Lula: ‘Não há palavra mais apropriada para descrever o que está ocorrendo em Gaza do que genocídio’
Tempo de leitura: 3 min
Por Redação
O presidente Lula está em Nova York para participar da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), onde discursará nesta terça-feira, às 10h, horário de Brasília.
Nesta segunda-feira, 22/9, Lula participou da Conferência Internacional de Alto Nível para discutir a situação da Palestina.
Durante a fala, Lula voltou a chamar a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza de genocídio.
“Não há palavra mais apropriada para descrever o que esta ocorrendo em Gaza do que genocídio”, afirmou o presidente.
Lula disse também que “tirania do veto” impede o Conselho de Segurança da ONU de coibir “atrocidades”.
Neste vídeo, a íntegra do discurso do presidente Lula. Mais abaixo, a transcrição.
Apoie o VIOMUNDO
Discurso do presidente Lula nesta segunda-feira, 22, em Nova York
“Cumprimento o presidente Emmanuel Macron e primeiro-ministro Mohammed bin Salman por liderarem este importante processo.
A questão da Palestina surgiu no momento em que a Assembleia Geral adotou o chamado Plano de Partilha, há 78 anos.
A sessão em que ele foi aprovado foi presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha.
Naquela ocasião, nasceu a perspectiva de dois Estados. Mas só um se materializou.
O conflito entre Israel e Palestina é símbolo maior dos obstáculos enfrentados pelo multilateralismo.
Ele mostra como a tirania do veto sabota a própria razão de ser da ONU, de evitar que atrocidades como as que motivaram sua fundação se repitam.
Também vai contra sua vocação universal, bloqueando a admissão, como membro pleno, de um Estado cuja criação deriva da autoridade da própria Assembleia Geral.
Um Estado se assenta sobre três pilares: o território, a população e o governo.
Todos têm sido sistematicamente solapados no caso palestino.
Como falar em território diante de uma ocupação ilegal que cresce a cada novo assentamento?
Como manter uma população diante da limpeza étnica a que assistimos em tempo real?
E como construir um governo sem empoderar a Autoridade Palestina?
Como apontou a Comissão de Inquérito sobre os Territórios Palestinos Ocupados, não há palavra mais apropriada para descrever o que está ocorrendo em Gaza do que genocídio.
Por isso, o Brasil decidiu tornar-se parte do caso apresentado pela África do Sul à Corte Internacional de Justiça.
Os atos terroristas cometidos pelo Hamas são inaceitáveis. O Brasil foi enfático ao condená-los.
Mas o direito de defesa não autoriza a matança indiscriminada de civis.
Nada justifica tirar a vida ou mutilar mais de cinquenta mil crianças.
Nada justifica destruir 90% dos lares palestinos.
Nada justifica usar a fome como arma de guerra, nem alvejar pessoas famintas em busca de ajuda.
Meio milhão de palestinos não têm comida suficiente, mais do que a população de Miami ou Tel Aviv.
A fome não aflige apenas o corpo. Ela estilhaça a alma.
O que está acontecendo em Gaza não é só o extermínio do povo palestino, mas uma tentativa de aniquilamento de seu sonho de nação.
Tanto Israel, quanto a Palestina têm o direito de existir.
Trabalhar para efetivar o Estado palestino é corrigir uma assimetria que compromete o diálogo e obstrui a paz.
Saudamos os países que reconheceram a Palestina, como o Brasil fez em 2010. Já somos a imensa maioria dos 193 membros da ONU.
O Brasil se compromete a reforçar o controle sobre importações de assentamentos ilegais na Cisjordânia e manter suspensas as exportações de material de defesa, inclusive de uso dual, que possam ser usadas em crimes contra a humanidade e genocídio.
Diante da omissão do Conselho de Segurança, a Assembleia Geral precisa exercer sua responsabilidade.
Apoiamos a criação de um órgão inspirado no Comitê Especial contra o Apartheid, que teve papel central no fim do regime de segregação racial sul-africano.
Assegurar o direito de autodeterminação da Palestina é um ato de justiça e um passo essencial para restituir a força do multilateralismo e recobrar nosso sentido coletivo de humanidade.
Obrigado.”
Leia também
Jeferson Miola: Anistia disfarçada de dosimetria
Roberto Amaral: O sindicato do crime reage na Câmara
Jeferson Miola: Penas para os golpistas não são pesadas; os crimes é que são gravíssimos




Comentários
Nelson
Sim, é deveras importante afirmar, com todas as letras, que é genocídio, latrocínio, e tantas outras barbaridades o que vem sendo cometido pelos sionistas de Israel.
–
E é importante repetir, repetir e seguir repetindo, vezes sem conta, para desmanchar a doutrinação quase fanática que a propaganda em prol de Israel – repetida à exaustão – conseguiu incutir nos corações e mentes de bilhões pelo mundo afora.
–
Porém, já está mais do que comprovado que os sionistas e seus patrocinadores estão “pouco se lixando”, “cagando e andando” para declarações desse tipo. Demovê-los de sua insânia assassina requer ações mais incisivas.
–
Não gosto nem de pensar nisso, mas não descarto que acabe sendo necessária uma ação armada para desmantelar o poder de fogo assassino de Israel.
–
Assim, já passou da hora de o Brasil – e de muitos outros países, é óbvio – romper todas as relações com o Estado de Israel. O que é que o governo Lula III está esperando para tomar uma medida realmente de impacto e de eficácia para conter o genocídio?