Jean Marc von der Weid: A pergunta segue sem resposta, o que é isso, companheiros?
Tempo de leitura: 4 minA pergunta segue sem resposta: o que é isso companheiros?
Por Jean Marc von der Weid*, via professor Ricardo Musse
As eleições se deram no dia 30 de outubro, mas a negação dos resultados continua parte da nossa realidade política.
Depois das quase mil manifestações nas rodovias federais nos dias seguintes, com perto de 100 bloqueios totais, o dobro de parciais e o resto com agitações nos acostamentos, seguiram-se manifestações de peso, com dezenas de milhares de bolsominions cercando quartéis do exército em todas as capitais (menos Macapá) e em várias outras cidades.
O apelo às FFAA para intervirem anulando as eleições foi sendo esvaziado pela falta de reação do energúmeno presidente que fez um reconhecimento indireto da derrota e foi chorar no banheiro, de onde parece que não saiu. Mas algo de novo aconteceu nestas duas semanas.
Em primeiro lugar, Bolsonaro foi ficando esquecido pelos manifestantes para dar lugar a um apelo direto pela ditadura militar!
Temos três poderes: exército, marinha e aeronáutica, “SOS FFAA”, “FFAA, salvem o Brasil”, entre outras consignas, passaram a dar o tom das manifestações.
Em segundo lugar, embora menos concorridas, as manifestações golpistas continuam significativas, com um
recrudescimento no dia da República. Já são mais de 15 dias com grupos gritando, chorando e rezando nas portas e nos muros dos quartéis.
Enquanto isso, tanto Bolsonaro (meio chocho) quanto generais, como Villas Bôas e Braga Neto, fizeram declarações de apoio aos manifestantes e pediram para que “honrem suas fardas”, em um claro apelo a uma intervenção militar.
Os três ministros militares fizeram uma declaração conjunta indicando que as manifestações são “legítimas”.
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Comandantes dos quartéis cercados, embora não permitam a aproximação dos bolsomínions com os soldados e oficiais, não tomaram nenhuma providência para liberar as proximidades de suas unidades.
Pior ainda, alguns chegaram a pedir às autoridades civis que providenciassem banheiros químicos, limpassem os acampamentos e prestassem socorro médico aos participantes. Fica-se imaginando o que fariam se os manifestantes fossem do MST, por exemplo.
Há algo não explicado em toda esta confusão. Se, por um lado, a oposição do alto comando do exército paralisou qualquer tentativa de movimentação militar depois das eleições, por outro lado, nada foi feito para acabar com esta provocação permanente apelando para um golpe.
Ou bem os generais do alto comando estão “cevando” um clima golpista ou, mais provavelmente, não tiveram coragem de ordenar a “limpeza da área”.
Por que será que não ousam dar esta ordem? Ela seria óbvia nas circunstâncias das provocações e coerente com suas decisões de não se comprometerem com o golpismo.
A meu ver a generalada teme uma reação dos comandos intermediários, fortemente influenciados pelo bolsonarismo.
Onde ficaria a hierarquia militar se os comandantes dos quartéis se recusassem a dispersar as manifestações?
A força do mando hierárquico funcionou quando a decisão era de não fazer nada, mas será que funcionaria se a ordem fosse de intervir contra o “povo”?
Afinal de contas, segundo inúmeras pesquisas, coronéis, majores, capitães e tenentes são bolsonaristas de carteirinha em sua grande maioria. Obrigá-los a aplicar a força contra gente que tem a mesma posição que eles, seria um gesto arriscado.
Por outro lado, permitir estas manifestações não pode deixar de ir fomentando um clima de rebelião, senão na tropa, pelo menos entre os oficiais. Como estará o clima político dentro dos quartéis com esta constante pregação golpista às suas portas?
É preciso lembrar de outras manifestações golpistas, ainda mais agressivas, dirigidas sobretudo para os ministros do STF, tanto aqui como no exterior. E os inúmeros casos de agressões fascistas contra indivíduos e entidades não aderentes ao seu credo.
E o que fazem os democratas? Estamos assistindo este espetáculo com um misto de assombro pela loucura catártica dos manifestantes e uma crença de que isto não é mais do que um chororô de derrotados inconformados, que vai se esvaziar naturalmente.
Estamos todos de acordo com a resposta do Ministro Barroso em Nova York a um grupo de provocadores: “perdeu mané, não amola”.
Os manés vão, claramente, continuar amolando. E nós confiando em uma ação decisiva do Supremo, enquadrando os financiadores e líderes dos tumultos golpistas.
Mas, apesar das fortes falas do Xandão, o STF tarda em tomar uma providência.
Acho um perigo desnecessário ficarmos ancorados na reação institucional. Estamos deixando que se crie um modus operandi do golpismo que pode não dar em nada, mas que vai azeitando o funcionamento dos grupos mais aguerridos do bolsonarismo ou, com a crescente desmoralização do mito, do neofascismo nacional.
Ao enfrentarmos no ano passado as manifestações bolsonaristas nas ruas, conseguimos mostrar força e deixá-los sem ação, sobretudo depois do fiasco da intentona de setembro. Mas, satisfeitos com nossa capacidade de mobilização, fomos cuidar das eleições e abandonamos as ruas, até que o poder de convocatória do Lula levou milhões aos seus comícios de campanha.
O Lula não pode, é óbvio, chamar manifestações contra o golpismo neste momento, mas a esquerda pode e deve fazê-lo. Aparentemente, o poder de atração do esforço de transição está nos levando ao imobilismo e ficamos torcendo para que tudo isso desapareça do cenário, seja pelo cansaço, seja por algum passe de mágica.
O que estamos assistindo é um ensaio geral de um golpe futuro. As vanguardas fascistas vão ficar fustigando o novo governo e incitando as FFAA a agir.
Ou as obrigamos a se encolher ou elas vão ganhar cada vez mais espaço, acicatadas pelo bombardeio de mentiras que desaba todos os dias, 24 horas sobre 24, nas redes sociais.
Confiar no poder de atração do Lula e na sua capacidade de gerar efeitos positivos para as massas é não ver que o quadro político geral é muito difícil, sobretudo com vários governadores de estados chave na mão do fascismo e controlando as polícias militares que deveriam conter a provocação golpista.
Lula vai ter muitas dificuldades para entregar resultados para o povo, enfrentando oposição feroz no congresso, em vários tribunais hoje repletos de bolsonaristas e com o empresariado cheio de rancores e desconfianças.
Sem mobilização de massas vamos ficar na defensiva e apenas torcendo para o nosso “mago” fazer o impossível e domar a onda de ódio que se quebrou nas urnas, mas que quase nos afogou.
*Jean Marc von der Weid é Ex-presidente da UNE entre 1969 e 1971. Fundador da ONG Agricultura Familiar e Agroecologia (AS-PTA) em 1983. Membro do CONDRAF/MDA de 2004 a 2016 Militante do movimento Geração 68 Sempre na Luta.
Leia também:
Jeferson Miola: É imprescindível transferir oficiais para a reserva para renovar as Forças Armadas
Comentários
Stalingrado
A Guerra Híbrida dirigida pelas FFAA contra o povo brasileiro ocorre desde o final da ditadura militar. Juntando a subserviência das FFAA aos EUA que operam como cão de guarda de Wall Street no Brasil, temos um cenário complexo a ser combatido.
Os nazifascistas operam 365 por ano nas redes sociais, alimentando e criando novos militantes, sem enfrentar esta questão, será difícil reduzir a influência deste segmento na sociedade brasileira e que controlam diversas instituições, notadamente o judiciário.
É hora de reagir.
Stalingrado
A Guerra Híbrida dirigida pelas FFAA contra o povo brasileiro ocorre desde o final da ditadura militar. Juntando a subserviência das FFAA aos EUA que operam como cão de guarda de Wall Street no Brasil, temos um cenário complexo a ser combatido.
Os nazifascistas operam 365 por ano nas redes sociais, alimentando e criando novos militantes, sem enfrentar esta questão, será difícil reduzir a influência deste segmento na sociedade brasileira e que controlam diversas instituições, notadamente o judiciário.
Nelson
Em comentário que fiz ao texto do Jeferson Miola: “CEO da TC investimentos ameaça derrubar Lula antes mesmo do governo assumir”, em 12/11, fiz uma reflexão sobre dois grandes problemas que temos, os brasileiros, e que insistem em se manter sem solução:
–
1 – A grande maioria do povo brasileiro é pouco afeita a unir esforços para se organizar e se mobilizar com o objetivo de pressionar a classe política a legislar e governar em favor da nação.
–
2 – A grande maioria do povo brasileiro é pouco afeita a discutir política com a serenidade e a racionalidade exigidas para, assim, dela entender mais e ter a condição de errar o mínimo possível nas análises e, por conseguinte, nas escolhas que faz.
–
O resultado disso: entra eleição e sai eleição e o grande capital vai mantendo, se não aumentando, a folgada maioria de deputados e senadores que ocupam o Congresso Nacional – o mesmo acontece nas assembleias legislativas – para legislar e tomar decisões contra, exatamente, a grande maioria do povo.
Vinícius Vitoi Silva
Jean, conforme lhe disse semana passada, moro perto do SMU. O movimento cresce a cada dia.
São organizados e imbuídos de missão: defender a pátria.
Tenho impressão que não irão “arregar” em especial pq as instituições estão fragmentadas.
Vamos aguardar.
Zé Maria
Excerto
“O que estamos assistindo é um ensaio geral de um golpe futuro.
As vanguardas fascistas vão ficar fustigando o novo governo
e incitando as FFAA a agir.
Ou as obrigamos a se encolher ou elas vão ganhar cada vez mais espaço,
acicatadas pelo bombardeio de mentiras que desaba todos os dias,
24 horas sobre 24, nas redes sociais.”
.
.
Comentário
As Milícias Fascistas não atuam por Movimento Espontâneo.
Existem vários Flancos onde se situam os Reais Responsáveis
pela Articulação e Preparação do Golpe de Estado, senão agora,
por meio do Impeachment de LULA, quais sejam:
1) Empresários Sem-Vergonhas, que vão perder a Mamata,
os quais são mandantes e/ou financiadores das Milícias;
2) Oficiais da Reserva que integram o atual Governo,
que também irão perder a Mamata;
3) Membros da Cúpula das FFAA, especialmente do Exército;
4) Especuladores do Mercado Financeiro;
5) A Imprensa do mesmo Mercado que já pôs a Matilha em ação
destacando e privilegiando o Vice em detrimento do Presidente.
Sem a atuação do Ministério Público e das Polícias, que também
estão engajados, por omissão, as Decisões Judiciais do Ministro
Alexandre de Moraes não serão suficientes para reprimir o Golpe. (*)
(*) O Ofício da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) ao Ministro,
eximindo- de cumprir as Ordens Judiciais, é exemplo paradigmático
da Prevaricação que esá imperando no Aparelho de Repressão Estatal.
Íntegra do Ofício da PM-DF em que o Comandante-Geral da Corporação
afirma ao Ministro Alexandre de Moraes que não há líderes nos Protestos
em frente ao Quartel-General (QG) do Exército em Brasília, que os atos
são espontâneos, ‘de iniciativa popular ou sociedade civil organizada’:
https://uploads.metropoles.com/wp-content/uploads/2022/11/16205453/PMDF_OF-compressed.jpg
https://uploads.metropoles.com/wp-content/uploads/2022/11/16205437/pmdf_of2.png
Zé Maria
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Neste Momento, o Problema Maior não são as Milícias Digitais;
São as Milícias Armadas, Grupos Paramilitares e os tais CACs.
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“Toda nossa solidariedade à artista Mariana Bridi,
vítima de tentativa de homicídio por um bolsonarista
que atirou contra seu apartamento, no RJ, por causa
de uma toalha de Lula na janela.
Felizmente, ela não foi atingida.
Que as autoridades cheguem rápido ao criminoso.”
https://twitter.com/gleisi/status/1593620077466849285
Vídeo:
https://twitter.com/i/status/1593594105271132162
“Minha solidariedade à artista Mariana Bridi
cujo quarto de sua casa no Rio de Janeiro
foi atingido por um tiro porque tinha na
janela uma bandeira [toalha] do Lula.
Felizmente ela não foi atingida.
É preciso que os bolsonaristas respeitem a
vitória de Lula e parem com tanta violência.”
https://twitter.com/esuplicy/status/1593594105271132162
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Zé Maria
https://twitter.com/i/status/1593242755227996161
“Missão Cumprida!’
https://twitter.com/KallilOliveira_/status/1593242755227996161
Zé Maria
https://t.co/83QAlCdrlI
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