Namoro entre PSDB e Força é embalado por repasse de verba
Desde 2010, Central recebeu R$ 5,34 milhões do governo em dois convênios
Jornal OTEMPO em 24/08/2011, dica do @michaelrosa13 no twitter
O namoro entre o PSDB, partido do governador Antonio Anastasia e do senador Aécio Neves, e a Força Sindical foi oficializado no último fim de semana – com a criação do PSDB sindical -, mas o flerte acontece há pelo menos quatro anos. Desde 2007, a central é a única entidade representante dos trabalhadores em Minas que recebe repasse de recursos públicos por meio de convênios firmados com o governo do Estado. De março de 2010 até hoje, o Executivo mineiro repassou R$ 5,34 milhões para a manutenção de um serviço que já é oferecido pelo próprio poder público.
Trata-se do Centro de Solidariedade e Apoio ao Trabalhador (CSAT), uma espécie de “braço” do Sistema Nacional de Emprego (Sine), que faz a ponte entre os trabalhadores e as vagas disponíveis no mercado de trabalho. Somente no último convênio, assinado em março deste ano e com validade até janeiro de 2012, foram repassados R$ 2,42 milhões à central sindical, que coordena as três unidades do CSAT no Estado: Uberlândia, Contagem e Belo Horizonte.
Segundo o presidente da Força, Rogério Fernandes, o CSAT possui um total de 120 funcionários e salas equipadas com computadores. Além do encaminhamento para o mercado, as unidades oferecem cursos de capacitação com duração de 20 horas, como o de noções de informática e o que ensina a se comportar durante a entrevista de emprego e depois da contratação. “No CSAT, o trabalhador pode, também, tirar a carteira de trabalho e dar entrada no pedido de seguro-desemprego”, acrescenta Rogério. Todos esses serviços já estão disponíveis nos postos do Sine espalhados pelo Estado e mantidos com recursos do Ministério do Trabalho por meio do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Para o deputado Rogério Correia (PT), líder do bloco de oposição na Assembleia, este tipo de atividade não compete a uma central sindical. “O convênio tem função carimbada de atrair o sindicalismo da Força, já que nenhuma outra central recebe recursos. É o aparelhamento do Estado para os companheiros tucanos”, critica.
Segundo o secretário de Trabalho e Emprego, Carlos Pimenta (PDT), os convênios com a Força são anteriores à criação do PSDB Sindical e não possuem conotação política. “Se o convênio não estivesse cumprindo suas finalidades, eu seria o primeiro a falar. Mas os resultados são muito expressivos em termos de reinserção do trabalhador no mercado. É um investimento que vale a pena”.
História. Em março de 2010, o governo já havia repassado R$ 2,92 milhões à Força. Cinco meses depois, a entidade formalizou apoio à candidatura de Anastasia à reeleição. Em 2011, após a renovação do contrato, os sindicalistas se aliaram definitivamente ao governador, liderando a fundação do braço sindical do PSDB em Minas.
O lançamento, que aconteceu no último sábado, na capital, contou com a presença do governador e de Aécio, promotor da aproximação tucana com os sindicalistas.
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A Força realizou em 1º de maio a festa para o trabalhador na Via 240
Questionamento: Oposição quer explicações sobre Festa do Trabalhador
Deputados de oposição na Assembleia questionam a utilização dos recursos repassados pelo governo à Força Sindical. Segundo os parlamentares, há suspeitas de que parte do dinheiro seja utilizado para financiar a Festa do Trabalhador. “Os convênios são liberados em março, menos de dois meses antes do evento. E tanto em 2010 quanto em 2011, tinha palanque para o governador”, aponta o deputado petista Rogério Correia.
No dia 24 de maio, os deputados encaminharam requerimento ao secretário de Trabalho e Emprego, Carlos Pimenta, solicitando informações sobre os convênios, mas não tiveram resposta. Por meio da assessoria, a pasta afirmou que os recursos são usados apenas nos centros do trabalhador e que o contrato só é renovado após a comprovação dos gastos.
Segundo o presidente da Força, Rogério Fernandes, a Festa do Trabalhador é financiada com recursos do Estado por meio da Copasa ” com o fornecimento de água mineral”, além de verbas da União. (AL)
PT também usa recursos como estratégia de aproximação
A liberação de recursos por meio de convênios para entidades ligadas aos trabalhadores como forma de conquistar apoio político está longe de ser uma invenção tucana. Historicamente, o PT adota a estratégia junto a diversas centrais sindicais, principalmente a CUT, além do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Para se ter uma ideia, nos três primeiros anos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2003 e 2005, somente o MST recebeu quatro vezes mais recursos do governo federal do que nos três últimos anos do tucano Fernando Henrique Cardoso –repasse saltou de R$ 7 milhões para R$ 30 milhões. Os repasses para a CUT e a Força Sindical também aumentaram durante os oito anos da administração petista. A maior parte dos recursos sai do Ministério do Trabalho via Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), e não está isenta de questionamentos do Tribunal de Contas da União.
O dinheiro público também é tradicionalmente utilizado pela administração petista para financiar as festas em comemoração ao Dia do Trabalhador. No evento deste ano promovido pela CUT em São Paulo, R$ 300 mil dos R$ 1,5 milhão gastos vieram da Petrobras em troca de publicidade. Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Eletrobras também “colaboraram” com os sindicalistas.
A Força Sindical não ficou de fora da distribuição do bolo. Com custo total de R$ 2,5 milhões, a festa para o trabalhador recebeu R$ 300 mil da Petrobras, além de patrocínio da Caixa. (AL)
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