Moro bate e toma tamancada de ex-primeiro ministro: ‘Ativista político atua disfarçado de juiz’

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Em Portugal, Moro bate, Sócrates devolve

Após apontar ‘alguma dificuldade institucional’ no sistema processual português, ex-juiz da Lava Jato irritou ex-primeiro-ministro José Sócrates, que devolveu, em declaração ao site jurídico Migalhas: ‘um ativista político atua disfarçado de juiz’

Estadão

O ministro Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública) bateu e levou em Lisboa.

Durante o VII Fórum Jurídico da capital portuguesa, o ex-juiz da Operação Lava Jato apontou ‘alguma dificuldade institucional’ no sistema processual de Portugal e citou nominalmente o ex-primeiro-ministro luso, José Sócrates, alvo da Operação Marquês, que investiga suspeitas de corrupção.

Sócrates não se inibiu e deu o troco, em declaração ao site jurídico Migalhas.

“O que o Brasil está a viver é uma desonesta instrumentalização do seu sistema judicial ao serviço de um determinado e concreto interesse político. É o que acontece quando um ativista político atua disfarçado de juiz.”

A refrega aconteceu em Lisboa.

Primeiro, Moro declarou. “É famoso o exemplo envolvendo o antigo primeiro-ministro José Sócrates [na Operação Marquês], que, vendo à distância, percebe-se alguma dificuldade institucional para que esse processo caminhe num tempo razoável, assim como nós temos essa dificuldade institucional no Brasil.”

Ao retrucar Moro, via Migalhas, o ex-primeiro-ministro luso foi enfático. Sócrates citou uma série de ocorrências da Operação Lava Jato até a condenação do ex-presidente Lula no processo do triplex dos Guarujá, litoral Norte de São Paulo.

Moro impôs a Lula 9 anos e seis meses de reclusão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, pena ampliada depois pelos desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) para 12 anos e um mês.

O petista cumpre a pena desde 7 de abril de 2018 em uma ‘sala especial’ na sede da Superintendência Regional da Polícia Federal em Curitiba.

Retrucando Moro, o ex-primeiro-ministro declarou.

“O juiz valida ilegalmente uma escuta telefónica entre a Presidente da República e o anterior Presidente. O juiz decide, ilegalmente, entregar a gravação à rede de televisão globo, que a divulga nesse mesmo dia. O juiz condena o antigo presidente por corrupção em “atos indeterminados”.

O juiz prende o ex- presidente antes de a sentença transitar em julgado, violando frontalmente a constituição brasileira. O juiz, em gozo de férias e sem jurisdição no caso, age ilegalmente para impedir que a decisão de um desembargador que decidiu pela libertação de Lula seja cumprida.

O conselho de direitos humanos das Nações Unidas decide notificar as instituições brasileiras para que permitam a candidatura de Lula da Silva e o acesso aos meios de campanha. As instituições brasileiras recusam, violando assim o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos que o Brasil livremente subscreveu.

No final, o juiz obtém o seu prémio: é nomeado ministro da justiça pelo Presidente eleito e principal beneficiário das decisões de condenar, prender e impedir a candidatura de Lula da Silva.

O espetáculo pode ter aspectos de vaudeville mas é, na realidade, bastante sinistro. O que o Brasil está a viver é uma desonesta instrumentalização do seu sistema judicial ao serviço de um determinado e concreto interesse político. É o que acontece quando um ativista político atua disfarçado de juiz. Não é apenas um problema institucional, é uma tragédia institucional. Voltarei ao assunto.

José Sócrates

Ericeira, 22 de abril de 2019”


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Comentários

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Nelson

Sócrates citou algumas das inúmeras ilegalidades cometidas por Sérgio Moro. Quase todas elas contra a turma do PT, óbvio, porque contra a direita e, principalmente, o PSDB, Moro sempre saía com o seu “não vem ao caso”.

Contudo, faltou ex-primeiro-ministro citar outras ilicitudes cometidas por Moro tão “cabeludas” quanto as que listou. Faltou falar do Tacla Durán, do Dario Messer e, claro, do Banestado.

Uma investigação a fundo junto aos dois nomes indivíduos que citei e ao caso Banestado seria suficiente para meter o Moro na cadeia e jogar a chave fora.

Na verdade, se realmente tivéssemos Justiça neste país, quem estaria preso seria o Sérgio Moro e não o Lula. Se tivéssemos Justiça com letra maiúscula, estariam presos, além do Moro, Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Aécio Neves e tantos outros corruptos da direita.

Mas, como a nossa justiça, em minúscula mesmo, prefere se fazer de cega…

Kelmer

E feio ir à casa dos outros e criticar a decoração ou qualquer coisa da casa e seus habitantes.
Moro é isso mesmo um ativista político de direita disfarçado de juiz.
Ridículo, indecente, imoral e cara de pau.
Deviam correr com ele de la de Portugal, se fosse nos EUA ele não criticaria nada e nem ninguém.

a.ali

levou na cola marreco de maringá!
pensa que, mundo à fora, ñ sabem o que ocorre no brasil ? que todo mundo é tapado e ou otário ?

Zé Maria

ministréco, cônje da Rô, tenta defender seu projeto criminoso,
citando como exemplo Sistema Penal Alemão, e leva nos dedos:

“Tem uma pequena diferença:
a polícia alemã matou 14 pessoas a tiros em 2017.
A brasileira matou mais de 5 mil.”

https://twitter.com/igormello/status/1121004506991480833

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