Jeferson Miola: Bolsonarismo revoluciona a política na perspectiva da contrarrevolução fascista

Tempo de leitura: 4 min

Bolsonarismo revoluciona a política na perspectiva da contrarrevolução fascista

Por Jeferson Miola, em seu blog

O bolsonarismo é uma força-movimento revolucionário que revoluciona a política. O bolsonarismo revoluciona a política, porém, na perspectiva de uma contrarrevolução fascista; é um movimento de caráter revolucionário – ainda que de sentido regressivo, do ponto de vista civilizatório.

Os bolsonaristas exercem a política na sua essência, ou seja, como um meio violento, dissuasivo e conflitivo para a disputa e a conquista do poder político, que é “o poder do homem sobre outro homem” para a imposição da sua cosmovisão na sociedade.

O bolsonarimo esgarça o conflito e atiça a luta política e ideológica. Milita fervorosamente para a construção de uma nova ordem – reacionária, retrógrada e arcaica; mas, ainda assim, uma “nova” ordem.

Daí o sentido renascentista do bolsonarismo, equivalente ao sentido renascentista do fascismo, que se assenta no aniquilamento de “inimigos” [internos] para a purificação da sociedade.

Não por acaso os nazistas consideravam o campo de concentração de Auschwitz o “ânus da Europa”, ou seja, o mecanismo eficaz para o livramento das impurezas e dos males.

Um mecanismo, enfim, de purificação das sociedades alemã e europeia que propiciaria o nascimento de uma nova ordem, livre dos “excrementos” ideológicos, étnicos e religiosos indesejáveis. O anúncio da “modernidade fascista”, como diria o professor Chico Teixeira.

O antipetismo é um instrumento ideológico e de poder que operacionaliza a estigmatização da “parte impura e indesejável” da sociedade brasileira. O antipetismo é o combustível por excelência do processo de fascistização do país e, por isso, também o motor da contrarrevolução fascista dirigida pelo bolsonarismo.

Enquanto o bolsonarismo erode a democracia para subverter a ordem instituída com o objetivo de construir um novo poder, a esquerda, em contrapartida, assume uma perspectiva “conservadora”, como “guardiã” do sistema e da ordem ameaçada.

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A esquerda assume, enfim, uma perspectiva de manutenção da atual ordem – desigual e injusta –, em relação à qual teoricamente nasceu para destruir e superar com a edificação de uma outra ordem, “moralmente superior”.

O bolsonarismo subverte conceitos consensuados nos marcos da civilização e do iluminismo e os redefine à luz dos significados do dicionário da contrarrevolução fascista, atribuindo-lhes um caráter regressivo e anti-civilizacional. É o caso, por exemplo, do conceito de soberania.

Na gramática bolsonarista, soberania não é sinônimo da inserção altiva e soberana do Brasil no mundo, mas sim o “direito” do governo se desincumbir de tratados e protocolos internacionais civilizatórios e ficar livre e desimpedido para promover, internamente, as mais absurdas barbaridades que integram a nova ordem.

É o que acontece, por exemplo, em relação ao descumprimento de acordos internacionais nas áreas ambientais, climáticas e de direitos humanos.

Esta “soberania ao avesso” é um passaporte para a dizimação dos povos originários, para a devastação dos ecossistemas, para a ação de grileiros e garimpeiros e para violações sistemáticas dos direitos humanos.

O mesmo vale em relação às chamadas “liberdades”. Como proclama Bolsonaro, “nossa liberdade não tem preço, vale mais que a própria vida”.

No dicionário bolsonarista, a liberdade do capital deve ser absoluta, sem freios, compensações e regulações estatais; um laissez-faire total.

Busca-se, falsamente, o ideal de uma sociedade em que o indivíduo, por seus méritos próprios, é o senhor absoluto do seu destino e, por consequência lógica, uma vítima em potencial da seleção natural da espécie.

A liberdade de expressão é concebida na mesma direção: como autorização plena para se enaltecer o nazismo e ditaduras; para se idolatrar torturadores, disseminar ódio e violência; para se atacar a democracia e as instituições civis e se propor ditadura militar.

Pela ótica libertarianista do bolsonarismo, o “cidadão de bem” tem o direito de se armar para proteger a si, à sua família e à sua propriedade; para fazer justiça com as próprias mãos.

De igual modo, todo cidadão é livre para rechaçar vacinas e para educar os filhos em casa [homeschooling], fora da sociabilidade educacional.

O cidadão deve ser livre para decidir usar ou não cadeirinhas de proteção de crianças em automóveis, e também não pode ter o gozo de andar em alta velocidade castrado por limites legais estabelecidos.

É aterrorizante o universo de brasileiras e brasileiros que endossam e se identificam com esse ideário.

A contrarrevolução fascista do bolsonarismo conta com impressionante adesão social de massas, como evidenciou a eleição para o Congresso e a votação do Bolsonaro.

A extrema-direita tem uma militância ativa, engajada, armada e demograficamente representativa – equivalente às populações da Argentina, Paraguai e Uruguai somadas. Encontra simpatias em metade do eleitorado e em mais de ¼ da população brasileira.

Está incrustrada nas polícias, no judiciário, nos MP’s e nos parlamentos, e coloniza o esgoto das redes sociais. Além disso, conta com um líder carismático e de notável apelo popular.

É uma realidade terrível, nunca antes vista no Brasil. Não é nada trivial que Bolsonaro e o bolsonarismo continuem competitivos eleitoralmente depois de toda barbárie, da absoluta falta de compaixão humana, de tamanho desprezo pela vida, do descalabro econômico, da destruição, corrupção, fome; dos atentados à democracia e do isolamento internacional.

Bolsonaro espertamente se apresenta como antissistema, quando na realidade ele é a resposta mais funcional do próprio sistema para a crise estrutural do capitalismo num país periférico como o Brasil.

A postura antissistema é só aparente, pois com Bolsonaro o sistema consegue conter dentro da própria ordem capitalista neoliberal as soluções para enfrentar a crise e o mal-estar da população com o fracasso de décadas de neoliberalismo.

Com a solução bolsonarista ante a crise estrutural, o sistema não só bloqueia a viabilização de alternativas antineoliberais, como aprofunda a ditadura das finanças num contexto fascista e totalitário.

A destruição é uma chave deste processo. “Nós temos é que desconstruir muita coisa, desfazer muita coisa, para depois nós começarmos a fazer”, disse Bolsonaro no início do mandato [18/3/2019], numa alusão implícita à contrarrevolução fascista que passaria a liderar.

Nesta cruzada ultraliberal de destruição, o bolsonarismo explora com sucesso a subjetividade de uma sociedade abduzida por valores neoliberais como o anti-Estado, o individualismo empreendedor, a meritocracia, o laissez-faire total, o libertarianismo.

O fundamentalismo religioso não poderia faltar, com sua “teologia da prosperidade” incutindo e reforçando tais valores.

Derrotar Bolsonaro e eleger Lula em 30 de outubro é a prioridade das prioridades de vida da atual geração de brasileiras e brasileiros.

A vitória do Lula não será, contudo, uma panacéia para todos os males, mas um relevante passo neste período histórico complexo que se abre e que cobra respostas também revolucionárias e culturais da esquerda para derrotar a contrarrevolução fascista em curso, e que não cessará sua marcha mesmo com a derrota do Bolsonaro.

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Comentários

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Nilton Carvalho

Bolsonaro e sua família e outros vão ser presos após as eleições. O martelo já bateu.

Zé Maria

https://twitter.com/i/status/1582820408298176512

Caminhada de LULA no Centro de Porto Alegre, Hoje à Tarde:

MULTIDÃO DE GAÚCHOS LOTOU A BORGES DE PONTA À PONTA

https://twitter.com/Olivio_Dutra/status/1582820408298176512

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Zé Maria

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Existe um Fator Decisivo nestas Eleições de 2022
tanto mais do que foram em 2018: a MENTIRA.

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TRE-PE manda tirar do ar postagens com PESQUISAS FALSAS
que mostram Raquel Lyra (PSDB) à frente de Marília Arraes (77),
no 2º Turno das Eleições para Governadora de Pernambuco.

Um dos Autores é o Vereador Bolsonarista Capitão Alencar (Patriota),
de Petrolina, Município do Sertão Pernambucano.

Capitão Alencar é apoiador da candidata Raquel Lyra (PSDB) e faz
Propaganda Contra a Candidata Marília Arraes (77), no 2º Turno.

Há uma “máquina de fake news” contra a Marília77 em Pernambuco.

https://blogdofarnesio.com.br/vereador-bolsonarista-de-petrolina-aliado-de-raquel-e-condenado-por-fake-news/

Leia também:

https://www.peonline.com.br/uploads/images/2022/10/marilia-arraes-recebe-apoio-do-deputado-estadual-waldemar-borges-e-do-padre-joselito-prefeito-de-gravata-b4154.jpeg

Marília77 recebe apoio do Deputado Waldemar Borges,
do Prefeito de Gravatá, Padre Joselito, no Agreste
Pernambucano, e de Mais 3 Vereadores da Região,
além dos outros que já apoiavam a Candidata a
Governadora, da Coligação “Pernambuco na Veia”.

De acordo com Waldemar Borges, que é Presidente
da Comissão de Constituição, Legislação e Justiça
da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Marília77
é a candidata mais preparada para governar o Estado
Pernambucano, a partir do ano que vem.

“Nós estamos trabalhando para eleger Marília77
como a primeira mulher governadora do nosso Estado,
porque ela representa a força da mulher pernambucana”,
afirmou o Deputado Estadual Reeleito.

Já Padre Joselito lembrou que Marília é a candidata de LULA
no Estado, por isso representa a esperança para os pernambucanos.

“Eu tenho certeza de que Lula presidente e Marília governadora
é a melhor alternativa para o nosso povo”,
completou o prefeito de Gravatá.

https://blogdomagno.com.br/marilia-recebe-apoio-do-deputado-waldemar-borges-e-do-prefeito-de-gravata/

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marco

Tratar a maioria dos brasileiros como homofóbico, racista, escravista, gado ,fascista com certeza não acrescenta um mísero voto ao ex- presidente Lula, pelo menos no Sul e Sudeste.
Isso é um fato que os seguidores de teimam em não reconhecer pois estão cheios de uma arrogância calcada na sua pretensa superioridade moral.
Lula por exemplo ;ataca a chamada classe média por ser contra a extensão dos direitos das empregadas domésticas naturalmente omitindo que no périodo progressista esses mesmas camadas pouco tiveram a comemorar pois nem o direito estabelecido por lei da correção da tabela do IR tiveram direito.
Essa é o mea-culpa que esperavamos de Lula e do Pt.

    Nelson

    Tens razão, Marco.

    Para levar alguma melhora para a classe mais pobre – medida correta, diga-se de passagem –, evitando, ao mesmo tempo, de confrontar o 1% de ricos (mi e bilionários), os governos do PT procuraram tirar da classe média, ou de parte significativa dela. E efetivamente tiraram.

    Se reduziram bastante as privatizações, não as estancaram completamente, como era sua obrigação. A necessária reestatização de vários setores que foram doados a grandes grupos, nacionais e estrangeiros, roubados do povo brasileiro pelo desgoverno FHC, nem sequer foi mencionada pelos governos do PT.

    Parcela considerável dos funcionários públicos pode ser enquadrada como classe média. Pois, ainda que tenham freado bastante as privatizações, como já dissemos, ao invés de adotarem uma política de valorização verdadeira desse importantíssimo segmento, os governos do PT se limitaram a oferecer um ou outro alívio.

    Ao mesmo tempo, esses governos mantinham a deletéria lógica neoliberal de administração das empresas estatais e do serviço público imposta pelo deletério, corrupto e entreguista governo de Fernando Henrique Cardoso.

    Quando falo em valorização dos trabalhadores que trabalham para o governo não estou me referindo a salários de marajá e mordomias mil. Falo de planos de cargos e salários dignos, salários também dignos e condições de trabalho saudáveis.

    O resultado foi o que vimos. Os governos do PT vieram perdendo apoio junto à classe média e, quando a mão pesada do Sistema de Poder que domina os Estados Unidos exigiu sua derrubada, a alta burguesia, dos 1%, se uniu com a classe média esfolada no apoio ao golpe de Estado.

    É claro que houve e continua a haver uma acirrada, avassaladora campanha de difamação do PT e de seus governos, notadamente através da mídia hegemônica e seus comentaristas. Mas, um tratamento melhor aos funcionários do governo teria, certamente, aberto brechas na classe média em seu apoio ao golpe.

    O PT terá aprendido a lição e se propõe a fazer diferente num novo governo? Tenho minhas dúvidas. Até porque vejo parcela significativa do PT aderindo gozosamente a um ideário liberal/neoliberal que, historicamente provado, nunca levou qualquer nação a níveis superiores de desenvolvimento.

    Tu te referiste corretamente à questão do IR, Marco. É fato que o governo do coisa ruim congelou a correção da tabela e tem que ser denunciado. Porém, “burramente”, os governos do PT não a corrigiram a pleno como deveriam, também aí deixando flanco aberto para que a classe média os detonasse.

Zé Maria

Excerto e Adendos

“O antipetismo é um instrumento ideológico e de poder
[da Extrema-Direta] que operacionaliza a estigmatização
da ‘parte impura e indesejável’ [-segundo uma Concepção
Fascista-] da sociedade brasileira.

O antipetismo é o combustível por excelência do processo
de fascistização do país e, por isso, também o motor
da contrarrevolução fascista dirigida pelo bolsonarismo
[e, antes, pela Mídia Venal no braZil].

Enquanto o bolsonarismo erode a democracia para subverter
a ordem instituída com o objetivo de construir um novo poder,
a esquerda [democrática], em contrapartida, assume uma
perspectiva ‘ conservadora’, como ‘guardiã’ do sistema e da
ordem [constitucional] ameaçada.

A esquerda assume, enfim, uma perspectiva de manutenção
da atual ordem [capitalista] – desigual e injusta –, em relação
à qual teoricamente nasceu para destruir e superar com a
edificação de uma outra ordem [social-democrata],
‘moralmente superior’.

O bolsonarismo subverte conceitos consensuados nos marcos
da civilização e do iluminismo e os redefine à luz dos significados
do dicionário da contrarrevolução fascista, atribuindo-lhes um
caráter regressivo [obscurantista] e anti-civilizacional.”

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    Zé Maria

    Excerto e Adendos 2

    “Com a solução bolsonarista ante a crise estrutural,
    o sistema não só bloqueia a viabilização de alternativas
    antineoliberais, como aprofunda a ditadura das finanças
    num contexto fascista e totalitário.

    A destruição é uma chave deste processo.
    ‘Nós temos é que desconstruir muita coisa, desfazer muita coisa,
    para depois nós começarmos a fazer’, disse Bolsonaro no início
    do mandato [18/3/2019], numa alusão implícita à contrarrevolução
    fascista que passaria a liderar [junto com alguns Generais da Reserva].

    Nesta cruzada ultraliberal de destruição, o bolsonarismo explora
    com sucesso a subjetividade de uma sociedade abduzida por
    valores neoliberais como o anti-Estado, o individualismo
    ‘empreendedor’, a ‘meritocracia’, o ‘laissez-faire’ total,
    o ‘libertarianismo’.

    O ‘fundamentalismo religioso’ não poderia faltar,
    com sua ‘teologia da prosperidade’ incutindo
    e reforçando tais valores [remetendo a sociedade
    a um período doutrinariamente pré-cristão].”

Zé Maria

.

O Bolsonarismo é um Movimento Reacionário,
politica e socialmente “Regressivo”;

O Ultraliberalismo é uma Doutrina Contra-Revolucionária,
na Economia, que se encontra e se associa com o primeiro
no Regime NeoFascista ‘Libertarianista’.

Por essa razão, no Aspecto Econômico é defendido pela
Mídia Venal (Imprensa-Empresa ‘Tradicional’) e pelos
Partidos Políticos que se dizem Liberais, como o ‘Novo’.

O Amoêdo, por exemplo, percebeu a Perversão Política
e Econômica Doutrinária que é essa Associação que
conjuga Fascismo e [Neo]Liberalismo no (des)governo
Guedes/Bolsonaro que está tentando subverter os
Princípios Civilizatórios dos Direitos Humanos que
possuem como Marcos Históricos a Independência
dos Estados Unidos da América (EUA) de 1776 e a
Revolução Francesa de 1789, com fundamento nas
Constituições Liberais Republicanas promulgadas
nesses Países, a partir da “Declaração de Direitos
de Virgínia” (1776)* e da “Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão” (1789)**, respectivamente.

*(http://www.nepp-dh.ufrj.br/anterior_sociedade_nacoes6.html).

**(http://www.nepp-dh.ufrj.br/anterior_sociedade_nacoes5.html)

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    Zé Maria

    .

    * Moro, Dallanhól e os Patifes da Força-Tarefa da Lava-Jato em Curitiba,
    por exemplo, têm Pavor e Ojeriza ao Artigo X da Declaração de Virgínia:

    “X – Que os autos judiciais gerais em que se mande a um funcionário
    ou oficial de justiça o registro de lugares suspeitos, SEM PROVAS
    da prática de um fato, ou a detenção de uma pessoa ou pessoas
    sem identificá-las pelo nome, ou cujo delito não seja claramente
    especificado e NÃO SE DEMONSTRE COM PROVAS, são cruéis e
    opressores e não devem ser concedidos.”

    .
    Íntegra do Texto da “Declaração de Direitos do Bom Povo de Virgínia”
    (16 de junho de 1776)

    “Declaração de direitos formulada pelos representantes do bom povo de Virgínia, reunidos em assembléia geral e livre; direitos que pertencem a eles e à sua posteridade, como base e fundamento do governo.

    I – Que todos os homens são, por natureza, igualmente livres e independentes, e têm certos direitos inatos, dos quais, quando entram em estado de sociedade, não podem por qualquer acordo privar ou despojar seus pósteros e que são: o gozo da vida e da liberdade com os meios de adquirir e de possuir a propriedade e de buscar e obter felicidade e segurança.

    II – Que todo poder é inerente ao povo e, conseqüentemente, dele procede; que os magistrados são seus mandatários e seus servidores e, em qualquer momento, perante ele responsáveis.

    III – Que o governo é instituído, ou deveria sê-lo, para proveito comum, proteção e segurança do povo, nação ou comunidade; que de todas as formas e modos de governo esta é a melhor, a mais capaz de produzir maior felicidade e segurança, e a que está mais eficazmente assegurada contra o perigo de um mau governo; e que se um governo se mostra inadequado ou é contrário a tais princípios, a maioria da comunidade tem o direito indiscutível, inalienável e irrevogável de reformá-lo, alterá-lo ou aboli-lo da maneira considerada mais condizente com o bem público.

    IV – Que nenhum homem ou grupo de homens tem direito a receber emolumentos ou privilégios exclusivos ou especiais da comunidade, senão apenas relativamente a serviços públicos prestados; os quais, não podendo ser transmitidos, fazem com que tampouco sejam hereditários os cargos de magistrado, de legislador ou de juiz.

    V – Que os poderes legislativo, executivo e judiciário do Estado devem estar separados e que os membros dos dois primeiros poderes devem estar conscientes dos encargos impostos ao povo, deles participar e abster-se de impor-lhes medidas opressoras; que, em períodos determinados devem voltar à sua condição particular, ao corpo social de onde procedem, e suas vagas se preencham mediante eleições periódicas, certas e regulares, nas quais possam voltar a se eleger todos ou parte dos antigos membros (dos mencionados poderes)., segundo disponham as leis.

    VI – Que as eleições de representantes do povo em assembléia devem ser livres, e que todos os homens que dêem provas suficientes de interesse permanente pela comunidade, e de vinculação com esta, tenham o direito de sufrágio e não possam ser submetidos à tributação nem privados de sua propriedade por razões de utilidade pública sem seu consentimento, ou o de seus representantes assim eleitos, nem estejam obrigados por lei alguma à que, da mesma forma, não hajam consentido para o bem público.

    VII – Que toda faculdade de suspender as leis ou a execução destas por qualquer autoridade, sem consentimento dos representantes do povo, é prejudicial aos direitos deste e não deve exercer-se.

    VIII – Que em todo processo criminal incluídos naqueles em que se pede a pena capital, o acusado tem direito de saber a causa e a natureza da acusação, ser acareado com seus acusadores e testemunhas, pedir provas em seu favor e a ser julgado, rapidamente, por um júri imparcial de doze homens de sua comunidade, sem o consentimento unânime dos quais, não se poderá considerá-lo culpado; tampouco pode-se obrigá-lo a testemunhar contra si próprio; e que ninguém seja privado de sua liberdade, salvo por mandado legal do país ou por julgamento de seus pares.

    IX – Não serão exigidas fianças ou multas excessivas, nem infligir-se-ão castigos cruéis ou inusitados.

    X – Que os autos judiciais gerais em que se mande a um funcionário ou oficial de justiça o registro de lugares suspeitos, sem provas da prática de um fato, ou a detenção de uma pessoa ou pessoas sem identificá-las pelo nome, ou cujo delito não seja claramente especificado e não se demonstre com provas, são cruéis e opressores e não devem ser concedidos.

    XI – Que em litígios referentes à propriedade e em pleitos entre particulares, o artigo julgamento por júri de doze membros é preferível a qualquer outro, devendo ser tido por sagrado.

    XII – Que a liberdade de imprensa é um dos grandes baluartes da liberdade, não podendo ser restringida jamais, a não ser por governos despóticos.

    XIII – Que uma milícia bem regulamentada e integrada por pessoas adestradas nas armas, constitui defesa natural e segura de um Estado livre; que deveriam ser evitados, em tempos de paz, como perigosos para a liberdade, os exércitos permanentes; e que, em todo caso, as forças armadas estarão estritamente subordinadas ao poder civil e sob o comando deste.

    XIV – Que o povo tem direito a um governo único; e que, conseqüentemente, não deve erigir-se ou estabelecer-se dentro do Território de Virgínia nenhum outro governo apartado daquele.

    XV – Que nenhum povo pode ter uma forma de governo livre nem os benefícios da liberdade, sem a firma adesão à justiça, à moderação, à temperança, à frugalidade e virtude, sem retorno constante aos princípios fundamentais.

    XVI – Que a religião ou os deveres que temos para com o nosso Criador, e a maneira de cumpri-los, somente podem reger-se pela razão e pela convicção, não pela força ou pela violência; conseqüentemente, todos os homens têm igual direito ao livre exercício da religião, de acordo com o que dita sua consciência, e que é dever recíproco de todos praticar a paciência, o amor e a caridade cristã para com o próximo.”

    In Textos Básicos sobre Derechos Humanos.
    Madrid. Universidad Complutense, 1973,
    traduzido do espanhol por Marcus Cláudio
    Acqua Viva. APUD. FERREIRA Filho, Manoel
    G. et. alii. Liberdades Públicas São Paulo,
    Ed. Saraiva, 1978.

    http://www.nepp-dh.ufrj.br/anterior_sociedade_nacoes6.html

    Zé Maria

    Original em Inglês:
    “The Virginia Declaration of Rights”
    https://www.archives.gov/founding-docs/virginia-declaration-of-rights

Zé Maria

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Fascistas,
Racistas,
Ultraliberais,
Bolsonaristas!
Não Passarão!

https://youtu.be/4CI3lhyNKfo

https://www.discogs.com/pt_BR/release/3579127-Various-Bella-Ciao-La-Resistenza-In-Italia-Testimonianze-Sonore

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