Mirko Casale: A viagem propagandística de influencers colombianos a Israel. VÍDEO

Tempo de leitura: 2 min

Por Mirko Casale*I Tradução Jair de Souza**

Eles foram fazer turismo propagandístico, a convite da embaixada israelense, mas algo deu errado.

Um grupo de influenciadores colombianos viajou para Tel Aviv e arredores para mostrar a realidade de Israel, mas mesmo estando diante dela, não foram capazes de enxergá-la. Gastronomia, praias, vida noturna, pessoas se exercitando. E isto foi tudo.

Se esses “instagramers” tivessem viajado a Berlim em 1939, teriam regressado contando o quanto se divertiram na Oktoberfest.

Nem mesmo visitando o Museu do Holocausto foram capazes de captar os paralelismos óbvios entre a máquina de extermínio nazista contra os judeus há 80 anos e a usada atualmente pelos israelenses contra os palestinos.

Eles creem em seu direito a existir porque também respeitam o direito
dos outros a fazê-lo.

Esta parte é muito impactante, pois é a homenagem feita aos mais de 1,5 milhão de crianças que eles mataram.

Como claros expoentes do mundo do influencerismo, não conseguiram impedir que seu narcisismo ofuscasse o sentido de seu bom gosto, fotografando-se ao lado de sapatos de vítimas de Auschwitz, como se fosse uma seção de roupa de moda, ou manuseando objetos históricos em um museu, supostamente para sentir o peso da história.

Eu pude tocar na madeira e, por um instante, sentir o peso da história. Toquei na madeira e por um instante senti o peso de seu desespero.

Claro, para surpresa de ninguém, a receptividade foi totalmente oposta à que esperavam. E após a avalance de críticas e gozações, fizeram o que os influenciadores melhor sabem fazer: fazerem-se de vítimas e tentar gerar curtidas por compaixão.

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Acabam de lançar uma campanha para retirada do ar pela polêmica que vocês todos criaram nas minhas redes sociais. ”Só porque eu fiz uma viagem”.

Claro, quem imaginaria que sair para defender um projeto colonial de extermínio com todos os gastos cobertos pelos exterminadores provocaria uma onda de repúdio e desprezo?

Seria preciso ser influencer para não dar-se conta!

*Mirko Casale é roteirista, apresentador e diretor do programa Ahí les va! (Aí, está!), que há cinco anos a RT transmite para países de língua espanhola. 

**Jair de Souza, tradução e legendas para o português.

Este artigo não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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Zé Maria

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“É Pura Aniquilação”

“GAZA É UMA NECRÓPOLE VIVA”,

diz Médica Voluntária Solidária

[ Reportagem: Nora Barrows* | The Eletronic Intifada ]

Vinte e cinco meses após o início do genocídio
e sob cerco e bloqueio contínuos, Gaza é uma “Necrópole Viva”, afirma ao Podcast The Electronic Intifada a Dra. Dorotea Gucciardo, da Organização
de Solidariedade Médica GLIA:
(https://launchgood.com/rise4gaza); (https://x.com/Glia_Intl);
(https://www.instagram.com/glia_intl ).

O gabinete de imprensa do governo de Gaza declarou
em 6 de novembro que 28% da ajuda esperada e
necessária entrou em Gaza desde o “cessar-fogo”
de 10 de outubro, confirmando, segundo eles, que
“a ocupação continua sua política de estrangulamento,
fome, pressão humanitária e chantagem política contra
mais de 2,4 milhões de palestinos na Faixa de Gaza”.

Entretanto, com a aproximação dos meses de inverno,
Israel continua bloqueando a entrada de materiais para
abrigos, itens de construção e maquinário pesado para
a remoção de milhões de toneladas de entulho.

Gucciardo, que nos fala de Gaza, conta que deveria ter
retornado à Faixa de Gaza no início deste ano de 2025,
mas teve seu pedido negado duas vezes antes de
finalmente conseguir entrar.

A situação experimentada por ela “foi emblemática
da experiência de muitos profissionais de saúde
que tentam entrar para prestar auxílio, porém os
israelenses rejeitam cerca de 50% dos pedidos
a qualquer momento e sem nenhuma explicação.

A médica voluntária contratou um advogado e entrou
com um recurso solicitando uma justificativa para as
negativas [de isRéu], “porque essa negativa também
era um microcosmo da impunidade com que Israel viola
o direito humanitário internacional”, acrescenta.

“Eles [os sionistas israelenses] não deveriam obstruir
a ajuda humanitária, nem os trabalhadores humanitários.
Não me deram um motivo, mas… em setembro,
disseram:
‘Ok, ela pode vir até a fronteira, ser interrogada
e depois decidiremos se ela pode entrar’.
Então foi o que eu fiz.”

Após o interrogatório, Gucciardo entrou pela fronteira
de Karem Abu Salem (Kerem Shalom, em hebraico),
ao sul, atravessou o corredor de Filadélfia e chegou à cidade palestina de Rafah, fronteiriça com o Egito.

“Ao entrar, consegui ter uma ideia de como era Rafah,
ou pelo menos de como Rafah já foi um dia”, diz ela.

“Rafah desapareceu.
Foi completamente apagada.
Foi eliminada do mapa.
E essa foi a minha reintrodução à Faixa de Gaza,
tanto pela severidade da ocupação em termos de
como está sendo tratada pelos trabalhadores
humanitários internacionais, quanto pelas evidências
da destruição que está causando na Faixa de Gaza.”

Gucciardo descreve o vasto apagamento de todos
os marcos e paisagens urbanas, substituídos por
entulhos ou restos de terra que foram removidos.

Há muitos anos, e por um longo período, ela afirma,
Gaza possuía uma produção agrícola orgânica
significativa e era uma indústria autossustentável
que impulsionava a economia, preenchendo as lacunas
deixadas pelo bloqueio israelense de 17 anos.

Israel destruiu sistematicamente as terras férteis
no sul de Gaza nos últimos dois anos.

Ela também relata suas viagens pelas regiões central
e norte, para compreender o nível de destruição causada por Israel e encontrar maneiras de expressá-lo
com uma linguagem apropriada.

“É pura aniquilação”, diz ela.

“Essa é a palavra que não me sai da cabeça.
É uma faixa de terra que foi completamente aniquilada
pelos israelenses.
E uma das maneiras pelas quais estou processando
isso na minha mente é que, para mim, parece muito
com uma necrópole viva.”

Ela acrescenta:
“Há os israelenses que tentaram transformar a Faixa
de Gaza neste lugar de morte.
Todos os edifícios foram destruídos – casas, padarias,
supermercados, bairros, escolas, tudo desapareceu
completamente.”

Nada escapou ileso, acrescenta ela, “e ainda assim
continua sendo um lugar habitado, certo?
Temos palestinos que estão tentando se sustentar
e manter suas vidas nessas condições absolutamente
horríveis e terríveis.”

Reabilitação de Clínicas
Parte do seu trabalho com a GLIA é apoiar os profissionais
de saúde e a equipe médica que estão lutando para
manter o sistema de saúde funcionando, apesar do
bloqueio contínuo de Israel a medicamentos essenciais,
equipamentos e suprimentos básicos.

“A razão pela qual esse sistema existe é a pura
perseverança da equipe de saúde em Gaza que,
apesar dos ataques deliberados a hospitais, e
embora o sequestro, tortura e assassinato de
seus colegas, continua a comparecer ao trabalho
todos os dias para fornecer assistência médica
à população”, observa ela.

Em diversos hospitais, estão sendo feitos esforços
para reabilitar clínicas – como um centro de diálise
no Complexo Médico Nasser, em Khan Younis – que
foram deliberadamente destruídas em ataques israelenses.

Mas o cerco de Israel continua, e os suprimentos
médicos ainda estão sendo bloqueados – ou estão
chegando a Gaza já vencidos e inutilizáveis.

Gucciardo afirma que ela e seus colegas da GLIA estão
trabalhando com cirurgiões palestinos no terreno para
co-criar dispositivos médicos que atendam às necessidades
específicas dos palestinos dentro da Faixa de Gaza.

Um desses dispositivos são fixadores externos impressos
em 3D, que estabilizam ossos e articulações fraturados,
projetados por especialistas palestinos.

“Eles já instalaram o dispositivo em nosso primeiro paciente,
que está se recuperando muito bem”, diz ela.

“Então, vamos prosseguir com os testes em mais cinco
pacientes e, com sorte, continuar aperfeiçoando o
dispositivo para que não seja mais necessário depender
de Israel para decidir se equipamentos médicos que
salvam vidas podem ou não podem entrar no país.”

Gucciardo está escrevendo um livro sobre como Gaza
se tornou um lugar onde a vida e a morte coexistem.

(Produzido por Tamara Nassar)

*Nora Barrows-Friedman é redatora e editora associada
do The Electronic Intifada, e autora de “In Our Power:
US Students Organize for Justice in Palestine”
(Just World Books, 2014).

Podcast The Electronic Intifada
com a Doutora Dorotea Gucciardo:
(https://youtu.be/Qt0UKsqoF3Y).

https://electronicintifada.net/blogs/nora-barrows-friedman/gaza-living-necropolis-dorotea-gucciardo

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