Lúcia Rodrigues: Golpe militar no Chile escancara ao mundo que EUA não toleravam governos de esquerda pelas armas ou urnas; vídeos e fotos
Tempo de leitura: 9min
Villa Grimaldi foi o principal centro de tortura e extermínio da ditadura Pinochet: detalhe da fachada do local e painel com os rostos de alguns ativistas aí executados. Fotos: Lúcia Rodrigues /Holofote
Golpe militar que derrubou Allende aponta que EUA não toleravam governos de esquerda pelas armas ou pelas urnas
O golpe militar no Chile, que ocorreu há 50 anos no dia 11 de setembro, escancarou para o mundo que o imperalismo estadunidense não permitiria um governo de esquerda no continente, chegasse ele ao poder pelas armas ou pelas urnas.
Subservientes aos interesses dos Estados Unidos, militares golpistas, apoiados pela burguesia chilena e a ditadura brasileira, bombardearam literalmente o governo da Unidade Popular, liderado pelo presidente Salvador Allende.
O que se viu na sequência foi um ataque avassalador contra militantes e simpatizantes dos partidos que integravam a Unidade Popular e do MIR, Movimiento de Izquierda Revolucionaria.
Do dia para a noite o país viu eclodir vários centros tortura e extermínio (veja as fotos abaixo), para onde os chilenos e as chilenas eram arrastados pelos verdugos do regime.
A Dina, Dirección de Inteligencia Nacional, e posteriormente a CNI, Central Nacional de Informaciones, as polícias políticas da ditadura Pinochet, foram responsáveis por milhares de prisões, mortes sob tortura e desaparecimentos forçados de ativistas de esquerda.
O documentário de Patricio Guzmán, A Batalha do Chile, dá a exata noção de como a extrema direita sabotou o governo e preparou o golpe que derrubaria Allende e perseguiria e exterminaria seus apoiadores.
A resistência popular também é captada pelas lentes de Guzmán.
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Dividido em três partes: A Insurreição da Burguesia, O Golpe de Estado e o Poder Popular, podem ser vistas abaixo.
O documentário de Guzmán gerou ira na ditadura Pinochet, e o cineasta seria preso e torturado pelos repressores, assim como os demais integrantes da equipe. O cinegrafista (veja PS do Viomundo) é um dos que engrossa a lista de desaparecidos da ditadura.
Para serem editadas, as imagens tiveram de sair clandestinamente do Chile, e rumaram para Cuba. A Batalha do Chile foi premiado em vários festivais, entre eles o de Leipzig, Bruxelas e Grenoble.
Estádio Nacional Onde milhares de chilenos foram torturados e executados pela ditadura Pinochet
Estádio Nacional Onde milhares de chilenos foram torturados e executados pela ditadura Pinochet
Villa Grimaldi Detalhe da fachada do principal centro de tortura e extermínio da ditadura Pinochet. Ao fundo a Cordilheira dos Andes
Villa Grimaldi Detalhe de uma das celas onde eram confinados de quatro a cinco presos políticos da ditadura Pinochet
Villa Grimaldi Cela de um metro por um metro onde a ditadura Pinochet confinava de 4 a 5 presos políticos. A masmorra foi reconstruída a partir das impressões dos sobreviventes
Villa Grimaldi Ilustração reproduz cena de prisioneiros da ditadura Pinocher confinados na cela de um metro por um metro
Villa Grimaldi Torre onde eram presos e torturados os ativistas de esquerda considerados mais perigosos pela ditadura Pinochet. O local foi reconstruído a partir das memórias dos sobreviventes
Villa Grimaldi Principal centro de torturas e execuções da ditadura Pinochet
Villa Grimaldi Painel com os rostos de alguns dos ativistas torturados e executados pela ditadura Pinochet
Villa Grimaldi Plaza de las Rosas foi recuperada e fincou em pequenas madeiras os nomes das mulheres torturadas e mortas nessa masmorra, posteriormente transformada em centro de memória em homenagem às vítimas
Villa Grimaldi Na Plaza de las Rosas, detalhe das placas de madeira com os nomes das mulheres torturadas e executadas na masmorra, posteriormente transformada em parque da memória em homenagem às vítimas
Villa Grimaldi Principal centro de tortura e extermínio da ditadura Pinochet. No detalhe, portão por onde os presos chegavam. Está cerrado, para que nunca mais se abra. No chão, escultura feita posteriormente para o parque da memória em homenagem às vítimas
Villa Grimaldi Placa no solo do principal centro de tortura e extermínio da ditadura Pinochet, posteriormente transformado em parque de memória em homenagem às vítimas
Villa Grimaldi Memorial em homenagem aos mortos e desaparecidos nesse centro de tortura e extermínio pela ditadura Pinochet
Villa Grimaldi Memorial em homenagem aos combatentes do MIR, Movimiento de Izquierda Revolucionaria que tombaram vítimas da ditadura Pinochet
Villa Grimaldi Detalhe da placa do Memorial em homenagem aos combatentes do MIR, Movimiento de Izquierda Revolucionaria que tombaram vítimas da ditadura Pinochet
Villa Grimaldi Memorial em homenagem aos combatentes do Partido Comunista do Chile que tombaram vítimas da ditadura Pinochet
Villa Grimaldi Memorial em homenagem aos ativistas do Partido Socialista que tombaram vítimas da ditadura Pinochet
Villa Grimaldi Memorial em homenagem aos ativistas do Mapu que tombaram vítimas da ditadura Pinochet
Villa Grimaldi Muro com os nomes das vítimas da ditadura Pinochet que foram executadas sob tortura nessa masmorra, posteriormente transformada em parque da memória em homenagem aos que tombaram no local
Londres 38 Fachada do local onde funcionou o primeiro centro de tortura e execução da ditadura Pinochet, onde hoje existe um centro de memória em homenagem às vítimas da repressão militar
Londres 38 Detalhe da fachada do local onde funcionou o primeiro centro de tortura e execução da ditadura Pinochet, onde hoje existe um centro de memória em homenagem às vítimas da repressão militar
Londres 38 Detalhe de uma das salas de tortura do primeiro centro de repressão da ditadura Pinochet, posteriormente transformado em centro de memória em homenagem às vítimas
Londres 38 Detalhe de uma das salas de tortura do primeiro centro de repressão da ditadura Pinochet, posteriormente transformado em centro de memória em homenagem às vítimas
Londres 38 Detalhe de uma das salas de tortura do primeiro centro de repressão da ditadura Pinochet, posteriormente transformado em centro de memória em homenagem às vítimas
Londres 38 Escadas por onde os presos políticos foram arrastados para as salas de tortura do primeiro centro de repressão da ditadura Pinochet
Londres 38 Escadas por onde os presos políticos foram arrastados para as salas de tortura do primeiro centro de repressão da ditadura Pinochet
Londres 38 Inscrição na parede do primeiro centro de tortura e morte da ditadura Pinochet
Londres 38 Inscrição na parede do primeiro centro de tortura e morte da ditadura Pinochet
Londres38 Inscrição na parede do primeiro centro de tortura e morte da ditadura Pinochet
Londres 38 Placa em bronze na calçada da entrada do primeiro centro de tortura e execução da ditadura Pinochet, posteriormente transformado em centro de memória em homenagem às vítimas da repressão militar
Londres 38 Calçada de paralelepípedos em frente ao primeiro centro de tortura e extermínio da ditadura Pinochet, com os nomes das vítimas que morreram nessa masmorra
Londres 38 Detalhe da calçada de Londres 38, com o nome de um combatente do MIR que tombou nessa masmorra da ditadura militar
Estádio Victor Jara Um dos centros de tortura da ditadura Pinochet. Recebeu esse nome posteriormente em homenagem ao cantor brutalmente torturado e executado em suas dependências pela repressão militar
Museu de La Memoria y Los Derechos Humaños em Santiago do Chile expõe os horrores da ditadura Pinochet
Museu de La Memoria y Los Derechos Humaños em Santiago do Chile expõe os horrores da ditadura Pinochet
Museu de La Memoria y Los Derechos Humaños em Santiago do Chile expõe os horrores da ditadura Pinochet
Cemiterio General túmulo do presidente Salvador Allende
Cemiterio General Túmulo de Victor Jara
Cemiterio General Memorial com os nomes dos mortos e desaparecidos políticos da ditadura Pinochet
Cemiterio General Detalhe do Memorial com os nomes dos mortos e desaparecidos políticos da ditadura Pinochet
Fotos: Lúcia Rodrigues
A Batalha do Chile (primeira parte) – A Insurreição da Burguesia
A Batalha do Chile (segunda parte) – O Golpe de Estado
A Batalha do Chile (terceira parte) – O Poder Popular
PS do Viomundo: A partir do alerta feito nos comentários pelo leitor Renzo Bassanetti fomos atrás de mais informações.
Vários cineastas foram presos, torturados e alguns até mortos após o golpe que derrubou Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973, e instaurou a ditadura militar no Chile.
Patricio Guzman foi um deles. Preso e torturado, ele não morreu. Conseguiu se exilar na Espanha, depois em Cuba (onde concluiu A Batalha do Chile, com imagens sobre a queda de Allende) e, finalmente, na França, onde fixou residência e produziu a maior parte de seus filmes a partir de então.
Atualmente, Guzmán está com 82 anos, como bem observou o leitor Enzo.
Porém, um dos integrantes de sua equipe está na lista dos desaparecidos da ditadura chilena.
É Jorge Hernán Müller Silva, cinegrafista e diretor de fotografia do filme A Batalha de Chile, de Patricio Guzman.
Em 29 de novembro de 1974, por volta das 9h30-10h, Jorge Müller, então com 27 anos, e sua noiva, a também cineasta Carmen Bueno, foram detidos em via pública por civis que estavam numa caminhonete.
Dias depois, o pai de Jorge recebeu um telefonema anônimo, informando que o filho havia sido preso junto com Carmem por agentes da Dina.
O casal foi conduzido de imediato para recinto secreto da Dina, conhecida como Villa Grimaldi. Lá, eles foram separados. Jorge e Carmem eram militantes do MIR.
Isso está tudo minuciosamente relatado no dossiê MULLER SILVA, Jorge Hernán, do Centro de Estudos Miguel Enríquez – Archivo Chile.
Esse regime no Brasil, o sonho de consumo de Bolsonaro.
RENZO BASSANETTI
Ótima matéria, só uma correção a fazer: Patrício Guzman sobreviveu e não foi morto pela ditadura militar. Primeiro exilou-se na Espanha e depois em Cuba, onde concluiu as filmagens de “A batalha do Chile”. Tem 82 anos.
Redação
Obrigada pelo alerta, Renzo. Foi repassar já a tua informação à Lúcia Rodrigues. Abraço, Conceição Lemes
Redação
Olá, Renzo. Boa tarde. Mais uma vez obrigada. Realmente, da forma como o texto está escrito dá margem a entender equivocadamente que o Guzmán teria morrido. Só que ela queria se referir ao cinegrafista, mesmo.
Hoje, descobrimos o nome dele. Chamava-se Jorge Hernán Müller Silva, era o cinegrafista e diretor de fotografia de La Batalla de Chile.
Descobrimos também um dossiê sobre Jorge, que postamos no final do artigo. Muitíssimo obrigada. Abraço, Conceição Lemes
Comentários
nivaldo leite de souza
Esse regime no Brasil, o sonho de consumo de Bolsonaro.
RENZO BASSANETTI
Ótima matéria, só uma correção a fazer: Patrício Guzman sobreviveu e não foi morto pela ditadura militar. Primeiro exilou-se na Espanha e depois em Cuba, onde concluiu as filmagens de “A batalha do Chile”. Tem 82 anos.
Redação
Obrigada pelo alerta, Renzo. Foi repassar já a tua informação à Lúcia Rodrigues. Abraço, Conceição Lemes
Redação
Olá, Renzo. Boa tarde. Mais uma vez obrigada. Realmente, da forma como o texto está escrito dá margem a entender equivocadamente que o Guzmán teria morrido. Só que ela queria se referir ao cinegrafista, mesmo.
Hoje, descobrimos o nome dele. Chamava-se Jorge Hernán Müller Silva, era o cinegrafista e diretor de fotografia de La Batalla de Chile.
Descobrimos também um dossiê sobre Jorge, que postamos no final do artigo. Muitíssimo obrigada. Abraço, Conceição Lemes
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