Lúcia Rodrigues: Por cargos e salários, militares cravam suas digitais no genocídio

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Sob Bolsonaro, militares cravam digitais no genocídio, na corrupção e revelam face golpista

Por Lúcia Rodrigues

Quem coloca tanques na rua para demonstrar força, revela justamente o contrário. Um presidente que precisa se escorar nesses artifícios para ameaçar a sociedade, é um fraco. 

Ainda mais quando os blindados preocupam mais pela poluição do ar que provocam do que pela real ameaça à democracia.

Não vai ter golpe! Não porque Bolsonaro e seus cães de guarda não o queiram dar. Mas porque não há sustentação para isso. 

Uma eventual quartelada arruaceira seria derrotada em pouco tempo, se viesse a ser colocada em prática.

A maioria esmagadora da população não quer a volta da ditadura. Parcela expressiva do PIB também não quer.

O Centrão não quer. A maioria da mídia não quer. A Igreja Católica não quer. Até os Estados Unidos não querem.  

Só Bolsonaro e os militares que o cercam na Esplanada e em alguns quartéis sonham com isso.

Essa caterva vive uma realidade paralela em que esbraveja contra a democracia dia sim, outro também, para defender os próprios interesses.

Querem manter a boquinha que conseguiram ao ocupar milhares de cargos no governo e engordar o soldo, que em muitos casos ultrapassa os 100 mil reais. 

Um escárnio! Ainda mais em um país em que milhares de pessoas disputam ossos para matar a fome. 

Bolsonaro e os militares golpistas sabem que o xilindró está mais perto deles do que a morte da democracia.

Como disse o velho barbudo em O 18 de Brumário, a História ocorre a primeira vez como tragédia, depois como farsa. 

Mas que ninguém se engane sobre a súcia que está no poder. Ela é a geração filha dos porões que torturaram milhares de brasileiros e mataram e/ou desapareceram com os corpos de quase 500 opositores do regime militar.

O voto digital ou impresso nunca esteve entre suas preocupações. É apenas pretexto para manter o gado reunido.

Seus mestres passaram 21 anos usurpando o direito dos brasileiros escolherem diretamente seu presidente da República.

E pelo menos desde abril de 2018, quando o general Villas Boas, então comandante do Exército, ameaçou ministros do Supremo no Twitter, para impedir que Lula disputasse as eleições presidenciais, os atuais fardados já haviam escancarado a predileção pelo arbítrio.

Quando subiu a rampa com Bolsonaro, o general Walter Souza Braga Netto, ministro da Defesa e um dos expoentes das ameaças de quartelada, sabia muito bem ao lado de quem marchava. 

Foi ele quem chefiou, um ano antes, a intervenção federal na área da segurança pública do Rio de Janeiro, Estado onde justamente o clã se fez na política. Com plenos poderes para atuar, era de Braga Netto a última palavra sobre tudo que estivesse relacionado ao tema.

O poderio, no entanto, não se converteu em controle do crime organizado. Muito pelo contrário.

Menos de um mês após ter assumido o cargo, a vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista, Anderson Gomes, foram fuzilados em plena via públiica por milicianos, um deles, inclusive, vizinho do presidente para o qual o general viria a trabalhar.

O Escritório do Crime, comandado por milicianos da confiança da família Bolsonaro, também não teve os serviços incomodados por Braga Netto enquanto comandava a segurança pública do Rio. 

O ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega continuou chefiando com desenvoltura a organização criminosa, até ser abatido em uma operação nebulosa, com cheiro de queima de arquivo, em fevereiro de 2020.

Adriano era parceiro antigo dos Bolsonaros. Quando ainda liderava a milícia de Rio das Pedras, na zona oeste da capital fluminense, foi condecorado pelo então deputado Flavio Bolsonaro, com a Medalha Tiradentes, a mais alta honraria da Assembleia Legislativa do Estado. 

Por estar preso, acusado pela morte de um guardador de carros, não pode comparecer à homenagem. A comenda foi enviada por Flavio para a cadeia. 

Os laços de amizade entre os dois era tão forte, que Flavio empregou em seu gabinete na Assembleia, a mãe e a então mulher do miliciano.

Nada disso foi impeditivo para Braga Netto e demais generais da ativa e de pijama participarem do governo de um presidente amigo de milicianos.

Nem mesmo a corrupção das rachadinhas incomodou os militares. A ira deles só se ergue quando são apanhados com a boca na botija. 

Aí as notas são assinadas conjuntamente pelo ministro da Defesa e o comando das Forças Armadas, para rebater quem escancara suas falcatruas, como ocorreu no caso da resposta ao moderado senador Omar Aziz (PSD-AM), que preside a CPI da Pandemia que vem revelando o envolvimento de uma penca de fardados na maracutaia das vacinas.

Enquanto isso nenhuma linha contra o descaso do governo por ter ignorado mais de 100 e-mails da Pfizer, que poderiam ter salvo a vida de milhares de brasileiros se essa vacina tivesse sido comprada a tempo.

Quando Braga Netto deixou a Casa Civil, em que deveria coordenar os esforços no enfrentamento à Covid, em 29 de março deste ano, para se transferir para a Defesa, o país registrava 314.268 mortos pela doença. Todos vítimas da falta de acesso à vacina.

Também foi sob sua administração na Casa Civil e do general da ativa Eduardo Pazzuelo na Saúde, que os brasileiros assistiram estarrecidos à morte de dezenas de pessoas sufocadas pela falta de oxigênio em Manaus. 
Bolsonaro e seus generais são face da mesma moeda.

Seja pela truculência, seja pela má gestão do país. 

Antes assassinavam no pau de arara dos porões, hoje as execuções são feitas às claras.


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Comentários

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Zé Maria

Bastou o Miliciano-Mor Genocida entrar no Planalto
e começou a Mamata do Leite Condensado na Caserna

José do Brasil

Enquanto não houver uma profunda reformulação nas instituições militares, colocando-assob as redeas do poder civil, seremos uma eterna república das bananas. https://bananasnews.noblogs.org/

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