Jeferson Miola: Show de horrores do 7 de setembro pode impulsionar voto útil no Lula

Tempo de leitura: 3 min
Bolsonaro no ato do 7 de Setembro, no Rio de Janeiro. Foto: Alexandre Cassiano/O Globo

Show de horrores do 7 de setembro pode impulsionar voto útil no Lula

Por Jeferson Miola, em seu Blog

As celebrações do 7 de setembro foram transformadas numa esdrúxula maratona militar de propaganda eleitoral.

O evento, repleto de crimes eleitorais e bancado com dinheiro público, foi transmitido ao vivo pela televisão horas a fio.

Assistimos comícios eleitorais preparados pelas Forças Armadas para seu candidato Jair Bolsonaro.

Na data cívica sequestrada pelos militares, não houve menção ao bicentenário da independência; somente discursos toscos e radicalizados dirigidos às hordas fanáticas.

As cúpulas das Forças Armadas se exibiram abertamente como facção partidária de extrema-direita. Oficiais da ativa subiram no palanque eleitoral trajando uniforme de gala militar.

Com esta demonstração de força e poder bolsonarista, o partido militar patrocinou o enterro da já baixa credibilidade que as Forças Armadas ainda possuíam.

A ausência de autoridades do judiciário e do Congresso ilustra o isolamento institucional de Bolsonaro e do governo militar. Nem mesmo o presidente da Câmara Arthur Lira e o PGR Augusto Aras compareceram; logo eles, dois fiéis colaboracionistas do fascismo.

O 7 de setembro foi concebido como marco estratégico do “Capitólio de Brasília”. Era para ser um dia apoteótico da escalada fascista-militar, mas ficou aquém do anunciado.

A bandeira central do Bolsonaro e dos chefes militares para avacalhar a eleição – o ataque às urnas eletrônicas e a contestação do resultado da votação – sintomaticamente não foi mencionada em nenhum discurso; simplesmente sumiu, como se tivesse deixado de existir.

Este fato significativo – a ausência da bandeira central do bolsonarismo nos comícios de 7 de setembro – pode representar uma inflexão tática dos militares no contexto do desgaste e da desmoralização de que padecem.

Para explorar esta hipótese, é preciso voltar alguns dias no tempo e relembrar o encontro do presidente do TSE, ministro Alexandre Moraes, com o general-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, em 31 de agosto passado.

Após aquela reunião, divulgou-se um consenso sobre suposto plano-piloto para a execução de teste de integridade das urnas. Este entendimento, segundo divulgação oficial, seria suficiente para os militares aceitarem o resultado da votação.

Neste sentido, portanto, a concessão do ministro Moraes ofereceria uma saída honrosa para o reposicionamento tático das cúpulas militares. Com este “trunfo”, poderiam alardear aos apoiadores que “arrancaram” do TSE as garantias para a realização de “eleições limpas”.

É evidente, contudo, que em se tratando dos militares e suas táticas diversionistas, o suposto entendimento para testar a integridade das urnas pode ser mais uma armadilha.

Isso porque o modelo de teste sugerido por eles é uma verdadeira gambiarra que sabidamente pode dar errada – por esta razão os militares o conceberam. E neste caso, diante de qualquer falha do teste, Bolsonaro e os militares então fabricariam a almejada retórica de fraude para tumultuar a eleição.

Apesar deste risco, no entanto, a hipótese de ajuste de posicionamento dos militares tem eco na realidade.

A conjuntura piorou muito para o governo depois do encontro do Bolsonaro com diplomatas estrangeiros [18/7].

O evento ampliou a percepção do grave risco que ele representa e aumentou consideravelmente o isolamento interno e internacional.

As cúpulas militares sabem que somente conseguiriam impedir a vitória do Lula promovendo rupturas e pisoteando as regras do jogo.

O problema, porém, é que estão isolados e desmoralizados, enfrentam uma enorme crise de legitimidade e não têm amparo político, social e institucional – interno e estrangeiro – para concretizar a escalada golpista.

Além disso, a popularidade das Forças Armadas está caindo persistentemente. Na última pesquisa, atingiu um dos mais baixos patamares na série histórica, ao redor de 30%. Não por acaso, percentual equivalente à intenção de votos do Bolsonaro.

O show de horrores do governo militar no 7 de setembro teve como efeito colateral o aumento do cansaço com o padrão arcaico, selvagem e truculento do bolsonarismo.

Com a maratona militar-eleitoral, Bolsonaro não angariou simpatias e apoios junto ao eleitorado indeciso ou em disputa, no máximo conseguiu se comunicar com seus apoiadores.

Ao lado disso, o sentimento de medo e insegurança com Bolsonaro e a ânsia por tranquilidade e paz podem impulsionar o voto útil no Lula e, assim, elegê-lo já no primeiro turno.

A candidatura do Ciro, que trai a história do PDT e do Brizola para funcionar como uma variante do bolsonarismo, deverá ter sua votação achatada com a migração dos seus eleitores para Lula.

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Comentários

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mario Borges

É visível que a lógica não está funcionando no país dentro do contexto político atual até porque Bolsonaro já devia ter sofrido impeachment desde que começou a cometer crimes de respnsabilidade. O fato é que a parcela da população que o apoia está com a mente lavada pelos pastores dentro das igrejas e pelas fake news e instituições fundamentais para a manutenção do estado de direito democrático como o congresso e a PGR estão cooptadas. O centrão está sendo cooptado pelo orçamento secreto e está contribuindo para a destruição da democracia a mesma que elegeu seus deputados. Bolsonaro agora quer fechar o STF amanhã vai querer fechar o congresso se o mesmo não atender a todos os seus interesses. Então os políticos do centrão estão usufruindo do orçamento secreto agora mais amanhã poderão ficar sem usufruir dos seus próprios mandatos.
Porém, a despeito desta inércia a lógica diz que se Bolsonaro
continuar incentivando a escalada de violência política no mínimo 60 por cento da população- que perfaz os votos que ele não tem -fatalmente vai se insurgir contra ele o que pode resvalar nas ruas . Se ele não vir a público pedir para os seus fanáticos apoiadores não usarem armas e nem ameaçar seus opositores dentro do processo eleitoral ele vai pagar o pato. Mais como ele é louco e o filho dele já conclamou subliminarmente os caquis – diga-se de passagem armados por eles – para se juntarem numa organização paramilitar então o resultado está dado: ele literalmente vai se ferrar porque a maioria da população vai exigir a sua prisão e a dos seus filhos que é o que ele mais teme . A ver.

Mario borges

Concordo com Rudá Ricci: desta vez Ciro não poderá se safar e está sendo diretamente responsável por alimentar o bolsonarismo ou debelá-lo de vez. Portanto, Ciro tem uma responsabilidade espiritual imensa e está diante de uma chance única de se redimir por ter ido para Paris nas eleições passadas e facilitado a ascensão do fascismo. Tenho até pena dele. É muita responsabilidade.

Antonio de Azevedo

ELEIÇÕES, RAWLS E ULISSES GUIMARÃES

No seu livro, “Uma Teoria da Justiça”, John Rawls, preconiza a teoria da justiça como equidade. Ou seja, concebe a desigualdade social como o ponto de partida para compreender a sociedade como um sistema equitativo de cooperação social.

Segundo Rawls, as desigualdades sociais são geradas pelas posições existentes entre os membros de uma sociedade. Assim, as posições geram aspirações que são determinadas pelo sistema político e pelas situações socioeconômicas da sociedade.

Para encontrar a solução das desigualdades sociais, Rawls adota o modelo contratualista. Ele não almeja justificar o Estado ou uma forma de governo partindo do contrato social, mas sim, utiliza um modelo argumentativo para os princípios comuns de justiça e de suas configurações institucionais.

Ele rechaça os modelos clássicos do utilitarismo. Concebe, assim, a teoria da justiça com os princípios da justiça, ou seja, “justiça como equidade”. Logo, os princípios de justiça não são escolhidos de forma aleatória, mas sim, sob um “véu de ignorância”.

O “véu de ignorância” possibilita que ninguém seja prejudicado ou favorecido no momento da opção dos princípios pela contingência das circunstâncias sociais. Dessa forma, quando todos obedecem e respeitam os princípios de justiça, todos estão cooperando mutuamente com a sociedade.

Nesse diapasão, em tempos de eleição no Brasil, acontece justamente o contrário: brigas fúteis com vidas perdidas (caso Marcelo/PR e mais recentemente Benedito/MT); escrutínios deselegantes e desnecessários; pesquisas fajutas e tendenciosas e, até mesmo o sobressalto infantil de uma data patriótica, de comemoração nacional, custeada com dinheiro dos brasileiros, mas que excluiu uma boa parte dos brasileiros.

Ora, a teoria da justiça como equidade é a concepção política de justiça (Rawls) – Ou seja, em diferentes agremiações, cada brasileiro tem direito igual aos outros brasileiros sob o ponto de vista das liberdades fundamentais, ainda que existam desigualdades econômicas e sociais. Pois, os princípios de justiça visam garantir justamente as liberdades básicas para todos os cidadãos que convivem na cooperação social.

Dito isso, nesse momento crucial, em que os brasileiros vão às urnas para decidir e definir o futuro do seu País, mais do que nunca é importante frisar que a liberdade política (o direito de votar e ocupar um cargo público); a liberdade de expressão e reunião; a liberdade de consciência e de pensamento; as liberdades da pessoa, que incluem a proteção contra a opressão psicológica e a agressão física (integridade da pessoa); o direito à propriedade privada e a proteção contra a prisão e a detenção arbitrária, de acordo com o conceito de Estado de Direito, devem ser preservadas e defendidas arduamente, pois elas são liberdades fundamentais, a fim de que possam avançar cada vez e garantir as atitudes mais simples de uma vida.

Nesse sentido, os candidatos mais endinheirados devem receber um tratamento que venha beneficiar os candidatos menos endinheirados, e não simplesmente um tratamento que lhes seja mais vantajoso, sem respeitar suas consequências para a cooperação social, como tantos e tantos casos espúrios vistos ao vivo e em cores que vêm acontecendo nessas eleições.

Destarte, independentemente do vencedor nas urnas, é de bom grado e alvitre que todo brasileiro e toda brasileira, verdadeiramente patriotas, continuen a lutar bravamente pela preservação da liberdade, da igualdade e da fraternidade sob o ponto de vista dos princípios basilares da Constituição Federal, pois como bem disse, um dia, o saudoso brasileiro, patriota e ser humano fantástico Ulisses Guimarães: “A Pátria não é capanga de idiossincrasias pessoais”.

Antonio Sergio Neves de Azevedo – Estudante – Curitiba / Paraná.

Zé Maria

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“Ele [Bolsolão] se apoderou de uma festa que é de 215 milhões de brasileiros
e fez uma festa pessoal.
Foi muito engraçado, que no ato do Bolsonaro parecia uma reunião
da Ku Klux Kan. Só faltou o capuz.
Porque não tinha um negro, não tinha pardo, não tinha pobre,
não tinha trabalhador”.
LULA

“Queria ver se tinha alguma princesa por aí ou por aqui. Não tem. Sabe por quê? Porque aqui só tem mulher de luta, e são essas mulheres que vão ganhar essa
eleição, no Primeiro Turno, para Luiz Inácio LULA da Silva”.
JANJA
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No Comício em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Estado do Rio de Janeiro.
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