Jeferson Miola: Estadão detona Moro, a empulhação lavajista e a retórica hipócrita do falso combate à corrupção

Tempo de leitura: 3 min

Estadão detona Moro e a empulhação lavajatista

Por Jeferson Miola, em seu blog

Ao chegar ao Brasil para iniciar os movimentos para a eleição de 2022, Sérgio Moro foi recepcionado com dois editoriais ácidos do Estadão, jornal de visão extremista que já foi desbragadamente entusiasta e defensor da Lava Jato.

Em pleno dia de finados [2/11], o editorial “A perigosa permanência do lavajatismo” defende o sepultamento definitivo da Lava Jato, cadáver putrefato que só sobrevive por oportunismo no imaginário de fanáticos antipetistas – no MP, no judiciário, na PF, no partido dos generais e congêneres de direita e extrema-direita.

“O fim da Lava Jato não é nenhum problema […], era passada a hora de a famosa operação acabar”, reconhece o Estadão, alertando que “A Lava Jato chegou ao fim, mas – eis ponto que merece ser destacado – continua existindo o que se pode chamar de espírito lavajatista. Segue viva uma específica mentalidade que vai muito além do princípio republicano”.

Para o jornal, “essa visão pretende justificar uma conclusão inteiramente antirrepublicana: a de que, para combater a corrupção, seria permitido e autorizado utilizar todos os meios disponíveis, também os ilegais”.

De acordo com tal espírito lavajatista, “para combater ilegalidades, seria possível cometer novas ilegalidades”.

Numa crítica à reação ultra corporativa de procuradores e suas entidades contra a PEC nº 5/2021 que aperfeiçoa o controle público sobre atos ilegais de integrantes do Ministério Público, o editorial critica que esta casta burocrática “defende uma autonomia irrestrita do Ministério Público, a impedir qualquer controle sobre eventuais ilegalidades de procuradores”.

Na contramão do apoio incondicional que consignou à Lava Jato durante a caçada criminosa a Lula e ao PT, agora o Estadão transparece um espasmo de compromisso com a legalidade e a democracia: “Outra coisa, que causa muitos danos e injustiças – pois autoriza o uso arbitrário e abusivo do poder estatal –, é pretender que, em razão do juízo da gravidade sobre a corrupção, agentes da lei possam atuar impunemente fora da lei. Ninguém, nem mesmo o Ministério Público, está acima da lei”, constata o jornal, com atraso de mais de 7 anos.

No editorial desta 4ª feira [3/11] o jornal afirma que “é um grave equívoco transformar as eleições presidenciais em disputa de quem grita mais alto contra a corrupção”.

Embora não cite Sérgio Moro, fica evidente que é para ele que a mensagem se destina – não só pela retórica monotemática de falso combate à corrupção, como também pela visão tosca que este personagem provinciano e torpe tem sobre a vida, o país e o mundo.

“A campanha eleitoral precisa ser um espaço efetivo de diálogo e debate sobre as propostas de governo dos candidatos”, afirma o Estadão.

“Além de despistar o eleitor das reais questões que ele terá de escolher com seu voto na urna”, a retórica hipócrita de falso combate à corrupção “contribui para que candidatos desprovidos de um mínimo programa de governo [caso do Moro] – que não deveriam ter nenhuma relevância no cenário eleitoral – apareçam aos olhos do público como nomes viáveis politicamente”, afirma.

O editorial também questiona “por que será que os candidatos populistas falam tão pouco de políticas públicas de saúde, educação e economia, por exemplo, e falam tanto de combate à corrupção e de moralidade e bons costumes?”.

E conclui: “Infelizmente, a velha tática diversionista tem funcionado, como mostram as eleições de 2018”.

A opinião do Estadão, revelada em dois editoriais consecutivos, não pode ser tomada como sinal de súbita conversão deste jornal oligárquico, racista e autoritário à democracia e à civilização.

É preciso manter viva a memória sobre o engajamento pleno deste órgão de imprensa na escalada do Estado de Exceção que culminou na destruição do país pela Lava Jato, na derrubada da presidente Dilma, no processo farsesco da prisão do Lula e no ascenso fascista-militar com Bolsonaro e o partido dos generais.

É razoável supor-se que a manifestação do Estadão possa ter apenas uma motivação eleitoral pragmática, pois é crescente o entendimento de que a hipócrita retórica Moro-lavajatista – e de generais como Santos Cruz, Villas Bôas e quejandos – já não terá a mesma eficácia para enganar o povo outra vez na eleição de 2022.

Continua, portanto, a saga das oligarquias em busca de algum anti-Lula de estimação.

Na falta de alguém viável para o papel, em 2022 o Estadão não hesitará em fazer outra vez “uma escolha muito difícil” a favor da aberração humana que atende pela alcunha de Jair.


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Comentários

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Nelson

Bem, não faz muito tempo, os órgãos da mídia hegemônica e seus comentaristas, Estadão incluído. fizeram da Lava Jato, Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e outros, seus bastiões da limpeza moral da nação. E o fizeram mesmo sabendo de todas as safadezas cometidas por essa turma contra a democracia e o Estado de Direito, para não citar outras cositas.

Valia tudo para tirar da jogada, de forma bem democrática, por supuesto, a turma do PT. Então, eu não tenho qualquer dúvida de que, uma vez definido aquele que vai empunhar a bandeira da 3ª via, se preciso for, essa mesma mídia hegemônica que hoje está a detonar com a Lava Jato, volte a erguê-la em novo estandarte.

Não duvido também de que, em sendo Sérgio Moro o escolhido, Globo, Estadão, Veja, RBS e o escambau se bandeiem ligeirinho para o lado dele e passem a recuperar essa figura nojenta para a opinião pública. Se bem que, ao contrário do que muita gente de esquerda afirma, a imagem de Sérgio Moro não está tão desgastada assim.

E basta a mídia passar a relembrar e a repetir, 20, 30, 50, 100 vezes por dia, durante semanas ou meses, os “heroicos” feitos de Moro e seus asseclas na defesa da moralidade pública, para que uma montoeira de brasileiros se bandeie também para o lado de Moro. Ainda que uma grande parte de nós vivamos a nos exibir e a nos arvorar como sendo muito espertos; trouxas seriam os outros.

Zé Maria

Excerto e Comentário

“Na contramão do apoio incondicional que consignou à Lava Jato
durante a caçada criminosa a Lula e ao PT, agora o Estadão
transparece um espasmo de compromisso com a legalidade
e a democracia” …
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O que faz um Jornal Fascista para salvar seus Jornalistas
que estão Atolados até o Pescoço com o Lavajatismo.
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