JN narra “mesada”; Prefeitura quer ouvir Mauro Ricardo

Tempo de leitura: 4 min

A coreografia do JN dentro da sede do MP: Donato com os corruptos e com Haddad

do Jornal Nacional

Edição do dia 12/11/2013

Atualizado 21h33

Fiscal preso em SP diz que Antônio Donato recebia parte da propina

O então vereador Antônio Donato, do PT, teria recebido R$ 20 mil mensais do dinheiro da propina de dezembro de 2011 a setembro de 2012.

O Jornal Nacional teve acesso a informações inéditas sobre a investigação de corrupção entre auditores fiscais da Prefeitura de São Paulo. Nesta terça-feira (12), mais um suspeito fechou um acordo de colaboração com o Ministério Público.

O fiscal Eduardo Barcellos, que ficou preso dez dias acusado de corrupção, prestou nesta terça-feira (12) depoimento de mais de oito horas no Ministério Público de São Paulo.

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Acompanhado de advogados, abriu o jogo sobre o esquema de cobrança de propina. Eduardo admitiu que, juntamente com outros três fiscais investigados, cobrava dinheiro de construtoras para liberar o Habite-se e permitir que elas pagassem menos Imposto Sobre Serviços, o ISS.

Eduardo Barcellos disse que recebia dinheiro vivo dentro da própria prefeitura e depois dividia os valores com os colegas envolvidos no esquema.

Além disso, o fiscal revelou ao promotor que de dezembro de 2011 a setembro do ano passado pagou R$ 20 mil por mês em dinheiro vivo para o então vereador Antônio Donato, do PT, que se tornou este ano secretário de governo do prefeito Fernando Haddad.

Eduardo Barcellos revelou que a mesada era paga diretamente no gabinete de Donato, na Câmara Municipal. Ele disse ainda que outro fiscal, Ronilson Bezerra Rodrigues, também dava dinheiro para Donato.

Os valores repassados a Donato, segundo Eduardo Barcellos, eram uma espécie de investimento futuro. Ele e Ronilson queriam continuar em bons cargos na prefeitura caso o PT ganhasse as eleições, como aconteceu.

Com Donato na secretaria de governo, já este ano, Barcellos disse que foi trabalhar no gabinete dele e Ronilson foi nomeado diretor da SPTrans, a empresa que gerencia o transporte público de São Paulo.

O fiscal acusado de corrupção assinou embaixo tudo o que disse no Ministério Público para o promotor Roberto Bodini e ainda passou os números de telefone que ele falava com Antonio Donato desde 2011. O promotor Bodini vai agora pedir a quebra do sigilo desses aparelhos para comprovar as ligações de Eduardo Barcellos para Antonio Donato.

“Que era dinheiro de propina, era. Isso o Eduardo Barcellos esclarece que parte do dinheiro que ele recolhia a título de propina, ele repassava ao Donato. Ele esclareceu, é bom que se registre, que em momento algum ele disse ao vereador que aquele dinheiro era proveniente de propina, disse não ter cientificado o vereador de que aquilo era, de fato, uma cobrança criminosa, mas vamos ficar aí com os números, que cada um vai fazer sua avaliação”, revela Roberto Bodini, promotor.

A assessoria de imprensa de Antonio Donato declarou que todas essas acusações de Eduardo Barcellos sobre a mesada de R$ 20 mil são mais uma tentativa de desviar o foco da investigação, que está centrada na gestão passada, e de tentar atingir a atual administração na Prefeitura de São Paulo.

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Notas oficiais da Prefeitura de São Paulo

12/11/2013 18h55

Nota – Antônio Donato

O secretario do Governo, Antônio Donato, comunica que está pedindo afastamento do seu cargo na Prefeitura de São Paulo e reassumindo o mandato de vereador na Câmara Municipal, de onde poderá, com a mais ampla liberdade, se defender de denúncias infundadas atribuídas à quadrilha de servidores municipais que fraudava o ISS (Imposto Sobre Serviços) e que a administração do PT desmantelou por meio da Controladoria Geral do Município.

Donato reafirma que, desde o início da apuração, colaborou de forma direta com o trabalho conduzido pelo controlador Mário Vinicius Spinelli, incluindo o cronograma de exonerações dos servidores investigados. Ressalta que a própria CGM, bandeira da campanha do PT, foi estruturada no âmbito da Secretaria de Governo até obter ela mesmo o status de secretaria, em abril passado.

Ao identificar uma orquestração por parte dos servidores investigados para envolvê-lo de forma leviana e, assim, atrapalhar o curso das investigações, o secretário comunicou no final da manhã de hoje ao prefeito Fernando Haddad o pedido de afastamento imediato — inclusive para evitar o risco de a quadrilha tentar atingir o governo do PT na cidade de São Paulo e prejudicar o andamento das investigações.

Assessoria da Secretaria do Governo Municipal

SP, 12/11/2013

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12/11/2013 18h50

Nota – Sindicância

Devido a citações em depoimentos e escutas a respeito do relacionamento de trabalho entre autoridades das administrações atual e anteriores com o grupo de auditores fiscais investigados na Operação Necator, a Controladoria Geral do Município informa:

1. Instaurou, na última segunda-feira, dia 11, procedimento de sindicância para apurar se existe irregularidade na conduta do secretário de Governo, Antônio Donato, em seus contatos com os suspeitos. O secretário prestou depoimento na mesma data a seu pedido.

2. Chamará o ex-secretário de Finanças, Mauro Ricardo, para prestar esclarecimentos no âmbito da operação Necator sobre o seu grau de conhecimento da atuação do grupo e a relação que ele mantinha com parte da estrutura do seu gabinete envolvida nas operações irregulares.

* Atualizada às 20h30

PS1 do Viomundo: Mauro Ricardo é o braço direito de José Serra, que foi secretário das Finanças da “gestão passada” — foi assim que o Jornal Nacional se referiu ao governo de Gilberto Kassab/José Serra.

PS2 do Viomundo: Quem governa com e para a Globo e a Folha, morre com ambos.

PS3 do Viomundo: E quem é que aparece na cobertura do G1?, das Organizações Globo? Lula, com Haddad e Donato…

 

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