Janio de Freitas: O período entre a eleição e a posse está propenso a ser alarmante

Tempo de leitura: 3 min
Foto: Reprodução

Na má hora de Bolsonaro

Por Janio de Freitas, na Folha de S. Paulo

1 — O período entre a eleição e a posse está propenso a ser alarmante, mas não por desatinos militarescos. Três meses a mais da matança já em curso de chefes indígenas, invasão das terras de reserva, maior desmatamento, novos e urgentes garimpos ilegais —um ataque desvairado da criminalidade em tempo de aproveitar a licenciosidade que Bolsonaro lhe proporciona, por sua própria criminalidade.  A ofensiva apressada pelo medo da derrota eleitoral.

É o que está havendo em grande parte do Brasil, não só na Amazônia. E sem providência alguma nos muitos braços do governo destinados a esses problemas. Onde consta haver ou ter havido algum olhar da Polícia Federal, sempre por apelos desesperados, nada de resultante se registra contra a ilegalidade armada e endinheirada. Nas informações imprecisas, as mortes de chefes indígenas já estão entre sete e dez.

A única maneira de talvez conseguir-se algumas providências é maior atenção da imprensa para as situações agudas, ao menos essas. Não seria generosidade. É um dever historicamente muito mal cumprido pela imprensa. Como se não compreendesse que relegar a dimensão humana e moral do extermínio de indígenas e da exploração ilegal de riquezas públicas é, no mínimo, também conivência com essa criminalidade.

2 — Mostrou-se com clareza uma particularidade de Bolsonaro até agora pouco observada: a ingratidão. Seu insulto a uma jornalista rivalizou, em espaço de imprensa e tempo de TV, com nada menos do que a eleição para a Presidência do país. Embora não fosse comparável aos insultos dirigidos às jornalistas Patrícia Campos Mello, Míriam Leitão, Elvira Lobato e outras, teve a particularidade de tomar o lugar do que devia ser um agradecimento de Bolsonaro.

De sua parte, Vera Magalhães poderia mesmo surpreender-se. Até a recente transferência para O Globo, sua atividade no Twitter, na Jovem Pan, em artigos foi integrante da incitação ao clima furioso que favoreceu Bolsonaro. Um exemplo poderia bastar: no extenso rol de agressões verbais recebidas pela Folha, talvez nenhuma seja tão brutal quanto a de Vera Magalhães, apenas pelo convite a Guilherme Boulos para uma colaboração temporária —em conformidade com o pluralismo único da Folha.

Nestes dias, as redes estão repletas de mensagens inesquecíveis da jornalista, com predileção por suas frases na morte de Marisa Lula da Silva. O que explica o insulto de Bolsonaro, e ainda a pergunta boba do deputado que o repetiu, parece ser menos a condição feminina aviltada pelo bolsonarismo do que a perda de uma jornalista útil, de repente moderada no novo emprego. Bolsonaro foi até explícito no ataque à jornalista (“você envergonha o jornalismo”), não à pessoa.

Nem Bolsonaro ataca só mulheres, com tantas agressões verbais a repórteres masculinos no cercadinho do Alvorada, por exemplo, e fora dele. Bolsonaro e seus apoiadores são crias do fascismo, com tempero miliciano e militar. Nesse extremismo, quem não está ou não está mais com eles é inimigo, na acepção mais totalizante da palavra.

3 — Ciro Gomes já provou sua atual falta de condições para avaliar o papel que representa nesta disputa pela Presidência. Aderiu a métodos de Bolsonaro, sem aderir ao próprio. Age como se pretendesse apenas fazer um estrago daqueles. Não é, com toda a certeza, uma das possibilidades que sua vida política lhe abriu.

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Nenhuma pessoa intelectualmente honesta equipara Lula e Bolsonaro. Se quiser, detesta Lula como político e como ser humano, mas reconhece que nele não há sequer resquício da perversidade, da atração pela morte alheia, da busca de ligação com o pior da sociedade que são, entre tantas perversões, intrínsecos na natureza de Bolsonaro.

Como prejudicado, é legítimo que Ciro defenda-se do voto útil. Não, porém, por meio de conceituações mentirosas, até porque dele já se valeu. O voto útil é uma escolha tal como foi a preferência anterior, mas muito mais forte em seu civismo: o eleitor desiste da sua escolha mais pessoal para apoiar o que lhe parece mais conveniente nas circunstâncias postas.

A campanha de Ciro Gomes parece elaborada, em sua fúria no molde bolsonarista, para demonstrar que o candidato perdeu as condições psicológicas e cívicas esperadas de um presidente. Uma forma de sugerir o voto útil.

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Comentários

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Zé Maria

Nestes Tempos Sombrios, de Fascismo Explícito,
é preciso lembrar os Métodos Nazistas de Atuação:

Para aliciar o apoio e engajar a População à ‘causa’
os Nazifascistas não possuem nenhum Escrúpulo.

A Mentira, a Violência e a Intimidação são os meios
utilizados pela Cúpula para alcançar seus Objetivos.

E o Uso da Mistificação para Mitificação de um ‘Líder’.
Eles querem o Poder Absoluto, de qualquer forma.

A História se repete como Tragédia e como Farsa.

Zé Maria

.

Com certeza, a Claque do Bolsolão vai sair da frente da Tela
para tumultuar a Eleição, quiçá, já no Dia da Votação.

Essa Malta Bolsonarista Armada é um Risco à População.

A PM deveria proteger os Eleitores, mas parece que não vai.

Pelo Contrário, há Policiais Militares, inclusive Comandantes,
nos Estados, que estão Dispostos, se não a fazer Tumulto,
a se omitir e permitir a Esculhambação Trumpista no TSE
e no STF em Brasília, principalmente, tal como a Anarquia
Convocada para ocorrer nas demais Unidades da Federação.

O Supremo terá de se antecipar e solicitar a Ação das Forças
Armadas Brasileiras, ao menos, para evitar Invasão dos Prédios
na Capital Federal, para onde a Milícia está organizada a agir.

.

    Zé Maria

    Adendo

    Os Policiais Estaduais e Federais terão uma Grande Responsabilidade
    em suas Mãos, no sentido de combater as Agressões Violentas que
    partirão da Súcia Fascista Fanática Descontrolada nas Ruas do País.

    Zé Maria

    Detalhe

    Agentes do Agronegócio e Empresários, todos Fascistas Bolsonaristas,
    já deram mostra de que estão dispostos a patrocinar Ataques Reais
    Contra as Instituições Civis, sobretudo – mas não só – as Vinculadas ao Poder Judiciário e aos Governos Estaduais.
    Os Setes de Setembro foram apenas Exercícios de Treinamento, para
    descobrir Fragilidades. Os ‘Batalhões Azov’ vão tentar um Golpe sim.

    .

    Zé Maria

    Outro Detalhe:

    As Milícias estão aproveitando essa onda de Fake Neus sobre Urnas
    e estão ameaçando os Eleitores das àreas sob domínio dos milicianos
    mentindo que têm como saber em quem a pessoa votou no dia 2..

    Zé Maria

    Acertadamente o Xandão já se antecipou
    .
    Notícias TSE

    “Plenário do TSE Referenda Autorização
    para Apoio da Força Federal
    em 568 Localidades de 11 Estados”

    Na terça-feira (20), por unanimidade, o Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) referendou as decisões do presidente da Corte, ministro Alexandre
    de Moraes, que autorizaram a requisição para apoio da Força Federal em
    568 localidades de 11 estados do país a fim de reforçar a segurança durante
    o primeiro turno das Eleições 2022, marcado para o dia 2 de outubro.

    No estado do Rio de Janeiro, o contingente da Força Federal deve atuar
    em 167 localidades de diversas zonas eleitorais, conforme solicitação do
    Tribunal Regional Eleitoral.

    A Corte Eleitoral do Maranhão solicitou apoio para 97 localidades.
    No Piauí, a requisição foi para 85; no Pará, para 78; no Amazonas, para 31; e,
    no Ceará, para 36 localidades.

    Também foram deferidos pedidos dos TREs do Acre, Alagoas, Mato Grosso
    do Sul, Mato Grosso e Tocantins.

    Entre as solicitações constantes dos processos administrativos analisados,
    estão o apoio logístico, inclusive em terras indígenas.

    Previsão Legal
    A possibilidade de requisição do auxílio das Forças Federais pelo TSE
    está prevista na legislação desde 1965.
    O artigo 23, inciso XIV, do Código Eleitoral (Lei nº 4.737/1965) estabelece
    que cabe privativamente ao TSE “requisitar Força Federal necessária
    ao cumprimento da lei, de suas próprias decisões ou das decisões dos
    tribunais regionais que o solicitarem, e para garantir a votação e a apuração”.

    De acordo com a regra prevista na Resolução TSE nº 21.843/2004,
    o TSE pode requisitar o apoio para garantir o livre exercício do voto,
    a normalidade da votação e da apuração dos resultados.
    Para tanto, os TREs devem encaminhar o pedido indicando as localidades
    e os motivos que justifiquem a necessidade de reforço na segurança,
    com a anuência da Secretaria de Segurança dos respectivos estados.

    Os pedidos aprovados pelo TSE são encaminhados ao Ministério da Defesa,
    órgão responsável pelo planejamento e pela execução das ações empreendidas
    pelas Forças Armadas.

    Confira a Íntegra das Localidades que Receberão Apoio das Forças Federais:

    https://www.tse.jus.br/++theme++justica_eleitoral/pdfjs/web/viewer.html?file=https://www.tse.jus.br/comunicacao/arquivos/pedidos-de-requisicao-de-forca-federal-deferidos-em-20-09.2022/@@download/file/TSE-forca-federal-20-09-2022.pdf

    .

    Zé Maria

    Última Forma

    Está havendo um Movimento Subterrâneo
    da Direita, notadamente da Extrema-Direita,
    Semelhante ao que houve em 2018, no final,
    para sair fora de Bolsonaro e, na última hora,
    despejar Votos na Fazendeira do MDB.
    A Bancada Evangélica não é ‘Fiel’ a Ninguém.
    Poderá haver Surpresa do Outro Lado.
    .

    Zé Maria

    Adendo

    Espera-se que não seja também
    atingida a Nossa Candidatura.

    .

    Zé Maria

    Muito embora a Finalidade seja
    desidratar Ambas Candidaturas

querido diário

Janio brilhante como sempre!

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