Israel.

Qualquer proposta que mantenha o colonialismo, significa a continuação do conflito. Quem realmente quer paz precisa defender a soberania palestina.

Basta de genocídio!

Viva a flotilha da liberdade!

Viva a luta do povo palestino!

Viva a Palestina Livre!

Os editores

*O jornal Página 13 é um órgão de comunicação da Articulação de Esquerda, tendência interna do Partido dos Trabalhadores, editado por sua Direção Nacional.

Este artigo não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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Zé Maria

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MARCHA NACIONAL DO SERVIÇO PÚBLICO
CONTRA A ‘DEFORMA ADEMINISTRATIVA’

As três esferas da CUT estão preparando
uma Marcha à Brasília, dia 29 de outubro,
com o objetivo de impedir qualquer
retrocesso para os serviços públicos
e os direitos dos servidores sinalizados
na reforma preparada por Pedro Paulo
e Hugo Motta.

Motta e Pedro Paulo douram a pílula para enganar o povo
e tentar passar pacote contra os serviços públicos;
deputado quer “lavar a imagem da Câmara no Rio Jordão”

Uma verdadeira operação para maquiar a reforma administrativa apresentada por Hugo Motta (REP-PB)
e Pedro Paulo (PSD-RJ) na última quinta-feira, 2, está
em curso.

Reportagem publicada nesta segunda, 6, no jornal Valor apresenta a estratégia que está sendo utilizada pelos
setores que querem atacar os serviços públicos.

Escondidas sobre um tapete fino de medidas que dialogam
com a justa repulsa da população aos privilégios de
setores do serviço público, a reforma administrativa
traz na verdade uma pilha de prejuízos aos servidores
e servidoras e também a todos aqueles que precisam
dos serviços públicos.

Entre outras medidas, os textos da reforma propõem
o rebaixamento do salário de ingresso nos serviços
públicos – o salário de entrada seria no máximo 50%
do final da carreira –, a vinculação crescente dos ganhos
e mesmo da estabilidade a metas individuais e dos órgãos,
a criação de obstáculos para a realização de concursos
públicos, a banalização de outras formas de contratação
sem concurso e sem estabilidade nos serviços públicos
e o fim de pagamentos pela via administrativa (como no
caso dos quintos, por exemplo).

Além disso, o projeto de Motta prevê o ingresso de
organizações não governamentais na fiscalização de
metas.

Não coincidentemente, o Movimento Pessoas à Frente,
uma das organizações que têm estado à frente da
defesa da reforma, é ligado à Fundação Lemann [!!!], de
Jorge Paulo Lemann, um dos acionistas das Americanas
quando da fraude bilionária na empresa, em 2023.

Trata-se, como se vê, de uma avalanche que ataca carreiras
de servidores e ao mesmo tempo precariza os serviços
públicos oferecidos à população.

Para buscar viabilidade no Legislativo, porém, especialmente
quando falta menos de um ano para as próximas eleições,
o discurso já está pronto e é um verdadeiro “cavalo de troia” (*):
encobrindo os reais efeitos de uma possível aprovação,
está o pretexto da “moralização”, com medidas que já
constam em outros projetos de lei e poderiam ser
aprovadas pelo Congresso mesmo sem a reforma
administrativa.

É o caso, por exemplo, do fim da aposentadoria compulsória
como punição para juízes.

Ela já é objeto de uma proposta de emenda à Constituição,
que tramita com o número 3/2024.

Apresentada em fevereiro do ano passado pelo então
senador Flávio Dino, a proposta ainda está na Comissão
de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado.

Em outro tema, o dos supersalários e penduricalhos,
há diversos projetos no Congresso, entre eles o PL 3401/2025,
apresentado em julho por deputados da base do governo
e depois apensado ao PL 3328/2025, ainda aguardando
tramitação nas comissões da Câmara.

Um deputado, que não foi nomeado pela reportagem, disse que “é uma reforma para lavar a imagem da Câmara
nas águas do Rio Jordão”.

Mas o que esperar de uma “limpeza” de imagem conduzida
pelos mesmos que votaram a favor da PEC da Blindagem?

Essa proposta, que protegia os parlamentares de processos
e investigações, depois de ter sido aprovada na Câmara
com os votos dos mesmos que agora querem a reforma
administrativa, só foi derrotada no Senado após as grandes
mobilizações populares.

*(https://sintrajufe.org.br/wp-content/uploads/2025/10/WhatsApp-Image-2025-10-06-at-17.22.12-1024×575.jpeg)

https://x.com/CUT_Brasil/status/1975256272971669743
https://x.com/CUT_Brasil/status/1975256276440637456
https://x.com/CUT_Brasil/status/1975256279703835031
https://x.com/CUT_Brasil/status/1975256285181354367
https://www.condsef.org.br/noticias/marcha-nacional-servico-publico-leva-luta-contra-reforma-administrativa-as-ruas
https://sp.cut.org.br/noticias/contra-reforma-administrativa-servidores-de-sp-se-organizam-para-marcha-em-brasi-2ba2
https://sintrajufe.org.br/motta-e-pedro-paulo-douram-a-pilula-para-enganar-o-povo-e-tentar-passar-pacote-contra-os-servicos-publicos-deputado-quer-lavar-a-imagem-da-camara-no-rio-jordao/

.

Zé Maria

.

No Neoliberalismo Inquisitorial,
ora imposto à Economia Brasileira,
a Teoria em Voga não é a de Galileu Galilei.

É a de Gabriel Galípolo:
“O Juro é o Sol que se move ao Redor
da Estagnação Econômica Terrena”.

.

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