João Cezar de Castro Rocha: Violência é ato final de golpistas diante de profecia fracassada

Tempo de leitura: 7 min
Na rodovia Castelo Branco, crianças com cartazes pedindo intervenção federal foram usadas por bolsonaristas como escudos nos bloqueios. Em Taubaté (SP), motorista tentou passar por carreata bolsonarista para buscar o filho, mas foi impedido e brutalmente agredido, chegando a desmaiar. Caído no chão, ele levou socos e chutes, inclusive de uma bolsonarista. Fotos: reprodução de rede social e de vídeo

Violência é ato final de golpistas diante de profecia fracassada

Professor retoma conceito de dissonância cognitiva coletiva para analisar áudios e vídeos de manifestantes bolsonaristas golpistas que, frustrados diante do fracasso de suas profecias, recorrem à violência e ao terrorismo doméstico para fortalecer sua alucinação.

Por João Cezar de Castro Rocha,  Ilustríssima – Folha, sugestão de Leonardo Pinho

O vídeo parece caricato, mais um exemplo da dissonância cognitiva coletiva chamada bolsonarismo, mas, no fundo, nada poderia ser mais grave. Escrevo este artigo com um peso enorme no coração, porém nunca foi tão urgente dizer o que precisa ser dito, abrir os olhos, aguçar os ouvidos.

Em 30 segundos, um homem ameaça o futuro da nação Brasil, que, a bem da verdade, nunca se constituiu de todo, pois não pode haver nação em meio à desigualdade e ao racismo, diante da recusa radical de tudo que não seja espelho; não pode haver nação se o outro for reduzido ao papel de inimigo a ser metralhado —seja com palavras, seja com balas.

(Não pode haver nação na arquitetura da destruição bolsonarista.)

Tropa de choque da Polícia Militar dispersa bloqueio de bolsonaristas na Rodovia Castelo Branco com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo. Foto: Reprodução de rede social

Um senhor encanecido, fantasiado de militar, transforma o Antigo Testamento em arma de extermínio. Erra na referência, confunde os fatos, mas pretende recorrer à citação na qual Samuel instruiu Saul: “Vai, pois, agora, e fere a Amaleque, e destrói totalmente tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois até às ovelhas e desde os camelos até aos jumentos” (1 Samuel 15).

Em seu delírio, o homem, que se identifica como “pastor, capelão e capitão”, deturpa a passagem; a alma adoecida pelo bolsonarismo imagina outro cenário, desenhado com sangue: “Matem todos, inclusive as mulheres grávidas. Transpasse a barriga. A espada na barriga. Porque o que está ali é filho do demônio”.

Daí, especial esmero no assassinato de fetos —sim, esse bolsonarista de quatro costados está propondo a morte de crianças no ventre das mães— para que “demônios” não viessem ao mundo vingar a morte dos pais.

Na sequência, a analogia-barbárie: simpatizantes do PT e do PSOL são novos “demônios” que serão eliminados se tiverem a má sorte de cruzar o caminho desse cidadão de bem, que afirma orgulhosamente ser armamentista.

Puro horror! Acabei de ler o incontornável romance de Boubacar Boris Diop, “Murambi, o Livro das Ossadas”, e assim passamos do Antigo Testamento do Brasil bolsonarista ao genocídio do grupo étnico tutsi, ocorrido em Ruanda em 1994.

Os hutus usaram exatamente o mesmo argumento para massacrar crianças e mulheres grávidas. Seu crime? Serem tutsis. O cidadão de bem, acampado diante de quartéis para pedir democraticamente que os militares brinquem de ditadura “com Bolsonaro no poder”, pensa, odeia e deseja agir como os genocidas de Ruanda.

Como entender essa alucinação? É possível, ainda, entender alguma coisa?

Quando a profecia falha

O Brasil vive a manifestação coletiva, em dimensão inédita na história, de fenômeno bastante estudado em seitas milenaristas, em um número muito reduzido de adeptos. O que ocorre quando o fim do mundo não comparece ao encontro marcado?

“Quando a Profecia Falha” (1956) é um notável ensaio escrito por três pesquisadores, Leon Festinger, Henry W. Riecken, Stanley Schachter. Eles conseguiram se infiltrar na Fraternidade dos 7 Raios, que, dizendo ter recebido mensagens enviadas por seres superiores do planeta Clarion, previa um dilúvio de proporções bíblicas para 21 de dezembro de 1954. Ora, como lidar com o dia seguinte, cuja chegada, por si só, esclarece o fracasso da profecia?

Em primeiro lugar, busca-se racionalizar o fato; procura-se, por óbvio, uma escusa que permita manter a convicção na ausência absoluta de provas. O recurso é limitado: não se pode racionalizar novas profecias que, teimosas, insistam em falhar. Nesse caso, a violência expiatória é o recurso mais usual e mais terrível: eis onde estamos no Brasil bolsonarista.

(Você pensou na tragédia provocada pelo culto a Jim Jones, ainda que, como eu, tenha se assustado com o próprio pensamento?)

Em 31 de outubro, logo após a derrota de Bolsonaro nas eleições, vias em todo o país foram bloqueadas, em uma ação orquestrada que sugere organização prévia. Dizia-se que, caso manifestações se mantivessem por míticas 72 horas, as Forças Armadas armariam legos golpistas em Brasília “com Bolsonaro no poder”.

No dia 3 de novembro, expirado o prazo mágico, invocou-se o terraplanismo do juiz favorito do movimento: SOS FFAA. Artigo 142. Selva!

Acampamentos diante de quartéis e correntes de oração conduziriam à ditadura democrática. Mais 72 horas e tudo estaria resolvido —”com Bolsonaro no poder”.

Em 7 de novembro, convocou-se uma greve geral, pois, se bem-sucedida, em 72 horas paralisaria o país, e agora, sem dúvida, tanques sairiam às ruas —”com Bolsonaro no poder”. A greve, porém, terminou sem começar, não com estrondo, mas com muita choradeira.

No dia 15 de novembro, Bolsonaro em silêncio impiedoso; Lula, o presidente eleito, brilha no Egito e é celebrado em todo o mundo. Porém, a maior manifestação da história é convocada: pronto! A terra tremerá, o gigante despertou, a nação se unificou —”com Bolsonaro no poder”.

Em Brasília, perto do QG do Exército, golpistas exibem faixa em inglês, pedindo socorro às Forças Armadas e a dissolução da composição do STF. Foto: TV Globo/Reprodução

Uma tempestade que faria a felicidade dos alienígenas de Clarion castiga os manifestantes e dispersa a multidão, que, no entanto, insiste em jogar caxangá, tira, põe e (se) deixa ficar.

Multidão fiel de guerreiros com guerreiras, que (por enquanto) fazem zigue-zigue-zá.

O estoque de novas profecias está prestes a se esgotar, ainda que bolsonaristas, tanto mais corajosos quanto mais distantes da minha terra tem palmeiras, se esforcem por manter a galinha de ouro da tríade sagrada do lacre-like-lucro. Estão fomentando violências e mortes!

É o que acontece quando todas as profecias falham e o líder, em lugar de se sacrificar pela causa, sacrifica a causa para salvar a própria pele —mansão, comida, roupa lavada, salário de marajá e muitos advogados, porque nem mito é de ferro.

A frustração acumulada da multidão pode explodir em atos de terrorismo doméstico e assassinatos expiatórios, cuja onda tende a crescer. Foi assim em toda a história. Hoje, contudo, o fracasso da profecia envolve milhões de pessoas, reféns da dissonância cognitiva coletiva produzida deliberadamente pela midiosfera extremista.

Bolsonaristas bloqueiam vários trechos do centro histórico de Porto Alegre. Reprodução de redes sociais

(Celular na cabeça, em posição horizontal, para ser visto com nitidez desde o planeta Clarion. E jogue suas mãos para o céu e agradeça se acaso tiver alguém que você gostaria que estivesse sempre com você, na rua, na chuva ou no quartel mais próximo —”com Bolsonaro no poder”.)

Mãe carinhosa, linchadora feroz

Estamos em bloqueio realizado pelos bolsonaristas. Um senhor, franzino, precisa seguir seu caminho. Tenta passar, mas rapidamente é cercado por uma horda que retorna à sanha primitiva da busca de bodes expiatórios para o linchamento ritual. Uma mãe, cuidadosa, armada com a camisa da seleção, abraça seu filho e o retira do meio do redemoinho.

Contudo, ato contínuo, faz a travessia perigosa da jagunçagem e, aproveitando que a vítima se encontra no chão, sendo massacrada por homens muito mais fortes e muito mais jovens, desfere um violento pontapé na cabeça do senhor, cujo corpo, pelo impacto do golpe, é lançado com força no asfalto.

A linchadora dá as costas para a brutalidade que protagonizou; talvez tenha se recordado da criança (que assiste à cena). No entanto, uma força estranha a domina, ela se vira para o corpo estendido no chão e vocifera luciferina: “Morre, petista!”.

Satisfeita, em paz consigo mesma, caminha em direção à criança, que viu sua mãe desferir um violento pontapé em um homem idoso, caído e já sem reação, ensanguentado pelos socos que recebeu de homens muito mais jovens e muito mais fortes.

Em 13 de novembro, na cidade de Taubaté (SP), um motorista tentou passar por carreata bolsonarista para buscar o filho, mas foi impedido e brutalmente agredido, chegando a desmaiar. Caído no chão, ele levou socos e chutes, inclusive de uma bolsonarista. Fotos: REprodução de vídeo

(A mãe de bem, acampada diante de quartéis para pedir democraticamente que os militares brinquem de ditadura “com Bolsonaro no poder”, pensa, odeia e deseja agir como os genocidas de Ruanda.)

Exemplos similares são legião: em Minas Gerais, bravos guerreiros do ar se associam para impedir que uma mulher chegue ao trabalho. Violentos, empombados, levantam a voz e calam a trabalhadora. No mesmo instante, um homem ao volante de outro carro informa que precisa passar.

Os soldados de PlayStation não hesitam e dóceis abrem caminho. Ao lado, dois policiais encostados em uma viatura nada fazem, ainda que a mulher lhes tenha implorado não ajuda, mas socorro.

Em uma estrada qualquer do Brasil profundo, um bolsonarista de carteirinha, dizendo-se caminhoneiro, salta na boleia de um caminhão para obrigar um trabalhador a parar e correr o risco de perder sua carga. O agitador de lives, o guerrilheiro do Facebook vive seu momento rumo à Estação Brasília e lança mão do argumento-crime: “O senhor não tem filhos? Melhor colaborar ou pode não ver mais seus filhos”.

Em todo o Brasil, há uma proliferação de episódios similares, registrados em vídeos que excitam o voyeurismo bolsonarista. Ruanda pode ser aqui e agora.

O silêncio do Messias

O silêncio de Jair Messias Bolsonaro é cúmplice das manifestações antidemocráticas; sua mudez é ação deliberada de estímulo ao caos. Em uma atitude vergonhosa, o general Braga Netto assumiu o lugar do patrão no cercadinho do Alvorada para atiçar a militância com uma declaração cuja ambiguidade desonra sua farda: “Vocês não percam a fé. É só o que posso falar para vocês agora”.

Por quê? Trata-se de anúncio de golpe? Nesse vazio de autoridade, pequenos bolsonaros se multiplicarão, armados, velozes e furiosos.

A profecia falhou, e a dissonância cognitiva coletiva campeia sem freios. A longo prazo precisamos ajudar essa multidão a se libertar da midiosfera extremista. De imediato, contudo, as instituições precisam reagir com muito vigor.

Bolsonaristas protestam contra o resultado da eleição em frente ao Comando do Exército, no RJ.

O bolsonarismo manipula a ilusão da militância para defender ditadura “com Bolsonaro no poder”. Esse é o mais grave atentado contra a democracia brasileira. As eleições foram vencidas pela frente ampla: o parque temático do golpismo bolsonarista converteu-se em organização criminosa e, se não for coibido imediatamente, o circo permanecerá em atividade com a intenção tão clara quanto delinquente de tumultuar a transição do poder e a posse de Lula e Geraldo Alckmin.

Se não estivermos à altura do desafio, a brilhante distopia de Ignácio de Loyola Brandão será nossa realidade em um futuro próximo: “Não verás país nenhum”.

Leia também:

Jeferson Miola: O fascismo que habita o Brasil

Em vídeos, reitora bolsonarista intimida aluna que denunciou seu plágio: ‘Você vai me ressarcir todos os segundos de falta de paz’


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Comentários

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Zé Maria

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O Vice Golpista não se agradou que o Partido dele (Rep) recuou do
Ajuizamento da Ação da Coligação Encabeçada pelo PL no TSE, e
agora está alimentando os Amarelos Ensandecidos dos Quartéis
com Manjadas Teorias de Conspiração Comunista, como em 1964.
.
https://twitter.com/i/status/1596880725093265408
“Abre o Jogo!” ou “Acabou o Jogo!” ?
Parece que o “Peão [Cavalão de Tróia (AMAN 1977)]” tá Deprimido
e não quer mais obedecer o “General (AMAN 75)”
https://twitter.com/i/status/1596570862089822208
.
.
“Criadores abandonam criatura,
mas não largam a ideia de golpe”

“Há tempo fala-se que o Partido Militar
não dará um golpe aberto como de 64;
o golpe já ocorreu em 2016 e estão usando
métodos da guerra-híbrida”

Por Marcus Atalla*, no Jornal GGN: https://t.co/xc5StCUwPa
https://twitter.com/JornalGGN/status/1597594453379756032

Assim como o Gal. Villas Bôas em 2018, o senador Gal. Hamilton Mourão tocou o apito de cachorro, o fantasma da Intentona Comunista em 35.

Como um bom apito de cachorro, esse tem um silvo diferente aos que o ouvem.

Quando Villas o tocou, a imprensa civil interpretou como um chamado contra
a esquerda, pois para os adeptos do bolsonarismo (alt-right) tudo que não é
ultraneoliberal e conservador, é comunismo.

No entanto, aos militares o silvo tem um segundo significado, um chamado
de união das tropas.

https://jornalggn.com.br/wp-content/uploads/2022/11/ata1-2.jpg

Os militares aprendem na caserna que a ‘Intentona Comunista’ fez com que
“irmão de arma” lutasse contra “irmão de arma”, ala de esquerda e da direita
das Forças Armadas.

O silvo é para que os militares não se dividam nesse momento e se mantenham
juntos ao Partido Militar.

Ao se observar as condições conjunturais em que se deu o apito, é possível
perceber ser um silvo de aflição.

Um sinal de que o Partido Militar sente a possibilidade de fragmentação
ao seu apoio na caserna.

Aqueles que desde o início não concordavam e os que após o Governo Partido
Militar/Bolsonaro perceberam o enlamear das Forças Armadas Brasileiras
no todo.

Têm agora, com a eleição de Lula, a possibilidade de trazer as Forças Armadas
e o país de volta a uma normalidade.

Povo dividido, faz do país um alvo fácil de ser conquistado e é indefensável.

Entretanto, todo militar aprende a não ficar contra seus colegas de armas,
numa guerra só se tem o companheiro ao lado para salvar-lhe a vida.

E é para unificar os possíveis dissidentes que o General Mourão
tem feito declarações ainda mais radicais.

Os militares que se declararam abertamente contra a politização
das forças armadas e a ocupação do Estado pelo Partido Militar, a defesa
de Forças Armadas profissionais, estão sendo vítimas de lawfare por
seus companheiros.

É o caso do cel. da reserva Marcelo Pimentel.

Apesar de reafirmar que suas críticas não são às Forças Armadas
como Instituição de Estado, Pimentel enfrenta seu 5º processo disciplinar.
Enquanto centenas de militares têm infringido diversas normas militares
desde 2016 e nada é feito.

“Salientando, Minhas expressões públicas estão amparadas pela Lei 7.524/86”,
diz Pimentel antes de todas suas críticas e manifestações públicas.
[A lei supracitada dispõe sobre a manifestação, por militar inativo,
de pensamento e opinião políticos ou filosóficos].

https://jornalggn.com.br/wp-content/uploads/2022/11/ata2-2.jpg

Pimentel fez uma resumida linha do tempo destes últimos anos:

-2015-16, Gen Villas Boas (AMAN 73) e Etchegoyen (AMAN 74) dão aval ao Temer p/o golpe parlamilitar;
-2016-18, Etchegoyen, por dentro do gov Temer – GSI/inteligência;
-2016-18, Villas Boas, por cima do Exército Brasileiro;
-2016-18, Silva e Luna (AMAN 72), por baixo e por cima de Jungmann no Min Def;
-2016-18, Severo (AMAN 75), por dentro da Casa Civil de Eliseu Padilha;
-2017-18, Santos Cruz (AMAN 74), por dentro do Min Justiça de Osmar Serraglio;

Todos esses – e outros mais – desgastaram o governo Temer e viabilizaram
a candidatura do colega Gen. Mourão (AMAN 75) montado sobre o ‘Cavalão
de Tróia’ (Bolsonaro AMAN 1977);

-Abril 2017, Falha na segurança de Temer (responsabilidade do GSI) permite
a gravação de Joesley Batista e resulta na quebra do pacto PMDB – PSDB
(cidadania), que construiu o golpe Parlamilitar de 2016; política em geral
desacreditada;

-Fevereiro de 2018, por iniciativa do Ministro da Defesa (Gen Silva e Luna),
GSI (Etchegoyen), MJ (Santos Cruz) e Casa Civil (Severo), sob o disfarce
de que a ideia fora de Moreira Franco (SEGOV), faz-se a Intervenção [Militar]
Federal no Rio [RJ];

-Em 2018, quebra-se o apoio do grande capital empresarial a Temer
com suspensão da PEC da reforma da previdência;

-2018, Interventor Gen. Braga Netto (AMAN 78); Rio é domicílio eleitoral do Bolsonaro, defensor confesso de “milicianos”;

-Março de 2018, assassinato de Marielle Franco e Anderson. Assassino era vizinho de porta do candidato Bolsonaro. Preso somente após a posse, em 2019;

-Abril 2018, Comandante do Exército Brasileiro (Villas Boas), c/anuência do Chefe
do Estado-Maior (Fernando AMAN 76) e de todo Alto Comando (incluindo atuais
Min Def Paulo Sérgio AMAN 80 e Comandante do Ex. Brasileiro Freire Gomes
AMAN 80), expede 2 tweets na véspera do STF julgar HC de Lula, o qual é preso;

-Maio 2018, Gen Fernando (AMAN 76) vai para reserva e é imediatamente
nomeado assessor do Presidente do STF (Dias Toffoli) durante o ano eleitoral
em que General Mourão (AMAN 75) disputa à presidência montado sobre
o ‘cavalão de Tróia’ (Bolsonaro AMAN 77);
-Maio 2018, lockout dos donos de transportadoras rodoviárias do Centro Sul
arruína a economia pelo resto do ano eleitoral e faz sobressair o GSI/Etchegoyen,
que assume, com o Exército, as iniciativas governantes para “resolver o problema”;

-Junho 2018, Dias Toffoli diz publicamente que não houve golpe em 64
nem DITADURA de 64 a 85, mas um “MOVIMENTO”;

-Agosto 2018, campanha eleitoral c/imagem do Exército já colada na candidatura
do MITO (cavalão de Tróia);

-Set 2018, facada;

-Out 2018, Mourão/Bolsonaro vencem eleição;

-Jan 2019, inicia o governo mais militarizado da História, c/geração
de generais/coronéis AMAN 70/80 comandando ocupação de milhares
de cargos em cabeça, entranhas e alma da máquina governamental
do Estado:

-Jan 2019-mar 21, Gen. Fernando Min Def; Gen Ajax (AMAN 80) assume
assessoria de Presidente do STF;

-Mar 2020, Fernando (AMAN 76) e comandantes das FA (incluído Leal Pujol
AMAN 77) expedem Ordem do Dia;
https://jornalggn.com.br/wp-content/uploads/2022/11/ata3.jpg

-Mar 21, fingindo resistir contra tentativa do capitão Bolsonaro politizar as
Forças Armadas, (teve jornalista acreditando, muitos) e às vésperas da abertura
da CPI-Covid, determinada pelo Min Luís Barroso, os Gen. Fernando e Leal Pujol
são “demitidos”;

-7 Set 21, “tentativa de golpe” (segundo o jornalismo brasileiro);

-8 Set 2021, TSE (Barroso) cria Comissão de Transparência Eleitoral e convida
as Forças Armadas;

-Nov 2021, TSE (Barroso) convida o mesmo Gen. Fernando p/ Diretor-Geral do TSE
no ano eleitoral de 2022 (Lembra onde ele estava em 2018?) em q o mesmo
‘cavalão de Tróia’, agora montado pelo interventor Braga Netto e milhares
de militares são candidatos, incluindo o Gen Mourão;

-2 de outubro 22, Gen Mourão, Pazuello (AMAN 1984) e um monte de general,
coronel, major são eleitos;

30 out 22, Lula/Alckmin eleitos;

Desde então, milhares de “golpistas” na porta do TSE e dos TREs pedindo anulação das eleições e golpe de estado

Para Pimentel, “Mourão é um dos líderes do Partido Militar e Bolsonaro é peão” –[militares dependiam da popularidade de sua criatura e sua criatura do poder dos militares, havendo uma simbiose entre criadores e criatura].

“Peão (capitão AMAN 77 obedece ao general AMAN 75)”.

O Partido Militar é responsável por levar a política p/dentro dos quartéis,
comandar o Exército durante a última década, escolher os que comandam
o Exército hoje e foram eleitos senadores, deputados, governadores etc.,
na última eleição em 2 de outubro.

O blefe dos militares à la General de Gaulle
Há tempo fala-se que o Partido Militar não dará um golpe aberto como de 64,
o golpe já ocorreu em 2016 e estão usando métodos da guerra-híbrida,
ocupação do Estado de forma camuflada.

Ameaçam armas às ruas para provocar uma paralisia estratégica pelo medo, causando imobilismo na sociedade.

Os EUA não querem golpe às claras, ao ponto de enviarem ao Brasil
o próprio Secretário de Defesa, Lloyd Austin, para garantir que
os militares brasileiros não metam os pés pelas mãos.

Criadores romperam a simbiose com sua criatura, agora que ela
se tornou disfuncional.

O cel. da reserva Marcelo Pimentel foi muito feliz em sua analogia.
https://jornalggn.com.br/wp-content/uploads/2022/11/ata4.jpg

O veto ao discurso de Bolsonaro na Cerimônia da AMAN (26/11) mostra
que ele foi deixado de lado para não atrapalhar.

Basta ver a expressão corporal e o comportamento dele.
Um Bolsonaro calado, visivelmente desconfortável, acuado, aparentando
derrotado, ombros baixos e sorriso amarelado, um homem brochado.

Não aparenta nem um líder de cabaré, quanto mais um Duce comandante
de uma horda fascista.
Bolsonaro é usado apenas como uma imagem em um estandarte a ser
seguido pelas tropas em meio aos tiros no campo de batalha.

O que o Partido Militar está fazendo nesse momento, às vésperas da reunião
de Lula onde será definido o grupo responsável pela futura política de defesa
e oficiais membros, é a estratégia que o Gal. Charles de Gaulle usou contra
a Argélia (52-64).
A França sabia que não tinha mais como vencer a guerra contra os argelinos, cuja luta era por sua independência colonial.

Diz a lenda, que ao perguntarem ao General de Gaulle do porquê manter
uma guerra sabidamente perdida e com uma perda enorme de vidas
dos dois lados.
De Gaulle teria dito que é justamente por isso, como a guerra estava perdida,
a França deveria se mostrar forte para ter força de barganha e assim conseguir
um acordo de paz vantajoso.

“Pareça fraco quando está forte, pareça forte quando está fraco” (Sun Tzu),
esse é o intuito do Partido Militar brasileiro, eles não desistiram de seu projeto
de poder, porém, estão tendo menos adeptos do que pensaram ter após
a vitória eleitoral de Lula.

O Partido Fardado precisa manter a maior pressão para não perder os cargos
e posições ocupados durante o Governo Bolsonaro, e assim, manterem-se
bem posicionados para continuar o avançar assim que possível – uma guerra
de trincheira.
Não é apenas uma questão de aparência perante a opinião pública, mas sim,
correlação de forças, poder real de negociação e imposição.

O Ministro do STF Dias Toffoli (nomeou para auxiliá-lo no STF dois generais
em 2018) disse em evento realizado pela LIDE (empresa de lobby de Dória)
em NY, que o Brasil não pode ficar atado a um passado de ódio e vingança
como a Argentina. Referindo-se a punição de militares golpistas e
torturadores de 60.

Dias Toffoli será relator da ADPF 320, que questiona a validade da Lei da Anistia,
promulgada em 1979, por crimes contra a humanidade referente às práticas
dos militares na Ditadura de 64.
Sua decisão deixará uma jurisprudência já preparada para uma futura anistia
aos militares responsáveis por toda essa zorra que se tornou o Brasil pós-2016.

A Psicologia das Massas bolsonaristas
Que nem todo eleitor que votou em Bolsonaro é fascista era sabido e seguiriam
suas vidas ao invés de perder tempo em manifestações.
O que não significa que não possam voltar às ruas se acharem que há uma
nova correlação de forças.

Também era esperado uma maior radicalização do núcleo duro.
Quando os fascistas percebem estar perdendo força, mais desesperados
e agressivos tornam-se.
Sonham em ser mártires, morrer com honras por defender algo imaginário.

Ainda mais sendo estimulados pelas redes sociais, já que o Partido Militar
precisa e estimulam-nos como buchas de canhão.
Apesar de barulhento, nesse momento, esse núcleo duro nas ruas
não tem massa crítica suficiente para legitimar o impedimento da posse
do Lula pelos militares.

O antropólogo Piero Leirner tuitou (02/11) que vários dos manifestantes
em frente aos quartéis são membros da família militar (parentes),
tática usada pelos militares nas manifestações de 2016.
https://jornalggn.com.br/wp-content/uploads/2022/11/ata5.jpg

O jornalista Luis Nassif obteve um testemunho comprovando uma artificialidade
em meio às manifestações.
https://jornalggn.com.br/wp-content/uploads/2022/11/ata6.jpg

O bolsonarismo não deve ser visto como sinônimo de Bolsonaro,
esse grupo permanecerá independente dele, possivelmente até o descarte
quando perceber sua fraqueza.

Wilson Ferreira (Cinegnose) definiu muito bem, chamando-os de “Exército
Psíquico de Reserva”.

Zumbis da guerra-cognitiva que poderão ser acionados para desestabilizar
o Governo Lula em um momento oportuno.

*Marcus Atalla possui
Graduação em Imagem e Som – UFSCAR;
Graduação em Direito – USF;
Especialização em Jornalismo – FDA;
Especialização em Jornalismo Investigativo – FMU.

https://jornalggn.com.br/crise/criadores-abandonam-criatura-mas-nao-largam-a-ideia-de-golpe-por-marcus-atalla/

    Zé Maria

    “Atividade político-partidária” e “ocupação de cargo civil” são 2 das condições
    q IMPEDEM uso de designação hierárquica (“general”, “coronel” etc.)
    por militares inativos.
    Pq esses militares descumprem a L6.880/80 impunemente enqto eu, q não uso, sou alvo do 5° PAD?

    Marcelo Pimentel Jorge de Souza
    Oficial do Exército [Cel]na Reserva.
    No Brasil, foi oficial no Comando
    da 12ª Brigada de Infantaria (SP);
    Comandante do 18º Grupo de
    Artilharia de Campanha (MT);
    Oficial de Estado-Maior no
    Exército (DF).
    No exterior, foi adido de
    Defesa e do Exército na
    Guatemala.

    https://twitter.com/marcelopjs/status/1597589156859113472
    https://interessenacional.com.br/author/marcelopimentel/

Sandra

Entrevista com o professor João Cézar de Castro Rocha ao UOL:
“O silêncio de Bolsonaro não é uma opção, é parte de uma ação orquestrada.”
“O objetivo não é o golpe. O objetivo é inviabilizar o Governo do Presidente Lula.”
NÃO PASSARÃO! LULA venceu, será empossado dia 1º de Janeiro e fará o melhor governo de todos os tempos!
https://youtu.be/kQqzF_ksoQc

Sandra

ANISTIA NUNCA MAIS!

Zinda Vasconcellos

Canudos resistiu a quatro grandes campanhas de ataque do exército brasileiro. Bastou o Conselheiro morrer de uma diarréia que o movimento foi derrotado. A quebra de uma ilusao é algo muito poderoso. (E a ilusao tb era…).

Zé Maria

“Tornou-se senso comum (inclusive entre intelectuais)
afirmar que o Brasil vive um momento de ‘polarização’
política.
Tal perspectiva é falaciosa.
Polarização pressupõe algum tipo de simetria entre
os dois polos, o que não corresponde à realidade
atual do país.

“A história brasileira recente passou por um processo
de ruptura civilizacional, talvez irreversível.

Não há dois lados, já que um dos supostos polos,
aquele composto por indivíduos e grupos
que aderiram à extrema direita, não é legítimo,
pois rompeu com limites que estão para além
do âmbito das leis, isto é, ultrapassaram barreiras
de valores fundamentais da humanidade.

Os bolsonaristas colocam em risco não apenas
o regime democrático, mas também a existência
do Estado e até mesmo a definição do que pode ser
considerado humano.

A existência da democracia necessita de mecanismos
que impossibilitem sua destruição.

As ações antidemocráticas (sobretudo as cometidas
por agentes do Estado) precisam ser coibidas e,
quando necessário, criminalizadas.

O ataque (fascista) sofrido por @gilbertogil, um artista,
preto e com uma trajetória ligada a valores democráticos,
é uma síntese da catástrofe civilizatória que vivemos.”

Siga o Fio da Meada:
https://twitter.com/HDitadura/status/1597038541993041920
.

Zé Maria

“No alto de um carro de som, empresário bolsonarista
convoca atiradores e caçadores pra impedir
a diplomação e a posse de Lula.
Já foi identificado [Milton Baldin] e irá responder na Justiça.
Não podemos dar trégua pro terrorismo.”
https://twitter.com/Gleisi/status/1597241457949409280
.
.
“Em Brasília, Empresário Bolsonarista do Mato Grosso (MT)

convoca Atiradores (CACs) para impedir a Posse de Lula”

https://content.jwplatform.com/previews/GApgBr1P
https://www.dailymotion.com/embed/video/x8fw1h6
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Zé Maria

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A Violência Física e Psicológica
é Ato Inicial e Final do Fascismo.

Fascistas, Racistas, Não Passarão!

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Zé Maria

Falando em Fascistas de Amarelo,
a Torcida da Seleção Brasileira
é Branca, Padrão FIFA, no Catar.

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