Messer operava câmbio ilegal desde os anos 2000. Mas só foi preso em 2019. Ele pagou propina a autoridades, como denunciam dois operadores do doleiro?

Tempo de leitura: 3 min
Carlos Zucolotto, acusado por Rodrigo Tacla Durán, ex-advogado da Odebrecht, de intermediar esquema de propinas a membros da Lava Jato, aparece ao lado de Sergio Moro. No topo, Messer com o ex-presidente do Paraguai, Horário Cartes, suspeito de fazer fortuna no contrabando de cigarro e no narcotráfico. Messer teria pago propina a Januário Paludo, dizem dois operadores do doleiro. Fotos: Lula Marques/Agência PT e reprodução de redes sociais

Da Redação

O procurador Januário Paludo, da Operação Lava Jato, testemunhou em defesa do doleiro dos doleiros Dario Messer em processo na Justiça Federal, informa o UOL.

O depoimento foi em 2011. Convocado pelo advogado de Messer,  Antonio Figueiredo Basto, Paludo inocentou o doleiro de envolvimento no escândalo do Banestado.

Em mensagem capturada pela Polícia Federal no âmbito da Operação Patrón, em 2019, Messer escreveu à namorada: “Sendo que esse Paludo é destinatário de pelo menos parte da propina paga pelos meninos todo mês.”

Os “meninos”, segundo a PF, são Claudio Fernando Barbosa de Souza, o Tony, e Vinicius Claret Vieira Barreto, o Juca.

Operadores de Messer, ambos disseram em depoimento que o doleiro pagava 50 mil dólares mensais de propina para livrar Messer de investigações na PF e no MPF.

A propina teria sido paga através do advogado Antonio Figueiredo Basto.

Chamado a esclarecer o caso, Messer calou-se. Basto nega ter sido intermediário. Paludo rejeita a acusação.

Paludo é o braço direito do procurador chefe da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol. Os dois e outro procurador da Lava Jato, Orlando Martello Junior, também atuaram no caso do Banestado.

O juiz no caso Banestado foi Sergio Moro.

O Ministério Público Federal no Paraná quer anular a delação premiada que os três procuradores fecharam com outro doleiro, Clark Setton, no caso Banestado, em 2005.

O MPF paranaense suspeita que Setton omitiu na delação fatos que poderiam incriminar Messer.

No depoimento de 2011, Paludo disse: “Até a parte onde eu fui, não identificamos, em princípio, nenhuma ligação da família Messer”.

Porém, ele não informou que os procuradores haviam pedido a prisão preventiva de Messer seis anos antes. Pedidos de prisão preventiva precisam ser embasados em provas.

Messer escapou de punição no caso Banestado. Ele só foi preso na Operação Patrón, em novembro de 2019. 

Onze brasileiros, sete paraguaios e um uruguaio são réus no caso, inclusive Dario Messer e o ex-presidente do Paraguai, Horacio Cartes, senador vitalício no país vizinho.

Na denúncia contra o grupo, o MPF informou que o doleiro Messer atuava no câmbio ilegal desde os anos 2000.

Ou seja, ele escapou da investigação do caso Banestado e da própria Lava Jato:

Eles foram acusados de formar uma organização especializada em lavagem de dinheiro e outros crimes que operava pelo menos desde os anos 2000.

A organização comandada por Messer vinha praticando câmbio ilegal, evasão de divisas e lavagem de dinheiro a partir dos países de origem de seus integrantes.

O braço transnacional da organização foi rastreado a partir das apurações de esquemas de um de seus clientes: o ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral, chefe de uma organização especializada em corrupção e que usou serviços da rede de Messer no Uruguai para ocultar cifras milionárias oriundas de crimes no Palácio Guanabara e na Assembleia Legislativa (Alerj).

Deflagrada em 19 de novembro, a Operação Patrón aprofundou as investigações da Lava Jato/RJ nas operações ilícitas do grupo de Messer em países do Mercosul. 

Na denúncia de 211 páginas, o MPF apontou 17 fatos criminosos cometidos pela organização desde 2011 e alguns crimes não cessaram mesmo após a prisão de Messer, em julho (ele ficou 14 meses foragido da Justiça).

Para os 11 procuradores da Lava Jato/RJ, o ramo da organização de Messer no Paraguai era tão poderoso que lhe permitiu continuar a ocultar grandes somas de dinheiro ilícito (cerca de US$1,5 milhão foi movimentado) e financiar sua fuga.

Em seu perfil no twitter, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) reagiu à reportagem do UOL:

Desde 2017 venho denunciando, junto com Wadih Damous e outros deputados, a máfia das delações no interior da Lava Jato. Esse esquema envolveu Carlos Zucolotto, compadre do então juiz da operação, Sérgio Moro, e o procurador que dava nome ao principal grupo de whatsapp da mesma [Januário Paludo].

E foi através do grupo “Filhos de Januário” que o Brasil e o mundo se escandalizaram com as revelações da Vaza Jato que demonstraram cabalmente não apenas o conluio criminoso dos procuradores da autodenominada “maior operação de combate à corrupção da história”, mas também o caráter imoral da maioria dos seus membros, que chegaram a debochar e a fazer piadas com a morte de uma criança, o pequeno Arthur, e da esposa do presidente Lula.

Essa turma tem o seu mentor envolvido até o pescoço no esquema criminoso. 

Isso é sabido há mais de um ano e nada, ABSOLUTAMENTE NADA foi feito pelos órgãos de controle, apesar de dezenas de ações que protocolamos junto à PGR e ao Conselho Nacional do Ministério Público.

Afinal de contas, a lei não vale para quem deveria fiscalizar a sua aplicação?


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Nelson

Eduardo Cunha detém a posse de dossiês [o rabo preso] de uma montoeira de deputados. Trata-se de um salvo-conduto que o protege e garante a ele a liberdade de que, tudo está a indicar, goza atualmente. Ainda que a esmagadora maioria esteja acreditando piamente que ele está mofando na cadeia.

Paulo Preto é outro que, ainda que tenha “patente” mais baixa que Cunha, tem o rabo preso de grande parte da tucanaiada, se não de toda. Este trunfo garantiu a ele passar curtíssima temporada na cadeia e ter uma pena de nada menos de 145 anos anulada por um juiz do STJ.

Já de Dario Messer, podemos dizer que ele tem “patente” bem superior à de Cunha. Ele tem dossiês [o rabo preso] de uma montoeira muito maior de deputados, senadores e mesmo juízes – gente que aproveitou a oportunidade e se fartou nas propinas da grande roubalheira proporcionada pelas privatizações da era FHC. Gente que se utilizou de Messer para enviar as gordas propinas para o exterior via Banestado. Sim, Banestado, lembra do caso?

É preciso dizer que, lamentável e desgraçadamente, neste rol de deputados e senadores que estão “na mão” do Messer, há também gente da esquerda.

Mas, Messer tem o rabo preso também de empresários de vários ramos, da grande mídia incluída, que também se utilizaram do Banestado para enviar, fraudulentamente, para o exterior, dezenas e dezenas de bilhões de dólares.

Alguns afirmam que nada menos de 124 bilhões de dólares teriam sido transferidos para fora do país através do Banestado. Fraudulentamente, não custa repetir. Mas, há quem afirme que a quantia é bem maior; chegaria bem próximo aos 170 bilhões de dólares.

Então, diante de dados como esses, difícil acreditarmos que o Messer esteja “fazendo curso para canário”. Até porque, além de deter o rabo preso de muita gente importante do nosso país, ele tem relações estreitíssimas com o sionismo. Assim, é certo que ele não seria deixado “ferido na estrada a troco de nada”

Nelson

Bem, amigo. A questão aqui é: Dario Messer está mesmo preso? Se temos evidências quase incontestáveis de que o Eduardo Cunha não está preso, por que Messer, que é outro homem-bomba ou homem-arquivo comprometedor estaria?

Ora, se não deixaram o Paulo Preto, um outro homem-bomba/arquivo comprometedor “ferido na estrada a troco de nada”, deixariam alguém de quilate ainda maior como o Messer?

Não esqueçamos de que Paulo Preto foi condenado a 145 anos de prisão e de que sua sentença acabou sendo anulada por um juiz do STJ há pouco, há mais ou menos dois meses.

Deixe seu comentário

Leia também